sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Uma das maiores vozes da música pernambucana, Claudionor Germano, aos 92 anos, segue firme também como um dos artistas que mais carregam a expressão do Carnaval de Pernambuco. Este ano o cantor, que também é Patrimônio Vivo de Pernambuco, fará apenas uma apresentação durante o Carnaval, na 57ª edição do Baile Municipal do Recife. “Sou o único artista que participou de todos os Bailes Municipais, sem faltar nenhum”, ressalta Claudionor Germano, destacando sua cadeira de honra no evento.
Também em 2023, pretende dar início ao projeto “Claudionor Germano 90 Carnavais”, com homenagens por meio de várias manifestações culturais de Pernambuco, como maracatu, frevo, caboclinho e grupos de dança.
Jan Ribeiro/Secult-PE/FundarpeJan Ribeiro/Secult-PE/Fundarpe
Claudionor Germano foi titulado como Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2017
Claudionor Germano da Hora nasceu no Recife, no dia 10 de agosto de 1932. Irmão de Abelardo da Hora e do temido professor Bianor da Hora, Claudionor dividia a fama dentro de casa. Nas ruas, era o afamado cantor, mas não raro era abordado por desconhecidos: “Não é você o irmão do professor Bianor?”. Mas no Carnaval não tinha pra nenhum irmão. Eram seu nome e sua voz que ecoavam nas rádios e nos bailes da cidade.
Sua trajetória começa na Rádio Clube de Pernambuco, em 1947, depois segue para a Rádio Tamandaré e, por último, Rádio Jornal do Commercio. Dirigido pelo lendário maestro Guerra Peixe, tornou-se cantor da orquestra de Nelson Ferreira e, a partir de 1954, passou a integrar o elenco da Fábrica de discos Rozemblit. Sob o selo Mocambo, desta gravadora, passou a gravar, a partir de 1959, os frevos de Capiba. Foi Capiba quem o procurou dizendo que queria que ele gravasse seus frevos. Segundo o intérprete, Nelson Ferreira, “que era ciumento”, veio logo em seguida, pegando-o pelo braço e cobrando que ele gravasse seus frevos também.
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Sou o único artista que participou de todos os Bailes Municipais, sem faltar nenhum”, ressalta Claudionor Germano, destacando sua cadeira de honra no evento recifense
Foi assim que foi gravado, em 1959 para o carnaval de 1960, o disco Capiba, 25 anos de Frevo; e o de Nelson Ferreira, O que eu Fiz e você gostou, com clássicos de frevos canções e marchas que até hoje estão na boca do povo. No ano seguinte, Nelson compôs e Claudionor gravou mais um álbum: O que faltou e você pediu. De Capiba, gravou Carnaval com C de Capiba. E não deixou de brincar com o famoso e conceituado compositor: Carnaval é com C, de Capiba e Claudionor.
Sua fama já era grande e o reconhecimento não faltou. Por seis anos, na década de 60, recebeu o prêmio de Melhor Cantor das rádios de Pernambuco. “Só reconheço os dois hexas, o meu de melhor cantor e do Clube Náutico do Recife”, brinca Claudionor, que apesar da torcida pelo time do timbu, gravou hino pros outros dois maiores times de Pernambuco: Santa Cruz e Sport. Sem falar nas músicas que também eternizou para o Asa de Arapiraca, o CRB de Alagoas, e o ABC de Natal.
Foi Capiba quem forneceu o maior número de composições que Claudionor já gravou. Foram 132 músicas somente deste compositor, num total de 553. O levantamento foi feito pelo amigo e pesquisador Antônio Batista, que mergulhou na trajetória fonográfica de Claudionor. “Ele me deu a relação com os títulos e assinou embaixo. Ele achou que eu não estava acreditando muito e desafiou, ‘pode ir lá na minha casa que eu te mostro’. Foi assim que o frevo me abraçou”, conta Claudionor, que com a popularidade de ser um rei do frevo, já foi representar o ritmo no Japão, Estados Unidos, Cuba e Argentina
Fonte
CulturaPE
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