DESPEDIDA
A Última Prédica
Antônio Conselheiro
Praza aos céus que abundantes frutos produzam os conselhos que tendes ouvido; que ventura para vós se assim o praticardes; podeis entretanto estar certos de que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa luz e força, permanecerá em vosso espírito: Ele vos defenderá das misérias deste mundo; um dia alcançareis o prêmio que o Senhor tem preparado(se converter-des sinceramente para Ele) que é a glória eterna.Como não ficarei plenamente satisfeito sabendo da vossa conversão, por mim tão ardentemente desejada. Outra cousa, porém, não é de esperar de vós à vista do fervor e animação com que tendes concorrido para ouvirdes a palavra de Deus, o que é uma prova que atesta o vosso zelo religioso. Antes de fazer-vos a minha despedida, peço-vos perdão se nos conselhos vos tenho ofendido. Conquanto em algumas ocasiões proferisse palavras excessivamente rígidas, combatendo a maldita república, repreendendo os vícios e movendo o coração ao santo temor e amor de Deus, todavia não concebam que eu nutrisse o mínimo desejo de macular a vossa reputação. Sim, o desejo que tenho da vossa salvação (que fala mais alto do que tudo quanto eu pudesse aqui deduzir) me forçou a proceder daquela maneira. Se porém se acham ressentidos de mim, peço-vos que me perdoeis pelo amor de Deus. É chegado o momento para me despedir de vós; que pena, que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma, à vista do modo benévolo, generoso e caridoso com que me tendes tratado, penhorando-me assim bastantemente! São estes os testemunhos que me fazem compreender quanto domina em vossos corações tão belo sentimento! Adeus povo, adeus aves, adeus árvores, adeus campos, aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança deste peregrino, que aspira ansiosamente a vossa salvação e o bem da Igreja. Praza aos céus que tão ardente desejo seja correspondido com aquela conversão sincera que tanto deve cativar o vosso afeto. |
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Reedição na praça
Cicinato relançou "A Misteriosa Vida de Lampião"
Já está disponível a nova edição revista e ampliada do livro "A Misteriosa Vida de Lampião" de Cicinato Ferreira Neto. agora em capa dura e papel pólen.
Virgulino Ferreira, o Lampião, teve uma vida – e uma morte – cheias de mistérios.
São indagações que tornam cada vez mais apaixonante tudo o que se refere à Lampião e ao mundo dos cangaceiros. No livro “A Misteriosa Vida de Lampião”, a trajetória do rei dos cangaceiros é acompanhada com detalhes, ano a ano, desde a sua entrada no cangaço até o massacre de Angico.
Episódios são apresentados em versões diferentes, informando e estimulando o leitor à análise do que realmente pode ter ocorrido.
352 páginas. Valor R$ 40 (Quarenta reais) com frete incluso Para adquirir, basta entrar em contato com o autor através do e-mail cicinatoneto@zipmail.com.br ou através do Perfil do autor no Facebook
Já está disponível a nova edição revista e ampliada do livro "A Misteriosa Vida de Lampião" de Cicinato Ferreira Neto. agora em capa dura e papel pólen.
Virgulino Ferreira, o Lampião, teve uma vida – e uma morte – cheias de mistérios.
Por que entrou no cangaço ? Como conseguiu resistir a mais de vinte anos de perseguições policiais ? Como estabelecia a sua rede de colaboradores ? Como a polícia conseguiu chegar ao seu esconderijo?
São indagações que tornam cada vez mais apaixonante tudo o que se refere à Lampião e ao mundo dos cangaceiros. No livro “A Misteriosa Vida de Lampião”, a trajetória do rei dos cangaceiros é acompanhada com detalhes, ano a ano, desde a sua entrada no cangaço até o massacre de Angico.
Episódios são apresentados em versões diferentes, informando e estimulando o leitor à análise do que realmente pode ter ocorrido.
352 páginas. Valor R$ 40 (Quarenta reais) com frete incluso Para adquirir, basta entrar em contato com o autor através do e-mail cicinatoneto@zipmail.com.br ou através do Perfil do autor no Facebook
Lampião aceso.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Aprenda mais sobre o folclore brasileiro
Em 1965, o Congresso brasileiro oficializou o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore, numa justa homenagem à cultura popular brasileira. A palavra folclore tem origem no inglês antigo, sendo que "folk" significa povo e "lore" quer dizer conhecimento, cultura.
O folclore brasileiro, portanto, é a cultura de nosso povo e não há nada mais nacional do que ele. Afinal, ele é precisamente o conjunto das tradições culturais dos conhecimentos, crenças, costumes, danças, canções e lendas dos brasileiros de norte a sul. Formada pela mistura de elementos indígenas, portugueses e africanos, a cultura popular brasileira é riquíssima.
Saiba mais sobre o folclore
Na área musical, por exemplo, são inúmeros e muito variados os ritmos e melodias desenvolvidos em nosso país. É o caso do frevo, do baião, do samba, do pagode, da música sertaneja... Há ainda as danças típicas das festas populares, como o bumba-meu-boi, o forró, a congada, a quadrilha e - é claro - o próprio carnaval, um verdadeiro símbolo de nosso país.
Um dos aspectos mais interessantes do folclore brasileiro, porém, são os seres sobrenaturais que povoam as lendas e as superstições da gente mais simples. O mais popular é o Saci, um negrinho de uma perna só, que usa um barreta vermelho, fuma cachimbo e adora travessuras, como apagar lampiões e fogueiras ou dar nó nas crinas dos cavalos.
Mas há vários outros seres fantásticos em nosso folclore: o Curupira, um anão de cabelos vermelhos, que tem os pés ao contrário; a Mula-sem-cabeça, que solta fogo pelas narinas; a Boiúna, cobra gigantesca cujos olhos brilham como tochas; e o Lobisomem, o sétimo filho homem de um casal, que vira lobo nas sextas-feiras de luas cheias; o Bicho-Papão é uma figura monstruosa criada geralmente por contadores de histórias e pelos pais, com objetivo de inibir e persuadir a criança.
Mais personagens de nosso folclore:
Comadre Fulozinha
CaiporaBoitatáIaraNegrinho PastoreioPapa Figo
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Touro presenteado ao Padre Cícero pelo Coronel Delmiro Gouveia.
A MORTE DO BOI MANSINHO POR DR. FLORO BARTOLOMEU DA COSTA
Certo amigo (Delmiro Gouveia) ofereceu ao Padre Cícero um bonito garrote, mestiço de zebu, por ser raça ainda não conhecida naquele meio. Na impossibilidade de criá-lo dentro da cidade, confiou o tratamento do animal a um negro, de nome Zé Lourenço, residente no sítio "Baixa Dantas", do município do Crato.
Esse preto, quando ali chegou, já era "Penitente em sua terra", isto é, fazia parte de uma associação oficiosa, fundada pelos antigos missionários e ainda hoje tolerada por um ou outro padre.
Depois das perseguições religiosas ao Padre Cícero, começaram a fazer circular que Zé Lourenço, não tendo mais vida de penitente, abusava da crendice do povo, apresentando o "touro como autor de milagres".
Então se dizia que a urina do animal por ele era distribuída como eficaz medicamento para todas as moléstias, que dos seus cascos eram extraídos fragmentos para, em pequenos saquinhos serem pendurados ao pescoço, como relíquias, à moda do Santo Lenho; que todos se ajoelhavam em adoração diante do touro e lhe davam a beber mingaus e papas; enfim, tudo que uma alma perversa possa conceber.
Quando se procurava apurar a verdade, ninguém sabia informar, a começar pelos proprietários do sítio onde Zé Lourenço residia e trabalhava como rendeiro.
Os padres, não sei sob que fundamento, repetiam essas banalidades. O Padre Cícero, não obstante estar convencido da mentira, por diversas vezes tentou vender o animal; mas, não só Zé Lourenço, como também cavalheiros respeitáveis o impediam, fazendo sentir que além de ser inverdade o que espalhavam, o animal era um bom reprodutor e estava melhorando a raça do gado ali. Por isso mesmo todos os grandes e pequenos, o tratavam com carinho, mesmo porque era muito manso, donde veio a ser conhecido por "Mansinho".
Aconteceu que em um dos meses do ano atrasado, na ladeira do Horto, se deu um conflito entre um doido e alguns indivíduos conhecidos por "Penitentes" e o inspetor policial do quarteirão.
Havendo ferimentos, foram presos os implicados por crime de natureza leve.
De acordo com o Padre Cícero, procurei, por meios brandos, conseguir acabar com a prática dos atos dos "Penitentes".
Os próprios "Penitentes" concordaram com a minha resolução entregando-me, para serem queimadas, as vestes apropriadas que ainda possuíam e as respectivas cruzes, as quais mandei queimar no cemitério.
Eles me informaram que às vezes, praticavam aquele ritual pelo hábito de suas terras, com o consentimento dos vigários e na intenção de sufragarem as almas do Purgatório, o que realmente não me era estranho.
Alguns amigos aconselharam-me nessa ocasião que eu desmascarasse os que acusavam Zé Lourenço de prática de feitiçaria. Respondi-lhes nada poder fazer, em virtude de ser ele morador no município do Crato.
Não sei quem informou o mesmo Zé Lourenço de que eu ia mandar prendê-lo. O negro, supondo exata a notícia, no terceiro dia apareceu em minha residência. Foi quando o conheci pessoalmente.
Mandei prendê-lo, e, apesar das suas declarações, dele obtive a promessa de ir morar no Juazeiro, para evitar os boatos.
Ao mesmo tempo fiz vir o touro, e, de acordo com o padre, vendi-o para o corte, sob a condição de ser abatido pelo comprador em frente à cadeia.
Abatido o touro em frente à cadeia, em plena rua, às duas horas da tarde, perante centenas de pessoas, de acordo com o Padre Cícero, foi a carne conduzida para o açougue público, onde também foi vendida toda ela, não chegando para todos que quiseram comprá-la, visto ser da melhor qualidade.
Ao chegar a notícia, no Crato, de que Zé Lourenço não mais voltaria ao sitio Baixa Dantas, indo fixar residência no Juazeiro, recebi diversos telegramas, cartas e visitas de homens respeitáveis daquela cidade vizinha, empenhando-se para que eu não retirasse Zé Lourenço do seu sítio, tal a falta que ele fazia aos proprietários, pelo auxílio que lhes prestava nos trabalhos de agricultura, e em outros préstimos.
O pedido, porém, que calou mais no meu espírito foi o do capitão João de Brito, cunhado do nosso colega Deputado Hermenegildo Firmeza, o dono da terra da qual ele, Zé Lourenço, era rendeiro.
Consenti na volta do negro ao seu sitio, e assim terminou a história "das mil e uma noites" do touro "Mansinho".
Interrogando esses cavalheiros que se empenharam pela volta do negro, pelo motivo de não desmentirem os que o caluniavam, me responderam todos sempre assim terem procedido; mas que os boatos eram para desmoralizar o Padre Cícero e, dessa maneira, não podiam evitá-los.
Zé Lourenço que não frequentava o Juazeiro, depois disso começou a frequentá-lo aos domingos para ali fazer sua feira, e, durante o tempo que eu lá estive, nesses mesmos dias, almoçava comigo, em minha casa, onde se hospedava.
(Extraído do seu livro Juazeiro do Padre Cícero –Depoimento para a história).
sábado, 22 de outubro de 2016
CINEMA NA ESTRADA
Mais de 2 mil moradores, de 15 municípios do estado de Pernambuco, já conferiram os curtas metragem produzido na terra dos altos coqueiros que estão seguindo viagem com o projeto Cinema na Estrada.
A iniciativa do Governo do estado, por meio da Secretaria de cultura e da Fundarpe, ainda vai alcançar outras 10 cidades até o fim de novembro. Saiba mais sobre o projeto: https://goo.gl/VYNX9A
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Próximas sessões: 20/10 - Lagoa dos Gatos (Praça. da Rua do Comércio)
21/10 - São Bento do Una (Praça. Cônego João Rodrigues)
22/10 - Belo Jardim (Praça de Alimentação Celestino Conserva)
Próximas sessões: 20/10 - Lagoa dos Gatos (Praça. da Rua do Comércio)
21/10 - São Bento do Una (Praça. Cônego João Rodrigues)
22/10 - Belo Jardim (Praça de Alimentação Celestino Conserva)
Foto: Ricardo Moura
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Mostra revela legado desconhecido do artista pernambucano Hugo de Paula
Com entrada aberta ao público e incentivo do Funcultura, exposição está instalada na Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu/Recife)
Mais de 200 peças do artista pernambucano Hugo de Paula, nascido no município de Bom Jardim, ocupam a Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, no Recife. A mostra‘Hugo de Paula: Visões do Povo Brasileiro’, que resgata a obra do artista pernambucano e apresenta de maneira inédita no estado seus desenhos e pinturas, segue aberta ao público até o dia 13 de novembro deste ano. A entrada é gratuita.
A exposição é uma parceria entre Lia Miceli López Lecube e Cleide Rocha de Paula (viúva de Hugo de Paula), o ICEI Brasil e o Instituto Cultural Raul Córdula, e conta com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura. Além da exposição, o projeto tem uma agenda de atividades de arte educação apta para todo tipo de público, inclusive para pessoas com alguma deficiência visual ou auditiva.
“O resgate da obra de Hugo de Paula tem muito a ver com nossa história recente, com o que a arte sofreu e supera durante décadas de luta, criação, silêncio, censura e perseguição. Este artista traz em suas composições essas leituras e vivências, de forma a enriquecer nossa cultura, e nosso conhecimento histórico, político e artístico”, diz Lia Miceli, que realizou a curadoria da exposição ao lado de Raul Córdula, com o acompanhamento de Cleide Rocha de Paula.
Seu legado artístico foi construído a partir da metade da década de 1930 até a primeira década do século XXI, preferindo a princípio o desenho como primeiro esboço da obra, para depois, entre os anos 1974 e 2005, passar para a tela. De acordo com Cleide Rocha de Paula, o desejo de montar essa exposição na capital pernambucana era um sonho antigo. “Eu falava que quando ele não estivesse mais nessa vida, eu saberia o que fazer com as obras. Sempre falei que começaria a mostrar no Recife, pois já tive oportunidade e fiz exposições das obras no Rio de Janeiro. Ele tinha grande necessidade de expressar o que ele nunca esqueceu: suas raízes, os costumes, o folclore pernambucano, lembranças inesquecíveis como ele mesmo mostrou nos seus desenhos e pinturas”, revela.
A concepção das obras de Hugo seguiu os traços do artista pernambucano, que era reservado, introvertido e discreto. Tanto que a obra dele era inédita em Pernambuco e no Brasil, tendo sido exposta apenas três vezes no Rio de Janeiro na década de noventa. Apesar de ser um apreciador de artistas contemporâneos da sua época, como Manuel Bandeira, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Portinari, Goeldi e Santa Rosa, Hugo de Paula permaneceu dentro de seu próprio estilo, assinando cada obra com seu traço e cunho.
Serviço
Hugo de Paula: Visões do Povo Brasileiro
Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu, Boa Viagem)
Visitação até 13 de novembro de 2016 (Quarta a sexta, das 12h às 20h; Sábado e domingo, das 14h às 20h)
Gratuito
Hugo de Paula: Visões do Povo Brasileiro
Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu, Boa Viagem)
Visitação até 13 de novembro de 2016 (Quarta a sexta, das 12h às 20h; Sábado e domingo, das 14h às 20h)
Gratuito
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
CLARINDO BATISTA DE ARAÚJO
Poeta, trovador e compositor de grande inspiração. Nasceu em Jardim de Piranhas/RN, no dia 12 de agosto de 1929 e faleceu no dia 9 de janeiro de 2010, na cidade de Natal, onde residia há muitos anos. Pertencia à Academia de Trovas do Rio Grande do Norte, ao Clube dos Trovadores do Seridó e à União Brasileira de Trovadores, seção de Natal. Publicou na década de oitenta um livro de trovas e poemas variados intitulado POEMAS DE UM MENESTREL. No cenário da trova, foi o poeta mais premiado do Rio Grande do Norte, depois de Luíz Rabelo. Sabia o caminho das pedras, como poucos, em trovas líricas e filosóficas, e dispunha de um humor fino e irresistível que lhe permitiu fazer trovas de alto nível nesse campo. Nos últimos meses de vida escreveu um bonito poema autobiográfico, impresso em forma de cordel pelo nosso companheiro Marcos Antônio Medeiros.
Com a morte de Clarindo a Academia de Trovas do Rio Grande do Norte perdeu um de seus pilares mais robustos na sustentação da boa poesia de nossa terra. Eis algumas trovas de Clarindo:
Sê como os cedros e os sândalos
que perfumam quem os fere!...
Evita, pois, os escândalos
que uma vingança sugere!
A vida é uma caminhada
na qual se tem pela frente,
em cada curva da estrada,
uma emoção diferente.
Eu suponho que a riqueza
que sobra dos poucos nobres
seja o que falta na mesa
dos muitos que vivem pobres.
Removo pedras e espinhos,
desde a minha meninice,
para aplanar os caminhos
que vou trilhar na velhice.
Quanto mais bebo cachaça
pra esquecer quem não me quer,
mais eu vejo em cada taça
o vulto dessa mulher!...
Cada dia mais tristonho
carrego o peso das eras,
vendo afogar-se meu sonho
num dilúvio de quimeras!
Ninguém se julgue mais sério
nem melhor do que os demais...
Na porta do cemitério,
todos nós somos iguais!
Educar uma criança
com um trabalho eficaz
é ter plena confiança
de não punir o rapaz!
Já sopra um vento enfadonho
sobre o senil trovador,
mas, em nada afeta o sonho
nem tampouco o sonhador!
Meu verso é um cego que vê...
É um mudo que fala e canta
trovas de amor pra você,
jovem mulher que me encanta!
Esse teu corpo de misse
me deixa o coração tenso.
Imagina se eu te visse
daquele jeito que eu penso!
Existe menina feia
que é como lagarta preta:
quando metamorfoseia
vira linda borboleta.
Sinto a presença divina
em tudo que me rodeia:
na vibração matutina,
num sabiá que gorjeia.
Se todos fossem honestos
ninguém veria, na praça,
mendigos comendo restos
do pão que a miséria amassa.
terça-feira, 18 de outubro de 2016
sábado, 1 de outubro de 2016
José Heitor
José Heitor da Silva é um dos mais importantes e conhecidos escultores da zona da Mata Mineira, que em 2011 completou 50 anos de atividade artística. Ex-ferroviário, o mineiro de Além Paraíba, que além de escultor é poeta e restaurador, foi um dos primeiros artistas negros que tiveram suas obras integradas ao acervo do Museu de Arte Negra - MAN, criado por Abdias Nascimento no Rio de Janeiro em 1966. O talento de escultor foi descoberto em uma noite chuvosa quando ainda garoto, sozinho em sua casa, começou a fazer esculturas de crianças para lhe fazerem companhia e aplacarem o medo. Depois do ocorrido começou a se divertir esculpindo os amigos reais durante as brincadeiras, até que incentivado por uma professora, passou a aperfeiçoar os traços utilizando madeira. José Heitor desde então, constrói e reforma imagens sacras e imagens de personagens da cidade em tamanho natural como a famosa “Carijó”, esculpida por ocasião do centenário da cidade, em 1983
Ainda muito jovem teve que “atravessar o Rio Paraíba” para ter seu trabalho reconhecido e foi em um posto de gasolina que viu sua arte ganhar o país através da BR-116. Contou que levava suas esculturas para expor no posto e lá ficava esperando que surgisse um apreciador. Rosário Fusco, poeta cataguasense e um dos criadores da Revista Verde, foi um dos que reconheceram o valor de sua arte ajudando a divulgá-la. Quando fala da comercialização de suas esculturas, José Heitor é enfático: “Minhas esculturas são como filhos tem valor, mas não tem preço. Então, quando exponho com o intuito de comercializá-las peço aos donos das galerias que deem os preços. Não posso vender meus filhos”.
José Heitor. Cristo negro, madeira. Reprodução fotográfica Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros, Rio de Janeiro, RJ.
Certa vez Abdias Nascimento escreveu sobre José Heitor: "...ele representa o autodidata e mágico criador; mais parece um artista transviado em Além Paraíba (Minas). Cada peça que esculpe tem o compromisso de ato litúrgico e de função comunitária. E geralmente realizadas em proporções monumentais, sobre um caminhão, no carnaval, suas esculturas passeiam processionalmente pelas ruas da cidadezinha, como parte integrante das escolas de samba. E no desfile, ao suor do artista, se somam à peça o pó, a luz, o calor, o cheiro e a alegria do seu grupo. Os "sonhos" de José Heitor se apóiam em rigoroso sentido de volume e mantêm o ritmo cruzado polimetria e polirritmia de que nos falam os estudiosos da arte africana. José Heitor trabalha o cedro, o vinhático e outras madeiras que seus amigos, sua tribo, lhe conseguem. Nunca visitou a África, nunca freqüentou escola ou meio artístico. Ele confirma outra frase de Mário Barata: '...de todo o continente americano só em nosso país se conservaram, de maneira evidente, as técnicas e concepções plásticas africanas."
Obras de José Heitor em exposição no Museu de Arte Negra - MAN no Rio de Janeiro
José Heitor tem obras hoje pertencentes aos acervos do Museu do Folclore - no Rio, do Museu de História e Ciências Naturais - de Além Paraíba, e de colecionadores particulares. Já participou de mostras e exposições em localidades da região, como Cataguases, Angustura, Volta Grande, Estrela Dalva, Pirapetinga e Além Paraíba - algumas das quais as mantêm expostas em logradouros públicos ou em templos religiosos.
José Heitor, Erga-te, madeira. Reprodução fotográfica www.acasa.org.
José Heitor, Carijó, madeira. Acervo do artista
José Heitor, O pescador, madeira. Acervo do artista.
José Heitor, Proteção, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
José Heitor, Pau de sebo, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
José Heitor, Drama dos mendigos negros, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida
José Heitor, Caminhante, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida
José Heitor, Carijó, madeira. Acervo do artista
José Heitor, O pescador, madeira. Acervo do artista.
José Heitor, Proteção, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
José Heitor, Pau de sebo, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
José Heitor, Drama dos mendigos negros, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida
José Heitor, Caminhante, madeira. Reprodução fotográfica autoria desconhecida
MESTRE ANDERSON MIGUEL
A vida de brincante de Anderson Miguel começou no ano da graça de 2007 no maracatu rural e de baque solto,como "Caboreteiro" (nome que se dá ao brincante que carrega o lampião) no Maracatu Cambinda Brasileira,juntamente com o Mestre Antonio Paulo Sobrinho e seu pai o brincante Mestre Aderito,onde teve sua participação por cinco meses. No ano de 2008 foi mestre pela primeira vez no Maracatu Sonho de Criança,por um ano.
Teve participação como contra mestre do poeta Zé Flor em 2009,no Maracatu Águia Misteriosa,por três anos. Em 2011 após o carnaval, o garoto assumiu a responsabilidade de um homem,como mestre oficial deste maracatu com apenas quinze anos de idade,o maracatu deu total confiabilidade ao poeta adolescente,onde este assumiu uma grande responsabilidade,de ensaios,apresentações,sambadas e cortejos nos carnavais.Neste mesmo ano,disputou sua primeira sambada com o mestre Sibia do Maracatu Águia Dourada.Nesta apresentação o Mestre Anderson Miguel é acompanhado por três percussionista e dois músicos de instrumentos de sopro. Por dois anos(2012 e 2013) mestrou o Maracatu Águia Dourada.
Em março de 2013,foi convidado para mestrar o Maracatu Cambinda Brasileira,da cidade de Nazaré da Mata,zona da Mata Norte Pernambucana,onde é mestre de uma das mais antigas e tradicionais agremiações de maracatu da terra dos altos coqueiros.
William Veras de Queiroz,primavera 2016 D.C-Riacho do Mel/Sertão do Moxotó