quarta-feira, 29 de julho de 2020

A madrugada de 28 de julho de 1938 passou à história como o fim do cangaço após anos de reinado do banditismo rural no sertão. Foi então, na Grota do Angico em Sergipe, que o capitão Virgulino Ferreira da Silva, vulgo “Lampião, o rei do Cangaço”, tombou aos 40 anos com a mulher Maria Bonita e um bando de nove homens, abatidos pelas forças volantes de Alagoas, que invadiram o Estado vizinho na pressa de cumprir a ordem de Getúlio Vargas de acabar com 20 anos das ações de Lampião e bando. Ao todo foram 11 cangaceiros mortos, entre eles Lampião e Maria Bonita. Em seguida, depois da decapitação, deu-se a verdadeira caça ao tesouro dos cangaceiros, desde as jóias, dinheiro e perfumes importados foram alvo da rapinagem da polícia. Ao regressarem à cidade de Piranhas as autoridades alagoanas decidiram exibir na escadaria da Prefeitura, as cabeças dos cangaceiros mortos.

terça-feira, 28 de julho de 2020


Suas mãos fizeram um Sertão mais belo!
Hoje a cultura do nosso país perdeu um dos seus grandes mestres. A partida do Mestre Aprigio é um baque sem tamanho para todos que o admiravam, conheciam seus trabalhos ou o conheciam pessoalmente. Extremamente simples, sua humildade era tão gigantesca quanto seu talento. As suas mãos fizeram um Sertão mais belo, o vaqueiro, artista, o Rei... Todos foram modelos que desfilavam nas estradas de terra as sandálias, chapéus e tudo mais que vinha das mãos desse homem.
Eu o conheci a quase duas décadas, seu coração enorme sempre recebia cada um no seu ateliê com muito carinho e respeito, amigos, repórteres, artistas.. Tinha o maior orgulho de levar amigos até o seu espaço e por mais de uma vez vi lágrimas nos olhos de pessoas que de tão longe estavam diante do Mestre.
Sua partida é um baque estrondoso para a cultura do Araripe, digo, para a cultura Brasileira.
Grande amigo, grande Mestre que hoje parte pra junto de Gonzaga e Dominguinhos para figurar entre os heróis da cultura do Sertão.
Muito Obrigado Grande Mestre Aprigio.

Junior Baladeira - Ouricuri- PE.



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quarta-feira, 15 de julho de 2020


Ontem,terça-feira, 14 de julho,foi o dia de comemorar o centenário de um grande  poeta pernambucano, do agreste, precisamente da pequenina Bom Jardim.  Mário Souto Maior foi dos mais destacados pesquisadores da cultura nordestina. Ele pagou para escrever e distribuir seus livros em bibliotecas de todos os estados do paí. Seguia os conselhos do mestre Câmara Cascudo: escrever com grandeza. Sua produção é uma autêntica caricatura da sabedoria popular nordestina.Seu traço marcante consiste na capacidade de escrever com clareza e simplicidade, utilizando uma linguagem coloquial, lúdica e devertida. Pesquisador Emérito da Fundação Joaquim Nabuco,foi poeta,contista,pesquisador e colaborador em jornais e revistas especializadas no Brasil e estrangeiro.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Francisco de Fátima



Francisco de Fátima de Araújo foi um dos mais expressivos escultores mineiros, precocemente falecido aos 25 anos de idade. Apesar de sua partida precoce deixou uma obra vasta e de grande valor artístico.
Francisco de Fátima. FOTO: arquivo da família do artista, gentilmente cedida por Cláudio Assis (sobrinho de Francisco de Fátima)

Francisco de Fátima aprendeu a esculpir a madeira com o seu irmão José Maria de Araújo, que depois abandonou o seu ofício após se tornar evangélico. A absoluta pobreza em que vivia na roça o fez mudar para Belo Horizonte na década de 1970, onde manifestou com incomparável criatividade seu ofício de santeiro. 

Francisco de FátimaCristo, madeira. Reprodução fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

Em Belo Horizonte atuou como escultor durante aproximadamente cinco anos, expondo seus trabalhos na feira da Praça da Liberdade. O curto tempo em que viveu foi suficiente para registrar um estilo artístico pessoal, dotado de expressiva vitalidade. Francisco de Fátima faleceu vítima da doença de Chagas.

Francisco de Fátimatítulo desconhecido, madeira. Foto autoria desconhecida.

Algumas obras de Francisco de Fátima foram expostas em uma mostra coletiva intitulada Artistas Populares de Belo Horizonte, realizada no Centro Cultural da UFMG em 1996. Suas obras hoje são encontradas em coleções particulares e em alguns museus mineiros, como o Centro de Arte Popular CEMIG em Belo Horizonte.

Francisco de FátimaFamília, madeira. Reprodução fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

Francisco de FátimaSantana Mestra, madeira. Reprodução fotográfica Catálogo das Artes.
CLAÚDIO DA RABECA DO CAVALO MARINHO ESTRELA DE OURO



Potiguar radicado em Recife, cresceu vivenciando de perto os costumes musicais da tradição sertaneja do Rio Grande do Norte, como o forró Pé-de-Serra, e encontrou na cultura pernambucana a essência para desenvolver seus trabalhos musicais e artísticos. Músico profissional desde 1999, canta e toca instrumentos de cordas como Rabeca, Viola de 10 cordas, Violão e Guitarra.
Em 2009 gravou seu primeiro CD solo, disco intitulado "Luz do Baião", com canções autorais que evidenciam o instrumento que adotou em seu sobrenome artístico. O disco foi Lançado em Maio de 2010, posteriormente, Cláudio participou ativamente do São João do Recife e em Julho fez show no 20º Festival de Inverno de Garanhuns. Com arranjos de Bozó 7 cordas e uma banda composta com grandes músicos do Recife, "Luz do Baião" contem 09 composições de Cláudio Rabeca, juntamente com parceiros de Recife, uma regravação da música "Rei Bantu" de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e ainda uma música do Mestre de Coco Zé de Teté e outra de Nilton Jr. e Tiné. Neste disco a Rabeca conversa com a Sanfona, o violão de 7 cordas, o Clarinete e a Flauta Transversal, além de servir de base para a voz.
Desde 2002, é batuqueiro do Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife e desde 2004 é rabequeiro do Cavalo Marinho Estrela de Ouro do Mestre Biu Alexandre da cidade de Condado (PE).
Cantor, compositor e rabequeiro do grupo Quarteto Olinda desde 2005, Cláudio Rabeca é uma artista que vem se destacando no cenário da música pernambucana. O Quarteto Olinda teve seu CD lançado em 2009, desde então a banda tem tocado por todo o brasil, com shows principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. A banda foi selecionada para a Feira Música Brasil 2010 e o projeto Caixa Cultural 2011.

Desenvolve trabalhos com grupos de dança e da cultura popular, compõe trilhas sonoras e participou da gravação de DVD's e CD's em parceria com artistas nacionais e internacionais. Participou da Montagem e criação da trilha do Espetáculo de Dança "DE BARRO E PALHA", com Direção da Bailarina Maria Acselrad, apartir do Prêmio Klaus Vianna 2009. em 2010, juntamente com o músico Publius Lentulus, compos a trilha do espetáculo "Travessia" do Grupo Grial de Dança.
Em 2005, Cláudio Rabeca participou como finalista do "2º Prêmio Syngenta de música instrumental de Viola", festival de alcance nacional, onde defendeu a música "Cobra de Resguardo" de sua autoria no Teatro Alfa em São Paulo.
Toda a riqueza histórica e sonora da Rabeca fez com que Cláudio se aproximasse deste instrumento ímpar, trazendo à tona sua ligação com a terra, com o rústico e a alma do povo nordestino. Assim, o artista assume a necessidade de preservar culturalmente a Rabeca e propõe ampliar suas possibilidades de uso

quinta-feira, 2 de julho de 2020

                                                    

  ANTONIO TEODORO DOS SANTOS,O POETA GARIMPEIRO

Todos sabem - ou deveriam saber - que Antônio Teodoro dos Santos, o Poeta Garimpeiro, foi o grande desbravador da Literatura de Cordel em São Paulo. Portanto, se hoje conseguimos falar com mais propriedade sobre cordel em espaços diversos, em parte devemos a ele essa abertura. Dito isso, é preciso reconsiderar algumas coisas: Teodoro, nascido em 1916, em Jaguarari,cidade encravada na micro-região de Senhor do Bonfim,no sertão baiano.Bateu às portas da recém fundada Editora Prelúdio no início dos anos 1950. Lá, se instalou e produziu centenas de folhetos, alguns ainda republicados e com público cativo, casos de JOÃO SOLDADO e LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO. É autor, também, de VIDA E TRAGÉDIA DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, que vendeu, num mês, a impressionante marca de 280 mil exemplares e chamou a atenção de pesquisadores como Raymond Cantel e Orígenes Lessa.  Teodoro teve um poema musicado pela maior dupla caipira de todos os tempos, TONICO E TINOCO, o que foi possível pela aproximação que havia entre a música do interior de são Paulo e a poesia popular do Nordeste, na editora Prelúdio. Era, segundo os que o conheceram, um tipo engraçado de um bom humor a toda prova.   O tempo passou e veio a parte mais triste da história: a bebida. Apesar de inúmeros sucessos e do dinheiro ganho nos tempos áureos do cordel em São Paulo, foi, pouco a pouco, se afastando e sendo afastado da Prelúdio. Mesmo assim, emplacou sucessos, como o circunstancial A CONQUISTA DA LUA, de 1969.       Em 1972, ensaiou a volta: de paletó, gravata e com um caderno embaixo do braço, procurou o diretor da prelúdio, Arlindo Pinto de Souza. O caderno continha aquela que ele considerava sua obra definitiva: OS GAFANHOTOS DO FIM DO MUNDO, um poema apocalíptico tão ao gosto dos bons poetas e do público. Na editora, no bairro do Brás, foi recebido friamente. Arlindo, que devia tanto a Teodoro, sequer se dignou a olhar o conteúdo do caderninho.    De volta à casa humilde onde morava com a esposa e seis filhos, Teodoro trancou-se no quarto e chorou. Chorou e chorou. A partir daquele dia, não foi mais o mesmo. Vivia em estado depressivo e bebia cada vez mais. Acreditava ouvir vozes. Numa ocasião, foi internado à força, num hospital em Santo André, onde ficou dois meses.  Viveu os últimos dias de sua vida em Senhor do Bonfim, na Bahia. Faleceu em 23/10/1981, perto da sua cidade natal (Jaguarari-BA), onde estava residindo desde 1979, segundo informação de sua filha, Maria Lúcia dos Santos, que vive em Poá, Grande São Paulo. Teodoro morreu sem encontrar a pedra preciosa que buscara durante toda a existência, para aliviar a penúria em que viveu boa parte da vida.
Mal sabia ele que havia encontrado uma jóia ainda mais rara, a POESIA, que lhe conferiu o que foi negado a muitos autores de vida abastada: a imortalidade literária.