TRIO TAPAJÓS,UM CAMINHÃO DE ALEGRIA
Esse registro fotográfico,me transporta para um passado agora distante,um janeiro perdido no tempo,um dia qualquer do inicio da década de 70, quando eu, menino, deixava o meu Sertão Pernambucano,a bordo dos monoblocos da viação Brasilia,que nos levava a, então progressista cidade do Senhor do Bonfim. De lá, mais trinta minutos,pelas curvas da sinuosa estrada e de verdejantes paisagens,pelos caminhos que iam dar nas férias de janeiro na fria Campo Formoso,todo ano eu estava por lá para visitar o mano Zito e rever o clã dos Veras. Sobre o Céu de chumbo,tinha som de vanguarda no ar, era Beatles,Raul Seixas,Mutantes,Novos Baianos , no alto falante de um poste encardido pela ação dos prolongados invernos,na esquina da ladeira do beco que se declina para o cais da rua do Tio Josa. E lá estava o distante menino,curtindo aquele verde e novo mundo,de serras e cachoeiras. num certo dia, através daquele mesmo alto falante, fiquei sabendo de uma grande atração da capital da provincia na cidade,"num oferecimento especial da aguardente Saborosa" e fui lá prá ver de perto.Para meu alumbramento,lá estava na praça Dr.José Gonçalves,no centro da cidade, aquela nave de luzes coloridas, cobertas por potentes altos falantes(difusoras). Foi amor a primeira vista,e assim me deparei com o grande trio Elétrico Tapajós,sucesso absoluto no carnaval da Bahia. entrei em estado de graça, olhando aquele caminhão gigantesco emitindo uma porrada de som para aquele mar de gente que acotovelava-se para ver o Tapajós. a carroceria do caminhão tinha dois andares,onde na parte inferior de cada lado ficava a bateria ou orquestra de pau, composta por músicos que executavam surdos,zabumbas, caixas e pratos. Na parte superior estava o trio elétrico,composto por uma guitarrinha Elétrica solo. um baixo elétrico e uma guitarra base. esse era o verdadeiro trio elétrico da Bahia, o grupo só executava frevo elétrico,levava a massa a loucura. Um show de instrumental,pois não era comum os trios usarem arranjos vocais. Isso só veio acontecer no final dos anos 70 com Moraes Moreira no Trio Dodo & Osmar, no Tapajós, destacava-se entre eles um rapaz de uns vinte e poucos anos, que era deficiente visual e que era um show a parte na guitarrinha baiana.Mais tarde soube que o ceguinho do Tapajós fora eletrocutado em cima do caminhão por um fio de iluminação da rede pública de energia, numa festa de rua em uma cidade do interior baiano. o Trio elétrico Tapajós foi minha paixão primeira dos verdadeiros trios elétricos baianos,até hoje carrego comigo memórias daqueles dias e continuo amante da arte e do som dos irmãos Macêdo e do trio elétrico Dodô e Osmar.
William Veras de Queiroz 2010 D.C - Santo Antonio do Salgueiro-Pernambuco.
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