Janduhy Finizola, Uma história de vida
Por: Luciana Queiroz e Thereza Leal
Uma história de vida marcada pela contribuição a medicina, música e literatura. Descendente de italianos, Janduhy Finizola adotou como "religião" a cultura de um sertanejo, ele se auto-define católico, apostólico, sertanejo. Ele é de Jardim do Seridó (RN), mas mora em Caruaru desde 1959, foi nesta cidade que conheceu alguns de seus grandes parceiros, como Luiz Gonzaga, Jacinto Silva e Plínio Pacheco, "Caruaru é uma cidade cantante e que me inspira até hoje", conta Janduhy. São de sua autoria composições famosas, como Nova Jerusalém, Ana Maria e todas que são entoadas na Missa do Vaqueiro, em Serrita. Na literatura, ele já lançou dois livros: Oficina de Infinitos e Sementes, o terceiro já está quase pronto.
Gravação de CD
Atualmente Janduhy Finizola também se dedica à gravação de um CD, suas canções serão interpretadas por grandes nomes da música, como Silvério Pessoa e Junio Barreto. O CD está sendo produzido por seu filho Daniel Finizola e Herbert Lucena. Com informações da ATA Solução Empresarial Núcleo de Comunicação.
"O sustento do corpo é a medicina e da alma é a poesia."
Janduhy Finizola da Cunha é descendente de italianos, mas adotou como religiãoos costumes de um sertanejo da gema - ele se auto define católico, apostólico, sertanejo. Um genuíno jardinense (quem nasce em Jardim do Seridó-RN). Na infância, o pequeno Finizola só saia de casa para à escola ou então pra soltar pipas e bater uma bolinha com os colegas da pequena Jardim. Hoje, reconhece que um dos maiores legados vem dos pais Manoel Orago da Cunha e Maria Lilia Finizola da Cunha, deles herdou o gosto pela música e leitura.
Janduhy Finizola da Cunha é descendente de italianos, mas adotou como religiãoos costumes de um sertanejo da gema - ele se auto define católico, apostólico, sertanejo. Um genuíno jardinense (quem nasce em Jardim do Seridó-RN). Na infância, o pequeno Finizola só saia de casa para à escola ou então pra soltar pipas e bater uma bolinha com os colegas da pequena Jardim. Hoje, reconhece que um dos maiores legados vem dos pais Manoel Orago da Cunha e Maria Lilia Finizola da Cunha, deles herdou o gosto pela música e leitura.
"Meu pai mexia com tudo, loja, padaria, peça de automóvel..." lembra Janduhy, que segue a risca a multiplicidade do velho Orago. Virou médico por vocação, poeta e compositor por paixão. A avó também não pode ser esquecida, Dona Inácia Nóbrega encantava a família tocando bandolins.
O tempo passa e o poeta jardinense se aventura desbravando os rincões Brasil a fora. Sempre desafiou o tempo. Em 1949 foi morar em Recife, onde se preparou para o vestibular e ingressou no curso de medicina, lá teve que se moldar aos trejeitos de uma cidade grande. Em 1956 concluiu medicina e partiu para o Rio de Janeiro, onde fez residência em clínica médica e de quebra foi apresentado a boêmia carioca.
E uma data especial marca a sua trajetória: final de 1959. Foi quando ele mudou-se para Caruaru, 'cidade bonita, cantante, muitos violeiros e cantadores...' um prato cheio para alimentar seu cerne artístico. Sua primeira morada no Agreste de Pernambuco foi no Hotel Central. Seu primeiro emprego: no Hospital São Sebastião, onde Dr. Janduhy começou a trabalhar de graça, depois foi contratado e dedicou 32 anos de sua vida aos pacientes deste hospital.
A Caruaru Janduhy só tem o que agradecer, na cidade conheceu aqueles que se tornariam seus parceiros, seus compadres no meio cultural. Luiz Gonzaga, Jacinto Silva e Plínio Pacheco são apenas uns da farta lista de amigos.
Com vocês, o Doutor Baião
Com vocês, o Doutor Baião
O médico Jandhuy Finizola é um compositor da era clássica do forró, fornecedor de sucessos para os maiores intérpretes do gênero. Ana Maria é um xote que seu autor, Jandhuy Finizola, fez no começo dos anos 70, ele nem lembra a data exata. Deu a música para Os Três do Nordeste, que a gravou em 1973, sem sucesso. Em 2006, a música foi relançada por Santanna e se tornou o maior sucesso da carreira do cantor cearense, radicado no Recife. A maioria das pessoas acha que Ana Maria é uma música recente, e a quase totalidade desconhece o nome do autor. O médico Jandhuy Finizola, de Jardim do Seridó (RN), radicado em Caruaru desde 1960, é um dos raros compositores vivos da era, digamos, clássica do forró. Foi fornecedor de sucessos para Luiz Gonzaga, Marinês, Jacinto Silva, nos anos 60, e, nos 70, para Jorge de Altinho. "A oposição diz que tenho 80 anos, mas não é verdade. Não sinto esta idade, que completei em abril", brinca Finizola (o sobrenome vem do avô italiano), que continua clinicando. Ele veio para Caruaru depois de concluir a residência médica no Rio de Janeiro. Foi na Capital do Forró que começou as duas profissões, a de médico e a de compositor, mas primeiro veio o poeta, ainda adolescente (publicou três livros de poemas). Seu sonho era ter uma música gravada por Luiz Gonzaga, que Jandhuy considera o seu Roberto Carlos: "Mas cadê que eu conseguia chegar perto dele? Eu estava com uma música pronta que era a cara dele. Uma noite em que eu ia ter a oportunidade de falar com Gonzaga, foi o meu plantão no hospital. De madrugada, fui acordado por um servente, avisando que Luiz Gonzaga estava ali, pensei que fosse uma brincadeira. Mas ele insistiu tanto que me levantei e fui ver se era verdade. Era Gonzaga, que foi logo perguntando, se eu era o doutor do baião", conta Finizola. Foi o começo de uma parceria e de uma amizade. Uma amizade que levou Gonzagão a encomendar o que seria a obra mais importante de Jandhuy Finizola: "Fui com ele para Serrita, para a Missa do Vaqueiro. No sábado que antecede a missa, Gonzaga sempre fazia um show para os boiadeiros. Eu estava ali, em cima da carroceria do caminhão com ele. Gonzaga era de rompante. Ele olhou para mim e perguntou porque eu não fazia uma canção para a Missa do Vaqueiro. Eu, na hora, estava ligado naquela emoção e disse que ia fazer uma missa inteira", lembra o compositor. Luiz Gonzaga passou a cantar a missa de Finizola, que recebeu uma gravação definitiva do Quinteto Violado, em 1976 (o grupo a regravaria, com participação de D. Hélder, em 1991). Missa do vaqueiro à parte, Jandhuy Finizola assina pelo menos dez clássicos do forró, Cavalo crioulo, (sua preferida gravada por Luiz Gonzaga) Frei Damião,Nova Jerusalém, Vivência, Vida viola, Na corda do feijão. Foi gravado por dezenas de intérpretes, nem todos nordestinos. O fluminense Ruy Maurity, por exemplo, fez sucesso em 1978 com Bananeira mangará (lançado por Marinês). Jandhuy Finizola, no entanto, não esconde a preferência pelos seus antigos intérpretes: "Bom era quando você fazia uma música e sabia com que cara ela se parecia. Tinha uma que era Marinês, outra que era Gonzaga, outra, Jacinto, uma, Jorge de Altinho", comenta o compositor, que de vez em quando desova sua produção engavetada, convidando intérpretes para cantá-las, bancando o disco. O próximo está na agulha para ser lançado.
Finizola não se acanhava de correr atrás
Quando conheceu Jandhuy Finizola e o chamou de Doutor do Baião, Gonzaga provavelmente pensava em Zé Dantas (falecido em 1962), que era chamado assim nos anos 50. O Rei do Baião não era fácil de fazer amizade, mas com os dois compositores de Caruaru, Jandhuy Finizola e Onildo Almeida, ele se tornou amigo de suportar certos comportamentos que não admitia em outras pessoas: "Eu sempre fumava conversando com ele, que não gostava disso. Uma vez me perguntaram se eu não sabia disso. Não sabia porque ele nunca reclamou. Gonzaga tinha uns rompantes. Uma vez teve um show na frente da minha casa. Ele ficou olhando um rapaz cantando e me perguntou como eu permitia que aquele mau caráter tocasse na frente da minha casa. De outra vez, num show, ele observava mais um cantor. Pensei que fosse falar mal. Pelo contrário, fez os maiores elogios. Das minhas músicas gostava mais, como eu gosto, de Cavalo crioulo. Sempre que a gente se encontrava, antes de falar, ele já vinha cantando a música", conta Finizola. Mas Luiz Gonzaga não foi a única pessoa que Finizola encontrou dificuldade para conhecer. O outro foi Plínio Pacheco, de A paixão de Cristo, de Nova Jerusalém: "Eu ia muito lá querendo falar com Plínio, mas sempre me diziam que ele estava muito ocupado. Eu pagava para entrar na Paixão de Cristo e nem era mais pela peça, era para mostrar a Plínio uma música que eu tinha feito há algum tempo, Nova Jerusalém. Um dia, desisti e fui embora. De repente, ouvi alguém me chamando. Era ele. Mostrei a música. Ele não gostou, sugeriu que eu fizesse outra. Fiz, ele gostou, muito. E foi sucesso com Marinês". (JT)
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