terça-feira, 28 de agosto de 2012

                                             
                                               Foto: Dicionário das Artes visuais da Paraíba 



                                                                                      TOTA

Dos tempos em que produzia utilitários em Tracunhaém, na Zona da Mata de Pernambuco – onde metade da população vive de transformar barro ‘em santo ou em panela’ – até emprestar sua experiência à indústria paulista de cerâmica, tudo o que Tota fez na vida, o fez com o barro. Assim, criou família e ganhou notoriedade quando, em 1972, além de exímio oleiro de panelas e potes, se descobriu ‘artista’! E para comprovar a pureza e singularidade da obra de Tota, conta-se que um crítico de arte carioca propositalmente confundiu um grupo de especialistas em concorrido encontro no Rio de Janeiro, apresentando-lhes uma das cerâmicas do artista como sendo de autoria de Picasso, tal a surpreendente identidade visual das peças de ambos os artistas. Desfeito o mal entendido, todos se espantaram ao saber que o verdadeiro autor era um artista popular da longínqua Paraíba e, mais ainda, que ele jamais ouvira falar de Pablo Picasso... (Dyógenes Chaves, ABCA/AICA). 
 Antônio Paschoal Régis, o Tota, nasceu na cidade de Tracunhaém, Pernambuco, em 1932, mas passou grande parte de sua vida em João Pessoa, capital da Paraíba, onde faleceu em 2003. Descendente da mais autêntica tradição oleira de Tracunhaém, Tota começou a trabalhar com cerâmica ainda criança e dedicou uma vida inteira ao universo do barro. Ele deixou um rico acervo de obras em museus e coleções particulares no Brasil e no exterior.

As peças produzidas por Tota, utilitárias e/ou decorativas, eram produzidas com barro colhido em jazidas da região que ele próprio preparava, pisando e peneirando. Na modelagem das peças ele usava torno de oleiro de pé e outras técnicas, na decoração utilizava esmaltes de tons variados. As peças eram queimadas em um rústico forno à lenha. Suas figuram revelam despreocupação com qualquer registro realista. São peças completamente livres do formalismo doado pela natureza, antropomorfizadas e profundamente expressivas do drama da região onde viveu.
Tota participou de inúmeras exposições individuais e coletivas. Dentre elas merecem destaque: Centro Cultural São Francisco (1975); Sesc São Paulo (1976); UFPB (1978); Galeria Gamela (1981); Tota – Barro puro e simples[homenagem póstuma] (Usina Cultural Energisa, 2009); Galeria Batik [com José Lucena] (João Pessoa, 1977); Centro Social Urbano Monsenhor José Coutinho (João Pessoa, 1980); Funesc (1983); Rio Design Center (Rio de Janeiro, 1984). Participou do Salão Nacional do Ceará (Fortaleza, 1984). No XII Fenart (Funesc, 2008), ocupou Sala Especial como integrante da mostra Panorama da Cerâmica Artística.

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