quinta-feira, 29 de dezembro de 2016










Adriano Brito – Uma viagem artística

Derivado da serra do Cariri, Adriano mergulha na relação campo e cidade para imergir na inquietação artística e estética. Um artista que busca nas suas viagens reflexivas uma arte para “embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar”.

Alexandre Lucas - Quem é Adriano Brito?
Adriano Brito - Cratense que viveu 15 anos na roça ajudando ao pai, pescando 
e caçando passarinho, 
e mais tarde urbano formado em Letras, casado e com três filhas.
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Adriano Brito - Sempre fui envolvido com artesanato, escultura em casca de cajá,
 fazia colares com 
argila e outras coisas também, mais tarde quando comecei na faculdade tive a 
oportunidade de ir 
aprendendo mais com os livros e comecei a ver exposições, cinema de arte, a ter
 contato com
 artistas caririenses e do Brasil através do SESC num estágio que fiz, então acho 
que desde criança já
 estava em contato com a arte, sempre viajei nas formas que os tocos, pedras, insetos 
tinham e 
isso nos acompanha no processo artístico, hoje Apolo e Dionísio andam de mãos dadas.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Adriano Brito - Eita, é muita gente e bicho. Mas gosto muito de Patativa, Mestre Noza
 mais uma 
infinidade de artistas caririenses, os elementos armoriais na arte, Van Gogh é um mestre,
 Basquiat,
 Hélio Oiticica e muitos e muitos outros.
Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?
Adriano Brito - Se fosse pra começar da barriga de mãe... venho fazendo teatro
 desde 2008,
 graffiti stencil e xilogravura desde 2009.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?
Adriano Brito - Qualquer coisa que 
você faça está ligada a uma política
 ou de vida particular ou atuação 
social. Acho que tudo é válido quando
 é pro bem e acredito que a arte é 
uma ferramenta que pode mudar 
vidas e tento passar o que penso e sinto 
através dela e tenho isto como um ato
 político, é "minha" mensagem não
 partidária.
Alexandre Lucas - Você é um artista
 que busca fugir da mesmice. Você
 acredita que isso é próprio da arte 
contemporânea?
Adriano Brito - Não, eu acredito no
 se arriscar, sair da zona de
 conforto, experimentar novos materiais, novas linguagens e isto é 
válido pra mim, porque na verdade, o que importa é ser verdadeiro e feliz no que faz, seja
 pintando natureza morta ou fazendo intervenção urbana.
Alexandre Lucas - Como ocorre os estudos para seus trabalhos de arte?
Adriano Brito - Vendo trabalhos de amigos e de outros, na internet, nos livros, nas pessoas 
e objetos que observo por onde passo e no exercício prático contínuo.
Alexandre Lucas - Além das artes visuais, você começou a fazer um trabalho no campo

 do teatro. Fale deste trabalho.
Adriano Brito - “Poizé” , faço parte de um grupo chamado Armadilhas Cênicas, no 
qual buscamos um processo de montagem a partir de textos literários, mesclar outras
 linguagens visuais no trabalho, enfim, experimentar sempre.
Alexandre Lucas - Como você ver a produção de artes visuais no Cariri?
Adriano Brito - Temos artistas maravilhosos de longa jornada e vários novos artistas,
 assim como eu, as coisas melhoraram com a implantação da escola de artes, com o 
Centro Cultural Banco do Nordeste, o SESC, mas acima de tudo vejo os artistas 
criando seus espaços, já temos uma cena de arte urbana, de cinema, mais grupos
 de teatro e sinto que está começando a criar uma consciência de mercado de arte
 na região. Precisamos de uma politíca pública mais envolvida com as artes, talvez
 se freqüentassem mais os espaços de arte e menos restaurantes e shoppings, criariam 
gosto pela coisa.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Adriano Brito - Embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar.
Alexandre Lucas - Você acredita que as artes ainda é elitizada?
Adriano Brito - Não, até mesmo porque todo menino hoje vai à uma lan house e vê
 arte na internet e podem até conversar com artistas, o que falta é uma política educacional 
voltada pra arte, as escolas possibilitarem isso, levar as crianças para as galerias, teatros,
 fazerem aulas práticas. Hoje é fácil levar um artista para a sala de aula ou levar as crianças
 à um ateliê, agora isso depende da cultura dos educadores.
Alexandre Lucas - Como torna a arte acessível para o povo?
Adriano Brito - Através de políticas educacionais, começando pela mobilização das escolas
 em garantir o acesso, professores ousados, instituições com prograções externas 
e o artista fazer
 arte na rua.
Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?
Adriano Brito - Estou no momento muito envolvido com linguagem gráfica e teatro,
 com projetos
 nas duas vertentes que levarão um bom tempo de processo.

Alexandre Lucas/ Cultura no Cariri.

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