terça-feira, 31 de dezembro de 2013



PORTEIRA Oficial de ELOMAR

O Sr. Ernesto Santos Mello, filho de tradicional família de fazendeiros da Zona da Mata do Itambé e da região do Mata - de - Cipó de Vitória da Conquista, casou-se com D. Eurides Gusmão Figueira Mello, de ascendência hebraica (cristão novo da linhagem Figueira e Azeitum). Por dificuldades econômicas ou mesmo por costume da época, quiçá, habitaram nos primeiros tempos a velha casa da Fazenda Boa Vista, propriedade de seus avós Virgílio Figueira e D. Maricota Gusmão Figueira. Ali, naquela velha casa, onde pousaram levas e levas de retirantes flagelados das grandes secas cíclicas do sertão nordestino, aos 21 de dezembro de 1937, nasceu Elomar Figueira Mello, primogênito do jovem casal .

Aos três anos de idade, em face da fragilidade da saúde do menino, seus pais alugaram, na cidade de Vitória da Conquista, uma pequena casa numa rua chamada Nova. Enquanto seu pai se ausentava por longos períodos na lida de tanger boiadas, D. Eurides, ao som da velha máquina de costura, ganhava o pão, ao tempo em que embalava o frágil menino. Aos sete anos de idade, seus pais deixaram definitivamente a vida urbana, transferindo-se para o campo, onde Elomar com seus irmãos Dima e Neide, perpassou toda infância pelo São Joaquim, Brejo, Coatis de Tio Vivaldo e Palmeira de Tio Kelé. No São Joaquim, berço da 2" infância, cursou parte do primário escolar, completando este e o ginasial na cidade no ano de 1953.

No ano seguinte, a contragosto seu, deixa o curral, o roçado e os folguedos da vida pastoril, para ir cursar o científico no Palácio do Conde dos Arcos em Salvador. Em 1956, interrompe o curso e volta à terra natal para servir ao exército, passando a morar com sua avó paterna na mesma fazenda, vizinho bem próximo da velha casa onde nasceu. A partir dos dezoito anos, a casa de mãe Neném, sua avó, será sua morada toda vez que voltar de férias da capital, embora visite constantemente sua avó Maricota na cidade e seus pais no São Joaquim. Esta preferência de habitação deve-se ao fato único de mãe Neném, em sendo católica apostólica, ter sido mais tolerante com o tipo de vida do moço poeta, de perfil boêmio. Em 1957, novamente em Salvador, conclui o científico. Em 1958, perde o .vestibular de geologia, face o já grande enredamento com a música nos meios intelectuais dali. Em 1959, faz o vestibular para arquitetura. Conclui o curso em 1964, após o que, incontinenti, regressa de modo decidido e definitivo ao Sertão para, tendo a arquitetura como suporte econômico mínimo, escrever sua obra.

A música e a poesia essencial, com a força de seus encantamentos, despertaram o compositor numa idade muito tenra, e o poeta, um pouco mais tarde. Aos sete anos, no São Joaquim, os primeiros contatos inevitáveis com a música profana de menestréis errantes, como Zé Krau, Zé Guelê e Zé Serradô, tem maior importância, destacando-se o primeiro pela forma esdrúxula de suas parcelas ou pelas narrativas épicas amargas que já despertavam profundos sentimentos na alma do embrionário compositor.

É bom assinalar que até então só tinha ouvido a música eclesiástica do hinário cristão, do culto batista evangélico, fé única de sua família da parte de sua mãe.

Assim que ouviu os primeiros acordes de viola, violão e sanfona e as primeiras estrofes das tiranas dos côcos e parcelas dos três Zés, têm início as primeiras fugidas de casa, pelas bocas-de-noite, não só para ouvir como também, por excelência, para aprender os primeiros tons no braço do violão, o qual será, a partir dali, seu instrumento definitivo. Note-se bem que estas proezas davam-se às voltas e muito às escondidas, pois que não só para seus pais e parentes, como também para toda sociedade de então, labutar com música era coisa para vagabundo. Tocador de violão, viola ou sanfona, era sinônimo de irresponsável. As primeiras composições datam dos onze anos. Já a partir dos sete , oito anos quando vinha à cidade, toda noite ia à casa do Tio Flávio ouvir no rádio uma música estranha executada com instrumentos estranhos diferentes do violão , viola , sanfona etc... Música esta que mal começava logo, terminava. Anos mais tarde ao chegar a capital descobre que aquela música era a protofonia de “O Guarani” e quando mortificado também descobre escrita musical, a partìtura e o que mais lhe causou espanto: a existência de milhares de músicas, escritas por milhares de compositores que viveram a partir de centenas de anos passados.

Aos 17 anos, já lê bem e mal escreve. Começa, então, nesta idade propriamente as composições literárias e musicais numa seqüência interminável, mas sem ainda ter uma linha definida. Destas Calendas são: Calundu e Kacorê, Prelúdio nº Sexto, Samba do Jurema, logo após, Mulher Imaginária, Canção da Catingueira e abertura de O Retirante. Em 1959-1960, começam a lhe chegar idéias de trabalhos maiores em envergadura e vai compondo aleatoriamente o ciclo das canções. Contudo, sempre preso à mesma temática, as vicissitudes do homem, seus sofrimentos, suas alegrias na terrível travessia que é a sua vida e, sobretudo, seu relacionamento com o Criador. Isto, é claro, a partir do seu elemento circunstancial, o Sertão, sua pátria. Verdadeiramente, onde vive.

Em 1966, já arquiteto e morando no sertão, casa-se com Adalmária, doutora em Direito, e filha da capital, contudo de orígem "sertaneza", da qual nascem Rosa Duprado, João Ernesto e João Omar. Enquanto muito trabalha à arquitetura menos vai compondo, sonhando com certa estabilidade econômica (que nunca chegou) para dedicar-se integralmente à música. João Omar, Maestro e Compositor, acompanha o pai desde os nove anos de idade.

Em 1969, sela o caderno da sua primeira ópera, o "Auto do Catingueira", mais tarde, parcialmente partiturada, face o caráter popular da obra. Durante a década de 70, projetou muito da arquitetura e um pouco mais na música. No começo dos anos 80 inicia a carreira de peregrino menestrel, de viola na mão, errante, de palco em palco pelos teatros do país, conquistando uma pequena platéia composta de poetas, músicos, compositores e de intelectuais de linhagem pura, sem modernosas e, por fim, de simples pessoas do povo, atraídas mais pela linguagem dialetal, a temática sertânica e as melodias fora de moda e (segundo Dr. Raimundo Cunha) indançáveis.

A partir daí, quando já abandonando a profissão liberal e em firmando-se mais fundamente na composição, compõe a Fantasia leiga para um Rio Seco, confiando a escrita orquestral a seu amigo e patrício de sertão Maestro Lindembergue Cardoso, por ainda ser ananota em escrita para orquestra. Em 1983, por ocasião da gravação do Auto da Caatingueira, na Casa dos Carneiros, fazenda onde mora desde 1980, faz sua primeira incursão no universo orquestral, quando partitura a abertura do Auto da Caatingueira para violão, flauta e violoncelo.

A partir de 1984, ainda na fase das canções, começa a esboçar a seqüência das óperas e das antífonas. É quando escreve as antífonas: I - Loas para o justo - para barítono e quarteto misto; II - Balada do Filho Pródigo - para tenor, coro e orquestra; a IV - Meditações a partir de Romanos VII - para coro e orquestra. Em 1993, a XI - Alfa - para violão e 

orquestra, ou seja, um concerto para violão e orquestra.
As antífonas de números VI, VII, VIII, IX, X, XI Beta e XI Delta estão praticamente compostas, faltando apenas irem para a partitura. Por outro lado e paralelamente às antífonas, a partir de 84, começa também mais propositadamente a fase das óperas, porquanto já estão em partitura. A Carta, ópera em quatro cenas, O Prólogo de O Retirante, ópera em dois atos. As outras óperas, Faviela, O Peão Mansador, A Casa das Bonecas, Os Poetas são Loucos, mas Conversam com Deus, De Nossas Vidas Vaporosas "ensaios", Os Lanceiros Negros e os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos, já estão quase todas compostas, faltando tão somente serem partituradas.

Ainda em paralelo vem a série dos Galopes Estradeiros, que trata de sinfonias compactas. Desta já se encontra em partitura o primeiro Galope Estradeiro. O segundo, o terceiro e o quarto já estão mais do que esboçados.

Quando deixou a fazenda, a vida na capital lhe foi muito severa. Tanto nos tempos de estudante interno como durante os anos de faculdade, onde nas casas-de-pensão que habitara mal conseguia lugar nos porões, junto a ratos e aranhas. O normal era ir dormir com fome. O pouquinho dinheiro que sua mãe lhe mandava gastava com aulas, cordas de violão, e compras de partituras e livros, o que era escasso e muito caro naquela época.

Numa certa feita, pelos idos dos anos de 1960, durante um rigoroso inverno, quase morre entrevado e à míngua num frio porão de uma casa-de-pensão na Avenida Sete, onde foi valido, abaixo de Deus, por uma estudante de enfermagem, mineira, que lhe dava o alimento de colher na boca, por impossibilidade de movimentar pernas, braços e pescoço gravemente atacados por inesperado reumatismo poli-articular agudo. Lurdinha era seu nome.

Nestas circunstâncias foi forjado o cantor dos "Retirantes", o poeta de "Os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos".

O ano que passou em sua terra natal, a serviço da pátria, foi de grande importância em sua formação musical, pois que na convivência de primos, de amigos, poetas e cantores, livre de maiores responsabilidades com os estudos, conheceu de perto a música nacional urbana, a seresta, o samba e o tango argentino. São seus contemporâneos deste gosto: Camilo de Jesus Lima, Euríclides Formiga, Chagas, o seu tão querido tio Valter, brilhante cantor, junto a mais de meia centena de primos e amigos mais ou menos da mesma idade, os quais durante o dia estudavam ou lidavam nas fazendas circunvizinhas. Nas noites, era o declamar Cecéu, recitar Kayan, Lamartine, Rabelo da Silva, Camões e violões e serestas nestas marés, muitas e tantas vezes tentava mostrar suas composições... - "Para, para, para" gritavam. É que sua música nova doía nos ouvidos d'antanho.

Durante o dia, passava roupa a ferro com os seus primos Mouvê e Lupen e o Seu irmão Dima, com o fim de ajudar sua vó "mãe" Neném fazer a feira. Era de extrema simplicidade a casa da vó, que, sempre rastreada pela pobreza, vivia unicamente de aluguéis do pequeno mangueiro onde morava. Durante a semana, e mais nas sextas e sábados, ali na Boa Vista, pousavam tropeìros e viajantes que vinham para as feiras ou passavam pela cidade. Não havia luz elétrica, nem água encanada. Elomar compunha à luz de fifó.

Estas lembranças, estas marcas vivas de todo um passado amargo e alegre, vão permear sua obra por todo o percurso; desde as parcelas e tiranas dos primeiros tempos até as óperas e galopes dos últimos dias.

Atualmente, Figueira Mello já um pouco mais adiantado na estrada, aos seus 76 anos de idade, continua compondo intensamente, varando os dias e as noites sem descanso. No seu labutar, confessa que tem de escrever sem perda de tempo, pois que a obra é imensa e o tempo já declina pela tarde. Já deixou a Casa dos Carneiros, na Gameleira, onde demorou por um bom tempo de sua vida e donde saiu o grosso do ciclo das canções. Ali de volta, pretende concluir sua obra bem longe, bem distante dos mundos urbanos, pois que não só sua obra, como também sua própria pessoa, não é outra coisa senão antagônicos dissidentes irrecuperáveis de sua contemporaneidade tendo em vista sua formação estritamente clássica e regionalista. Daqui leu todos os poetas, escritores e profetas hebreus; leu os mélicos e os clássicos gregos; os latinos, incluindo Esopo e o Fedro; os italianos, franceses, ingleses, espanhóis, russos e, por último, os alemães, tendo, é claro, antes disto perpassado pelos essenciais patrícios.

A partir dos dezessete, já enveredava-se pelas novelas de cavalaria em leituras longas e sonhadoras. Bate-se frontalmente com a chamada arte contemporânea. Horror à dita cultura ( que segundo ele é um DX, salvo o bom cinema) estatudinese da América do Norte, o que lhe traz à lembrança palavras de antigas profecias "sertanezas", que sentenciaram: "que haverá de chegar um tempo de baixar os muros e levantar os munturos - vivemos o tempo do culto às nulidades. São os minimalismos que estão chegando....", clama o compositor.

Assim, para Figueira Mello o que importa é concluir suas óperas, antífonas e galopes, pôr tudo em partituras a nanquim e enfardados em campa antiga, guardar o monobloco passageiro do tempo até a estação futura, bem-vinda quadra remota, onde o aguarda uma geração que, por justiça, haverá por certo de ouvir e amar sua música tão fora de moda nestes dias. Ó Tempora! Ó Mores!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013





SERRA TALHADA VAI SERVIR DE CENÁRIO PARA FILME SOBRE LAMPIÃO

A saga de Virgolino Ferreira (Lampião) vai ser recontada nas telas dos cinemas, desta vez numa superprodução que promete revolucionar o cinema nacional. Assim como as grandes produções americanas, como “Senhor dos Anéis”, por exemplo, a saga do mais famoso serra-talhadense vai ser contada numa trilogia que, pretendem os produtores, seja lançada ainda no final de 2014 com continuações em 2015 e 2016.
 Estão  na Capital do Xaxado o ator Paulo Goulart Filho, que vai interpretar o Rei do Cangaço e o roteirista e diretor Bruno Azevedo, eles vieram para estreitar a participação do Governo Municipal na superprodução e também para analisar locações onde acontecerão as filmagens, e deverão permanecer na cidade até a próxima sexta-feira (20).

Um elenco de primeira grandeza está escalado para participar da trilogia, conforme informou o diretor Bruno Azevedo. Já estão confirmadas as presenças de Paulo Goulart Filho, que vai interpretar Lampião, Paulo Goulart (pai), Dudu Nobre, Carol Castro, Xambinho do Acordeon, Roberto Bonfim, Júlio Braga, Paola Rodrigues, Nelson Freitas, Anselmo Vasconcelos, Rosy Campos e outros que ainda estão em negociação de agendas, entre eles, Rodrigo Santoro, para interpretar o papel de Corisco e a internacional Alice Braga no papel de Maria Bonita, além de que, serão aproveitados atores e figurantes locais.

saga do mais polêmico personagem nordestino será dividida em três longas metragens: “Lampião – O Filme”, “Corisco – O fim do Cangaço” e “De Virgolino a Lampião” e terão locações em Pernambuco e na Bahia, os locais escolhidos são: Serra Talhada (PE), Jacobina (BA), Vale do Catimbau (PE), Jeremoabo (BA) e Paulo Afonso (BA).

 “Sabemos que este é um grande desafio, mas a gente vive de desafios”, disse o ator Paulo Goulart Filho, sobre o tamanho do projeto. Segundo ele, o primeiro roteiro lhe foi entregue a cerca de três anos atrás pela roteirista Nina Ximenes, “depois que li o roteiro elegi esta produção como prioridade, aí então mostrei ao Bruno que mesmo tendo outros projetos, comprou a ideia e caímos em campo”, explica Goulart.

“De lá para cá algumas alterações já foram feitas no roteiro original”, lembra Bruno Azevedo que além de dirigir assina o roteiro junto com Nina Ximenes. “De início era um filme de ficção, resolvemos mudar e fazer dele um resgate da verdadeira história deste personagem que encanta o mundo: Lampião”, declarou ele.

No momento toda equipe trabalha na captação de recursos para produção que deve girar em torno de R$ 30 milhões, como também da identificação de locais para as gravações. De acordo com Azevedo, até o final fevereiro, ou no máximo início de junho do próximo ano dará início às gravações.

“Queremos com este filme colocar Serra Talhada no circuito, ou seja, atrair em definitivo, turistas para conhecer a terra do rei do cangaço”, declarou Bruno Azevedo.

O prefeito Luciano Duque e o secretário de Cultura do Município, Anildomá Willans se reuniram com os produtores da trilogia e garantiram a participação de Serra Talhada na produção, “estamos trabalhando neste sentido e até o final do meu governo vou perseguir a meta de através do turismo promover a melhoria da renda dos serra-talhadenses. Acredito que este projeto de vocês chegou em boa hora e soma-se a tudo que já temos em mente”, disse Duque.

Nesta terça feira, dia 17, os produtores do filme estiveram no Recife onde se reunirão com Josias Albuquerque, presidente do Fecomércio, dando encaminhamento aos apoios. Encontro idêntico já tiveram com o Governador da Bahia, Jaques Wagner. A Prefeitura de Serra Talhada garantiu participação na produção da trilogia. 

domingo, 29 de dezembro de 2013


                         PEDRO OSMAR


Cantor.Compositor.Músico. Instrumentista. Cantor. Poeta. Artista Plástico.Pedro Osmar Gomes Coutinho,nasceu em Joao Pessoa ,capital do estado da Paraiba,no dia 29 de junho de 1954
Desde a infância, o contato com o folclore nordestino e brasileiro como um todo e as influências da cultura de sua região natal, especialmente as personagens da poética popular, foram fundamenais para sua definição pela carreira musical.Sua família era envolvida com música, de forma amadora. Seu tio, João Baliza, tocava bandolim e saía em noitadas musicais com seu pai.
Ambos eram operários da construção civil. Ainda menino, frequentava os saraus que as famílias da Rua da Paz, de seu bairro, (Jaguaribe)diariamente organizavam.Na adolescência, pelos anos 1960, além da música local, também gostava de ouvir os Beatles; aos poucos, foi contatando a música de experimentação, ouvindo as composições do maestro Pedro Santos, (músico paraense radicado na Paraíba) ao participar do coral Madrigal em João Pessoa. Passou, então, a se interessar pelo estudo e prática das concepções de música contemporânea.Por volta de 1973, foi estudar música,inicialmente na COEX-UFPB. Logo descobriu não ser sua vocação o rigor acadêmico na interpretação de obras consagradas. Decidiu, então, adotar a experimentação e a vivência livre com a música.Nos anos 1960, ingressou no movimento da poesia marginal, participando do Grupo Sanhauá, tornando-se ativa personagem da chamada "geração mimeógrafo". Por essa, época, suas atividades poéticas escolares logo se expandiram para recitais em ruas e associações. Desde então, participa de manifestações artísticas paraibanasEm 2004 se mudou para São Paulo (Santo André), para estabelecer contato com os músicos de la.
                           Vital Farias,Elba Ramalho e Catia de Franca

Em 1970, participou do 4o. Festival Paraibano de Música Brasileira. Nessa ocasião, conheceu Cátia de França, Carlos Aranha, Vital Farias,Jadiel de Assis, Zéwagner, Ivan Santos, entre outros. A partir daí, iniciou a carreira profissional. Em 1974, criou, com seu irmão Paulo Ró, o grupo de resistência cultural paraibano, o Jaguaribe Carne de Estudos, com a finalidade de vivenciar a "Música livre", aprofundar pesquisas musicais, produzir situações de arte-educação, dialogar com outros artistas e outras expressões artísticas e incentivar manifestações culturais,com alcance popular, na cidade de João Pessoa, tendo como um dos pontos fundamentais a preocupação com a politização e a conscientização. Dessa forma, o grupo trabalhou em conjunto com ONGs, partidos de esquerda, pastorais da igreja e grupos anarcopunks, surgindo desse trabalho projetos como a Coletiva de Música da Paraíba (1976), o Musiclube (1981), o projeto Fala Bairros (1982) e o Movimento dos Escritores Independentes (1984). O núcleo do grupo Jaguaribe Carne de Estudos sempre foi Pedro Osmar e Paulo Ró. A esse núcleo uniram-se diversos músicos, por períodos variados. A atuação desses outros músicos sempre se deu em função de suas disponibilidades momentâneas. Passaram pelo grupo: Chico César, Escurinho, Jorge Negão, Jório Silva, Mazinho Baterista, a família Medeiros, Marcelo Macedo, Totonho, Sérgio Túlio, Dida Fialho, Adeildo Vieira, Milton Dornellas, entre outros. Grande parte dos artistas paraibanos conhecidos, como (Chico César, Totonho, Milton Dornellas,Adeildo Vieira, Jaguaribe Carne, Sérgio Túlio, Dida Fialho, etc.) iniciaram seus trabalhos dentro desses movimentos.
Os discos gravados pelo grupo se inserem nesse contexto de produção. Em 1992, lançaram a fita cassete "As estrelas cantam Pedro Osmar". Em 1993, o grupo gravou o LP "Jaguaribe- Carne Instrumental", que teve várias capas diferentes, feitas artesanalmente por diversos artistas nordestinos. Nesse período, fizeram uma série de apresentações pelo nordeste. Pedro Osmar se refere a esse período como " fase de uma música para dois violões. Em 1995, gravaram o CD "Signagem", com experimentação vocal; em 1997, o CD "Viola Caipira", com experimentações violeiras; o CD "Novóide",com percussão para instrumentos não convencionais, foi gravado no carnaval de 1998. Depois veio o CD "O piano confeitado", com experimentações ao piano, "Jardim dos Animais" e "Dez cenas de reviola" (revisão do disco "Viola caipira". Em 2001, participou na elaboração do projeto "Cantata Popular", série de 3 CDs, de produção coletiva independente, que registrou o atual universo da música popular na Paraíba. A série tem colaboração de Pedro Osmar no projeto gráfico dos três volumes e na seleção dos artistas. Como compositor e cantor, participa do 1º volume da série, com a música "Aos que se foram", além de ter composições cantadas por outros intérpretes.


O CD "Vem no vento", de 2004, é uma síntese de todo trabalho realizado até o momento pelo Jaguaribe- Carne de Estudos e conta com participações de Xangai, Elomar, Zeca Baleiro, Chico César, Escurinho, Thomas Rhorer, Célio Barros, entre outros.
Articulando vários campos artísticos, Pedro Osmar tem diversos textos publicados, como alguns folhetos e apostilas de circulação estadual, entre eles, "Quem é palhaço aqui?", montado pelo ator Edilson Dias, em 1978. Depois,"Rock da pior qualidade" e "Em sentido contrário às máquinas", esse último montado pelo Grupo Prefácio, em 1992, ainda, "Argh!" e "Fogo Prestes", montado pelo Grupo de Teatro dos seis, em 1998; "Cartas de amor de Isidora para João Pantanha". (alguns deles foram publicados na Revista Víbora de Brasília e A Franga de Natal). Também escreveu livros como:"Rinocerontes na Sala", "Cantigas de Junho" e "Textos do equívoco e outras taras". 
Participa do intercâmbio que envolve os poetas do movimento processo e arte correio: Paulo Brusck & Daniel Santiago (Recife), Jota Medeiros e Falves Silva (Natal) e Unhandeijara Lisboa (João Pessoa) com quem viaja pelo mundo em exposições coletivas e publicações internacionais. Acredita na literatura como suporte para o experimento de outras linguagens, como a música e as artes visuais.
 Participou de vários salões de arte em João Pessoa, Recife e Natal. Sendo figura constante em assuntos relacionados à cultura na Paraíba e responsável por importantes movimentos culturais em João Pessoa, foi convidado, em 200l, a conceder entrevista no estúdio de telejornalismo na UFPB, na qual, deixou registrado naquela Universidade, sua trajetória, e sua visão sobre as artes, em especial a música popular. Apontado por muitos como guerrilheiro cultural, sua produção como poeta e compositor busca a experimentação e a plena liberdade da expressão artística. Mas, nem sempre suas composições partem de uma experiência aleatória. É o caso de diversas composições suas, como as gravadas: Zé Ramalho, Chico César, Jarbas Mariz, Elba Ramalho, Amelinha, Lenine,Cátia de França, Milton Dornellas, Xangai, o grupo Cabrueira, Vital Farias, Zé Ramalho, entre outros.É também integrante da ONG e do Projeto Malagueta, que trabalha com o objetivo de divulgar o acervo histórico, turístico e culturale musical da Paraíba, tendo parceria com órgãos como o SESC da Paraíba, o Governo do Estado, e a Secretaria de Educação e Cultura, entre outros. Em 2006, participou do disco "Do Cariri pro Japão", lançado por Jarbas Mariz, na faixa Instrumental "Bate Coxa", que é toda feita de percussão corporal, batida nas coxas, literalmente, e é uma homenagem ao Grupo Barbatuques. Em 2008, lançou com o paulista Loop B, (Lourenço Prado Brasil), músico experimental que produz música eletrônica brasileira, usando sucata como percussão, o CD "Farinha digital", pela gravadora Tratore. O projeto foi patrocinado pela Petrobrás, tendo parte da tiragem enviada gratuitamente para instituições culturais, universidades e bibliotecas. O trabalho traz composições que registram o encontro e a parceria da improvisada dupla, como "Suíte negona", "Que carro de boi é esse?", "Nordeste indiano", "Pirão de viola", e "Uma espada ou tosse".

sábado, 28 de dezembro de 2013

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013





                 MESTRE NETINHO


Nascido  na pequenina cidade do Cedro,municipio situado no centro sul Cearense,microrregiao de Iguatu ,em 25 de novembro de 1939, Francisco Vitor Lima, Sr. Netinho como é conhecido, aprendeu com o avó e o pai a arte de ferreiro.Confeccionando chocalhos,ferramentas e implementos para o trabalho no campo. Há 51 anos Sr. Netinho produz peças, que ajudam a manter viva a atividade de ferreiro e a tradicao dos sertanejos,no uso das pecas que ele confecciona sobre o calor escaldante do sertao do Ceara . Ao longo dos anos vem repassando  para seus filhos e netos o oficio que aprendeu com o pai.Mestre Netinho vive rodeado de filhos e netos na vida tranquila da Vila de Lajedo,zona rural da cidade do Cedro.



Irmã do cangaceiro Jararaca vive em Sertânia, Pernambuco 


Irmã do célebre cangaceiro Jararaca , do bando de Lampião, Quitéria Sá, ou Quitéria Zuza como é mais conhecida no Povoado Moderna, município de Sertânia, Sertão do Moxotó completou cem anos de idade no dia 27 de Outubro. Na celebração do seu centenário de existência houve uma grande festa no Povoado, com música, poesia , entrevistas, conversas, além de muita comida e bebida, é claro.

Antônio Amaral , Cantor e compositor sertaniense, acompanhado da Banda Acordes fez um show de Música e poesia, com participação especial do Poeta Josessandro Andrade. Antônio trouxe músicas como “Cangaceiro”, vencedora do Festival de Música de Afogados da Ingazeira, No final dos anos 1980, na voz de Chico Arruda , acompanhado do Sexteto Tamba, cujo versos musicais certamente lembrarão à aniversariante o seu irmão famoso: 

“ Não tenho a conta dos perigos que passei/Não faço média das vezes que já morri/ um cangaceiro mouro e bárbaro sem lei/ nos altiplanos condoreiros do Sertão/ A cor do sangue é a cor do guerrilheiro/ corpo ligeiro, olhar de corvo fatal/ Bandoleiro de batalhas nas volantes/ aço malhado ,estilhaços de um tiro/ se refez retiro no silêncio da prisão/ (...) Corisco doido, Jararaca Aluvião..”. 

Dona Quitéria Santana é filha de Manuel Leite de Santana, (Mané Zuza) e Maria Luiza de Santana, pais adotivos de Jararaca, que o criaram , Já que o mesmo era filho de um irmão de Mané Zuza. Lúcida, forte, Dona Quite´ria é descrita pelos familares, amigos e conhecidos no povoado pertencente ao Município de Sertânia como uma pessoa espirituosa, bem-humorada.

“Ela Ainda dança e bebe. Aliás sempre bebeu, mas tem uma saúde de ferro”, atesta o Agrônomo Cicero Paulo Sampaio, sobrinho-neto de Quitéria Zuza. “As farras que participei nas festas com ela eram atrativas não pela bebida, mas pela inteligência e sabedoria de Tia Quitéria ”, garante Sampaio.
Há outra irmã do cangaceiro Jararaca, Germana Sá, com cerca de 80 anos. Ela e Quitéria Zuza são as que ainda restam vivas. Haviam ainda José de Sá , Tatái, falecido em 1997 e Félix Sá, que se foi há alguns anos, ambos na casa dos 90 anos, sendo que o último faleceu em um acidente de moto. Todos eles iam anualmente no dia de finados, 02 de novembro, em caravana com outros parentes visitar o túmulo do Irmão em Mosoró-RN. Os irmãos daquele que foi um dos cabras mais valentes do bando de Lampião mantém este costume até hoje.

Além da família, a localidade faz questão de manter o vínculo com o histórico filho do lugar. No Parque aquático Oásis Nordestino, entre suas piscinas há uma estátua do famoso cangaceiro, que jorra água, espécie de bica criativa e o lugar já é ponto turístico da região.

De acordo com O Professor João Lúcio, Secretário de Cultura e Juventude do Município de Sertânia, Jararaca é filho natural da Moderna, povoado pertencente ao município sertaniense, mas foi registrado em Buíque, pelo fato de ser mais próximo o cartório daquela localidade. Mas a vida de Jararaca foi em solo sertaniense, a sua casa ainda está lá, conservada. “Temos todo interesse que o Município de Sertânia estreite esta relação com a Memória de Moderna e a trajetória de Jararaca. Todo isto é História”, afirma João.

Segundo ele está sendo mantido entendimento com o agrônomo Cicero Paulo Sampaio, que é Secretário de Agricultura do município para estudar a possibilidade de instalação de um ponto de memória, na Casa de Jararaca, um espécie de Museu do cangaceiro e suas origens, que se confundem com as raízes de Moderna. Cícero Paulo é proprietário do espólio de Jararaca, casa e terra. Cicero Paulo, que é um entusiasta do turismo rural, acrescenta que já estiveram no local, pesquisadores do Rio Grande do Norte, que fotografaram a casa, filmaram o local e entrevistaram dona Quitéria Sá e outros parentes.
                                                          Cangaceiro Jararaca

Créditos para Danilo David Carvalho

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013


          
         Cavalo Marinho Boi Matuto


O Cavalo Marinho Boi Matuto traz a tradição da família Salustiano, esta na programação de Natal da Casa da Cultura,no centro do Recife. Fundado por Mestre Salu em 1968, o Cavalo Marinho Boi Matuto é um dos mais tradicionais do estado de pernambuco.Cavalo-Marinho, Uma Dança Dramática Brasileira:
Cavalo-marinho, uma tradição folclórica do ciclo de Natal, é a versão pernambucana do Bumba-meu-Boi. Encontrado em toda parte do Brasil,
o Bumba-meu-boi é uma dança dramática que tem como elemento principal a morte e ressurreição do boi mágico.Uma apresentação de cavalo-marinho abrange música vocal, dança, cenas dramáticas, ação, poesia improvisada, música instrumental, máscaras e fantasias. No interior, na zona da mata o norte do estado de pernambuco, apresenta-se durante a safra da cana-de-açúcarO enredo do Cavalo-marinho concentra-se em torno do Capitão, um proprietário rural que tinha deixado suas terras sob o controle de Mateus e Sebastião, dois vaqueiros.
O Capitão deseja celebrar a volta dele às suas terras, mas, os vaqueiros não deixam. O Capitão manda um Soldado tirar à força, e ele consegue, após muita confusão cômica e pancadas altas, mas, sem dor, das bexigas de boi que o Mateus e o Sebastião usam como armas e instrumentos musicais. Agora é a vez do Mestre Ambrósio, que imita todas as personagens da festa, que continua com uma longa seqüência de danças pelo Capitão e seus Galantes, uma guarda de honra. Entre elas, são danças em homenagem aos Reis Magos, que compartilha temas musicais com as devoções de Reis no Portugal, e uma para São Gonçalo de Amarante.Entram, em seguida, dezenas de personagens, cada uma das quais faz parte do mundo do engenho-de-açúcar.
Entre elas, há personagens realísticas, como o Valentão, o Cangaceiro e o Vaqueiro- que fala na poesia do Sertão, e imaginárias- como o Caboclo de Urubá. A apresentação termina com a entrada, dança, morte e ressurreição do Boi.
O acompanhamento musical fica por conta do banco, um grupo de músicos que tocam Rabeca, Pandeiro, Bage( Reco-reco) e Mineiro( Ganzá). Os Percussionistas e, às vezes, o Rabequeiro também cantam.
Entre seqüências, se ouve toadas do vasto repertório, versos improvisados e música instrumental para dança.Durante os anos 90, o interesse no Cavalo-marinho por parte do público da região metropolitana do Recife tem crescido muito, como parte de um ressurgimento de interesse na cultura popular em geral. Jovens visitam o interior para assistir a apresentações e para entrar no Mergulhão – a dança de abertura do Cavalo-marinho.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013




                                        Festejos Natalinos

Tradicional reduto da cultura popular pernambucana, a Casa da Rabeca, na Cidade Tabajara (Olinda), mantém vivas as nossas manifestações mais genuínas. E, para fechar as atividades deste ano e saudar 2014, o espaço promoverá duas festas que honram os costumes locais: a edição 2013 do Encontro Nacional de Cavalo Marinho, nesta quarta (25/12) e a comemoração do Dia de Reis, no próximo dia 6 de janeiro de 2014.

Com incentivo do Governo do Estado, por meio do Funcultura, a Casa da Rabeca promove o 19º Encontro Nacional de Cavalo Marinho. A festa religiosa, que já é tradição do espaço, contará com a presença de grupos do gênero em atividade na Paraíba e em Pernambuco. Este ano, serão 16 grupos reunidos para participar do festival, criado pelo saudoso Mestre Salu, um apaixonado pelo auto que integra o ciclo de festejos natalinos do Nordeste e, nesta época, presta homenagem aos Reis Magos.

Mesclando sons, cores e movimentos, o Cavalo Marinho – uma variação do Bumba-Meu-Boi, típica da Zona da Mata nordestina – proporciona uma rica experiência sinestésica, que remete o público à religiosidade desta época do ano e aguça o espírito natalino. Promovido desde 1995, o festival apresenta uma série de performances que reúnem teatro, música, dança e poesia, com direito a coreografias e falas improvisadas. O encontro começa a partir das 18h, nesta quarta (25/12), dia de Natal, e é gratuito.

T




De porta em porta, indo anunciar o nascimento do menino Jesus. Era assim que se brincava o reisado originalmente. Hoje, é nos palcos que o brinquedo típico do ciclo natalino chega até nós. Quem for à Casa da Cultura hoje (24/12) vai poder conferir o tradicional Reisado Imperial do Recife. Fundado por Mestre Geraldo Almeida, em 1951, o grupo surgiu de um desejo de Seu Geraldo de continuar brincando. Vindo do interior da Paraíba, ele trouxe essa cultura para a Bomba do Hemetério.

Quem for ver as apresentações também poderá assistir e dançar junto com pastoris, ciranda e rir junto com o Mamulengo Jurubeba. De 10h às 17h, os festejos natalinos animarão a todos.

Programação:
Terça-feira, 24/12
10h - Pastoril Estrela Dalva
10h - Pastoril Coração de Maria Infanto Juvenil
14h - Ciranda Mimosa
15h - Reisado Imperial do Recife
16h - Mamulengo Jurubeba
17h - Pastoril Giselly Andrade

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

                                                           Pastoril do velho Dengoso


                      PASTORIL PROFANO

O Pastoril do Velho Dengoso,que faz parte da agenda cultural do ciclo natalino do Recife,e um exemplo, dos raros pastoris desta modalidade,que sobreviveu ao tempo.Ate o final da decada de 80,os pastoris profanos resistiam ao lugar comum que era o ciclo natalino,e faziam apresentacoes de casa cheia  nos circos(tomara que nao chova) armados nos suburbios da regiao metrolitana do Recife. Este tipo  de entretenimento da arte circense desapareceu  da periferia e com ele as agendas e muito dos pastoris profano de pernambuco.  O pastoril tem cor e sonoridade do ciclo natalino ,as criancas,o azul,o encarnado,as musicas  e a Diana.  Ao enveredar por outros caminhos, o Auto Pastoril transforma-se em sincretismo profano-religioso, tornando-se, muitas vezes, em profano, com suas características que ressaltam a licenciosidade do Velho do Pastoril e a sensualidade das Pastoras.

No Recife, por volta de 1840, começaram a aparecer sociedades com o fim de dirigir com solenidade, brilhantismo e decência o natalício do Messias, por meio de representações teatrais, tais como a Sociedade Natalense e a Sociedade Nova Pastoril, conforme registra Pereira da Costa. Com a formação dessas sociedades, os pastoris passaram a ter uma forma literária, de modo que transformavam-se em espetáculos, contando com poetas, escritores e artistas que criavam letras e músicas. Dentre tantos que contribuíram nesse período, há que se destacar os irmãos Valença - João e Raul que apresentavam, quase todos os anos, um Presépio, assemelhado com os autos hieráticos oitocentistas. Ascenso Ferreira revela que, no Recife, o avô de João e Raul Valença encenou, pela primeira vez, um Presépio em 1865, no auge da Guerra do Paraguai. A tradição foi mantida até 1900 pelo pai dos dois irmãos compositores já citados, que após alguns anos de interrupção, assumiram a volta ao tablado do Presépio, no Sítio Valença, localizado entre a Madalena e o Zumbi, com as mesmas características de auto sacramental. Os personagens utilizados pelos irmãos Valença eram: Culpa, Libertina, Religião, Graça, Gabriel, Pastoras, Lusbel, Mestra, Diana, Contra-mestra, Eva, Argemiro, Monge, Flora, Herodes, Centurião e Cingo. 



PASTORAS DO ESPETÁCULO "MANGABA COM CATUABA".Banco de Imagem /JC

Fica claro também que, enquanto as sociedades tentavam manter um controle moral e religioso, evitando enxertos de cenas burlescas e licenciosas, os Pastoris ditos profanos abundavam nas pontas de ruas, alterados em suas formas originais, contando com a participação dos espectadores na animação das cenas, fugindo do enredo e da temática e, como diziam os mais arredios, irreverentes, licenciosos e imorais.

Os esforços das sociedades para manterem a seriedade do ato sagrado que se pretendia reproduzir, repercutia também na imprensa: os jornais da época censuravam o ar indecente de que se revestiam certos presépios, com opiniões que indicavam que a Polícia devia impedir as apresentações, no zelo pela moral pública e pelos bons costumes. Há registros, de 1840, dessas denúncias, por exemplo, no jornal O Carapuceiro, do Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama, conhecido como o Padre Carapuceiro e por suas críticas de costumes na primeira metade do século XIX. 

É certo que o Pastoril teve seu grande momento nos primeiros vinte e cinco anos desse século, sendo representado por iniciativa de leigos mas sem perder sua ligação com festas religiosas, principalmente, como já foi dito, do Ciclo Natalino. Por outro lado, os Presépios sempre foram encenados por jovens e meninas de família, que paramentadas de pastoras angariavam prendas, como flores, bolos, perfumes, frutas, que se transformavam em prêmios dos leilões realizados em benefícios de instituições religiosas ou obras de caridade.
A partir de então os pastoris se espalharam pelos bairros atraindo sempre um público certo e participativo e, evidentemente que, com mais licenciosidade, atraíam os homens. Dentro da estrutura do auto, as pastoras com seus pandeiros ou maracás, cantam e dançam ao som da orquestra de pau e corda mas sua formação dependia dos recursos financeiros do grupo. Algumas traziam pistão, trombone, clarinete, bombo. Outras se apresentavam com violões, cavaquinhos, com um instrumento de sopro solista.









VELHO XAVECO. Jaime Fotografia

No meio dos dois cordões, cada um comandado pela Mestra (cordão azul) e Contramestra (cordão encarnado), encontramos a Diana, vestida metade azul, metade encarnado. O Velho, conhecido como Bedegueba, mas que toma diversos apelidos é uma espécie de bufão, de palhaço de circo, que comanda as jornadas (cantos das pastoras) e se esparrama em piadas, numa atuação que ressalta o histrionismo, a improvisação. Seus diálogos com as pastoras são cheios de duplo sentido e, com o público, puxa discussão, brincadeiras, faz trejeitos e canta canções adaptadas às suas necessidades.Dentre os outros personagens do pastoril profano, também desfilavam o Anjo a Estrela do Norte, o Cruzeiro do Sul, a Cigana, além de outras figuras que aparecem ocasionalmente por influência do local, da região.
Hoje o pastoril perdeu em sentido hierático e lírico, mas transformou-se num gênero popular de representação, diferenciado e que atingiu sua própria forma. Não é questão de involução mas de interferência dos artistas populares que com os seus espíritos inquietos e brincantes conduzem esses folguedos.

É importante salientar que as canções dançadas sucediam-se uma após a outra, sem qualquer diálogo ou texto de ligação entre eles, a não ser quando o velho do pastoril interferia com suas improvisações para estimular o público e receber gorjetas para lançar, com deboche, suas irreverências.

Como espetáculo popular, o pastoril perdeu muito de sua popularidade, e hoje encontramos poucos grupos que ainda animam os bairros nos tablados armados na praça, ou como dizem: "não há mais pastoril de ponta-de-rua", com sua alegria irreverente. E naturalmente, perdeu sua função social. E perdemos verdadeiros atores mambembes, sendo justo lembrar os grandes velhos de pastoris, tais como: Amaro Canela de Aço, Catota, Galo Velho, Cebola, Baú, Velho Barroso, Futrica e o Faceta.
Mas, ainda que os fenômenos econômicos e sociais tenham interferido para a decadência dos pastoris, é bom lembrar a resistência do Velho Xaveco e Suas Pastoras, lançando discos e realizando espetáculos em teatros ou a recriação do ator Walmir Chagas, com o seu Velho Mangaba.




Espetáculo 'A Festa de Reis' é apresentado ao público em Gravatá



Sexta-feira(20) e sábado(21) aconteceu as últimas apresentações de Natal de Gravatá, no Agreste pernambucano. O espetáculo “A Festa de Reis” teve participação de artistas brasileiros e italianos. No Pátio Chucre Mussa Zarzar.
A estrutura do evento conta com palco fixo e outros móveis, máquinas cênicas que circulam entre o público, bacias com 1,2 mil m³  de água para performances aquáticas e telas para projeções em vídeo. O francês Phillipe Riouue preparou inovadoras performances acrobáticas de rapel.
O Natal de Gravatá é realizado através da Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur-PE) e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). De acordo com o secretário de Turismo de Pernambuco, Alberto Feitosa, o evento é um espetáculo consolidado. " Estamos na terceira edição. Com o projeto, incentivamos a visita ao Agreste e estimulamos o turismo cultural”, avalia .
"A Festa de Reis" tem como diretor artístico Valerio Festi que há 35 anos cria eventos culturais. Seus eventos épicos para grandes massas, quase sempre a céu aberto, já foram encenados em mais de 200 cidades, entre as quais Paris, Moscou, Madri, Tóquio, Hong Kong, Praga, Reykjavík, Houston, Milão, Bogotá, Pequim, Lisboa, Bilbao, Sidney, Toronto e Turim.