sábado, 31 de julho de 2021
MOSTRA CURTA VIDEO COM VERBA CURTA NO CINETEARO DAS ÁGUAS, EM PETROLINA
O Cineteatro CEU das Águas, no bairro Rio Corrente, em Petrolina, sedia neste sábado (31), a partir das 18h30, a Mostra Curta Vídeo com Verba Curta que exibirá filmes experimentais de curta duração. Os filmes são fruto de um edital lançado pela Confraria 27 que, com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura, selecionou propostas de artistas locais, entre amadores e profissionais. A entrada para sessão é gratuita.
Promovendo um intercâmbio entre o audiovisual e outras linguagens artísticas como dança e a música, o projeto conta com seis novos filmes com formatos diversos. “A proposta da curadoria foi oportunizar os diversos segmentos da produção audiovisual, contando com videodanças, clipes, videoartes, entre outros”, explica Rafael Sisant, um dos curadores.
A programação conta com as obras ‘Procura-se Madame Voodoox’, com direção de Flávius Barbosa e Madame Voodoox; ‘O Samba que toca em mim e em você’, dirigido por Chico Egídio; ‘Sem Pé Nem Cabeça’, do Coletivo Trippé; ‘Juventudes da Periferia’, com direção de Camila Rodrigues; o clipe ‘Travessia’, dirigido por Jackson Vicente para a cantora Killaeua; e ‘Bixcha Omen Cabra Macho’, de Pedro Lacerda. As sinopses estão disponíveis em: abre.ai/curtavideo.
A curadoria traz relações com as temáticas de raça, etnia, sexualidade e acessibilidade. “Os artistas locais são extremamente produtivos e potentes, foi uma alegria poder contribuir para que esses trabalhos saíssem do papel, oportunizando a realização do trabalho de profissionais iniciantes, que afirmaram essa ser a primeira oportunidade de financiamento do seu projeto”, comenta o curador.
A mostra tem classificação livre e é aberta para todos os públicos. A ação seguirá protocolos de segurança à saúde nessa retomada das atividades artísticas presenciais, sendo obrigatório o uso de máscaras pelo público, o distanciamento social com plateia reduzida e a higienização do espaço com álcool 70, bem como distribuição para o público utilizá-lo. Acompanhe mais detalhes nas redes sociais da Confraria 27, no perfil do Instagram @confraria_27 e no Facebook www.facebook.com/confrariadanca27.
quarta-feira, 28 de julho de 2021
A CABEÇA DE LAMPIÃO
Crônica
Feira de Cabeças
De Aurélio Buarque de Holanda (*)
A Carlos Domingos
Aurélio Buarque de Holanda
IN: http://majellablog.blogspot.com.br/2010/05/mestre-aurelio-na-sua-biblioteca.html
De latas de querosene mãos negras de um soldado retiram cabeças humanas. O espetáculo é de arrepiar. Mas a multidão, inquieta, sôfrega, num delírio paredes-meias com a inconsciência, procura apenas alimento à curiosidade. O indivíduo se anula. Um desejo único, um único pensamento, impulsa o bando autômato. Não há lugar para a reflexão. Naquele meio deve de haver almas sensíveis, espíritos profundamente religiosos, que a ânsia de contemplar a cena macabra leva, entretanto, a esquecer que essas cabeças de gente repousam, deformadas e fétidas, nos degraus da calçada de uma igreja.
Cinco e meia da tarde. Baixa um crepúsculo temporão sobre Santana do Ipanema, e a lua crescente, acompanhada da primeira estrela, surge, como espectador das torrinhas, para testemunhar o episódio: a ruidosa agitação de massas que se comprimem, se espremem, quase se trituram, ofegando, suando, praguejando, para obter localidade cômica, próximo do palco.
Desenrola-se o drama. O trágico de confunde com o grotesco. Quase nos espanta que não haja palmas. Em todo caso, a satisfação da assistência traduz-se por alguns risos mal abafados e comentários algo picantes, em face do grotesco. O trágico, porém não arranca lágrimas. Os lenços são levados ao nariz: nenhum aos olhos. A multidão agita-se, freme, sofre, goza, delira. E as cabeças vão saindo, fétidas, deformadas, das latas de querosene - as urnas funerárias -, onde o álcool e o sal as conservam, e conservam mal. Saem suspensas pelos cabelos, que, de enormes, nem sempre permitem, ao primeiro relance, distinguir bem os sexos. Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luiz Pedro, Quinta-Feira, Cajarana, Diferente, Caixa-de-Fósforo, Elétrico, Mergulhão...
Observem à esquerda, a cabeça de Lampião ainda em cima do caminhão.
Fonte: Livro " Iconografia do cangaço " Ricardo Albuquerque.
Adendo Kydelmir Dantas
O escritor Alcino Alves Costa no seu livro: "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistério de Angico" cita os mortos na chacina de Angico, sendo: Lampião, Quinta-feira, Maria Bonita, Luiz Pedro, Mergulhão, Alecrim, Enedina, Moeda, Elétrico, Colchete e Macela. Segundo vários escritores afirmam que a lista dos mortos na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, a mais correta é a do escritor Alcino Alves Costa.
A multidão se acotovela pra ver de perto o espetáculo bizarro
Fonte: Livro "Iconografia do cangaço" Ricardo Albuquerque.
- As cabeças!
- Quero ver as cabeças!
Há uma desnorteante espontaneidade nessas manifestações.
- As cabeças. Não falam de outra coisa. Nada mais interessa. As cabeças.
- Quem é Lampião?
Virgulino ocupa um degrau, ao lado de Maria Bonita. Sempre juntos, os dois.
- Aquela é que é Maria Bonita? Não vejo beleza...
O soldado exibe as cabeças, todas, apresenta-as ao público insaciável, por vezes uma em cada mão. Incrível expressão de indiferença nessa fisionomia parada. Os heróis de tantas sinistras façanhas agora desempenham, sem protesto, o papel de S. João Batista...
Sujeitos mais afastados reclamam:
- Suspende mais! Não estou vendo, não!
- Tire esse chapéu, meu senhor! - grita irritada uma mulher.
O homem atende.
- Agora, sim.
A pálpebra direita de Lampião é levantada, e o olho cego aparece, como elemento de prova. Velhos conhecidos do cangaceiro fitam-lhe na cabeça olhos arregalados, num esforço de comprovação de quem quer ver para crer.
- É ele mesmo. Só acredito porque estou vendo.
Houve-se de vez em quando:
- Mataram Lampião... Parece mentira!
Virgulino Ferreira, o rei do cangaço, o "interventor do sertão", o chefe supremo dos fora-da-lei, o cabra invencível, de corpo fechado, conhecedor de orações fortes, vitorioso em tantos reencontros, -Virgulino Ferreira, o Capitão Lampião, não pode morrer.
E irrompe de várias bocas:
- Parece Mentira!
No entanto é Lampião que se acha ali, ao lado de Maria Bonita, junto de companheiros seus, unidos todos, numa solidariedade que ultrapassou as fronteiras da vida. É Lampião, microcéfalo, barba rala, e semblante quase doce, que parece haver se transformado para uma reconciliação póstuma com as populações que vivo flagelara.
Fragmentos de ramos, caídos pelas estradas, durante a viagem, a caminhão, entre Piranhas e Santana do Ipanema, enfeitam melancolicamente os cabelos de alguns desses atores mudos. Modestas coroas mortuárias oferecidas pela natureza àqueles cuja existência decorreu quase toda em contato com os vegetais - escondendo-se nas moitas, varando caatingas, repousando à sombra dos juazeiros, matando a sede nos frutos rubros dos mandacarus.
Fotógrafos - profissionais e amadores - batem chapas, apressados, do povo, e dos pedaços humanos expostos na feira horrenda. Feira que , por sinal, começou ao terminar a outra, onde havia a carne-de-sol, o requeijão de três mil-réis o quilo, com o leite revendo, a boa manteiga de quatro mil reis, as pinhas doces, abrindo-se de maduras, a dois mil-réis o cento, e as alpercatas sertanejas, de vários tipos e vários preços.
Ao olho frio das codaques interessa menos a multidão viva do que os restos mortais em exposição. E, entre estes, os do casal Lampião e Maria Bonita são os mais insistentemente forçados. Sobretudo o primeiro.
O espetáculo é inédito: cumpre eternizá-lo, em flagrantes expressivos. Um dos repórteres posa espetacularmente para o retratista, segurando pelas melenas desgrenhadas os restos de Lampião. Original.
Um furo para "A Noite Ilustrada".
Cabeças dos cangaceiros expostas em Santana do Ipanema/AL
Fonte: Livro " Lampião e as Cabeças Cortadas, pg. 204, Antonio Amaury e Luiz Ruben.
Lembro-me então do comentário que ouço desde as primeiras horas deste sábado festivo: - "Agora todo o mundo quer ver Lampião, quer tirar retrato dele, quer pegar na cabeça...Agora..." Há, com efeito, indivíduos que desejam tocar, que quase cheiram a cabeça, como ansiosos de confirmação, por outros sentidos, da realidade oferecida pela vista.
Desce a noite, imperceptível. A afluência é cada vez maior. Pessoas do interior do município e de vários municípios próximos, de Alagoas e Pernambuco, esperavam desde sexta-feira esses momentos de vibração. Os dois hotéis da cidade, literalmente entupidos Cheias as residências particulares - do juiz de direito, do prefeito, do promotor, de amigos dessas autoridades. Para muitos, o meio da rua.
Entre a massa rumorosa e densa não consigo descobrir uma só fisionomia que se contraia de horror, boca donde saía uma expressão, ainda que vaga, de espanto. Nada. Mocinhas franzinas, romanescas, acostumadas talvez a ensopar lenços com as desgraças dos romances cor-de-rosas, assistem à cena com uma calma de cirurgião calejado no ofício. Crianças erguidas nos braços maternos espicham o pescoço buscando romper a onda de cabeças vivas e deliciar os olhos castos na contemplação das cabeças mortas. E as mães apontam:
- É ali, meu filho. Está vendo?
Alguns trocam impressões;
- Eu pensava que ficasse nervoso. Mas é tolice. Não tem que ver uma porção de máscaras.
- É isso mesmo.
Os últimos foguetes estrugem nos ares. Há discursos. Falam militares, inclusive o chefe da tropa vitoriosa em Angico. Evoca-se a dura vida das caatingas, em rápidas e rudes pinceladas. O deserto. As noites ermas, escuras, que os soldados às vezes iluminam e povoam com as histórias de amor por eles sonhadas - apenas sonhadas... Os passos cautelosos, mal seguros sobre os garranchos, para evitar denunciadores estalidos, quando há perigo iminente. Marchas batidas sob o sol de estio, em meio da caatinga enfezada e resseca, e da outra vegetação, mais escassa, que não raro brota da pedra e forma ilhotas verdes no pardo reinante: o mandacaru, a coroa-de-frade, a macambira, a palma, o rabo-de-bugio, facheiro, com o seu estranho feitio de candelabro. A contínua expectativa de ataque tirando o sono, aguçando os sentidos.
O sino toca a ave-maria. Dilui-se-lhe a voz no sussurro espesso da multidão curiosa, nos acentos fortes do orador, que, terminando, refere a vitória contra Lampião, irrecusavelmente comprovada pelas cabeças ali expostas. Os braços da cruz da igrejinha recortam-se, negros, na claridade tíbia do luar; e na aragem que difunde as últimas vibrações morrediças do sino vem um cheiro mais ativo da decomposição dos restos humanos. Todos vivem agora, como desde o começo do dia, para o prazer do espetáculo. As cabeças!
A noite fecha-se. Em horas assim, seriam menos ferozes os pensamentos de Lampião. O seu olhar se voltaria enternecido para Maria Bonita.
Que será feito dos corpos dissociados dessas cabeças? O rosto de Maria Bonita, esbranquiçado a trechos por lhe haver caído a epiderme, está sinistro. Onde andará o corpo da amada de Lampião? A cara arrepiadora, que mal entrevejo à luz pobre do crescente, não me responde nada.
E Lampião? Sereno, grave, trágico. O olho cego, velado pela pálpebra, fita-me. (1938).
(*) Autor do mais importante dicionário da língua portuguesa publicado no Brasil neste século. Texto do livro esgotado "O chapéu de meu pai, editora Brasília, 1974.
Fonte:
Diário Oficial Estado de Pernambuco
Ano IX - Julho de 1995
Material cedido pelo escritor, poeta e pesquisador do cangaço: Kydelmir Dantas
Pescado no http://blogdomendesemendes.blogspot.com
quinta-feira, 15 de julho de 2021
CARTÕES POSTAIS DO SÉCULO XIX resgatam história dos patrimônios pernambucanos
Ganha as ruas um importante registro de postais da segunda metade do século 19 e início do século 20, que integram o acervo do Museu Histórico do Brejo da Madre de Deus. Realizado pelas curadoras Ana Maria Silva e Dora Dimenstein, o projeto “Cartões Postais do Século XIX”, que conta com os recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, registra a beleza e histórias únicas registradas nos postais, que vão além de portais de turismo e trazem reproduções impressas por grandes editoras da época como a recifense Casa Ramiro, francesas e italianas. “Coletamos registos incríveis de muita beleza e que trazem uma nova perspectiva da comunicação na forma de postais, em um catálogo virtual que integra o nosso projeto, realizado através do apoio da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco”, destaca a pesquisadora e produtora cultural Dora Dimenstein. O material pode ser conferido no site Mirada da Janela: www.miradajanela.com.
O projeto resgata moda europeia dos postais artísticos que alcançou o Brasil nesse período, preservaram acontecimentos do cotidiano como casamentos, batizados, entre outros em reproduções de fotos (tradicionais ou aquareladas artisticamente) com pinturas à mão, e outros com papel reciclado, que se transformaram em verdadeiras obras de arte da história e vida pernambucana. “O levantamento traz muitos momentos que atestam a vida cotidiana daquela sociedade, que foi compilado neste belo catálogo que desenvolvemos e publicamos em um portal para conhecimento de todo público na parceria com o portal de editoria cultural Mirada”, completa Dora.
Confeccionado com imagens captadas pelo fotógrafo Genilson Araújo Almeida, em parceria com a Prefeitura do Brejo da Madre de Deus, o catálogo conta com diagramação do design Raul Kawamura, que em 2012 realizou o trabalho de exposição “RECIFE EM RETRATOS” no Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA). “O processo de trabalho foi meticuloso e o mais importante é que envolveu o apoio fundamental do Museu e da Prefeitura do Brejo da Madre de Deus para registrar pontos de vista que as novas gerações não conhecem. E o resultado é este catálogo virtual, que envolveu profissionais que abraçaram a visão desse projeto proporcionando um novo olhar para o passado para construir um novo futuro”, reforçam as idealizadoras da iniciativa.
Ganha as ruas um importante registro de postais da segunda metade do século 19 e início do século 20, que integram o acervo do Museu Histórico do Brejo da Madre de Deus. Realizado pelas curadoras Ana Maria Silva e Dora Dimenstein, o projeto “Cartões Postais do Século XIX”, que conta com os recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, registra a beleza e histórias únicas registradas nos postais, que vão além de portais de turismo e trazem reproduções impressas por grandes editoras da época como a recifense Casa Ramiro, francesas e italianas. “Coletamos registos incríveis de muita beleza e que trazem uma nova perspectiva da comunicação na forma de postais, em um catálogo virtual que integra o nosso projeto, realizado através do apoio da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco”, destaca a pesquisadora e produtora cultural Dora Dimenstein. O material pode ser conferido no site Mirada da Janela: www.miradajanela.com.
O projeto resgata moda europeia dos postais artísticos que alcançou o Brasil nesse período, preservaram acontecimentos do cotidiano como casamentos, batizados, entre outros em reproduções de fotos (tradicionais ou aquareladas artisticamente) com pinturas à mão, e outros com papel reciclado, que se transformaram em verdadeiras obras de arte da história e vida pernambucana. “O levantamento traz muitos momentos que atestam a vida cotidiana daquela sociedade, que foi compilado neste belo catálogo que desenvolvemos e publicamos em um portal para conhecimento de todo público na parceria com o portal de editoria cultural Mirada”, completa Dora.
Confeccionado com imagens captadas pelo fotógrafo Genilson Araújo Almeida, em parceria com a Prefeitura do Brejo da Madre de Deus, o catálogo conta com diagramação do design Raul Kawamura, que em 2012 realizou o trabalho de exposição “RECIFE EM RETRATOS” no Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA). “O processo de trabalho foi meticuloso e o mais importante é que envolveu o apoio fundamental do Museu e da Prefeitura do Brejo da Madre de Deus para registrar pontos de vista que as novas gerações não conhecem. E o resultado é este catálogo virtual, que envolveu profissionais que abraçaram a visão desse projeto proporcionando um novo olhar para o passado para construir um novo futuro”, reforçam as idealizadoras da iniciativa.
domingo, 11 de julho de 2021
XAXADO, DANÇA DE GUERRA DOS CANGACEIROS
Livro “Xaxado, a dança de guerra dos cangaceiros” será lançado nesta terça (13)
Publicação é de autoria de Anildomá Willans de Souza, do Museu do Cangaço, em Serra Talhada.
Postado em: Funcultura | Literatura 09/07/2021
Reprodução/Capa do livroReprodução/Capa do livro
Com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura, será lançado, nesta terça-feira (13), o livro “Xaxado, a dança de guerra dos cangaceiros”, de Anildomá Willans de Souza. O lançamento será realizado a partir das 20h, no Museu do Cangaço, em Serra Talhada.
A ideia deste trabalho é contribuir com nossa cidade e região no que se refere ao cangaço, Lampião e o Xaxado, nada pra provocar discórdias, mas para entendermos o quanto nossa história é importante na construção cultural e da identidade do povo brasileiro.
O tema é o XAXADO, a dança de guerra dos cangaceiros de Lampião. Entenda-se, dessa maneira, que queremos mostrar sua influência no cinema e na música, na poesia e na gastronomia, na dramaturgia e literatura, melhor dizendo, em todas as linguagens artísticas. Por meio dos diferentes produtos culturais é que as pessoas lembram a identidade e riqueza de sua cultura.
A publicação será distribuída para as escolas da rede pública de ensino. Além disso, o Museu do Cangaço de Triunfo e de Piranhas (AL), e os Pontos de Cultura do Sertão e a Fundação Joaquim Nabuco, também serão contemplados com vários exemplares.
Anildomá Willans de Souza é militante da cultura, atua em vários terrenos, ou melhor, em diversas linguagens artísticas. O que mais marca sua atuação é a dedicação ao estudo e à pesquisa do cangaço. Justamente por isso já apresentou Lampião no teatro, com o “Massacre de Angico — A Morte de Lampião”; no audiovisual, com os curtas-metragens “Papo Amarelo — O Primeiro Tiro”, “Lampião e o Fogo da Serra Grande”, “Lampião e a Cadeia de Vila Bela” e o documentário longa “Xaxado, a Dança de Cabra Macho”.
Na música, foi um dos produtores do I e II Festival de Músicas do Cangaço; na dança, é um dos criadores do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião; na memória, é um dos fundadores do Museu do Cangaço; na literatura, publicou cinco livros: “Lampião, o Comandante das Caatingas”, “Nas Pegadas de Lampião”, “Lampião. Nem Herói nem Bandido. A História” e “Lampião e o Sertão do Pajeú”.
Anildomá é membro da Sociedade Brasileira de Estudiosos do Cangaço (SBEC), da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL) e da Associação dos Realizadores de Teatro de Pernambuco (ARTEPE).
Serviço:
Lançamento do livro – Xaxado, a dança de guerra dos cangaceiros”, de Anildomá Willans de Souza
Terça (13) | 20h
Museu do Cangaço (Serra Talhada)
sexta-feira, 9 de julho de 2021
O Cine São José é um patrimônio do município inaugurado em 1942 e perrtence a Diocese de Afogados da Ingazeira, a quem a Fundação Cultural Senhor Bom Jesus dos Remédios é ligada
O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), vai iniciar nesta quarta-feira (7) a instalação de equipamentos de projeção de cinema digital Full HD, associado à reprodução sonora digital 5.1, no Cine São José, em Afogados da Ingazeira, no Sertão pernambucano. A iniciativa, que irá permitir a volta da programação permanente do equipamento cultural, agora completamente digital, integra o Programa Cine de Rua, promovido pela Secult-PE, e é realizada numa parceria com a Prefeitura de Afogados da Ingazeira e a Fundação Cultural Senhor do Bom Jesus dos Remédios, responsável pelo cinema.
Além da instalação dos equipamentos comprados pela Secretaria Estadual de Cultura, houve também uma parceria entre a Fundação Cultural Senhor Bom Jesus dos Remédios, a Prefeitura de Afogados da Ingazeira e a Secretaria Estadual de Turismo e Lazer (Setur-PE) para a aquisição de um projetor 2k.
Segundo Gilberto Freyre Neto, secretário Estadual de Cultura de Pernambuco, a aquisição desses equipamentos se deu após articulação do deputado estadual Waldemar Borges, que mobilizou, junto ao Governo de Pernambuco, a necessidade desse investimento para a região. “Com o Cine São José novamente equipado, Afogados da Ingazeira volta a contar com um cinema ativo e digital”, explica o secretário.
Para Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe, o novo sistema de projeção será um importante estímulo na ampliação do acesso à cultura para a população da região. “A iniciativa reforça a importância de fomentar o cinema na região, por meio de um de seus equipamentos culturais mais importantes”.
A compra dos equipamentos do Cine São José foi embasada em um diagnóstico feito a partir de visitas técnicas de especialistas como Osvaldo Emery, servidor da Secretaria Especial de Cultura (MTur) e arquiteto especialista em salas de cinema, e Tomi Terahata, consultor técnico que já montou mais de 100 salas de cinema no Brasil – e que fará a instalação e o alinhamento do sistema de áudio e vídeo dos equipamentos no Cine São José.
De acordo com Nill Júnior, diretor administrativo da Fundação Cultural Senhor Bom Jesus dos Remédios, a ideia é de que o cinema passe a exibir filmes já no segundo semestre. “Queremos que a Mostra Cinematográfica de Curtas Bora Pajeúzar, prevista para acontecer entre setembro e dezembro deste ano, seja o evento de reabertura do Cine São José”, revela Nill Júnior.
O Cine São José é um patrimônio do município inaugurado em 1942, fechado em 1994 e reinaugurado no final de 2003. Pertence a Diocese de Afogados da Ingazeira, a quem a Fundação Cultural Senhor Bom Jesus dos Remédios é ligada, que possui um comodato com a Associação São José e conta com a parceria da prefeitura local.
Augusto Martins, secretário de Cultura e Esportes de Afogados da Ingazeira, destaca que, em 2019, o cinema voltou a parar de funcionar porque os projetores de 35mm não tinham como operar, em virtude da falta dos filmes de película no mercado. “Agora estamos na fase final dos trabalhos de adequação da cabine e também de instalação dos novos equipamentos para que possamos, assim, promover uma nova reinauguração desse histórico Cine São José, patrimônio dos afogadenses”.
Com os novos equipamentos, o Cine São José poderá ofertar diariamente, à população, uma grade que refletirá a nova produção dos cinemas pernambucano, nacional e estrangeiro
A existência dessa sala de cinema, uma das mais antigas no interior de Pernambuco, reflete a importância da cena audiovisual na região, com vários profissionais envolvidos na produção de obras e realização de mostras e festivais independentes, como a Mostra do Pajeú, já na sua 4ª edição. Em 2018 e 2019, a Secult-PE e a Fundarpe promoveram uma mostra do Festival Varilux de Cinema Francês. Inicialmente a instalação estava prevista para março do ano passado, mas, por conta das restrições impostas pela pandemia do Covid-19, precisou ser adiada.
CINE DE RUA – Com os novos equipamentos, o Cine São José poderá ofertar diariamente, à população, uma grade que refletirá a nova produção dos cinemas pernambucano, nacional e estrangeiro. Entrará no grupo de salas de cinema que fazem parte hoje do Programa Cine de Rua, uma política estratégica de difusão do audiovisual pernambucano, coordenado pela Secult-PE.
“Por meio do Cine de Rua pretende-se criar as condições para a recuperação dos cinemas de rua remanescentes do estado, adaptando-os às novas tecnologias de projeção e promovendo a difusão e a circulação de obras audiovisuais contemporâneas, em sua programação”, detalha Silvana Meireles, secretária Executiva de Cultura de Pernambuco e coordenadora do Programa Cine de Rua.
O programa prevê uma ação estruturada entre agentes culturais públicos coordenados com a sociedade civil. Uma intervenção que se dá em quatro frentes: a criação de uma rede de salas independentes, a formação de profissionais, o desenvolvimento de uma programação diversificada e a requalificação técnica dos cinemas.