HÁ 15 ANOS MORRIA CHICO SCIENCE
Num agora distante 2 de fevereiro de 1997 do século XX,dia da rainha do mar,morria o rei do mangue-beat. Pontificando o único movimento musical que se pôde produzir aqui desde a tropicália.A morte do cidadão Francisco de Assis França foi uma verdadeira tragédia para o pop nacional.Chico revolucionou a música pop brasileira ao globalizar ritmos regionais como maracatú e coco,misturando-os com rock,hip hop e música eletrônica.Vejo que 15 anos se passaram,e com a distancia dos dias, compreendemos que o brasil não entendeu a música de Chico Science, onde a ignorância ainda perdura.
Nasceu no dia 13 de março de 1966, na cidade do Recife, caçula de uma família de quatro filhos, o pai seu Francisco, exercia a função de enfermeiro, mas tarde de líder comunitário, e posteriormente na década de 80, vereador da cidade de Olinda.
Dona Rita França a mãe de Chico, era como costumava a dizer, de prendas domesticas ou do lar, cuidava da casa e dos filhos, junto com os irmãos Jamesson, Jefferson e Goretti, e junto com os meninos da rua em que morava em Rio Doce um bairro subúrbio de Olinda, e faziam coisas típicas das crianças daquele tempo, em que a violência era pequena para os dias atuais, brincadeiras como se esconder, futebol, bola de gude, pião e as vezes uma fugida rápida ate o manguezal para pegar caranguejos e depois aproveitar o banho de maré, sem que os pais percebesse.
Foi uma criança como qualquer outra criada em bairro pobre, de família.
Humilde, mas batalhadora, e um pouco conservadora, com regras e limites estabelecidos, Francisco de Assis França o Chico como era conhecido pelos colegas do bairro, na adolescência levou a vida como ela era, uma vida modesta, mais prazerosa, por sinal, e a visitar o mangue para pegar alguns caranguejos e com a venda dos mesmos, conseguia dinheiro para poder freqüentar os bailes funk, que existia nos clubes Ferroviário e Rodoviário, nos fins de semana, junto com os amigos do bairro em que morava, sem que os pais soubessem, pois sua mãe dizia que todo baile terminava sempre na pancadaria, e que esse tipo de ambiente não prestava para um garoto de 14 anos, sua mãe dona Rita sempre o advertia, mas ele como muito adolescente. que quer descobrir o seu próprio mundo, contrariando os ensinamentos da Mãe ia assim mesmo.
Influencia musical
Foi ouvindo de tudo um pouco, principalmente as musicas dos botecos.
As musicas frenéticas do carnaval, do acorda povo em que seu pai fazia na época das festas juninas, pastoril, coco, ciranda, cavalo marinho, maracatu de
baque solto e virado, caboclinho, rap, musica negra americana que retratava
da discriminação racial, a verdadeira poesia urbana, que mistura ritmo poesia, a poesia se parecia com as musicas dos emboladores,da pça. do Diário,
hoje dias atuais é chamada de pça. da Independência, situada entre as Avenidas Guararapes e Dantas Barreto no centro do Recife.
Onde os cantadores de emboladas e violeiros faziam da pça, seu palco e que nunca faltava gente ouvir e aplaudir, os agrados vinham em forma de passes estudantis, vale transporte, e moedas em que as pessoas colocavam no
pandeiro a cada rodada.
Chico science o homem da ciência
Em sua alquimia de sons, buscando a introdução de mais alguns
elementos, para posteriormente, vir somar com os pré-existentes da cultura popular e redefinir a batida perfeita, que mas tarde explodiria nas
diversas rádios de Recife e Olinda e do mundo.
Nem tudo era flores
Seu Francisco França seguia um preceito que provavelmente apreendera com o seu pai, que os filhos ao atingirem a maior idade teriam que trabalhar e buscar o seu próprio sustento, de um por um, cada qual na sua vez, e com Chico não seria diferente, aos 18 anos ao terminar o 2°. grau,
começou a trabalhar em uma clinica radiológica em Recife, que por motivos diversos não demoraria lá na função de aux. ser. gerais. Mas tarde consegue um emprego na Emprel de arquivista, onde passa
dias melhores, e por fim tem o prazer de conhecer Gilmar bola oito que trabalhava no mesmo lugar, e que viria a ser percussionista do Nação
Zumbi, conhece-lo foi fundamental para Chico em particular para o manguebeat em especial.
Nesta mesma época já tinha uma certa estabilidade, que já dava para
ele poder comprar uns lps, da África Bambaata, e outros ícones da musica negra americana, foi nesta faze que Chico e seus malungos batizaram a Nação Zumbi.
Anternando-se na história do País
Chico nascera dois anos depois do começo da ditadura militar no ano de 1964, onde os militares reprimiam qualquer que fosse a forma de reivindicar a democracia, criaram a censura, livros, musicas, peças de teatro e filmes e toda e qualquer forma de manifestações que viessem de encontro ao regime, que torturou e assassinou muitos estudantes, de partidos políticos de esquerda, em que não se calavam diante da
repressão sofrida por eles.
Foram 21 anos de sofrimento, que acabara em 1985, com as diretas já, onde quem ganhou as eleições presidenciais foi Tancredo Neves, mais em assumiu foi o vice-presidente José Sarney, pois Trancredo morreria antes de assumir o mandato.
Os tempos de escuridão se passaram, mas acontece que já em meados da década de 80, já era possível encontrar livros e discos que antes não podiam ser vendidos., com o fim da censura já era possível a juventude começar ter acesso a livros, revistas, filmes, musicas... Alguns dos futuros mangueboys, por essa época podiam ser vistos na calçada da Livro Sete, era o reduto de muitos intelectuais e estudantes onde faziam de sua calçada o berço poético do conhecimento e do saber.
A Livro Sete fechou as portas no fim da década de 90 , hoje o espaço abriga outra livraria com o nome Nossa Livraria
Subindo novos degraus
Chico França e seus malungos, lá em Olinda continuavam curtindo a musica negra americana, com Jorge do peixe faz parte do primeiro movimento de hip hop, que provava que aprendeu especialmente com os seus ídolos, a dança de rua o break e grafitagens artísticas.
Esse foi o embrião dos primeiros grupos de Chico, em 1984 com 18 anos ele fazia a legião de hip hop que passa a freqüentar os clubes onde rolava musica moderna, e vez por outra gostava de botar o som pra rolar, como Dj, discotecando em boates. Em 1987, participa da sua primeira banda o Orla Orbe, onde a maioria das bandas do grande Recife se apresentavam no espaço arte viva em boa viagem, bandas como NDR, Paulo Francis vai pro céu, Mendigos da corte, Caco de Vidro, Margaridas de Inverno, Urbi et Orb, foram alguns dos grupos que passaram pelo arte viva. Em 1989, Chico,Lucio Maia, Alexandre, e Vinicius Enter formavam o Loustal, em homenagem ao quadrinista Francês Jaques Loustal, também autor de varias capas de álbuns de bandas de rock. Nesse mesmo instante nasceria o movimento underground (subterrâneo), no beco mais conhecido do Recife, onde muitos integrantes e simpatizantes reuniam-se com freqüência para consumir de tudo um pouco, as pessoas que freqüentavam o beco da fome na cidade, cultuavam o sepultura, metállica, o slayer, megadeth, discutiam sobre política rpg, quadrinhos, filmes, teatro, e sobre a cena local, inclusive das banda de Recife, Realidade encoberta,Theax, Devotos do Ódio, Arame Farpado, Cambio Negro H.C, por fim vários integrantes dessas bandas integrariam os grupos do manguebeat, pelo menos uma vez os manguebeat e a turma do beco participariam de um mesmo festival, realizado em agosto de 1991, em um palco armado diante do Fortim do queijo em Olinda.
As idas e vidas de Recife a Olinda
Chico e seus malungos costumavam se encontrar no Cantinho das Graças, que ficava próximo ao apartamento da irmã Goretti, para discutir sobre o que estava preste a acontecer na cena local, enquanto isto Chico estreitava a distancia dele e de Gilmar seu colega da Emprel,
quando um dia Gilmar convidou Chico para olhar o som do Lamento Negro, um grupo que tocava samba reggae, da comunidade de Peixinhos, Chico science começa a participar do movimento sócio-cultural Daruê Malungo, onde usava a música e a dança para resgatar crianças e jovens da marginalização das ruas. Ali, se escutava sons diferentes tais como; maculelê, capoeira, afoxé, maracatu e muito samba-reggae.
Laboratório musical
Ao começar tirar um som com o Lamento Negro, Chico Science vislumbrou em criar uma nova musica, aglutinando suas influências, ele mergulhou de cabeça naquela sonoridade, dos tambores somando o soul, rock, funk, o rap, reggae, transformando todo os ritmos em um.
Suas idéias foram fermentadas no cantinho das graças, e no antigo matadouro de Peixinhos, onde Chico os malungos ensaiavam junto com o Lamento Negro, fazendo desta diversidade musical, a explosão do Movimento Manguebeat, tão rico e belo que modificariam todo um
modo vida daquela juventude.
Fez com que os olhos do mundo se voltassem para Pernambuco, declamando em suas poesias o rio, as pontes e os homens caranguejos, o médico e cientista Josué de Castro relatava da riqueza natural que era o manguezal, e da miséria que as populações ribeirinhas passavam no seu cotidiano, a fome e o abandono da sociedade.
Daí em diante Pernambuco, Recife, Olinda o manguebeat surgia uma nova forma de pensar, de se divertir, e com isso multiplicar os valores da nossa etnia, fazendo do caboclo de lança figura antes esquecida da cultura popular, o exemplo de amor às cores da bandeira de Pernambuco.
Da lama ao caos
Surgi o primeiro cd, da banda de Chico Science e Nação Zumbi isso aconteceu por volta de 1993, depois de muitos shows e turnês pelos Eua, Bélgica, Suíça, Alemanha, Holanda, Flórida que em breve a CSNZ, estariam dividindo o palco com Gilberto Gil, no Sammer Stage Festival no Central Park em Nova Yorky, para milhares de pessoas, pois a critica do maior jornal em circulação no ocidente o New York Time, dizia que no Brasil na cidade de Recife viraria um novo celeiro cultural, devido à fusão frenética de todos os ritmos.
Criando Afrociberdelia
Este nome tão diferente se originou da concepção das palavras África, Cibernética, e psicodélica, surgindo assim, a música do mangue misturada, com as batidas da musica eletrônica.
Já com toda bagagem do 1° disco os mangueboys, já sabiam o que queriam, produtores que estivessem sintonizados na mesma freqüência da antena parabólica deles em meados de 1996, o movimento mangue não precisaria provar mas nada. Fez surgi na cena local dezenas de grupos, não apenas na região metropolitana do Recife, mais em todo estado de Pernambuco várias bandas contratadas por diversas gravadoras como a Sony Music, Banguela, e Virgin.
Chico e sua passagem meteórica pela vida
O grupo voltou para o Brasil já com outra turnê engatilhada, tudo indicava para o sucesso de Chico Science&Nação Zumbi repetiriam o mesmo sucesso dos Mineiros do Sepultura como astros Internacionais.
No ano subseqüente 1997, no dia 01 de fevereiro, Chico esteve participando da prévia carnavalesca do bloco enquanto isso na sala de justiça, o qual participavam jornalistas, artistas e intelectuais.
No dia seguinte passou o dia na casa da irmã no Recife, descansou, em 1996, aconteceu a segunda e derradeira turnê da N. Zumbi com Chico Science, na Europa, foram treze dias de turnê por sete paises, seis deles acompanhados dos Paralamas do Sucesso os pernambucanos participaram na Áustria de um dos principais festivais de verão europeu o Forest Glade , figurando ao lado de nomes famosos da cena Pop mundial como The Pogues, Terrovision.
Jantou e saiu por volta das 19:00h, meia hora depois ligaram para família dele e informaram que o carro Fiat Uno em que viajava colidira-se com um poste, entre Recife/Olinda por ironia do destino próximo a um manguezal, no memorial Arcoverde, onde morrera, minutos depois, os peritos examinaram o veiculo e constataram defeito no cinto de segurança, provocando a morte quase que instantânea, levando ao desespero de parentes, amigos, e fãs do CSNZ.
O corpo de Chico Science foi velado no Centro de Convenções, e enterrado no Cemitério de Santo Amaro, onde muitos parentes e amigos se aglomeravam para darem o seu último adeus ao criador do movimento Manguebeat. O governo por sua vez decretou luto oficial de três dias, Chico faleceu aos 30 anos e deixou uma filha de 4 anos, chamada Louise, deixando o seu legado plantado em cada um de nós, Chico não morreu ele vive
Conclusão
O movimento mangue abrangeu mais do que a musica, foi uma espécie de renascimento para a cultura pernambucana, direta e indiretamente criou vários pólos culturais na cidade como o pólo pina, o bar, a soparia de “Roger de Renor”, hoje apresentador do programa sopa diário na tv universitária.
Tornou-se o point dos (mangueboys e manguegirls), e fez sobre tudo o pernambucano conhecer a sua própria cultura, que vincularia a outros artistas locais antes no anonimato, a serem cultuados pela juventude que é o exemplo do Mestre Salustiano, Selma do coco, e Lia de Itamaracá.
O cantor e compositor Lenine diz o seguinte de Chico.
“Ídolo em vida Chico Science morto virou mito:É o nosso Bob Marley” Ao notar muitas pessoas no carnaval usando camisetas com o rosto de Chico Science.
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