Adriano Brito – Uma viagem artística
Derivado da serra do Cariri, Adriano mergulha na relação campo e cidade para imergir na inquietação artística e estética. Um artista que busca nas suas viagens reflexivas uma arte para “embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar”.
Alexandre Lucas - Quem é Adriano Brito?
Adriano Brito - Cratense que viveu 15 anos na roça ajudando ao pai, pescando
e caçando passarinho,
e mais tarde urbano formado em Letras, casado e com três filhas.
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Adriano Brito - Sempre fui envolvido com artesanato, escultura em casca de cajá,
fazia colares com
argila e outras coisas também, mais tarde quando comecei na faculdade tive a
oportunidade de ir
aprendendo mais com os livros e comecei a ver exposições, cinema de arte, a ter
contato com
artistas caririenses e do Brasil através do SESC num estágio que fiz, então acho
que desde criança já
estava em contato com a arte, sempre viajei nas formas que os tocos, pedras, insetos
tinham e
isso nos acompanha no processo artístico, hoje Apolo e Dionísio andam de mãos dadas.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Adriano Brito - Eita, é muita gente e bicho. Mas gosto muito de Patativa, Mestre Noza
mais uma
infinidade de artistas caririenses, os elementos armoriais na arte, Van Gogh é um mestre,
Basquiat,
Hélio Oiticica e muitos e muitos outros.
Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?
Adriano Brito - Se fosse pra começar da barriga de mãe... venho fazendo teatro
desde 2008,
graffiti stencil e xilogravura desde 2009.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?
Adriano Brito - Qualquer coisa que
você faça está ligada a uma política
ou de vida particular ou atuação
social. Acho que tudo é válido quando
é pro bem e acredito que a arte é
uma ferramenta que pode mudar
vidas e tento passar o que penso e sinto
através dela e tenho isto como um ato
político, é "minha" mensagem não
partidária.
Alexandre Lucas - Você é um artista
que busca fugir da mesmice. Você
acredita que isso é próprio da arte
contemporânea?
Adriano Brito - Não, eu acredito no
se arriscar, sair da zona de
conforto, experimentar novos materiais, novas linguagens e isto é
válido pra mim, porque na verdade, o que importa é ser verdadeiro e feliz no que faz, seja
pintando natureza morta ou fazendo intervenção urbana.
Alexandre Lucas - Como ocorre os estudos para seus trabalhos de arte?
Adriano Brito - Vendo trabalhos de amigos e de outros, na internet, nos livros, nas pessoas
e objetos que observo por onde passo e no exercício prático contínuo.
Alexandre Lucas - Além das artes visuais, você começou a fazer um trabalho no campo
do teatro. Fale deste trabalho.
Adriano Brito - “Poizé” , faço parte de um grupo chamado Armadilhas Cênicas, no
qual buscamos um processo de montagem a partir de textos literários, mesclar outras
linguagens visuais no trabalho, enfim, experimentar sempre.
Alexandre Lucas - Como você ver a produção de artes visuais no Cariri?
Adriano Brito - Temos artistas maravilhosos de longa jornada e vários novos artistas,
assim como eu, as coisas melhoraram com a implantação da escola de artes, com o
Centro Cultural Banco do Nordeste, o SESC, mas acima de tudo vejo os artistas
criando seus espaços, já temos uma cena de arte urbana, de cinema, mais grupos
de teatro e sinto que está começando a criar uma consciência de mercado de arte
na região. Precisamos de uma politíca pública mais envolvida com as artes, talvez
se freqüentassem mais os espaços de arte e menos restaurantes e shoppings, criariam
gosto pela coisa.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Adriano Brito - Embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar.
Alexandre Lucas - Você acredita que as artes ainda é elitizada?
Adriano Brito - Não, até mesmo porque todo menino hoje vai à uma lan house e vê
arte na internet e podem até conversar com artistas, o que falta é uma política educacional
voltada pra arte, as escolas possibilitarem isso, levar as crianças para as galerias, teatros,
fazerem aulas práticas. Hoje é fácil levar um artista para a sala de aula ou levar as crianças
à um ateliê, agora isso depende da cultura dos educadores.
Alexandre Lucas - Como torna a arte acessível para o povo?
Adriano Brito - Através de políticas educacionais, começando pela mobilização das escolas
em garantir o acesso, professores ousados, instituições com prograções externas
e o artista fazer
arte na rua.
Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?
Adriano Brito - Estou no momento muito envolvido com linguagem gráfica e teatro,
com projetos
nas duas vertentes que levarão um bom tempo de processo.
Alexandre Lucas/ Cultura no Cariri.
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