sexta-feira, 31 de agosto de 2012




               DANÇA DO CAVALO PIANCÓ


 A Dança do Cavalo Piancó é uma dança de pares com formação em circulo encontrada na cidade de Amarantes,município situado no Vale do médio Parnaíba,no estado do Piaui,cujos participantes dançam imitando o trote de um cavalo manco.Segundo a lenda,os negros da beira do rio Canindé,para afugentar o sono nas noites de luar,dançavam trotando noite a dentro.Cavalheiros e damas,aos pares,formam um circulo e vão alegremente,ora bem compassado,batendo firme no chão,com o pé esquerdo,ora apressado,sempre trocando os pares. A coreografia atende às marcações determinadas pela letra,que pode ser improvisada,o que influi na coreografia.É a dança de salão,sem data fixa para apresentação.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


29 DE AGOSTO, DIA  NACIONAL DO VAQUEIRO

                                     


     TENENTE  ZÉ RUFINO,O MATADOR DE CORISCO


  Numa tarde,de um distante domingo no sertão,durante uma  festa de casamento na fazenda Barrinha,do Capitão Pedro da Luz, no município de Salgueiro . Quis o destino que os caminhos do sanfoneiro José Osório de Farias,Sanfoneiro afamado no sertão pernambucano,e o de Virgulino Ferreira da Silva se cruzassem para  construir a saga do cangaço no semi-árido nordestino.José Osório vivia exclusivamente de tocar em festas de renovações ,casamentos e batizados,e assim, foi o primeiro contato de Zé Rufino com Lampião.Convidado pelo rei do cangaço para integrar o bando,pois ha muito tempo que Lampião procurava um sanfoneiro. A recusa de Zé Rufino,foi uma afronta para Lampião,assim,Zé Rufino não teve outra alternativa e ingressou na policia para fugir da vingança de Virgulino,que não aceitava uma negativa.Meses depois José Osório engajou-se à polícia chegando a receber graduação de tenente, e daí por diante surgiu o tenente Zé Rufino,o implacável caçador de cangaceiros. Ele chegou rapidamente a oficial,alcançando a posição de coronel da Policia Militar da Bahia Participando de inúmeros combates,Zé Rufino  Matou muitos cangaceiros,tendo se tornado um dos mais respeitados chefes militares na perseguição ao cangaço,na sua lista contava as mortes dos cangaceiros Zabelê,Barra Nova,Pai Véi,Cangica,Mariano Zepellin e Corisco,que sem dúvida,foi o que mais lhe rendeu fama de caçador implacável ao cangaço. A volante de Zé Rufino ficou famosa por cortar as cabeças dos asseclas mortos em combate.A morte mais comentada foi a de Corisco,um dos mais famosos facínoras que se tem noticia. Em depoimento ao cineasta Glauber Rocha,ele afirmou ter eliminado cerca de vinte integrantes dos bandos ligados a Lampião.Em 1936,Zé  Rufino eliminou o bando de Mariano,um cangaceiro da velha guarda que acompanhava o rei do cangaço a treze anos.      
                                                                Dadá ferida rumo a Salvador     
Nova Gameleira - Rainha Alice de Nova GameleiraGUARDA DE MOÇAMBIQUE DA     NOVA GAMELEIRA


Como forma de pagamento pela cura de seu filho Geraldo do Evangelho,No ano de 1960 ,Maria de Lourdes dos Santos,funda a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário,que ficava na antiga Rua dos Pretos na Vila dos Marmiteiros,Bairro da Gameleira,em Belo Horizonte,capital de Minas Gerais.Sua família e de seu marido eram de Itaguara-MG e já  participava de Congado há várias gerações,seu  marido José Sabino da Costa foi Capitão de Uma Guarda de Marujo em Itaguara,mas infelizmente quando Maria de Lourdes funda o Moçambique ele já havia falecido e seu sogro José Sabino Velho era Capitão de Moçambique na mesma cidade e vários outros membros da família faziam  parte do congado. Todo esse amor pelo Congado vai ser trazida para Belo Horizonte por essas pessoas e por todas as outras que vão formar essa Irmandade.Recentemente reencontraram Raimundo,sobrinho de Maria de Lourdes em uma guarda de Congado em Itaguara.Além de Maria que se torna a Rainha Conga,Zé Faustino(bigode)Primeiro Capitão,Zé Martins,José Olicio Rocha,marido de sua filha Maria Alice,atual Rainha Conga e seus filhos que na época eram pequenos gostavam de brincar de tocar Moçambique na lata de  doce,Jairo,Geraldo que se tornam os primeiros caixeiros da Irmandade e até hoje são e João Eustáquio que foi caixeiro depois foi Rei Congo com sua irmã Alice.
  Nova Gameleira - Caixas no chão Nova Gameleira - Banda de Congo de Ibiracu, ES   Nova Gameleira - Banda de Congo de Ibiracu, ES

Primeira Formação da Guarda de Moçambique:

. Maria de Lourdes dos Santos  - Rainha Conga
. Dona Maria Genove - Rainha de São Benedito
. Dona Expedita - Rainha de Santa Efigênia
. Dona Isabel - Rainha da Estrela
. Dona Clotilde - Rainha de Nossa  Senhora do Rosário
. Jairo ,Geraldo e João - Caxeiros
. Jovelina - Capitã
. Divina - Secretária
. Zé Faustino(Bigode) - Capitão
. Zé Custódio Branco - Presidente
. Dona Diva - Fé de Bandeira por 25 anos e atual Rainha de Santa Efigênia.

Ainda na primeira formação da guarda entra Dona Conceição - Rainha de São Jorge e Capitã de fileira,está na Guarda fazem 35 anos e é quem puxa as novenas e também serve de exemplos para as novas gerações.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

                                             
                                               Foto: Dicionário das Artes visuais da Paraíba 



                                                                                      TOTA

Dos tempos em que produzia utilitários em Tracunhaém, na Zona da Mata de Pernambuco – onde metade da população vive de transformar barro ‘em santo ou em panela’ – até emprestar sua experiência à indústria paulista de cerâmica, tudo o que Tota fez na vida, o fez com o barro. Assim, criou família e ganhou notoriedade quando, em 1972, além de exímio oleiro de panelas e potes, se descobriu ‘artista’! E para comprovar a pureza e singularidade da obra de Tota, conta-se que um crítico de arte carioca propositalmente confundiu um grupo de especialistas em concorrido encontro no Rio de Janeiro, apresentando-lhes uma das cerâmicas do artista como sendo de autoria de Picasso, tal a surpreendente identidade visual das peças de ambos os artistas. Desfeito o mal entendido, todos se espantaram ao saber que o verdadeiro autor era um artista popular da longínqua Paraíba e, mais ainda, que ele jamais ouvira falar de Pablo Picasso... (Dyógenes Chaves, ABCA/AICA). 
 Antônio Paschoal Régis, o Tota, nasceu na cidade de Tracunhaém, Pernambuco, em 1932, mas passou grande parte de sua vida em João Pessoa, capital da Paraíba, onde faleceu em 2003. Descendente da mais autêntica tradição oleira de Tracunhaém, Tota começou a trabalhar com cerâmica ainda criança e dedicou uma vida inteira ao universo do barro. Ele deixou um rico acervo de obras em museus e coleções particulares no Brasil e no exterior.

As peças produzidas por Tota, utilitárias e/ou decorativas, eram produzidas com barro colhido em jazidas da região que ele próprio preparava, pisando e peneirando. Na modelagem das peças ele usava torno de oleiro de pé e outras técnicas, na decoração utilizava esmaltes de tons variados. As peças eram queimadas em um rústico forno à lenha. Suas figuram revelam despreocupação com qualquer registro realista. São peças completamente livres do formalismo doado pela natureza, antropomorfizadas e profundamente expressivas do drama da região onde viveu.
Tota participou de inúmeras exposições individuais e coletivas. Dentre elas merecem destaque: Centro Cultural São Francisco (1975); Sesc São Paulo (1976); UFPB (1978); Galeria Gamela (1981); Tota – Barro puro e simples[homenagem póstuma] (Usina Cultural Energisa, 2009); Galeria Batik [com José Lucena] (João Pessoa, 1977); Centro Social Urbano Monsenhor José Coutinho (João Pessoa, 1980); Funesc (1983); Rio Design Center (Rio de Janeiro, 1984). Participou do Salão Nacional do Ceará (Fortaleza, 1984). No XII Fenart (Funesc, 2008), ocupou Sala Especial como integrante da mostra Panorama da Cerâmica Artística.

domingo, 26 de agosto de 2012

                                                                             


REISADO DE COURO


É na comunidade do Barro Vermelho, município de Barbalha,no Vale do Cariri Cearense que se encontra um dos tipos raros de reisado do Nordeste. É o Reisado de Couro.O grupo foi resgatado há mais de três décadas e resiste ao tempo com seus brincantes. O Mestre Gonçalo ou Mestre Pedro,vive numa constante luta pela permanência do folguedo e sai no comando das ordens com o seu pandeiro.O brincante Zé Gonçalo,que já foi líder dos penitentes,o decurião,e Mateus de reisado.Desde cedo,mesmo sem o apoio do pai,decidiu levar a brincadeira de reisado com muito respeito.Chegava a fujir de casa,aos 14 anos,para brincar no folguedo. Por muito tempo representou o personagem Mateus. Gonçalo lembra da sua destreza na juventude e de um erro do adversário na dança.Isso resultou em ferimento,já que o corte no supercílio levou o companheiro a uma unidade de saúde da região. A tradição do Reisado de Couro remonta mais de 100 anos em Barbalha,segundo o Mestre,que recebeu o título de Mestre da Cultura Popular no Estado,em 2005. Zé Gonçalo agora busca incentivar os novos brincantes,o que não é uma tarefa fácil.Ele espera que seu legado e a tradição do Reisado de Couro tenha continuidade por gerações. As apresentações do grupo aconteciam na sede da Associação dos  Agricultores de Barbalha e depois ganhou as ruas da cidade.O grupo tem presença certa durante as manifestações culturais e religiosas do município. No dia 13 de junho,data da tradicional festa do padroeiro da cidade,a manifestação é dupla,já que nessa data também comemoram o aniversário do Mestre do Reisado de Couro. O brincante teve a preocupação de aprender os mínimos detalhes das apresentações que viu quanto menino.E na altura dos seus 82 anos de idade,armazena tudo,as loas,os passos,as letras que um dia ouviu com os outros mestres.Quando decidiu montar o Reisado de Couro,foi criando com outros brincantes,a exemplo de Chiquinho Bernardo. As vestimentas ,adereços e as máscaras de couro de boi foram sendo confeccionadas aos poucos. No Reisado de Couro,os personagens são: burrinha,babau(cavalo),urubu,boi careta,jaraguá e os caretas.Personagens que contam a história de uma tradição rara.Os personagens entram em cena sobre o comando do pandeiro do mestre,no ritmado da zabumba e sanfona. De acordo com o folclorista Cacá Araújo,o reisado se apresenta com estrutura e elementos distintos de cada região.No Cariri,a presença do negro na cultura da cana-de-açúcar faz aparecer o reisado como Reis de Congo.No sertão,a cultura do  gado o transforma em Reis de Couro ou Reis de Careta.No litoral ,surgem novas figuras como os "papangus" e o "folharal". As dificuldades de manutenção das tradições desses grupos,segundo Cacá,tem como vilão e um dos principais entraves ao desenvolvimento de qualquer folguedo a carga midiática."Difundido saberes e costumes estranhos à nossa cultura,muitos deles carregados de futilidade consumista e pornográfia",constata ele.

                                                                            





                                              FAUSTO NILO

Fausto Nilo Costa Júnior.Nasceu em Quixeramobim,no sertão do Ceará,sobre um céu de abril de 1944.
A intimidade com a música veio logo cedo.Ainda  criança,com os sete anos irmãos,participava de reuniões promovidas pelo avô,Fausto,amigo do Cego Aderaldo e outros repentistas.Aos 11 anos,mudou-se para Fortaleza e, aos 20,ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará,em 1970.As mãos do arquiteto ganham também os traços do letrista ainda no ambiente universitário,onde fez amizades com o cantor e compositor Raimundo Fagner,e outros jovens compositores como Petrúcio Mia,Ricardo Bezerra,Teti e Rodge Rogério que passariam a ser conhecidos como o "Pessoal do Ceará". Na bagagem deste "Pessoal",a efervescência politica da época,os Centros Populares de Cultura(CPSs) e as caravanas culturais que viajavam pelo interior do estado do Ceará entre discos de vinil,poetas,atores,artistas plásticos e o novo comportamento de uma geração.Em 1971,por problemas políticos,mudou-se para a capital federal,onde tinha o oficio de professor e escrevia as primeiras letras para músicas de amigos. As primeiras gravações  de suas  letras foram em 1972,com a música "fim do Mundo",gravada por Raimundo Fagner e por Marilia Medalha. Já estabelecido no Rio de Janeiro e com o  baiano Moraes Moreira,formou uma parceria inspirada,redendo sucessos na voz do parceiro,como"Meninas do Brasil","Santa Fé" e"Alto Falante".Em 40 anos de carreira,Fausto Nilo coleciona um repertório com cerca de 400  composições interpretadas pelo verdadeiro escrete da MPB. Embora tenha  gravado,um dueto com a cantora Núbia Lafayete numa coletânea intitulada Soro(1978),somente em 1997 iniciou suas atividades como intéprete e produtor de seus discos,lançado,primeiramente,Em 197 (Esquina do Deserto),seguida por "Casa Tudo Azul(2002),Voz e Verso ao Vivo(2004) e um CD intitulado Fausto Nilo,há cerca de treze anos,vem se apresentando em shows onde suas interpretações realçam a poesia de suas canções na forma própria do autor.O talento do compositor e cantor também marcam trilhas sonoras de seriados e novelas como: a canção Santa Fé(Pedra sobre Pedra),Roque Santeiro(1983).Tenda dos Milagres(1985),Olhos de Xangô(Pirlimpimpim),Tieta(1989),A lua e o Mar(novela Renascer/1993),Me Diz(novela Cor do Pecado/2004),com a canção Dezembros,parceria com Zeca Baleiro e Fagner.
                                       
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  BUMBA-MEU- BOI  DA FLORESTA DO MESTRE APOLÔNIO


Fundado em  12 de março de 1972,nasceu por idéia do padre Italiano Giovanni Gallo pároco do bairro Floresta Liberdade, em São Luiz,capital do  Maranhão,e que teve como enfrentante o brincante  Apolônio Melônio. Na ocasião o pároco emprestou  CR$ 400,00(quatrocentos cruzeiros),para  representantes da comunidade e o mestre Apolônio,  num gesto de estimulo as  atividades culturais do grupo.O apoio de Antonio Melônio foi fundamental para o grupo  na confecção dos adereços e chapéus de pena de ema.A escolha do nome Turma de São João Batista deu-se porque antes Apolônio Melônio fundou vários bois e homenageava a localidade de origem dos  companheiros e neste,estava homenageando o seu lugar de origem.Tem como identificação juridica,"Sociedade Junina Turma de São João Batista". E como nome de fantasia,"Boi de Apolônio" ou Boi da Floresta.Um grupo reconhecido nacional e internacionalmente pela sua postura de conservador das tradições culturais no sotaque da baixada,tem grande referência na vida folclórica cultural  do Maranhão. Mestre Apolônio é um dos brincantes do Maranhão mais antigos e bem respeitados pela sua  experiência e vivência na fundação de vários grupos de boi,desde quando começou ainda moço em 1926.
 Desde 1972 o boi se transformou na Associação Junina Turma de São João Batista,e tem um trabalho de formação com crianças e adolescentes,desenvolvendo atividades de bordado,confecção de  instrumentos de percussão,careta de cazumbá e chapéus .

                                  


          POETA JOÃO MARTINS DE ATHAYDE

Nasceu no dia 24 de junho de 1880, em Cachoeira da Cebola, no município de Ingá, Paraíba. Trabalhou como mascate e atraído pela febre da borracha, foi para o Amazonas onde teve 25 filhos com as caboclas das tabas indígenas. Retornou ao nordeste e transferiu-se para Recife, onde fez curso de enfermagem.

Em 1921, já com bela fortuna amealhada, comprou o famoso projeto editorial de Leandro Gomes de Barros, tornando-se o maior editor de literatura de cordel de todos os tempos. Vendo que oitenta por cento dos folhetos vendidos nas feiras era de humor ou de pelejas, e tendo especial vocação para duelos verbais, inclinou sua pena para esse tipo de produção. Usando personagens reais e fictícias, escreveu mais de uma dezena de pelejas até hoje muito procuradas e lidas, como a de "Serrador e Carneiro".

terça-feira, 21 de agosto de 2012

                                           


                                    CANGACEIRO ZÉ SERENO


   Ele nasceu no dia 22 de agosto de 1913,na  Fazenda dos Ingrácias,zona rural de Chorrochó,município situado no norte do estado da Bahia, José Ribeiro Filho,este era o nome de pia do cangaceiro Zé Sereno. Filho de  Dona  Lídia Maria da Trindade e José Ribeiro.O cangaço corria no sangue de Zé Sereno, sua mãe era irmã dos cangaceiros dos  Ingrácias:Cirilo,Faustino(Mão de Onça) e  Antonio. Faustino era pai do terrível cangaceiro Zé Baiano,o ferrador oficial do bando de Lampião.
O distinto andava com um ferro de ferrar animais nas indumentárias, com as iniciais "jb"  José Baiano.Ferrava homens e mulheres,de preferência,no rosto. Zé Baiano era primo  dos cangaceiros Mané Moreno e Zé Sereno. No bando de Lampião,Zé Sereno sempre esteve na companhia da cangaceira Sila,até o dia do massacre da Grota do Angico,em Canindé do São Francisco,Sergipe,durante a madrugada  do dia 28 de julho de 1938,onde mataram 9 cangaceiros(Luiz Pedro,Quinta-feira,Enedina,Cajarana,Mergulhão,Caixa de fosforo,Mangueira,Elétrico e Moeda) ,o soldado Adrião , Lampião e Maria Bonita,sobre o comando do tenente  João Bezerra. Zé Sereno e sua companheira Sila,sobreviveram ao massacre ilesos.O cangaceiro Zé Sereno,levou sua vida para mais adiante,tendo ido morar na cidade de Campinas,no estado de São Paulo.Veio a falecer naturalmente,no dia  16 de fevereiro de 1981.Com direito a sepultamento e uma cova digna,o contrário do que ocorreu com os companheiros de cangaço

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

                                   mestre-bimba-berimbau7



                                                       MESTRE BIMBA


Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba (Salvador, 23 de Novembro de 1900 - Goiânia, 05 de Fevereiro de 1974), foi criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional. Ao perceber que a capoeira estava perdendo seu valor cultural e enfraquecendo enquanto luta, Mestre Bimba misturou elementos da Capoeira Tradicional com o batuque[1] (luta do Nordeste Brasileiro extinta com o passar do tempo) criando assim um novo estilo de luta com praticidade na vida, com movimentos mais rápidos e acompanhada de música.
Assim conquistou todas as classes da sociedade. Foi um eximio lutador e acima de tudo um grande educador, foi o responsavel por tirar a capoeira da marginalidade. Praticantes dessa arte se denominam "capoeira", pois, para eles, a capoeira é um estilo de vida - ser, pensar, agir como um capoeira.
Bimba empunhava regras para os praticantes da capoeira regional, sendo elas:
- Não beber, e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a consciência do capoeira.
- Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma dessa arte.
- Praticar os fundamentos todos os dias.
- Não dispersar durante as aulas.
- Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, pois dessa forma o capoeira desenvolveria mais.
- Sempre ter boas notas na escola.
No vídeo Relíquias da Capoeira - Depoimento do Mestre Bimba, um documento audiovisual em VHS produzido por Bruno Farias, o próprio Manoel comenta sobre os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia, onde ele conseguiu mais apoio financeiro[1]. Posteriormente, em uma reunião de especialistas em capoeira no Rio de Janeiro, explica-se mais sobre o nome do esporte, sobre a criação da capoeira regional e sobre esse lendário personagem chamado Mestre Bimba.
A versão original do vídeo, veiculada em 2006 pela extinta PAM TV Florianópolis (Antigo canal 17 da TVA), acabou se extraviando. Porém, recentemente, o jornalista Bruno Farias encontrou no antigo acervo da emissora uma amostra de 2 minutos do Relíquias da Capoeira: Depoimento do Mestre Bimba e escreveu uma matéria sobre o assunto, publicada no site da Revista de História da Biblioteca Nacional, junto à referida amostra.
Algumas criações de Mestre Bimba:
. Criou a capoeira regional, na poca consistia de 52 golpes.
. Criou um método de ensino, a chamada sequência de Bimba que consiste em 8 sequências de ataque e defesa para serem executados na roda.
. Criou a sequência de cintura desprezada, que uma série de bales cinturados, que os alunos só podiam jogar depois de formados.
. Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduação.
. Criou a graduação na capoeira, que consistia em 4 lenços de esguio de seda:
1 lenço cor azul aluno formado
2 lenço cor vermelho aluno formado e especializado
3 lenço cor amarelo curso de armas
4 lenço cor branco mestre de capoeira

O Reconhecimento da Capoeira no Brasil

A partir da década de 30, com a implantanção do Estado NOvo, o Brasil atravessou uma fase de grandes transformções políticas e culturais, onde os ideias nacionalistas e de modernização ficaram em evidência. Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que o seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.
Em 1936 fez a primeira apresentação do trabalho e no ano seguinte foi convidado pelo governador da Bahia, o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no palácio do governador onde estavam presentes autoridades e convidados, inclusive o presidente da época que gostou muito da apresentação. Dessa forma a capoeira é reconhecida como "Esporte Nacional" Mestre Bimba foi reconhecido pelo Sec Ed Ass Pública ao estado da Bahia como Professor de Educação física e sua academia foi a primeira no Brasil reconhecida por lei.


A Diferença


O que faz com que o mestre Bimba se destacasse dos demais capoeiristas de sua época, é que ele foi o primeiro a desenvolver um sistema de ensino e a ensinar em recinto fechado. Além desse sistema, ele elaborou técnicas de defesa pessoal até mesmo contra armas. Mestre Bimba preopupava-se demais com a imagem da Capoeira, não permitindo treinar em sua academia aqueles que não trabalhavam nem estudavam.


Antigo Método de Treinamento de Bimba


Mestre Bimba desenvolveu o primeiro método de ensino que vemos a seguir como ele funcionava:
Exame de admissão - Dizia-se que em outros tempos, Mestre Bimba aplicava uma "gravata" no pescoço do indivíduo que quisesse treinar e dizia "aguenta ai sem chiar". Se aguentasse o tempo que ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, submetendo o candidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha condição ou não para praticar a capoeira regional. A próxima fase seria aprender a "sequencia de ension".

O Aprendizado

O aluno nessa faze aprendia o que se chamava "sequência de Ensino" que eram as oito sequências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque, destinadas somente aos inciantes, simulando as tiauções mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de capoeira.
Esse foi o primeiro método de ensino criado para ensinas alguém a jogar capoeira e o calouro treinava essas sequências em duplas sem o acompanhamento dos instrumentos. Quando estas estiverem bem decoradas o Mestre dizia: "Amanhã você vai entrar no aço, no aço do Berimbau."
Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agrarrado, não tinha como reagir. Então Mestre Bimba, com sua criatividade ensinava seus alunos quais eram as melhores saídas. Todos esses ensinamentos faziam com o método de mestre Bimba fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses só então é o que o aluno seria batizado.


O Batizado


O batizado era quando o aluno jogava pela primeira vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos que era formado por um berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado que jogaria com o calouro e então tocava o toque que caracterizava a capoeira regional, para isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedir a "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado que o batizou, recebia uma "benção" (golpe frontal dado com a parte inferior do pé empurrando o adversário na altura do peito) que o jogava o chão.
Eram necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na capoeira regional. O exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele. Durante 4 dias os alunos eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flaxibilidade, etc. No último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos golpes e também marcava o dia da formatura.

A Formatura


A cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando as músicas características da Regional. Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralmente era um formado mais antigo  para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre.
Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação dos Formados) as madrinhas.O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus respectivos afilhados. A partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreio" e o "escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões.
Para terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de mestre Bimba, tendo direito até de jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que é o toque (onde quem joga hoje são só os mestres) criado por ele para esse fim. A partir dai só restava o curso de especialização que veremos a seguir.


O Curso de Especialização


Tinha duração de 3 meses, sendo 2 na academia e 1 nas matas da Chapada do Rio Vermelho. Tratava-se de um treinamento de guerrilha, onde aconteciam as emboscadas, armadilhas e etc., que consistia em submeter o formado a situações das mais difíceis, desde defender-se de 3 ou mais Capoeiristas, até defender-se de armas. Terminado o curso, o mestre fazia a mesma festa para os novos especializados, e estes recebiam o lenço vermelho a cor que representava a nova graduação. O aluno que se formava ou se especializava, tinha a o dever de pendurar um quadro com a foto mestre, do padrinho, do orador, e a própria foto.
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Conclusão


Mestre Bimba realmente foi o grande "propulsor" da Capoeira no Brasil mas , muitos dos Métodos citados acima não são mais usados na verdade grande parte deles nao existe mais a muito tempo mas, foram muitos úteis. Para nós Capoeiristas só resta dizer: Muito obrigado ao Mestre Bimba.
                                                                                 Participante do evento


LUIZ SEVERINO DOS SANTOS

O brincante Piauiense Luiz Severino é graduado em história,com pós-graduação em história do Brasil,nas relações internacionais.Foi um dos fundadores do grupo Cultural "Coisa de Nego",grupo de cultura popular ligado ao movimento Afro do estado do Piauí.Luiz  é um guerrilheiro da cultura do seu estado.Contribuiu na reforma da lei A.Tito Filho e na reabertura da Ordem dos Músicos do Piauí. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura no período de 2005  a outubro de 2008. Atualmente exerce a função de gerente técnico da Fundação Cultural do Piauí.

sábado, 18 de agosto de 2012

  
 


                                               JANDUHY  FINIZOLA



Descendente de Italianos, o médico,cantor,compositor e escritor Janduhy Finizola da Cunha adotou como "religião" a cultura de um sertanejo da gema,ele se auto define católico,apostólico,sertanejo.Mora em Caruaru desde 1959,porém,nasceu no dia 21 de abril de 1931 no estado do Rio Grande do Norte,na cidade de  Jardim Seridó.Na infância,o menino Janduhy só saia de casa para a escola e soltar pipas com os colegas da pequena Jardim do Seridó.Hoje  reconhece que um dos maiores  legado vem dos pais,deles herdou o gosto pela leitura e  música.Janduhy cresceu criou asas deixou Jardim Seridó e voô em busca dos  desafios que a vida  lhe reservava.Em 1949 foi morar no Recife onde se preparou para o vestibular  e ingressou no curso de medicina.Em 1956 conclui o curso de medicina e foi para o Rio de Janeiro,onde fez residência em clinica médica e lá foi apresentado a boemia carioca. Chegou em  Caruaru no final de 1959 e foi lá que conheceu alguns dos seus parceiros como Plinio Pacheco,Luiz Gonzaga,Jacinto Silva.São de sua autoria composições famosas como " Bananeira Mangará","Ana Maria","Canto de Despedida,"Raizes", "Vida Viola"e "Nova Jerusalém".Tem músicas gravadas por Quinteto Violado,Rui Mauriti,Luiz Gonzaga,Marinês, Genival Lacerda,Jorge de Altinho,Abdias dos oitos baixos,Jackson do Pandeiro,Hebert Lucena,Silvério Pessoa e tantos outros.Em 1973,teve as músicas  Cavalo Crioulo,Cidadão de Caruaru e Frei Damião gravadas por Luiz Gonzaga.Em 1975,desenvolveu um projeto de extrema originalidade e também de grande repercussão: uma missa sertaneja,integrada por músicas por ele composta,para qualificar a saga do vaqueiro do nordeste,são as Rezas de Sol,composta a pedido de Luiz Gonzaga.Na literatura já lançou dois livros:Sementes e Oficina de Infinitos e finalizando o terceiro livro. No dia 12 de Maio de 2012,lançou o livro "Espaço da Palavra" e  o CD  "Verso Verdade",uma coletânea que reúne  o melhor da música de Janduhy,na voz de vários intérpretes entre os quais estão Xangai,Silvério Pessoa ,Rogéria,Almério,Santanna e Azulão.Disco produzido pelo filho Daniel Finizola.  O disco tem o objetivo celebrar a musicalidade do Doutor Finizola,que destaca a gravação da inédita " O Pernambucano do Século",por Santanna.Em homenagem aos 100 anos de Gonzagão.Projeto esse que conforme  o compositor terá o segundo volume.Aos 81 anos de idade,Doutor Janduhy tem uma história de vida marcada pela contribuição a música,literatura e medicina.


  Janduhy Finizola e Marcelo Melo(Quinteto Violado)








quinta-feira, 16 de agosto de 2012

                                                                   


BAIANAS MENSAGEIRAS DE SANTA  LUZIA


Fundado a 42 anos pelos  saudosos mestre Paulo Olegário e mestra Maria do Carmo Barbosa,no bairro de Tabuleiro do Martins,em Maceió,capital do estado de Alagoas. O grupo de Baianas Mensageiras de Santa Luzia é um grupo de dançadoras trajadas com as vestes convencionais de baianas,que dançam e fazem evoluções ao som de instrumentos de percussão. O grupo já recebeu  o Prêmio Culturas Populares 2009 - Edição Mestra Dona Isabel,do Ministério da Cultura(Minc),em 2009. A premiação tem o intuito de homenagear as expressões das culturas tradicionais e que fazem parte da diversidade cultural do país,e que hoje é uma verdadeira família que possui quatro gerações de pura tradição,desde a bisavó até a neta e atual mestra do grupo,Camila Vanessa Camila dos Santos,de 19 anos de idade. Segundo ela a responsabilidade de dar continuidade dos ensinamentos da vó Dona Maura que agora coordena o grupo. Além da mestra e contra mestra,as embaixadoras que são as puxadoras dos cordões,ou seja, as que cantam e comandam o grupo,composto por ciganas e  o restante das baianas chamadas de figuras.Atualmente o grupo ensaia no Clube dos Idosos do bairro do Tabuleiro,sempre aos domingos. A dança é acompanhada por zabumba e  ganzá ,em ritmos influenciados por emboladores de cocos.Este folguedo constitui uma modificação rural dos Maracatus de pernambuco ou é uma variação    alagoana dos maracatus,sem a boneca e sem a corte real,e acrescido de elementos dos pastoris e dos cocos,mesclados com canções religiosas negras. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

                                             O dramaturgo Nelson Rodrigues em 1949. Foto Carlos. Cedoc/Funarte


 2012  É O ANO DO CENTENÁRIO DE NELSON RODRIGUES



Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 1912. Aos 5 anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar na Rua Alegre, em Aldeia Campista, bairro que depois seria absorvido pelos vizinhos Andaraí, Maracanã, Tijuca e Vila Isabel. Em contato com a imaginação fértil do futuro escritor, a realidade da Zona Norte carioca, com suas tensões morais e sociais, serviu como fonte de inspiração para Nelson construir personagens memoráveis e histórias carregadas de lirismo trágico.
Aos 13 anos, ingressa na carreira de jornalista, trabalhando como repórter policial em A Manhã, um dos jornais fundados por seu pai, Mário Rodrigues, que marcaram época – o segundo foi Crítica, palco de uma tragédia que abalaria o dramaturgo profundamente: o assassinato de seu irmão, o ilustrador e pintor Roberto Rodrigues, em 1929.
Lado a lado com o teatro, o jornalismo foi para ele um ambiente privilegiado de expressão. Dentre seus textos propriamente jornalísticos, destacam-se aqueles dedicados ao futebol, em que empregou toda sua veia dramática, transformando partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis. Trabalhou nos mais diversos jornais e revistas, assinando artigos e crônicas, como a popular e discutida coluna “A Vida Como Ela É…”.
Em 1943, a consagração no Teatro Municipal do Rio de Janeiro: sua segunda peça, Vestido de Noiva, montada por um grupo amador, Os Comediantes, dirigida pelo polonês recém-imigrado Ziembinski e com cenários de Tomás Santa Rosa, revolucionava a maneira de se fazer teatro no Brasil. Sua peça seguinte, Álbum de Família, de 1946, que trata de incesto, foi censurada, sendo liberada apenas duas décadas depois. Dali em diante, sua obra despertaria as mais variadas reações, nunca a indiferença.
O prestígio alcançado pelo reconhecimento de seu talento não livrou-o de contestações ou perseguições. Classificado pelo próprio Nelson Rodrigues como “desagradável”, seu teatro chocou plateias, provocando não apenas admiração, mas também repugnância e ódio, sentimentos muitas vezes alimentados por seu temperamento inclinado à polêmica e à autopromoção.
Nelson Rodrigues morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 68 anos. Além dos romances, contos e crônicas, deixou como legado 17 peças que, vistas em conjunto, colocam-no entre os grandes nomes do teatro brasileiro e universal.
                                                                         

ULISSES MENDES

Ulisses Mendes é hoje um dos mais importantes e representativos artistas do Vale do Jequitinhonha-MG. Ele nasceu no dia 2 de fevereiro de 1955 na cidade de Itinha-MG, onde vive até hoje. Aprendeu a trabalhar com o barro desde criança, com a mãe, mas não se dedicou desde pequeno à arte do barro. O oficio surgiu muito depois. Antes apenas ajudava sua mãe em atividades que eram consideradas “para homens”, como: a extração do barro no barreiro, a preparação da massa e o comércio das peças. Na região, modelar o barro era coisa de mulher, pouquíssimos eram os homens que se atreviam a modelar peças de barro. No inicio da carreira de artista Ulisses sofreu muito preconceito. Ele conta que sofreu preconceito até mesmo dentro de casa. Quando eu estava aprendendo, eu tinha um irmão que falava: Mãe! Põe esse vagabundo prá ir pro mato pegá lenha! Fica aí só mexendo com bolo de barro! Hoje parece que pouca coisa mudou; conta-se nos dedos os ceramistas homens que vivem no Vale do Jequitinhonha, mas entre eles está um tal Ulisses Mendes, um dos melhores e mais importantes da região. Ele diz que teve força de vontade e foi adiante, mas ainda hoje quando as pessoas lhe perguntam como é que ele se sente na cidade aonde mora, a primeira coisa que vem na cabeça é o sentimento da discriminação. A gente não é acolhido e a gente se sente sozinho. É muito poucas pessoas que aceita, que compreende a gente como a gente é. Prá dizer numa palavra dessas, a gente fica até achando que está no meio de uma floresta, onde os animais fogem da gente, achando que a gente é um 
caçador, diz o artista.
Mestre Ulisses tem sua história com o barro confundida com a militância política e cultural no Vale do Jequitinhonha, na década de 70. Suas obras revelam o cotidiano do povo do Vale ao mesmo tempo em que denuncia a exploração a que o lavrador do Jequitinhonha é submetido. Sua arte configura um misto de crítica social, religiosa e cultural. Mestre Ulisses é considerado por muitos como um cronista do Vale do Jequitinhonha.
Ele conta que suas peças são inspirações divinas; ele (Ulisses) é apenas um instrumento para a materialização das idéias e dos desejos dos deuses. Suas peças impressionam pela dramaticidade que carregam; ele retrata sua terra sem a mínima tentativa de “adoçar” os olhos de quem as enxerga. No acervo encontram-se lavadeiras, mulheres simples da roça, mães de família amamentando seus filhos, mulheres realizando atividades domésticas, lavradores, cantadores, tropeiros, vaqueiros, retirantes, dentre outras. Das suas figuras, talvez a mais emblemática seja o Cristo, onde no lugar de Jesus Cristo crucificado ele coloca um lavrador, um homem da roça desempregado ou uma mãe carregando seu filho. Apesar do forte apelo social, a suavidade e a delicadeza dos traços e feições são características marcantes de suas peças; talvez por isso mesmo reivindiquem tanta justiça social.O pacto é outra peça marcante do mestre Ulisses, que segundo ele foi criada a partir de um caso real. Um dia eu recebi na minha casa uma visita muito importante: um fazendeiro, um cara tradicional que tinha um patrimônio grande... Eu fiquei feliz... Quem sabe eu não vou vender alguns trabalhos meus pra esse moço aí! Ao ver os cavalos, os caipiras, os sertanejos, os tropeiros, os vaqueiros que eu fazia ele falou assim: tá bonito, mas eu queria que você fizesse um cavalo bem arriado, um cara bonito, bem vestido, chapéu social, uma maleta na mão, tipo executivo, botas bonitas, de marca... Faz uma peça assim... Deve ficar muito bonita. Aí eu baixei a cabeça e pensei... Não aceitou meus caipiras porque meus caipira é feio... Ele não quer a peça, não quer comprar, não que encomendar e quer que eu faça... Aí tudo bem, depois de uns sessenta dias eu encontrei com ele lá na rua... Eu fiz sua peça... Vai lá ver, ficou excelente, ficou uma peça bacana. Aí ele chegou aqui e eu disse: olhe a peça aqui. Não moço, mas aí não, a cara ta muito feia, não é era assim não... O burguês até que tá bonito, a maleta... Mas porque que ele ta assim, como a mão no queixo? ... Mas o que é isso? É o capeta?... Aí eu disse a ele: Quando o senhor me falou pra eu fazer a peça com esse burguês orgulhoso, bonito... Do jeito que o senhor falou eu só enxerguei desse jeito e aqui ta a peça. É o final de todas essas pessoas assim como essas que o senhor falou aí, com esses traços. Eu acho que o final dele é isso. Eu entendi desse jeito... O senhor não gostou não? Uma peça bonita dessas?... Não, gostei não. Infelizmente a realidade é essa. O sujeito quando é poderoso, mais quer pisar nos pobres. O resultado é esse, quando chega no final é isso aí. A peça O pacto representa um fazendeiro bem vestido, montado em um Centauro com cara de diabo. A peça representa a ambição daqueles que para conseguir o que querem, vendem até a alma ao diabo.
O mestre Ulisses não é apenas um artista, é também professor e ministra oficinas de arte em várias cidades do país.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

                                                                                 


ORIGENS DO CANGAÇO

O escritor José Alves Sobrinho lançou novo livro sobre o cangaço.Lampião,Antonio Ferreira e Levino:A parceria e o cangaço o tema da sua última obra,Lampião e Zé Saturnino - 16 anos de luta,que chegou a vender ,segundo José Alves,mais de sete mil exemplares. Nessa nova obra,O escritor busca investigar as origens do cangaço:ao contrário do que muitos pensam,teria nascido na Zona da Mata Pernambucana,e não no Sertão.

domingo, 12 de agosto de 2012



 LENDA DO MUIRAQUITÃ

A lenda do Muiraquitã é considerada um verdadeiro amuleto da sorte, que consiste num sapinho feito de pedra ou argila, é geralmente de cor verde, que era confeccionado em jade. Os indígenas contam a seguinte lenda: que estes batráquios, que eram confeccionados pelas índias que habitavam às margens do rio Amazonas. As belas índias nas noites de luar em que clareava a terra se dirigiam a um lago mais próximo e mergulhavam em suas águas retirando do fundo do lago bonitas pedras que modelavam rapidamente e ofereciam aos seus amados, como um verdadeiro talismã que pendurado ao pescoço levavam para caça, acreditando que traria boa sorte e felicidade ao guerreiro. Conta a lenda que até nos dias de hoje muitas pessoas acreditam que o Muiraquitã trás felicidade e é considerado um amuleto de sorte para quem o possui. O Muiraquitã apresenta também outras formas de animais, como jacaré, tartaruga, onça, mas é na forma de sapo a mais procurada e representada por ser a lenda mais original. As Icamiabas ofertavam a seus parceiros Guacaris, tribo mais próxima de nossas Amazonas, após o acasalamento na festa dedicada a Iaci, entidade considerada mãe do Muiraquitã e que anualmente durava dias. Conta a lenda, que depois de manterem relações sexuais, as Icamiabas mergulhavam até o fundo lo lago espelho da lua, nas proximidades das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamavam de amazonas (mulheres sem maridos), para receber de Iaci o famoso talismã, o qual recebia as bênçãos da divindade. A lenda diz também, que se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os do sexo feminino