sexta-feira, 13 de março de 2015




               ANTÔNIO CONSELHEIRO

Antônio Vicente Mendes Maciel (Quixeramobim, Ceará, 13 de março de 1830 — Canudos, Bahia, 22 de setembro de 1897), mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, que se autodenominava "o peregrino", foi um líder religioso nordestino.
Depois de vinte anos de peregrinação pelo nordeste (ele perambulou pelo Ceará, Sergipe, Pernambuco e Bahia), amado pelo povo e visto como um messias ou um profeta por alguns, incompreendido e perseguido pelas autoridades, Conselheiro observou de perto o atraso em que o povo se encontrava e o descontentamento que eles sentiam.


Assim, resolveu, na última década do século XIX, pôr em prática seu objetivo de formar uma comunidade igualitária: Belo Monte (Canudos, no interior da Bahia).
Rapidamente, a comunidade cresceu e tornou-se uma das maiores cidades do nordeste, com 25.000 habitantes. Organizada, religiosa, produtiva e comunitária.
A reação das pessoas de posses, dos políticos e de alguns setores da igreja, deu início à Guerra dos Canudos, que teve seu início em 1.896, a maior guerra campesina do século XIX.
As três primeiras expedições militares foram derrotadas pelos sertanejos. A quarta expedição da polícia e do exército, formada por milhares de homens, potentes canhões e liderada por Artur Oscar, conseguiu, no dia 5 de outubro de 1.897, tomar a cidade de Canudos.
Todos os habitantes foram mortos (nem as crianças foram poupadas). Canudos virou cinzas, mas tornou-se, por seu sonho e resistência, símbolo de luta e esperança de um outro Brasil.
Enciclopédia Nordeste: Biografia de Antônio Conselheiro 

DESPEDIDA

A Última Prédica
Antônio Conselheiro
Praza aos céus que abundantes frutos produzam os conselhos que tendes ouvido; que ventura para vós se assim o praticardes; podeis entretanto estar certos de que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa luz e força, permanecerá em vosso espírito: Ele vos defenderá das misérias deste mundo; um dia alcançareis o prêmio que o Senhor tem preparado(se converter-des sinceramente para Ele) que é a glória eterna.
Como não ficarei plenamente satisfeito sabendo da vossa conversão, por mim tão ardentemente desejada. Outra cousa, porém, não é de esperar de vós à vista do fervor e animação com que tendes concorrido para ouvirdes a palavra de Deus, o que é uma prova que atesta o vosso zelo religioso. Antes de fazer-vos a minha despedida, peço-vos perdão se nos conselhos vos tenho ofendido. Conquanto em algumas ocasiões proferisse palavras excessivamente rígidas, combatendo a maldita república, repreendendo os vícios e movendo o coração ao santo temor e amor de Deus, todavia não concebam que eu nutrisse o mínimo desejo de macular a vossa reputação. Sim, o desejo que tenho da vossa salvação (que fala mais alto do que tudo quanto eu pudesse aqui deduzir) me forçou a proceder daquela maneira. Se porém se acham ressentidos de mim, peço-vos que me perdoeis pelo amor de Deus. É chegado o momento para me despedir de vós; que pena, que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma, à vista do modo benévolo, generoso e caridoso com que me tendes tratado, penhorando-me assim bastantemente! São estes os testemunhos que me fazem compreender quanto domina em vossos corações tão belo sentimento! Adeus povo, adeus aves, adeus árvores, adeus campos, aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança deste peregrino, que aspira ansiosamente a vossa salvação e o bem da Igreja. Praza aos céus que tão ardente desejo seja correspondido com aquela conversão sincera que tanto deve cativar o vosso afeto.

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