J.BORGES , O CARA DA XILOGRAVURA
Aos oito anos de idade,o menino Zé Francisco,trabalhava na roça com o pai. Aos dez,já fabricava e vendia na feira colheres de pau. Foi oleiro, e confeccionou brinquedos artesanais e vendeu livros de cordel. aos 29 anos, José Francisco Borges,resolveu que iria escrever cordel,foi quando fez " O Encontro de dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina" com xilogravada de Mestre Dila,que vendeu mais de cinco mil exemplares em menos de dois meses. Como não tinha dinheiro para pagar um ilustrador,J.Borges foi a luta e resolveu ele mesmo fazer a parte gráfica da obra ,e começou entalhar a fachada da igreja matriz de Bezerros,sua terra natal na madeira, que usou em " O Verdadeiro aviso de Frei Damião." Desde então,começou a fazer matrizes por encomendas e também para ilustrar os mais de duzentos cordéis que lançou ao longo da vida. Descoberto por colecionadores e marchands,viu seu trabalho ser elevado nos meios acadêmicos do país. Na década de 1970, J.Borges desenhou a capa de " As Palavras Andantes, de Eduardo Galleano, e gravuras suas foram usadas na abertura da telenovela " Roque Santeiro " da Rede Globo. Nessa época,começou a gravar matrizes dissociadas dos cordeis,de maior tamanho. Isso permitiu expor no exterior: em 1992, na Galeria Stahli,em Zurique, e no Museu Popular de Santa Fé,Novo Mexico. Depois, novas exposições, na Europa e nos Estados Unidos. J.Borges foi condecorado com a comenda da Ordem ao Mérito,pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, recebeu o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa/Cultural,em 2002,foi um dos artistas escolhidos para ilustrar o calendário anual das Nações Unidas. Sua xilogravura " A Vida na Floresta abre o ano no calendário. Em 2006,foi tema de reportagem no The New York Times. O escritor Ariano Suassuna o considera o melhor gravador popular do nordeste. Suas xilogravuras são impressas,em grande contidades, e em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais,artistas e colecionadores de arte. Dono de uma técnica própria de colorir as imagens,atende pedidos para representar o cotidiano do pobre,o cangaço,o amor ,os castigos do céu, os mistérios,os milagres,crimes e corrupção,os foguedos populares,a religiosidade,a picardia,sempre ligado ao povo nordestino. Em Bezerros,sua cidade natal,no Agreste Central Pernambucano,foi inaugurado o Memorial J.Borges, com exposição de parte de sua obra e objetos pessoais
William Veras de Queiroz.
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