GERALDO AMÂNCIO


Ele é simplesmente,o maior cantador-repentista  dos nossos dias,um dos mais respeitados ícones da nossa cultura popular.Nasceu no Sitio Malhada da  Areia,município do Cedro,Sertão do Ceará,no dia 29 de abril de 1946.Nos cafundós do Ceará ele passou a infância,adolescência e juventude,junto da  família. Tem a viola no sangue,neto do repentista Manoel Amâncio,e teve um tio cantador,de onde veio a influência. Geraldo Amâncio vem de uma época e de uma região em que a educação era quase inacessível,principalmente para a pobreza. Na região que morou na cidade do Cedro,havia apenas um grupo escolar,onde estudou por dois anos.Completou o 2° grau através do supletivo.Tornou-se um pesquisador e autodidata. Foi sanfoneiro,ainda muito jovem: tocador de forró,mas nunca profissionalmente.Apenas a viola.Mas sabe das dificuldades deste  oficio. Já participou de 200 festivais competitivos de repentes e venceu mais de 150 competições em festivais.É diretor dos dois maiores festivais de cantorias do Brasil: o Festival Internacional de Trovadores e repentistas,que acontece na região do cariri cearense e o Festival Patativa do Assaré que acontece de forma itinerante em mais de 40 cidades do Ceará. Em 1995,atravessou o oceano atlântico a convite  do Museu Nacional de Etimologia,em Lisboa,para um encontro de representantes de países de língua portuguesa.Participou também do Festival Mundial de Repentistas  nas Ilhas Baleares,às margens do mar Mediterrâneo,sendo o único poeta Brasileiro presente no evento.
Em 2006,o bardo cearense ministrou um curso sobre cantoria e cordel,ao longo de 13 dias,na Universidade de Coimbra.Nessa palestra,falou para pessoas da França,Irlanda do Norte,Alemanha,Inglaterra e Portugal.O repentista e cordelista nascido no sertão do Ceará também levou seus motes e modos para à X Mostra Internacional de Improvisos de Maiorca,na Espanha.Esteve na Ásia pesquisando cantoria e encontrou repentistas na Palestina.Geraldo Amâncio,apresentou por dez anos o programa "Repente e Cantoria" pela TV Jangadeiro,de Fortaleza. Hoje tem um programa chamado " A Sanfona e a Viola",aos domingos,na TV Diário de Fortaleza. Escreveu  20 cordéis,publicou os livros :  "De Repente Cantoria ",uma espécie de antologia em parceria com o jornalista e poeta Vanderley Pereira ; e, também com a mesma parceria,um trabalho mais estilista no livro chamado "Cantigas Que Vem da Terra " e "Gênios da Cantoria ". Lançou vários 16 CDs de cantorias gravados com várias parcerias.
repente  É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel,da Casa do Cantador,em Fortaleza,que possui mais de 50 anos de existência.Tem grande admiração pelos escritores Euclides da Cunha,Rogaciano Leite e Castro Alves. A natureza; o social;o amor; o sertão; o torrão natal. São temas frequentes na sua obra. Tem 48 anos de arte entre a pena e a viola e de estrada,nas feiras livres do nordeste,congressos e pelejas nos festivais  de violeiros pelo Brasil afora e o desafio de levar a poesia popular à televisão embebida de outras narrativas.








                                         CINEBIOGRAFIA


A Paris Filmes lança Gonzaga :de pai pra filho,que retrata a relação entre  Luiz Gonzaga(1912-1989) e Luiz Gonzaga Junior(Gonzaguinha,1945-1991).Dirigido por Breno Silveira,o filme  tem no elenco Silvia Buaque, Land Vieira,Júlio Andrade,Chambinho do Acordeon,Giancarlos di Tomazzio e Nanda Costa. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Beto Brito




                                           BETO BRITO


Cordelista-brasileiro,rabequeiro-nordestino,cresceu no meio das feiras livres do estado do Piauí,nasceu na pequena  santo Antonio de Lisboa,cidade onde nasceu e viveu até o ínício de sua adolescência.Aos doze anos mudou-se para a cidade de Picos,no mesmo estado,onde continuou sua vida de vendedor ambulante na feira do mercado central da cidade. Sempre no convívio com violeiros,cegos,repentistas,mágicos,romeiros,coquistas,emboladores e vendedores ambulantes daquela região. Com dezessete anos resolveu buscar os sonhos da música e da literatura,deixou a cidade de Picos e foi morar em várias capitais do nordeste e, finalmente no estado da Paraíba,onde reside e desenvolve sua arte.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Centro de Cultura Mestre Noza (Foto: Divulgação)


Conheça o Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte

Entidade atua na promoção dos artesãos locais e de suas obras


Localizado em Juazeiro do Norte, o Centro de Cultura Popular Mestre Noza foi criado em homenagem ao pernambucano Inocêncio Medeiros da Costa, ou simplesmente Mestre Noza, considerado o primeiro artesão da região. O centro nasceu em junho de 1983 a partir do Encontro de Produção de Artesanato Popular e Identidade Cultural, uma iniciativa do Instituto Nacional de Folclore (INF) do Ceará e promovido pela Fundação Nacional de Arte (Funarte).
Desse encontro, que reuniu representantes de órgãos da Secretaria de Cultura, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), surgiu a recomendação de que fosse efetuado pelo INF um projeto piloto na área para apoio aos artesãos locais. O objetivo era o de proporcionar a eles mais perspectivas de trabalho, aumentando o volume de negócios realizados e garantindo renda em uma atividade sustentável.
O antigo prédio da Polícia Militar do Ceará, que foi recuperado por meio do apoio da Secretaria Municipal de Cultura do estado, foi adotado como sede do centro. “Na época, o então secretário de Cultura e Turismo, Abraão Batista, fez o projeto para a Funarte, obedecendo um edital que buscava congregar artistas populares, incluindo artesões e grupos folclóricos, em um espaço que lhes pudesse servir para expor suas obras e, consequentemente, comercializá-las”, conta Hamurabi Batista, presidente do Centro de Cultura Popular Mestre Noza.

Hamurabi explica que as peças produzidas pelos artesãos são compradas pelo centro, que as revende. O valor angariado com esse comércio é utilizado para comprar mais peças e custear as despesas operacionais da instituição. “Hoje, contamos com 195 artesãos cadastrados. Compramos as peças dentro do nosso contexto, que abrange escultura em madeira; e peças de palha de carnaúba, de argila e de vidro. Comercializamos também instrumentos rústicos, incluindo zabumba e triangulo”, lista.

Os principais clientes do centro são das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, destaca Hamurabi. “Vendemos também para as principais capitais do Nordeste, como Salvador, Recife, Natal e João Pessoa. Nossas peças são, até mesmo, exportadas para Europa, incluindo países como Inglaterra, França e Espanha; para os Estados Unidos; Canadá e Japão. Para 2013, graças ao trabalho de duas pesquisadoras norteamericanas, vamos expor algumas de nossas peças em várias universidades dos EUA”, orgulha-se o presidente.

O centro teve como primeiro parceiro o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que há anos oferece à entidade cursos de capacitação, além de apoio em outras áreas. Quando acontecem as rodadas nacionais e internacionais de negócio, o Sebrae fornece transporte para os artesãos e seus produtos, incluindo, em alguns casos, hospedagem e alimentação.  “Até hoje funciona dessa forma. Temos outros parceiros, como a Central de Artesanato do Ceará (Ceart) e a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), além do Ministério da Cultura, Funarte e a Prefeitura Municipal”, lista Hamurabi.

Como ingressar no Centro

Para fazer parte do centro, Hamurabi destaca que o artesão deve ter sua obra inserida no contexto de arte contemporânea de origem popular e produzi-la na região. “O artista pode vir na sede, que fica no Centro de Juazeiro, na Rua São Luiz, 96, e mostrar a sua obra. Criamos uma assembleia geral com os membros efetivos para decidir quais os artesãos que passam a fazer parte da entidade, decidindo sobre a viabilidade da sua obra para o centro”, conclui.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Chico Ludermir


SEM DEIXAR A PRETINHA CAIR

Brincantes da Zona da Mata resistem como memória viva de uma tradição secular
Depois de uma hora e meia de viagem, saindo do Recife, chegamos a Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Nos encaminhamos para o Baldo do Rio, um bairro de casas pequenas, ribeirinhas onde, conta-se, surgiram as Pretinhas do Congo, em 1936. À beira do Rio Goiana, encontramos o senhor de olhar um pouco baixo, mas que não demora em soltar seu primeiro de muitos sorrisos. É ele que lembra que, aos 10 anos, viu de dentro de sua casa sair, pela última vez, um grupo de moças vestidas de preto, branco e vermelho, dançando ao som de uma percussão africana, relembrando a escravidão que, na época, ainda era muito recente na história daqueles negros.
É verdade que as datas, os nomes e os lugares estão muito incertos nas lembranças de Edvaldo Ramos. Aos 75 anos, não é tão fácil precisar os fatos e, ao buscar na memória, Mestre Val sempre acaba se confundindo nas contas. Bem vivos na cabeça, no entanto, estão os resquícios de uma tradição popular, passada oralmente através de letras de músicas que são cantadas há quase um século.
Depois da morte de Mané de Pirrixiu, antigo mestre do bloco, passaram-se anos. As pretinhas “caíram”, como conta Mestre Val, mas a saudade da brincadeira ficou. Perto dos 18 anos de idade, junto ao irmão Lenildo, Val “levantou” o bloco e assim estão até hoje. “No começo, tinha ano que eu tinha até que vender minha canoa de pesca pra comprar as roupas e os bombos. Eu me virava, mas as pretinhas saíam na rua todo ano”, lembra, esacancarando o riso. “Se a gente faz pelas pretinhas, por amor, logo depois elas devolvem ainda melhor”.

Na casa que ele divide com Pelada, sua atual companheira, fica evidente a ligação com o candomblé, que ele também chama de jurema. Devoto do orixá dos trovões, Xangô, Mestre Val tem em sua sala uma coleção de imagens africanas, que se misturam com santos católicos, evidenciando o sincretismo religioso, comum nas nossas expressões populares. É lá que muitas vezes vão procurá-lo para que, com sua mão e sua fé, traga de volta a saúde dos doentes. Contando isso, ele me dá de presente um leite tirado, naquele dia, do peito de uma jumenta. “Este cura gastrite, úlcera, tuberculose. Só não pode tomar se tiver muito fraco, que cai duro no chão”, me diz, ao me oferecer um copo. “Até pro Hospital da Restauração mando esse leite”, se orgulha.
Mas é na casa de Dona Iraci, sua primeira esposa, que sentamos pra conversar. No final de uma casa cumprida, toda a família se reúne para compartilhar as vivências de um costume que é, claramente, passado de geração a geração. Atualmente, é a filha Rosa Maria dos Santos a presidente do bloco. Ela já foi bandeirista, escrava, baiana e pretinha na agremiação. Hoje é ela também que ajuda na confecção das fantasias e que comanda os ensaios dançados de uma brincadeira que pratica desde os 10 anos de idade. Quase meio século depois, ela garante que, quando seu pai se for, vai fazer de tudo pra perpetuar a dança das Pretinhas.
Ao som de cachorros, gatos, patos e galinhas, criados no quintal, Rosa, Dona Iraci e Mestre Val explicam, tintim por tintim, os personagens da brincadeira. E lá vem a lista: rei, rainha, vassalos, senhor e senhora de engenho, mucama, capitão do mato, baianas, bandeirista, escravos e escravas, numa evocação ao que acontecia na época em que Pernambuco mantinha os pés bem fincados na vida em volta da cana-de-açúcar, protagonista no cenário da Zona da Mata do estado.
Nenhum dos três aprendeu a ler. Viveram da pesca durante toda a vida. Fumando um cigarro enrolado na hora e um cachimbo, eles me contam, contudo, que a música não precisa ser escrita para que eles lembrem. “Quando eu penso que não, os espíritos dos escravos antigos cantam no meu ouvido. Aí no outro dia eu digo pros outros integrantes, que é pra eu não esquecer. A gente esquece uma e aparece outra tão diferente...”, conta Mestre Val, sem medo de ser desacredito. E emenda logo cantando uma toada:
“No tempo da escravidão
preto velho também trabalhou
assentado na sua senzala
Saravá, Ogum e saravá, Xangô
Bate nagô e bate macumba
Santo Antônio é de congo dançando macumba
ai senhor senhorzinho que aqui está
a corrente é pesada não posso arrastar
Lhe peço por Deus e por Nossa Senhora
livrai-me esta dor que está nessa hora”
“Os escravos cantavam. Eles incorporavam e cantavam. Aí o povo aprendia”, explica o mestre.
Na casa de Dona Iraci, os sete filhos foram criados com o dinheiro da pesca no Rio Goiana. Chilapo, Choia, bagre, camarão, amoré, caranguejo e siri. Até hoje, a conselheira das Pretinhas do Congo sai no seu barquinho para pescar no “copo” feito de ripas de dendê. De sua família, quatro ainda saem na agremiação, entre filhos e netos. Verônica, de apenas 11 anos, já é a rainha. Pensou até em ser crente uma época, mas gostava tanto da brincadeira que acabou herdando o trono da tia, Popó, que deixou a coroa para casar. “A gente brinca, porque tem amor à brincadeira, à nossa cultura”, conta a pequena e logo a avó Iraci emenda: “Bem dizer, meu filho, é a família toda. Vai nascendo, vai crescendo e vai saindo (no bloco)”.
OXUM
O mesmo rio que sustenta a comunidade do Baldo levou, em 1961, casas inteiras feitas de palha. Foi a maior cheia da história da cidade. Foi justo no dia 14 de abril daquele ano que Iraci e Val se conheceram. “A cheia maior que teve trouxe meu amor”, brinca o mestre, logo retrucado com graça por Rosa. “E quantos corações o senhor tem pra amar tanta mulher? Dez é?”
A cheia do passado, apesar de maior, é bem mais leve nas lembranças da família do que outra mais recente. No ano retrasado, a sede das Pretinhas foi mais uma vez levada pela correnteza. Fantasias, instrumentos, tudo se foi com as águas do mês de julho. “A cheia foi grande, mas não destruiu a dignidade da gente”, se emociona Rosa. “A gente arranja força pra sair e brincar. A vontade de botar as Pretinhas na rua é tamanha que você não sente nem doença. Não vai dar pra sair do jeito que a gente queria, com carro alegórico, mas a gente tá muito feliz, porque estamos vivos”.
É verdade que o corre-corre é grande. Fica todo mundo estressado, não consegue se alimentar direito, mas parece que existe algo maior que sustenta essa tradição. “Eu mesmo não sei nem explicar. Às vezes eu pensava: ‘Vou acabar, vou acabar’. Mas quando ia chegando perto ia me dando aquela quentura. Eu fazia seja lá o que fosse pra botar ela pra frente. Tomava dinheiro emprestado, vendia minhas coisas...”, conta o mestre. “As pretinhas fazem parte da nossa vida. Dos nossos antepassados. É nossa família. Se a gente sair dela a gente morre. Se um dia meu pai morrer, eu vou tomar conta e não deixo ela cair”, anuncia Rosa.

CHICO LUDERMIR (TEXTO E FOTO)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013





  HUMURABI BATISTA


O poeta,produtor cultural e xilografo Hamurabi Batista,nasceu em 1971,no Vale do Cariri Cearense,mais precisamente na terra da Mãe de Deus,como é chamada Juazeiro do Norte pelos romeiros nordestino.Teve uma vida ativa nos anos 80 ,quando foi rockeiro e punk em Juazeiro.No final daquela década auxiliando o  pai o professor,ex secretario de cultura e xilografo Abrãao Batista nos impressos de xilogravuras no ateliê no fundo do quintal da sua casa,descobriu a arte popular  e passou a escrever poesias nas capas dos cadernos,motivado pelas aulas de português e literatura do ginásio onde estudava,lá também passou a modelar com argila.
Em 1991,Iniciou suas atividades em xilogravuras,cuja afinidade possibilitou que o seu estilo se desenvolvesse com naturalidade. É um batalhador dentro da Associação dos Artesãos do Padre Cicero,onde atua como presidente e em conjunto para o reconhecimento e valorização das obras produzidas pelo grupo. Retrata em xilogravura a cultura do reisado,cenas surrealistas e ilustrações para literatura de cordel(as quais acompanha seus textos e poesias).
 Nas artes plásticas,trabalha também como escultor em madeira e pesquisa nas técnicas de colagem e papel machê.  Hamurabi é gestor do Centro Cultural Mestre Noza,um ponto de Cultura que deu certo.Neste ponto de cultura,os artistas agora tem a possibilidade de ter acesso gratuito a rede mundial de computadores,além de puderem fazer o registro dos seus trabalhos e isso é consequencia do trabalho dedicado que vem sendo desenvolvido pelo artista visual e poeta.



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Concertos do Nordeste Divulga Programação Musical
 Projeto apoiado pelo Centro Cultural Banco do Nordeste terá um total de 17 apresentações de artistas eruditos pelos estados do Ceará e Paraíbacomo tirar passaporte
 


O projeto Concertos do Nordeste selecionou 17 grupos para levar a música erudita aos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Fortaleza, no Ceará; e Cajazeiras e Sousa, na Paraíba. Outros 14 artistas representantes das raízes culturais nordestinas completam a programação de 31 apresentações do evento, que acontecerá nos finais de semana de 22 e 23 de fevereiro, e 1º e 2º de março, com a realização do Centro Cultural Banco do Nordeste, Associação dos Produtores de Cultura do Ceará (Prodisc) e Casa Fora do Eixo Nordeste. O Centro Cultural do Banco do Nordeste será o palco em Juazeiro (CE) e Sousa (PB). Em Fortaleza, haverá shows nos quatro dias, sempre no Theatro José de Alencar. O Centro Cultural do Araripe abrigará as apresentações do Crato (CE). Em Cajazeiras (CE), os músicos serão recebidos na Praça Dom Adauto Entre os escolhidos, artistas dos estados do Ceará, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão. Alguns já estão na estrada há um bom tempo e são conhecidos do público cearense como o grupo Syntagma e a Orquestra Eleazar de Carvalho. Há ainda mais quatro orquestras, que virão de vários lugares do Nordeste como a Afro Sinfônica (BA), Orquestra Sinfônica da UFRN, Orquestra de Sopro de Pindoretama (CE) e a Orquestra Armorial do Cariri (CE). Já o Coro de Câmara de Campina Grande (PB), o grupo Percantos (BA), o Camará Ensemble ( BA) e o Ritual das Cordas são artistas relativamente novos, que vem ganhando seu espaço. Os demais selecionados são o Quinteto de Cordas da Paraíba (PB), o grupo Marabrass (MA), o Siará Quarteto ( CE), o Trio Musiarte (CE), o tenor Franklin Dantas (CE), o grupo de ópera Canto Dell’Arte e o Trio Trinados (CE). Os grupos representantes das raízes culturais nordestinas foram convidados para as apresentações e completam a programação com ritmos como o macaratu; danças de tradição como o coco, o reisado e o bumba meu boi; e bandas cabaçais conhecidas como a dos Irmãos Anicetos. Os artistas convidados são: Boi Ceará, Maracatu Az de Ouro, Coco do Iguape, Maracatu Nação Baobá, Maneiro Pau do Mestre Cirilo, Coco das Mulheres da Batateira, Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos, Reisado do Mestre Aldenir, Banda Cabaçal Santo Antonio, Reisado Discípulos do Mestre Pedro, Cabaçal S.João Batista, Congos do Pombal, Banda Cabaçal do Sítio Cipó dos Monteiros e Pontões de Pombal. Segundo o gerente do Ambiente de Gestão da Cultura do Banco do Nordeste, Tibico Brasil, várias cidades nordestinas dispõem de orquestra sinfônica e escolas de música. No entanto, ele recorda que a música erudita continua sendo apreciada por um público pequeno. “Os grupos tradicionais estudam e aprofundam seus conhecimentos empiricamente, tendo como espaços de ensaios os quintais, praças, terreiros e alpendres Nordeste afora. São mundos musicais diferenciados que pouco se encontram, mas que trabalham e intensificam o gosto pela música e por nossa cultura”, afirma Tibico Brasil. Na programação ainda, uma série de oficinas e painéis de debates com temas relacionados ao universo da música erudita e da música que busca a tradição popular nordestina serão ministradas gratuitamente em todas as cidades participantes. como tirar passaporte

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013




CANGACEIRO PASSARINHO

Seu nome de pia(batismal) era Marcos de Lima,nasceu no dia 22 de setembro de 1903,na altitude da Serra da Baixa Verde,no povoado de Santa Cruz,outrora distrito de Triunfo,no Sertão do Pajéu,no estado de Pernambuco.Tinha 16 anos quando começou no cangaço  em 1919,ainda no comando Sinhô Pereira(Lampião ainda não havia formado seu bando). Posteriormente,Sinhô Pereira confia entregar o comando do bando a Virgulino Ferreira da Silva(Lampião) e vai embora para o estado de Goiás onde seus familiares tinham propriedades,isso mais ou menos nos idos de 1921. Logo em seguida,são formados novos grupos de cangaceiros para dar suporte ao grupo de lampião.Passarinho entra num desses grupos comandados por Cicero Costa,ou Ciço Costa que agia na região de Conceição,Sertão do Piancó,Paraiba.Eles e Ciço Costa participaram do bando de Lampião em vários ocasiões. Esse seu chefe imediato era um grande conhecedor de farmácia natural,o médico do bando. Muitas pessoas acham que passarinho conviveu diretamente com o rei do cangaço.Foram vários encontros,inclusive participando de alguns ataques.
Foram  dois cangaceiros com o apelido de  Passarinhos,por isso que algumas publicações citam: Passarinho I e Passarinho 2,(era um  velho costume do sertanejo quando algum era preso ou morria,se colocar o nome de outro que estava chegando e com semelhança ao mesmo,batizar de fulano I e fulano 2,e este passarinho é claro foi o nº I). Passarinho viveu 3 anos e 7 meses no cangaço,até quando foi preso em 24 de dezembro de 1923. Foi recolhido a cadeia da cidade de Princesa Isabel,no estado da paraíba,sendo condenado pelo júri  local a 29 anos e 9 meses de prisão.
Fora preso e condenado por haver assassinado no dia 17 de dezembro daquele ano, no povoado de Caracol, município de Conceição do Piancó,paraíba,Raimundo Nogueira a quem roubara-lhe seu  dinheiro e a roupa.Seis dias  após  o acontecido,o irmão de Raimundo surpreende Passarinho nas adjacências da povoação de Patos,município de Princesa Isabel. 
Passarinho estava justamente com as roupas do seu irmão Raimundo,este saca de uma arma e atinge  Passarinho. O seu companheiro Juriti,num vacilo de Raimundo,por trás dá-lhe uma pancada na cabeça e termina o ato dando-lhe várias facadas. Passarinho,ferido,entra na povoação aos grito: Que mataram um homem e na ocasião ele foi ferido. Com o corpo banhado de sangue dos ferimentos,recebe voz de prisão,não por obediência a lei, pois era um valente,mas pelos disparos recebidos.
Recebendo ameaças de morte é transferido para João Pessoa onde cumpriu 7 anos e 9 meses de detenção. Foi morar em Campina Grande,depois Pocinhos,onde casou com Dona Petronilha(Dona Pitu). O cangaceiro Passarinho,faleceu na cidade paraibana de Areial,no dia 15 de agosto de 1998,aos 95 anos de idade.






terça-feira, 19 de fevereiro de 2013




                            ASSUNÇÃO GONÇALVES


Mestra Assunção Gonçalves,nasceu em Juazeiro do Norte,no Vale do Cariri Cearense,no dia  1º de julho de 1916.Mestra Assunção desenvolve trabalhos na área do artesanato (bordados e rendas) e das artes plásticas(pintura),é também considerada  guardiã da  memória,destacando-se os fatos ocorridos à época do Padre Cicero Romão Batista. O trabalho em renda pode ser visto adornando toalhas,lenços e colchas. Sabe-se que boa parte de sua produção,nesta atividade,se encontra nas mãos de colecionadores comprovando a habilidade e delicadeza artesanal.Assunção Gonçalves se destaca também na arteculinária sendo confeiteira em atividade preparando doces e bolos apreciados na região do Cariri. 






segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013




                           ZÉ DO CHALÉ



José Cândido dos Santos,o Zé do Chalé,era um artista sergipano descendente de índios Xocós da Ilha de São Pedro,município de Neopolis,às margens do Rio São Francisco.Ele nasceu em 1903 e faleceu em 2008 aos 105 anos.Zé do Chalé ganhou esse apelido por causa de seu trabalho como mestre de obra.Porque só fazia chalé de palha ou de madeira,cobria de telha ou de barro,dai veio o apelido.
Na juventude trabalhou na construção de barcas de madeira.Trabalhou até os  89 anos,coisa rara no mundo da arte.Os últimos que lhe restaram de vida dedicou-os à arte da escultura e através dela ficou conhecido em todo país. Zé do chalé começou construindo pequenos navios e cruzes,os quais eram colocados dentro de garrafas de vidro. 
                
Entretanto o que se viu depois foram trabalhos bem diferentes do que ele começou a realizar no ínicio da década de 1990. Esse trabalho mais recente se dava em meio a estudos que exigia mais esmero na confecção de cada objeto.Muitos destes trabalhos eram inicialmente testados em pedaços de papelão ou isopor e somente depois testado na medeira. Umburana,cedro,mulungu,eucalipto,jaqueira,maçaranduba,pinho,eucalipto eram matéria prima de seu trabalho.
Seu talento só foi descoberto em 1999,quando o cineasta alagoano Celso Brandão,viajando por aldeias indígenas do estado,chega à morada de um pajé Xocó e se depara com as obras de Zé do Chalé. Diante de tanta beleza,Celso convocou o artista,a antropóloga Lélia Frota e o filósofo catalão Eduardo Subinat para o encontro na ilha de São Pedro,domínio Xocó e lá se dispôs a divulgar  este acervo precioso. Em geral as esculturas de Zé do Chalé são orientadas verticalmente como edificações,assumindo formas geométricas,às vezes abstratas. Uma de suas características é a forma cilíndrica com interior vazado,que o artista chamava de " troféu".
      
A religiosidade é outra característica presente em obra na forma de cruzes,coroa de espinhos,cálices,sagrado coração e formas que lembram igrejas. O profano também se faz presente através de esculturas  antropomorfas,que ele chamava de "carrancas".Esculpiu também figuras humana: índios hieráticos,desnudos,com tangas simétricas de penas e um chapéu ocidentalizado,muito semelhante ao que ele usava no dia-a-dia. Outros elementos,como pássaros,folhas de plantas,frutas,meia-lua,também podem ser encontradas em suas esculturas,utilizados de forma econômica com sentido simbólico,geralmente coroando suas peças.Em geral a obra de Zé do Chalé guarda referências do universo onde nasceu e habitou,convivem nela a herança ancestral Xocó e a modernidade da vida urbana.
As obras de Seu Zé do Chalé estão espalhadas pelo mundo em museus,galeria de arte e coleções particulares.Importantes exposições foram e têm sido organizadas com a obra de Zé do Chalé,dentre elas:Zé do Chalé: o dono da flecha(Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular,Rio de Janeiro,RJ,2007) e "Troféus - Geografia simbólica de Zé do Chalé " (Museu Théo Brandão,Maceió,AL,2012).

... Eu faço essas peças diferentes umas das outras,não é porque meu povo faz isto,mas é porque Deus quis assim.Vem na minha cabeça e eu dou um nome de taça ou troféu. A minha inspiração vem do cérebro. É Deus que me dá este dom para eu fazer estas coisas...(Zé do Chalé,1903 - 2008.

Fonte de pesquisa: Arte Popular do Brasil.

domingo, 17 de fevereiro de 2013


Foto: Carnaval PE 2013 | Itamaracá

Mergulhe... (por Dora Amorim)

Lia de Itamaracá, ou Maria Madalena, conta como é mais do que uma cirandeira
“Tia Lia”, “Mãe Lia”, “Lia da ciranda”. Na beira-mar de Itamaracá, uma mulher alta, com um pouco mais de 1,80 metros de altura, caminha chamando a atenção dos pedestres – que gritavam o seu nome. Com uma blusa amarela berrante, Lia de Itamaracá, batizada como Maria Madalena, estava em plena comunhão com o dia ensolarado. (leia no link abaixo o restante do texto "A mulher que dança o amor": http://carnavalpe2013.com.br/mergulhe.php)


A MULHER QUE DANÇA O AMOR 

Lia de Itamaracá, ou Maria Madalena, conta como é mais do que uma cirandeira
“Tia Lia”, “Mãe Lia”, “Lia da ciranda”. Na beira-mar de Itamaracá, uma mulher alta, com um pouco mais de 1,80 metros de altura, caminha chamando a atenção dos pedestres – que gritavam o seu nome. Com uma blusa amarela berrante, Lia de Itamaracá, batizada como Maria Madalena, estava em plena comunhão com o dia ensolarado. Naquela mesma manhã, quando me recebeu na sua ilha, a cirandeira, intitulada Patrimônio Imaterial de Pernambuco desde 2005, recepcionou 15 turistas em casa. Acordou e percebeu o murmurinho do outro lado do portão. Ao chegar mais perto viu as sombras e abriu a porta. "É ela, é a Lia!", teriam gritado.
A filha mais famosa da Ilha de Itamaracá nos levou ao Centro Cultural Estrela de Lia, desativado desde 2009. Antes, ela organizava cirandas todos os sábados e, ao longo da semana, eram realizados encontros e oficinas no local. A falta de incentivo, no entanto, fez a cirandeira paralisar o projeto e o lugar foi ficando, aos poucos, esquecido. Foi lá, à beira-mar, que nos reunimos para falar sobre a vida e os carnavais de Lia e sua ilha. Saudosa, a cirandeira se lembrou da infância, quando os blocos tomavam as ruas, alegravam as famílias e animavam a praia.
“O Carnaval era muito animado, cheio de blocos, algumas manifestações de Olinda vinham de lá pra se apresentar aqui, mas com o tempo foi se acabando. Hoje temos o Bloco As Catraias, o Bloco do Bode, ainda existe alguma coisa...”, lembra Lia. Atualmente, o Carnaval de Itamaracá reúne cerca de 30 blocos de frevo, trios elétricos e cortejos, sendo As Catraias, lembrado pela cirandeira, o maior dos blocos, levando 50 mil foliões às ruas da cidade. “Fui chamada para desfilar (no Bloco As Catraias) e gostei, tem senhoras de idade, meninos, as famílias vão. Mas, depois do Carnaval é mais fácil encontrar as cirandas, o coco de roda, o cavalo marinho. Aqui tem e tinha muitas tradições boas”.
Em 2012, a cirandeira abriu a folia de Itamaracá com uma apresentação no Polo Pilar. O Carnaval está no sangue dela, mas nem sempre foi foliã de carteirinha. Quando era menina, ela e a irmã iam para Olinda ver a saída dos blocos Elefante e Pitombeiras: “Não perdia um ano”, recorda. Depois do desfile, a jovem voltava para a ilha e acabou-se o Carnaval, não gostava de dançar ou se fantasiar. Mas tudo mudou quando a cirandeira se casou com um porta-estandarte do Maracatu Elefante. O marido Antônio convenceu a artista a visitar o maracatu sem muitas expectativas. E então Lia se encantou.
“Só me meti com o Carnaval, porque meu esposo fez a minha cabeça para conhecer o Maracatu Elefante. Eu disse que não ia dançar, pois não gostava de Carnaval. Comecei a ver aquela coisa bonita, todo mundo dançando, as baianas, aquelas mulheres, as crianças e pensei como tudo era lindo. Assim, a diretora do maracatu me colocou para dançar e eu pensei: 'Me lasquei'. Ela fez a minha roupa e me soltou no meio da roda como baiana rica. Logo como baiana, foi uma riqueza! Eu gostei tanto de desfilar nesse maracatu que eu lembro até hoje, desfilei duas vezes!”, comenta com entusiasmo.
Lia de Itamaracá também gosta de se lembrar do passado, quando a ilha era repleta de casas de palha e ela brincava na areia preta, em frente à casa de Santino de Barros Monteiro, patrão da sua mãe, considerado até hoje o seu pai de criação. Lia recorda ainda que começou a cantar aos 12 anos, encantada pelo pastoril e pelo cavalo marinho. Pouco depois, com a mesma idade, a artista teve contato com a ciranda: “Fui conhecendo e entendendo como funcionava vendo os outros cantarem”. Depois disso, ela nunca mais deixou de cirandar. No ano seguinte, conheceu a cantora Teca Calazans, que veraneava em Itamaracá. Ao escutar os cantos de Lia, a amiga fez os versos:

“Essa ciranda quem me deu foi Lia/
Que mora na Ilha/
De Itamaracá”
Um hino da ciranda de Pernambuco, a canção intitulada “Lia” veio como um presente e abriu as portas para a pernambucana. “A ciranda é uma dança do amor”, falou olhando fixamente para o mar, e depois olhou para mim e sorriu como se estivesse falando alguma tolice. Não era. A partir da figura de Lia, a ciranda realmente se tornou uma dança do amor, do toque, da aproximação. “É uma música forte, ela nunca se acaba, você pode colocar qualquer música, a ciranda não fracassa, é sempre uma cultura forte. Quanto mais cirandeiro tiver, mais ela vai avante”, diz.
GUERREIRA
Lia tem orgulho da sua ciranda e da sua ilha. Foram as ondas do mar de Itamaracá que inspiraram as suas canções e a tornaram conhecida. No entanto, ela lamenta a falta de sucessores, não há ninguém na sua família que se interesse pelo legado. O neto disse a uma repórter que seria o responsável por dar continuidade à ciranda, mas logo se desinteressou. Ninguém da ilha ainda apareceu. Por enquanto, a cirandeira se prepara para lançar a campanha “Vamos cirandar”, voltada a arrecadar recursos para o Espaço Cultural Ciranda de Lia e para a ciranda de Itamaracá.
“Sou uma guerreira, meto a cara no mundo”, diz ela, ao se lembrar dos muitos anos de carreiras e falta de patrocínio. Mesmo assim, nunca deixa de falar com alegria sobre a música e a vida em Itamaracá. “Às vezes gritam: ‘Dona Selma do Coco’, e eu penso: ‘Esse povo deve estar doido’. Mas respondo do mesmo jeito. É tudo da cultura”, fala sorrindo.
Depois da entrevista, demos uma carona para Lia até o castelo, como chamou sua casa. Da porta, ela acenou e pediu muito obrigada. Linda e de amarelo, a filha ilustre da Ilha de Itamaracá brilhava naquela manhã, três semanas antes do Carnaval.

Texto: Dora Amorim

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Gilmar Santana Ferreira



POETA DE CORDEL  GILMAR  SANTANA FERREIRA


Poeta de cordel  e pesquisador da cultura popular em suas várias vertentes,coordena nos estados de Alagoas e Sergipe o Projeto MOVA-Brasil Desenvolvimento e Cidadania.É autor de 20 folhetos de literatura de cordel.Este poeta popular Sergipano,desenvolve  pesquisa em busca de mapear a literatura de cordel no estado de Sergipe.No ano de 2003,foi classificado,no 2º Concurso Paulista de Literatura de Cordel.

Foto: Cultura.PE l Funcultura 

Atenção, produtores!

O cadastro e renovação do CPC para participação no Edital do Funcultura Independente 2012/2013 foi prorrogado até a próxima quarta-feira (20/2). As fichas serão distribuídas até às 10h, na sede da própria Fundarpe (Rua da Aurora, 469, Boa Vista). 

Compartilhem!
Cultura.PE l Funcultura 

Atenção, produtores!

O cadastro e renovação do CPC para participação no Edital do Funcultura Independente 2012/2013 foi prorrogado até a próxima quarta-feira (20/2). As fichas serão distribuídas até às 10h, na sede da própria Fundarpe (Rua da Aurora, 469, Boa Vista,Recife,Pernambuco). Foto: Primeiro dia útil do ano, já é tempo de começar a organizar a documentação para apresentar projetos ao Funcultura 2012|2013. Saiba como regularizar sua situação no Cadastro dos Produtores Culturais de Pernambuco. http://migre.me/cDjzx

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013




VEM AI O 1º ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E CORDEL DE PETROLINA


Oficinas,bate papo,exposição de artes,lançamento de livros e apresentações culturais com artistas da cultura popular nordestina : Maciel Melo,Chico Pedrosa ,Xangai e João Sereno. Já está tudo pronto para o 1º Encontro de Educação e Cordel de Petrolina,que acontece de 4 a 14 de março nas escolas estaduais do município e no SESC Petrolina.


Ricardo Moura


A BICHARADA DO MESTRE JAIMERAQUEL HOLANDA (TEXTO) | RICARDO MOURA (FOTOS)

Bloco carnavalesco de Salgueiro mantém viva a tradição do Carnaval de rua
Eram quase quatro da tarde da terça-feira de uma semana pré-carnavalesca quando cheguei ao ateliê de Mestre Jaime, em Salgueiro, no Sertão. Fui recebida pelo seu genro Wilson, pois Mestre Jaime precisava de tempo para se vestir adequadamente, a fim de receber seus convidados. Eis que chega ele, vestido impecavelmente com seu terno roxo listrado de cinza, sem esquecer ainda o chapéu e os óculos – sem lentes, apenas uma armação grande e dourada.
Devidamente acomodados em cadeiras de “macarrão”, na calçada do ateliê do artesão, começamos uma agradável conversa. O cenário era uma rua de pedra, transversal da avenida principal da cidade de Salgueiro. Na nossa frente estavam dispostos cerca de dez bonecos do bloco A Bicharada do Mestre Jaime, além de dois bonecos gigantes do personagem que dá nome à troça.
Embora o famoso personagem de Salgueiro já tenha uma idade avançada, seus 90 anos não o impendem de descrever minunciosamente momentos memoráveis de sua festa predileta, o Carnaval. Relembrando a história deste bloco que já percorre as ruas de Salgueiro há mais de 60 anos, Mestre Jaime contou que foi em 1946, quando a cidade brincava o Carnaval nos moldes tradicionais, com blocos de ruas e troças formadas por moradores da cidade, que ele e alguns amigos decidiram se fantasiar de bichos para brincar nos dias da folia de Momo.
"Eu admiro muito a natureza, se eu olhar para o mar quero ver o tubarão; se olhar para a África quero ver o leão, e assim inventei de trazer todos os bichos para cá", revelou o mestre carnavalesco, que teve seu bloco batizado de A Bicharada do Mestre Jaime pelos próprios brincantes da agremiação.
Durante a conversa, o artesão contava e cantava a história do bloco, narrando fatos que se confundem em muitos momentos com sua própria história de vida. Um dos versos entoados por Mestre Jaime foi a marchinha que animava os foliões de A Bicharada do Mestre Jaime, criada quando o bloco ainda era composto por mascarados. “Olha a cobra, olha o jacaré, olha o homem do espaço atrás de mulher/ No calça frouxa tudo é legal, tem Mestre Jaime que é o maioral/ E a Bicharada que brinca o Carnaval”, cantou o mestre.
Segundo Mestre Jaime, os anos se passaram e em Salgueiro o Carnaval seguia bem, com troças pelas ruas e pessoas brincando ao som de frevo, correndo atrás de blocos tradicionais. Mas o mestre contou, com ressentimento, que nos anos 1980, o Carnaval da cidade se deparou com sua primeira barreira: “Quando o trio elétrico apareceu, desgraçou tudo. Fiquei magoado”. Falando sobre o assunto, o carnavalesco aproveitou para cantar a música que fez para desabafar o momento em que vivia: “Carnaval fora de época para mim não vale,/ veio de uma geração louca e alucinada/ Botei a trave na janela, fechei a porta principal/ Fiz de conta que não vi desaparecer pelo fundo do quintal (…) Trio elétrico, invenção do satanás,/ acabou com o sentimento dos velhos carnavais,/ aquele que escrevia a bela melodia não volta nunca mais...”
Foi nesta época que, para driblar esse obstáculo, Mestre Jaime resolveu ampliar sua bicharada e, em vez de máscaras, o seu bloco passou a desfilar com bonecos pelas ruas de Salgueiro, levando a alegria dos bichos para a festa da cidade. Com A Bicharada do Mestre Jaime, o Carnaval de Salgueiro ganhou espaço e destaque na cultura pernambucana. Ao longo dos anos, o número de bonecos foi crescendo e hoje são cerca de 100, que saem da fauna para movimentar a festa momesca na cidade. De acordo com Mestre Jaime, foram os próprios brincantes que fizeram com que o bloco fosse crescendo. “Os meninos que querem carregar os bonecos foram aumentando a cada ano. Sempre chegava um na hora que o bloco ia sair querendo brincar. Por isso, eu tenho esses bonecos todos, para sempre atender aos bonequeiros”, comenta Mestre Jaime.
Como reconhecimento a este trabalho, o bloco recebeu três homenagens: a agremiação foi presenteada com dois bonecos gigantes com o rosto do seu patriarca, e também a Pitu estampou a bicharada e seu criador na sua lata.
Para Mestre Jaime, o Carnaval está prestes a chegar ao fim. Mas, segundo ele, enquanto A Bicharada existir, “sobrevive o Carnaval de Salgueiro”. Todo ano A Bicharada do Mestre Jaime desfile nas ruas da cidade. No carnaval de 2013, a agremiação saiu no sábado e domingo. Os 100 bonecos do bloco levaram cores e alegria para os foliões salgueirenses.
Foto: Carnaval PE 2013 | Foto: Marcelo Lyra
Logo mais tem  o samba de Leci Brandão em Águas Belas. Ainda tem Samba de Coco Raízes de Arcoverde, João do Morro, 
 Liv Moraes e, encerrando a noite, Família Salustiano e A Rabeca Encantada. Os shows ocorrem a partir das 18h, na Praça de Eventos da cidade.
Foto:Marcelo Lyra


Carnaval PE 2013 /Aguas Belas

 
Logo mais tem o samba de Leci Brandão em Águas Belas. Ainda tem Samba de Coco Raízes de Arcoverde, João do Morro, 
Liv Moraes e, encerrando a noite, Família Salustiano e A Rabeca Encantada. Os shows ocorrem a partir das 18h, na Praça de Eventos da cidade.
Foto: Carnaval PE 2013 | Foto: Priscilla Buhr 
Catende: Daqui a pouco tem Nonô Germano levando muito frevo para o Carnaval de Catende. Além dele, a cidade também recebe shows Orquestra Maestro Maia e Maciel Salú, As apresentações começam a partir das 18h.

Carnaval PE 2013 | Foto: Priscilla Buhr 


Catende: Daqui a pouco tem Nonô Germano levando muito frevo para o Carnaval de Catende. Além dele, a cidade também recebe shows Orquestra Maestro Maia e Maciel Salú, As apresentações começam a partir das 18h.
Foto: Encontro de Maracatus em Nazaré da Mata | Foto: Ricardo Moura


Créditos das imagens: Ricardo Moura | Segunda é dia de encontro de maracatus em Nazaré da Mata. A festa, que reune diversos maracatus rurais, tradicionais da região, é um dos cartões postais da cidade. Durante o encontro, o Mestre João Paulo, do Maracatu Leão Misterioso, recebeu homenagem das mãos do Governador Eduardo Campos.
Foto: Encontro de Maracatus em Nazaré da Mata | Foto: Ricardo MouraFoto: Encontro de Maracatus em Nazaré da Mata | Foto: Ricardo MouraFoto: Encontro de Maracatus em Nazaré da Mata | Foto: Ricardo Moura
Foto: Carnaval 2013 | Foto:  Renato Spencer

Pensar no Carnaval de Pesqueira é pensar nas famosas e intrigantes figuras dos Caiporas. Mas nem só delas é feita a festa dos foliões da cidade. Durante os quatro dias de Momo, saem os blocos, as troças, os cortejos e as escolas de samba que tomam as ruas da cidade. São 165 blocos cadastrados pela prefeitura, dentre eles, destaca-se, por exemplo, a tradicional agremiação das Cambindas Velhas, fundada em 1907, e o Lira da Tarde, que arrasta mais de 30 mil foliões com orquestra de metais e muito frevo. Há ainda três escolas de samba que desfilam durante o Carnaval: Gigantes do Ororubá, Águia Dourada e a Escola de Samba Labariri. O município está localizado a 215 km do Recife, no Agreste pernambucano, e também é conhecido pela produção da renda renascença e por ser a cidade dos índios Xucurus, na Serra do Ororubá. #CarnavalPE2013

Confira mais informações sobre o Carnaval de Pernambuco no site oficial da festa:  http://www.carnavalpe2013.com.br/

Carnaval 2013 | Foto: Renato Spencer

Pensar no Carnaval de Pesqueira é pensar nas famosas e intrigantes figuras dos Caiporas. Mas nem só delas é feita a festa dos foliões da cidade. Durante os quatro dias de Momo, saem os blocos, as troças, os cortejos e as escolas de samba que tomam as ruas da cidade. São 165 blocos cadastrados pela prefeitura, dentre eles, destaca-se, por exemplo, a tradicional agremiação das Cambindas Velhas, fundada em 1907, e o Lira da Tarde, que arrasta mais de 30 mil foliões com orquestra de metais e muito frevo. Há ainda três escolas de samba que desfilam durante o Carnaval: Gigantes do Ororubá, Águia Dourada e a Escola de Samba Labariri. O município está localizado a 215 km do Recife, no Agreste pernambucano, e também é conhecido pela produção da renda renascença e por ser a cidade dos índios Xucurus, na Serra do Ororubá.
Foto: Carnaval PE 2013 | Carnaval para reviver uma lenda 
Gabriela Valadares (texto) | Chico Ludermir (foto)

Figuras míticas, Caiporas saem às ruas de Pesqueira divertindo foliões e assustando criancinhas

Minha infância foi sempre rodeada por mitos e lendas. Filha de amazonense, fui criada para respeitar a floresta e os animais, sendo o caipora um dos personagens folclóricos que mais esteve presente no meu imaginário infantil. Agora, mais de 20 anos depois, eis que me deparo com ele no município de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco.

Caipora vem do tupi “kaa porá”, que significa habitante do mato. Segundo o folclore brasileiro, pode ser representado por várias formas. Caboclo peludo, negro baixinho de um olho só, indiazinha ou indiozinho, o personagem aparece de acordo com quem o vê. Assume a forma mais assustadora para o inimigo. No meu imaginário infantil, o caipora assumia o aspecto de um curumim de cabelos verdes. Agora, em Pesqueira, lá vem ele, bem diferente das minhas fantasias, sob uma nova feição: a de brincante de bloco carnavalesco, vestido com paletó colorido e uma enorme cabeça de estopa.

Os personagens mitológicos e lendas do folclore brasileiro são personificados em versões distintas, que variam de acordo com a região do País. Os casos e mitos criados coletivamente pelo imaginário popular são passados oralmente, através de anedotas em prosa, poesia ou cantoria. Geralmente montado em um porco do mato, o protetor das florestas permite a entrada de caçadores em troca de oferendas – geralmente fumo e cachaça. Alguns usam a cachaça como armadilha. Acredita-se que embebedando o caipora ou um de seus caiporinhas (exército de pequenas criaturas que acompanham a entidade mitológica, podendo ser associados também a uma vara de porcos do mato), capturar o demônio da floresta seria uma tarefa fácil. No entanto, reza a lenda que ninguém jamais conseguiu tal façanha.

Quando o caipora permite a entrada de caçadores mata adentro, em troca das oferendas, a estes fica a obrigação de respeitar algumas regras: não perseguir fêmeas grávidas ou filhotes, não caçar nas sextas-feiras, nos domingos, nos dias santos e nas noites de lua cheia. Minha mãe me contava que penas, esteiras e mantas eram ofertadas pelos índios ao guardião da floresta e dos animais, em vez de cachaça e fumo.

Andando pela cidade em busca da história dos caiporas, mais especificamente do Bloco Carnavalesco e Cultural Caiporas de Pesqueira, paro em uma praça onde vários senhores jogam damas. Me aproximo e começamos a conversar sobre os “causos” da cidade, principalmente os que dizem respeito ao Carnaval. Seu Geraldo, aparentemente o mais velho do grupo, me disse que a mata, supostamente protegida pelos caiporas, era a mesma onde viviam os índios da região. Sabe-se que o personagem é associado, segundo a lenda, ao fogo-fátuo nas regiões pantanosas. Acreditava-se que o fogo misterioso era provocado pelo guardião da mata para espantar os caçadores e, assim, evitar a entrada dos invasores. No caso de Pesqueira, segundo Seu Geraldo, o fogo avistado no meio da floresta era de rituais indígenas.

Fui ao encontro de Dona Helena, cujo nome significava, na Grécia Antiga, Fogo de Santelmo. Coincidentemente, em algumas regiões do País, representa o fogo provocado pelo caipora. Há cinco anos como guardiã do bloco, Dona Helena Rodrigues de Melo, 69 anos, viúva de um dos precursores dos Caiporas, conta que apesar do estresse dos preparativos carnavalescos, é um divertimento organizar e coordenar tudo. Depois de anos ajudando o marido, ela desenvolveu alergia a um dos materiais da fantasia (a estopa), o que a impede de confeccionar as cabeças do personagem. O lado bom, disse ela, é que os jovens a ajudam atualmente com as vestimentas e assim é mais seguro que a tradição permaneça quando ela se for.

Hoje, o bloco arrasta cerca de 80 brincantes, homens e mulheres, meninos e meninas, vestidos por Dona Helena e sua equipe. O que me fez lembrar o grupo dos caiporinhas que auxiliavam o protetor da floresta. Acompanhados por uma orquestra de frevo, os foliões se vestem com uma cabeça pintada em um grande saco de estopa, um paletó e uma gravata. Os ombros ficam na cintura, deixando à mostra pequenas pernas. E assim temos o ser mitológico, representado na fantasia, desfilando pelas ruas da cidade.

O bloco dos Caiporas de Pesqueira foi fundado em 1962 pelo jornalista Abcinéias e mais seis amigos. Alguns anos depois, foi extinto por ser cercado de superstições, entre elas a de que era amaldiçoado. Além de causar pavor às crianças da cidade, acreditava-se que a cada ano, um dos fundadores iria morrer, como realmente aconteceu no início do bloco. Os medos foram superados quando, nos anos 1970, um grupo de amigos, alguns filhos da primeira e segunda geração dos fundadores, resolveu reviver o bloco que, em 2012, comemorou 50 anos de tradição.

Apesar dos registros documentais e de manifestações culturais como o bloco carnavalesco de Pesqueira, personagens do folclore brasileiro como caipora, saci pererê, curupira, cumadre fulozinha, os guardiões da floresta parecem não ter mais a mesma força de antes no imaginário popular. Antigamente o mito causava medo e respeito à natureza. Hoje os Caiporas assustam as crianças de Pesqueira e divertem os foliões durante o desfile do bloco, que acontece no domingo, na segunda e na terça de Carnaval.

OUTROS CARNAVAIS

Na busca por informações, vou descobrindo que Pesqueira carrega outras tradições carnavalescas. Blocos como o Lira da Tarde, os Cangaceiros e as Catraias fazem parte da programação da cidade. Ali perto, diz um outro senhor que, na mesma praça onde garimpei a história dos Caiporas, trabalha uma das figuras mais conhecidas do Carnaval de Pesqueira. Auxiliar de serviços gerais em uma instituição bancária, Gogo é conhecido como o homem da sombrinha. Desfila desde os 16 anos e há 35 sai vestido de mulher em todos os blocos da cidade, acompanhado pela sua sombrinha de frevo. Após economizar durante todo o ano para comprar vestidos e perucas, Gogo chega a trocar de roupa e peruca até seis vezes por dia durante o Carnaval. Após o período momesco, ele doa os vestidos antigos a pessoas carentes.

Segui pela cidade e encontrei outro grupo carnavalesco, o Cambindas Velhas, se apresentando em uma escola municipal. O bloco foi fundado em 1909, por Pedro Lopes. Comerciante, costumava observar os africanos descendentes de escravos que, após descarregar as mercadorias dos navios, dançavam. Depois de ter experimentado dançar com os negros, Pedro Lopes fundou o bloco carnavalesco que atualmente é composto por homens e meninos vestidos de baianas. Acompanhados pelo som da zabumba, do ganzá e do megafone, os “cambindeiros” seguem cantando, já em sua quinta geração, as músicas do fundador. O bloco, que costuma sair todos os dias de Carnaval, também tem quatro composições em homenagem ao cacique xucuru Chicão, assassinado em 1998 na reserva indígena de Pesqueira.

Carnaval PE 2013 | Carnaval para reviver uma lenda
Gabriela Valadares (texto) | Chico Ludermir (foto)

Figuras míticas, Caiporas saem às ruas de Pesqueira divertindo foliões e assustando criancinhas

Minha infância foi sempre rodeada por mitos e lendas. Filha de amazonense, fui criada para respeitar a floresta e os animais, sendo o caipora um dos personagens folclóricos que mais esteve presente no meu imaginário infantil. Agora, mais de 20 anos depois, eis que me deparo com ele no município de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco.

Caipora vem do tupi “kaa porá”, que significa habitante do mato. Segundo o folclore brasileiro, pode ser representado por várias formas. Caboclo peludo, negro baixinho de um olho só, indiazinha ou indiozinho, o personagem aparece de acordo com quem o vê. Assume a forma mais assustadora para o inimigo. No meu imaginário infantil, o caipora assumia o aspecto de um curumim de cabelos verdes. Agora, em Pesqueira, lá vem ele, bem diferente das minhas fantasias, sob uma nova feição: a de brincante de bloco carnavalesco, vestido com paletó colorido e uma enorme cabeça de estopa.

Os personagens mitológicos e lendas do folclore brasileiro são personificados em versões distintas, que variam de acordo com a região do País. Os casos e mitos criados coletivamente pelo imaginário popular são passados oralmente, através de anedotas em prosa, poesia ou cantoria. Geralmente montado em um porco do mato, o protetor das florestas permite a entrada de caçadores em troca de oferendas – geralmente fumo e cachaça. Alguns usam a cachaça como armadilha. Acredita-se que embebedando o caipora ou um de seus caiporinhas (exército de pequenas criaturas que acompanham a entidade mitológica, podendo ser associados também a uma vara de porcos do mato), capturar o demônio da floresta seria uma tarefa fácil. No entanto, reza a lenda que ninguém jamais conseguiu tal façanha.

Quando o caipora permite a entrada de caçadores mata adentro, em troca das oferendas, a estes fica a obrigação de respeitar algumas regras: não perseguir fêmeas grávidas ou filhotes, não caçar nas sextas-feiras, nos domingos, nos dias santos e nas noites de lua cheia. Minha mãe me contava que penas, esteiras e mantas eram ofertadas pelos índios ao guardião da floresta e dos animais, em vez de cachaça e fumo.

Andando pela cidade em busca da história dos caiporas, mais especificamente do Bloco Carnavalesco e Cultural Caiporas de Pesqueira, paro em uma praça onde vários senhores jogam damas. Me aproximo e começamos a conversar sobre os “causos” da cidade, principalmente os que dizem respeito ao Carnaval. Seu Geraldo, aparentemente o mais velho do grupo, me disse que a mata, supostamente protegida pelos caiporas, era a mesma onde viviam os índios da região. Sabe-se que o personagem é associado, segundo a lenda, ao fogo-fátuo nas regiões pantanosas. Acreditava-se que o fogo misterioso era provocado pelo guardião da mata para espantar os caçadores e, assim, evitar a entrada dos invasores. No caso de Pesqueira, segundo Seu Geraldo, o fogo avistado no meio da floresta era de rituais indígenas.

Fui ao encontro de Dona Helena, cujo nome significava, na Grécia Antiga, Fogo de Santelmo. Coincidentemente, em algumas regiões do País, representa o fogo provocado pelo caipora. Há cinco anos como guardiã do bloco, Dona Helena Rodrigues de Melo, 69 anos, viúva de um dos precursores dos Caiporas, conta que apesar do estresse dos preparativos carnavalescos, é um divertimento organizar e coordenar tudo. Depois de anos ajudando o marido, ela desenvolveu alergia a um dos materiais da fantasia (a estopa), o que a impede de confeccionar as cabeças do personagem. O lado bom, disse ela, é que os jovens a ajudam atualmente com as vestimentas e assim é mais seguro que a tradição permaneça quando ela se for.

Hoje, o bloco arrasta cerca de 80 brincantes, homens e mulheres, meninos e meninas, vestidos por Dona Helena e sua equipe. O que me fez lembrar o grupo dos caiporinhas que auxiliavam o protetor da floresta. Acompanhados por uma orquestra de frevo, os foliões se vestem com uma cabeça pintada em um grande saco de estopa, um paletó e uma gravata. Os ombros ficam na cintura, deixando à mostra pequenas pernas. E assim temos o ser mitológico, representado na fantasia, desfilando pelas ruas da cidade.

O bloco dos Caiporas de Pesqueira foi fundado em 1962 pelo jornalista Abcinéias e mais seis amigos. Alguns anos depois, foi extinto por ser cercado de superstições, entre elas a de que era amaldiçoado. Além de causar pavor às crianças da cidade, acreditava-se que a cada ano, um dos fundadores iria morrer, como realmente aconteceu no início do bloco. Os medos foram superados quando, nos anos 1970, um grupo de amigos, alguns filhos da primeira e segunda geração dos fundadores, resolveu reviver o bloco que, em 2012, comemorou 50 anos de tradição.

Apesar dos registros documentais e de manifestações culturais como o bloco carnavalesco de Pesqueira, personagens do folclore brasileiro como caipora, saci pererê, curupira, cumadre fulozinha, os guardiões da floresta parecem não ter mais a mesma força de antes no imaginário popular. Antigamente o mito causava medo e respeito à natureza. Hoje os Caiporas assustam as crianças de Pesqueira e divertem os foliões durante o desfile do bloco, que acontece no domingo, na segunda e na terça de Carnaval.

OUTROS CARNAVAIS

Na busca por informações, vou descobrindo que Pesqueira carrega outras tradições carnavalescas. Blocos como o Lira da Tarde, os Cangaceiros e as Catraias fazem parte da programação da cidade. Ali perto, diz um outro senhor que, na mesma praça onde garimpei a história dos Caiporas, trabalha uma das figuras mais conhecidas do Carnaval de Pesqueira. Auxiliar de serviços gerais em uma instituição bancária, Gogo é conhecido como o homem da sombrinha. Desfila desde os 16 anos e há 35 sai vestido de mulher em todos os blocos da cidade, acompanhado pela sua sombrinha de frevo. Após economizar durante todo o ano para comprar vestidos e perucas, Gogo chega a trocar de roupa e peruca até seis vezes por dia durante o Carnaval. Após o período momesco, ele doa os vestidos antigos a pessoas carentes.

Segui pela cidade e encontrei outro grupo carnavalesco, o Cambindas Velhas, se apresentando em uma escola municipal. O bloco foi fundado em 1909, por Pedro Lopes. Comerciante, costumava observar os africanos descendentes de escravos que, após descarregar as mercadorias dos navios, dançavam. Depois de ter experimentado dançar com os negros, Pedro Lopes fundou o bloco carnavalesco que atualmente é composto por homens e meninos vestidos de baianas. Acompanhados pelo som da zabumba, do ganzá e do megafone, os “cambindeiros” seguem cantando, já em sua quinta geração, as músicas do fundador. O bloco, que costuma sair todos os dias de Carnaval, também tem quatro composições em homenagem ao cacique xucuru Chicão, assassinado em 1998 na reserva indígena de Pesqueira.