sexta-feira, 31 de julho de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
02 de agosto: Exu realiza a 26ª Festa da Saudade do Gonzagão
No próximo dia 02 de agosto, no parque Asa Branca em Exu-PE, terra natal de Luiz Gonzaga, acontece a 26ª Festa da Saudade de Gonzagão. Uma missa será celebrada às 11h da manhã. A data marca o aniversário de falecimento do Rei do Baião.
Por volta das 15h, uma roda de forrozeiros deve cantar as canções que marcaram a carreira do mestre da sanfona. A lista é encabeçada pelo poeta e cantor Flávio Leandro, um gênio da música nordestina.
Quem comparecer ao parque, certamente, vai se deparar com a nata da música nordestina. É verdade que a lista seria maior, mas não é todo dia ou em qualquer lugar que é possível reunir tantos expoentes do nordeste.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Amantes do # cinema e moradores do sertão do Pajeú vão mergulhar num intenso circuito de exibições, debates e oficinas audiovisuais. É que começa já na próxima semana, 3 de agosto, a 8ª edição de um dos mais charmosos e admirados festivais de cinema brasileiro, o Festival de Cinema de Triunfo.
Trinta e quatro filmes, de onze estados brasileiros, vão integrar as mostras competitivas e concorrer a uma premiação total de 40 mil reais.
terça-feira, 28 de julho de 2015
Canção
Os maiores repentistas da história do Brasil
Grande é a nação dos violeiros e repentistas do nordeste, os estados de Pernambuco e Paraíba são os dois maiores celeiros de cantadores, estados que deixaram nos anais da história, nomes imortalizados, criadores dos perfeitos motes e construtores das amais perfeitas rimas.Dos nomes que conheci não esqueço de Louro do Pajeú, Dimas, tacílio, Cancão, Jó Patriota e Pinto do Monteiro. Cancão veio em 1970, trazido por meu irmão primogênito Zezé, para que ele conseguisse com Pedro Ferreira (proprietário da empresa SACOL), um patrocínio para imprimir um livro de poesias, hoje tenho guardado a sete chaves uma cópia desse livro.
A famosa tríade formada pelos irmãos Otacílio, Dimas e Louro, nessa foto estão acompanhados de um dos gigantes do improviso: Pinto do Monteiro.
Por João de Sousa Lima
Estive algumas vezes com Louro, em 1986 tomamos muitas caipirinhas no famoso CALABAR (bar na rua principal de São José do Egito).com Pinto estive três vezes em sua residência em companhia do primo João Piancó e de Pinto ganhei uma fotografia onde ele recebe um prêmio por sua trajetória de sucessos.
Louro, o Rei do Trocadilho
Louro do Pajeú, um dos mais autênticos e grandiosos artistas do improviso e na segunda foto,Louro e Jó Patriota
Otacílio (no centro da foto)
Velho Pinto do Monteiro.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Jorge Alves Siqueira (Zeus)
Jorge Alves Siqueira, mais conhecido como Zeus, nasceu no município sergipano de Itabaiana no dia 08 de abril de 1959. Seus primeiros contatos com a arte ocorreram ainda em Itabaiana, na década de 1970, por influência de Caã e de seu irmão Jorgevaldo. Saiu de lá aos 15 anos e diz que as imagens quase idílicas, ainda que sofridas, não lhe saem da cabeça. O riacho era limpo, tinha a casa de farinha, tinha passarinho e liberdade, conta o artista.
Começou a trabalhar com a arte juntamente com o irmão, ajudando-o a esculpir imagens de ex-votos: Tudo começou com meu irmão, que sofreu um acidente e um pintor amigo acabou levando-o a entalhar. Eu comecei ajudando a lixar as suas peças. Mas um dia ele me deu a faquinha e disse para eu cortar uma bola com um pedestal, que era muito fácil. Depois riscou a bola e pediu para gastar as laterais. Saiu assim uma espécie de bochechas num rosto. Aí quando fiz o olho, foi como se o olho ficasse olhando para mim, saltado. Acho que a arte entrou assim dentro de mim, como um olho me olhando. Então terminei de fazer a cabeça, que era de um ex-voto, conta o artista. Quando começou a esculpir suas próprias peças, passou a assinar Zeus.
Zeus, Cristo, madeira. Reprodução fotográfica www.acasa.org
O irmão do artista não seguiu o caminho da arte, mas Zeus permaneceu em Aracaju dedicando-se à arte da escultura. Morou em outras cidades sergipanas e por fim estabeleceu-se em Areia Branca, onde mora atualmente. Trabalha com a madeira (cedro, jacarandá, imburana), mas também com a pedra e o concreto. Eu tinha esse destino. Há 20 anos tentei fazer outras coisas, mas não funcionou. A gente não procura a arte, a arte é que procura a gente. Eu sempre fui honesto com a arte, nunca procurei fugir do meu estilo e tenho uma característica própria, conta Zeus.
Zeus, São Francisco, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Zeus, mulher, pedra calcárea.
Zeus expôs pela primeira vez individualmente em 1984 na Galeria J. Inácio em Aracaju. Desde então intensificou sua participação em exposições no seu Estado e em outros lugares do Brasil.
Contato com Zeus:
Rua São João, 15, Centro
Areia Branca, SE,
CEP: 49580-000
Tel: (79) 3288-1437/ 1745
Zeus, Cristo, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Zeus, busto de Sto. Antonio, pedra calcárea. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Zeus, oratório de Padre Cícero, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Zeus, título desconhecido, pedra calcárea. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Zeus, Sto. Antonio, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
domingo, 26 de julho de 2015
Samba Chula de São Braz
A historia dos brincantes do grupo de Samba Chula, se confunde com a deste ritmo genoinamente baiano,oriundo das celebracoes das colheitas e atividades das comunidades rurais do estado da Bahia. Criado oficialmente no ano da graca de 1995, o Samba Chula de São Braz é liderado por Fernando de Santana e representa com talento e espontaneidade a tradição oral do samba de roda da Bahia. O Samba Chula de São Braz faz parte da história do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, gênero musical tombado como patrimônio imaterial da humanidade desde o ano de 2005.
O samba de roda e a chula (uma variação das cantigas de samba que aborda de forma poética temas do cotidiano, relatando conflitos da vida e ofertando conselhos de quem já viveu bastante e tem muito que ensinar) são linguagens que sempre estiveram presentes na história de vida desses artistas, desde a tenra infância na Vila de São Braz, em Santo Amaro,municipio encrvado no reconcavo bahiano. O primeiro CD do Samba Chula de São Braz, intitulado Quando Dou Minha Risada Há, Há…, foi lançado no ano de 2009. O disco foi contemplado pelo Prêmio Pixinguinha 2008, promovido pela Fundação Nacional das Artes (FUNARTE). O trabalho realizado pelo grupo atrai a atenção de público e crítica no Brasil e no exterior e demonstra o potencial criativo da cultura popular traduzido em música e dança.
Depois de realizar diversos shows e de dividir o palco com artistas de destaque da música popular brasileira o Samba Chula de São Braz cruzou fronteiras e e foi alem mar,levou sua música para outros países, participando de eventos internacionais como a WOMEX – Copenhague, 2010, maior Feira de World Music do Mundo; o Festival Internacional da Primavera Rishon-LeZion – Israel, 2011; Festival Europalia Brasil 2011, na Bélgica e Holanda; Turnê Europa 2012 que passou pela França, com shows em Paris (Cité de La Musique), Marseille e Toulouse.
Em 2014 o Samba Chula de São Braz esteve presente na 20ª edição do PercPan – Panorama Percussivo Mundial e foi destaque no Festival Qatar Brasil 2014, realizado no Parque Mia, situado na capital do pais, Doha.
sábado, 25 de julho de 2015
sexta-feira, 24 de julho de 2015
"O Massacre de Angico - A Morte de Lampião"
Espetáculo dirigido por José Pimentel ocorre ao ar livre, em Serra Talhada.
Espetáculo dirigido por José Pimentel ocorre ao ar livre, em Serra Talhada.
Peça também aborda episódios da vida do cangaceiro, segundo a direção.
O espetáculo teatral ao ar livre "O Massacre de Angico - A Morte de Lampião" encenado a partir da quarta-feira (22) em Serra Talhada, Sertão de Pernambuco. Com texto de Anildomá Willans de Souza e direção de José Pimentel, a peça será apresentada até o dia 26 de julho na Estação do Forró, localizada no Centro da cidade.
Cena do espetáculo teatral ao ar livre 'O Massacre de Angico - A Morte de Lampião' (Foto: Divulgação/ Ascom)
Com traços cinematográficos, a peça reconta a morte do cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva - aos 41 anos. Ele seguiu o movimento entre as décadas de 1920 e 1930, para vingar a morte do pai. “Temidos por uns e idolatrados por outros, os cangaceiros serviram como denunciantes das péssimas condições sociais daquela época, tanto que a honra e bravura de Lampião foram decantadas pelos poetas populares, ao mesmo tempo em que o governo o via como uma doença que precisava ser eliminada”, detalhou a direção do espetáculo, em material divulgado à imprensa.
O massacre de Angico faz alusão à emboscada preparada por militares ao bando de Lampião. A determinação foi do então Presidente da República Getúlio Vargas. A direção revela ainda que outras fases da vida do cangaceiro são abordados durante a encenação, a exemplo do encontro com o padre Cícero para receber a patente de capitão do Exército Patriótico; a convivência com a esposa, Maria Bonita; episódios vivenciados durante a festa da cabroeira quando dançava xaxado e coco; e a traição de Pedro de Cândida.
O elenco conta com artistas locais e outros do Recife e Olinda. A atriz e cantora Roberta Aureliano, alagoana que mora no município sertanejo, interpreta Maria Bonita. O ator e dançarino Karl Marx encorpora o protagonista.
“[...] trata-se de uma personagem que mexe com a imaginação das pessoas, que influenciou a cultura popular sertaneja, os valores morais e até o modo de viver do nosso povo […] Este trabalho [...] é quase uma missão de vida, ainda mais quando se trata de cangaço, tema polêmico que gera divergências, contradições e até preconceitos”, revela o protagonista, também por meio do material divulgado.
ServiçoEncenação do espetáculo teatral O Massacre de Angico - A morte de Lampião
Local: Estação do Forró, sem número, Centro
Período: de 22 a 26 de julho
Acesso: Livre.
Local: Estação do Forró, sem número, Centro
Período: de 22 a 26 de julho
Acesso: Livre.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Naquele 23 de julho de 2013, a boa música lamentava o falecimento de José Domingos de Morais, aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O câncer de pulmão e as complicações infecciosas e cardíacas levaram o homem de carne e osso, mas não ganharam no ''Fim de festa''. Seu legado na arte de tocar sanfona ficara mais forte e incorruptível. Aquele som ''Cheinho de molho'' é parâmetro para muito instrumentista que busca aquilo que faz o ''13 de dezembro'', mais do que uma mera data de calendário.
Seu ''Lamento de caboclo'' inspirava melodias que somaram-se a urbanização do forró ao concreto da cidade grande e a saudade do nordestino. Como nem ''Tudo era azul'' e ''Festa no sertão'', ''Dominguinhos e seu Acordeon'' quebraram regras. Aplauso a um preservador da velha sanfona numa época dos violões poeticamente populares nos festivais universitários, da bossa nova e da invasão britânica/americana nas guitarras do revolucionário rock'n'roll: O ''Forró de Dominguinhos'' atualizava o grito plural do baião, ao englobar todas essas vertentes, novos instrumentos, sonoridades e estilos para a música brasileira, através da representatividade regional.
Não importou o dia. De segunda até ''Domingo, o menino Dominguinhos'' expressou como ninguém o fardo e a honra de ser nordestino, esteja do lado de lá ou do lado de cá. Com canções embebidas em uma criatividade genial, fundamentou uma parte esquecida da cultura brasileira em jogos de fole, emoções e virtuosismo. No lema do ''Quem me levará sou eu'', ele levou milhões no matulão fechado com um nó pelo Rei e aberto com ''Simplicidade'', ''Festejo e Alegria'' pelo seu súdito.
''Isso aqui tava bom e Gostoso demais'' até ele ir de vez. É, ''Seu Domingos'', ''É Isso Aí! Simples Como a Vida''. ''Garanhuns'' deixou para o mundo um verdadeiro ''Trinado do Trovão'' que ensinou a tocar do ''Choro Chorado'' até as ''Quebradas do Sertão''. Hoje, ''Dominguinhos é Tradição''. ''Nas Costas do Brasil'', seu nome estará sempre tatuado.
Um verdadeiro ''Iluminado'', Dominguinhos foi um dos maiores músicos que esse país já produziu. Sua música era comprometida com a verdade social de uma região do Brasil, com as emoções das pessoas na lágrima que cai pela saudade de casa, com dificuldades do retirante em viver nas metrópoles e pela gratidão de ter vencido e retornado pro seu torrão. Um nordestino que deixará sempre a saudade em evidência.
Esse era José Domingos de Morais.
O nosso Dominguinhos.
O nosso Dominguinhos.
Por Renildo Carlos
Homenagem do Itaú Cultural
O sertão de Elomar Figueira Mello ocupa São Paulo. Por meio de um projeto do Itaú Cultural, o universo do compositor conquistense integra a exposição Ocupação Elomar até o dia 23 de agosto. Na capital paulista, os visitantes terão a oportunidade de conhecer os elementos que inspiram a obra do menestrel e que compõem a Fazenda Casa dos Carneiros, localizada no povoado da Gameleira, zona rural de Vitória da Conquista.
A exposição faz o público adentrar em um espaço de contemplação e deixar-se levar pelos encantamentos do sertão profundo.
Casa dos Carneiros – Elomar destaca as atividades e os projetos em desenvolvimento por meio da Fundação Casa dos Carneiros, como a criação do Arquivo Elomar Figueira Mello. Dedicado à memória do compositor, o espaço foi desenhado pelo próprio Elomar, que também é arquiteto, e está sendo erguido na fazenda, a 20 km de Conquista.
O objetivo é transformar o lugar em um espaço de permanente visitação com atividades educativas e culturais, voltadas para os mais diferentes públicos, preservando as culturas do sertão profundo.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Muitos pesquisadores não se importam com as ramificações familiares que existem dos antigos cangaceiros, mas deveriam, pois existem histórias interessantes influenciadas pelos parentes famosos. Bandoleiros, na sua imensa maioria, já mortos por causas diversas, até as naturais (quem diria!). Volta Seca ficou famoso desde sua saída do Saco Torto, na época, povoado de Riachuelo, no final da década de 20. Mas, para trás ele deixou um magote de irmãos, tios e conhecidos. Depois da sua entrada no bando, Lampião deu suas voltas pelo agreste sergipano, chegando muito perto do que conhecemos hoje como Malhador e que antes não passava de um povoadinho pequeno com duas ruas e uma pequena capela sendo construída. Mas, Lampião, numa destas passagens pelo agreste daqui despertou a curiosidade dos moradores.
O fazendeiro João Barbosa, conhecido como Joãozinho da Lema, irmão de Gentil Barbosa, morava numa modesta fazenda entre o que ia desde o Rio Jacaracica (Cajueiro Antigo) até a região que hoje situa o grupo escolar do Povoado Cajueiro, onde tudo era Itabaiana Grande. Obrigatoriamente, Lampião e seu bando passavam por estas terras, aproveitando e recebendo de Joãozinho muitos mantimentos, poucos armamentos, pois eles não tinham com frequência. Também havia um tanque enorme, com o minadouro ao lado, onde os cangaceiros se abasteciam. Era uma região com muitos recursos, bem diferente de outras que eles já haviam passado. As pessoas tinham medo dos cangaceiros, mas quando os viam pessoalmente chegavam à conclusão que “não eram tão maus”, assim dizem alguns mais velhos que moram ainda naquele trecho. Havia um acordo: Lampião seria sustentado pelo fazendeiro e em troca não praticaria atrocidades com o povo da região.
Trato feito.
Numa dessas passagens, esteve com Lampião o menino Volta Seca. Este ficou descabreado, pensativo e falou pouco, mas todos se espantavam pela pouca idade. Lampião comentou até que o pequeno era da região, mas não podia deixar o cangaço para não entregar os segredos. Nenhum segredo foi revelado aos curiosos que se aproximavam sem medo e até proseavam com alguns dos cangaceiros. Era um misto de medo e curiosidade.
O tempo foi passando, as conversas se alongando e o mito Lampião se consolidou. Mas, quem roubou a cena mesmo depois de sua prisão foi Volta Seca. Os jornais do país inteiro noticiavam a prisão do pequeno. Foi aí que um desses jornais da capital Rio de janeiro chegou até o Saco Torto (talvez enrolado num mamão da feira de Itabaiana), grande curiosidade se instalava. Um dos irmãos de Volta Seca se chamava Aprígio dos Santos, apelidado de Aprígio Capuchinho ou Aprígio Carrapeta e foi ele quem ficou com o jornal.
Décadas e décadas se passaram e os anos 60 chegou. Aprígio já não morava no Saco Torto, havia se deslocado mais a norte nas proximidades do povoado Malhada Velha, no povoado João Gomes, perto do Carvalho em direção ao Zanguê. Casado com Joana (mulher corpulenta, que foi rebatizada de Joana Baleia, pelos meninos da região), pai de vários filhos, ele era temido por todos na região. Moravam numa casa do tio de Manoel Messias de Jesus, que na época era ainda uma criança e lembra de alguns acontecimentos. Trabalhavam todos juntos, ora na lavoura e também na arte de fazer cestos e caçuás. Aliás, Aprígio era considerado o melhor cesteiro da região e um hábil tirador de mel das famosas “oropas” arranchadas em ocos de pau e em formigueiros.
Manoel Severo e as Obras de Robério Santos
Aprígio era conhecido na região por ser valente e cheio de mandingas. Ele contava histórias de assombração, de cangaceiros, de brigas, dizia que matou pessoas e de outras coisas que amedrontavam as pessoas do sítio, aliás, naquele tempo, qualquer coisa assustava. Mas, o que mais assustava era o fato de que ele era irmão de um cangaceiro famoso e enchia a boca para dizer nos bares e esquinas que o irmão havia assassinado sete soldados de polícia lá no interior da Bahia. As pessoas temiam que Aprígio fosse igual ao irmão, por isso o respeitava. Não se sabia se por medo ou respeito mesmo, mas todos mudavam de direção quando apontava na vista ele ao longe.
Uma certa vez, o então jovenzinho João do finado Antônio Sevino, primo do já citado Manoel, estava no sítio, no meio do pasto e Aprígio chegou sem aviso prévio. Nisso, ambos puxaram assunto e ficaram lá por um bom tempo. Não existia mato, nada ao redor deles, só capim baixo, de quase dez centímetros. João assustado com a conversa ouve um barulho no lado oposto, olha rapidamente para trás e ao retornar à vista para a frente, Aprígio havia sumido como num passe de mágica. João começou a tremer e não conseguia sair do lugar, começou a procurar onde o homem estava e nada de encontrar. Não havia explicação lógica para que isso acontecesse. Ele se gabava que conseguia se transformar num topo, numa formiga e até num pássaro, mas ninguém acreditava, até aquele momento. O povo começou a chama-lo de “encantado”, assim como o pessoal do sertão chamava outro místico de João Valentim, lá na cidade de Nossa Senhora da Glória, anos depois. Veio a reaparecer dias depois como se nada houvesse acontecido.
Aprígio era magro, moreno claro, barba ficando branca, olhos grandes e assustadores. Ele já não é mais vivo, mas seu filho Zé Preto da família dos Pixititas, morador de Malhador atualmente, e guarda seu legado, assim como as memórias de Manoel Messias de Jesus, que inclui Carrapeta no rol dos mitos que colocava criança para dormir, assim como o temível Volta Seca e o mítico Mata Escura que assolaram nosso agreste e ainda estão vivos no imaginário popular.
Robério Santos
Pesquisador, escritor
Itabaiana, Sergipe