Gerson de Souza
Gerson Alves de Souza foi um dos mais importantes e expressivos representantes da arte naif brasileira. Pernambucano do Recife, Gerson foi pintor, gravurista e poeta, além de ter exercido durante grande parte da sua vida a função de carteiro. Ele nasceu em 1926, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1946, onde faleceu em 2008, aos 82 anos de idade. O artista contava que o gosto pela pintura vinha desde a infância no Recife. Quando se mudou para o Rio de Janeiro procurou Augusto Rodrigues, um dos fundadores da Escolinha de Arte do Brasil. Foi quando passou a levar a sério o trabalho de artista plástico, onde também aprendeu técnicas de gravura em metal e em madeira. Gerson era casado com outra importante artista naif brasileira Elza de Oliveira Sousa, também já falecida.
O artista buscou sempre retratar em suas obras figuras ímpares, urbanas, e os segmentos menos favorecidos da sociedade brasileira. Marinheiros, prostitutas, cangaceiros, santos, personagens do folclore e do futebol sempre foram motivo de inspiração para Gerson de Souza. Segundo o crítico e curador Geraldo Edson de Andrade, Gerson era pintor ingênuo, dos melhores, em verdade, do país. Sua pintura, que em grande parte consagra temas místicos, da religiosidade popular nordestina, exprime-se através de rigoroso desenho, com boa estruturação formal e realçada por sensível colorido. Ainda segundo Geraldo Edson de Andrade, Surpreende no artista o impressionismo de suas figuras urbanas, perplexas e satíricas, que provocam o espectador com olhos profundamente inquisidores, todavia fincadas no solo nordestino de onde provêm. Personagens de folguedos tradicionais, como Chegança ou Cavalhada, tanto podem ser integrantes de tradicional manifestação popular quanto falsos ditadores, bufões que ainda pululam pelo terceiro mundo. Gerson parecia se divertir quando as pintava, mas a sua mensagem é a de um artista pasmado diante de seres como prostitutas, marinheiros e astronautas, todos tão puros ao seu olhar quanto os santos e beatos que povoam a religiosidade do povo, também temas freqüentes na sua obra.
Gerson de Souza, Nossa Senhora, óleo sobre tela.
Gerson de Souza, Altar portátil, xilogravura
Gerson de Souza, título desconhecido, óleo sobre tela.
A obra de Gerson atrai o interesse de colecionadores brasileiros e estrangeiros. Durante sua vida fez muitas exposições no Brasil e exterior, dentre elas: 5ª Bienal Internacional de São Paulo (1959); 13º Salão Nacional de Arte Moderna, Riso de Janeiro (1964); Pintores Brasileiros, Londres (1964); Itinerante Arte Brasileira Atual, Europa (1965); Doze Pintores Primitivos Brasileiros, Moucou, Varsóvia e Praga (1966); 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas, Salvador (1966); Primitivos Atuais da América, Madrid (1967); Lirismo Brasileiro, Lisboa (1968); Gerson de Souza e Elsa O. S., Rio de Janeiro (1969); Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, São Paulo (1972); Pintores Populares y 3 Grabadores de Brasil, México (1980); 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, Olinda (1983); Bienal Naif do Brasil, Piracicaba (2002); Santa Ingenuidade, São Paulo (2002). Sua ultima exposição ocorreu no Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro, para muitos uma despedida, tamanho foi o sucesso.
Gerson de Souza, Lampião e Maria Bonita, óleo sobre tela.
Gerson de Souza, Madame Rachel, óleo sobre tela
Gerson de Souza, Bloco dos meninos do Maracatu, óleo sobre tela
Gerson de Souza, Cangaceiro, óleo sobre tela.
Gerson de Souza, Cristo, xilogravura.
Gerson de Souza, São Francisco, óleo sobre tela.
Gerson de Souza, título desconhecido, nanquim sobre papel.
Gerson de Souza, Casamento, xilogravura.
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