quarta-feira, 30 de abril de 2014

terça-feira, 29 de abril de 2014



Museu do Barro de Caruaru

Até o dia 10 de maio, está em cartaz no MUBAC – Museu do Barro de Caruaru, a exposição “As Marias sob o olhar de Lídia Vieira”. Tendo como objetivo promover o reconhecimento e a valorização das obras deixadas pela artesã tracunhaense, falecida no ano de 1974, a exposição remete as formas femininas santas e pecadoras, retratando a figura da mulher e sua relação com a religiosidade.

segunda-feira, 28 de abril de 2014


Será que Chico Science ficou sabendo ? Parte 2

"Aí começaram a aparecer os discos dessa geração, tendo sempre Lula Côrtes e Kátia Mesel como pano de fundo, ora nas capas lindas e no projeto gráfico diferente, experimental, ora na conquista de uma sonoridade "roqueiro-regional" que viria influir definitivamente na estética e no comportamento da música nordestina como forma de apreensão dos ícones da música mundial: Beatles, Rolling Stones, Ravi Shankar, Mahavishinu Orchestra, Yes, Pink Floyd, Jimmi Hendrix, Janis Joplin, etc.
São dessa época, 1973 em diante, os discos PAÊBIRU (de Lula Côrtes e Zé Ramalho, com participação de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ivinho, Israel Semente, Jarbas Mariz entre outros). ODE A SATWA (de Lula Côrtes e Laílson, com uma música instrumental à base de violão folk e tricórdio, como prenúncio do que aconteceria em João Pessoa com o grupo Jaguaribe Carne, em 1974), MARCONI NOTÁRIO NO REINO DOS METOZOÁRIOS (com a participação de toda a galera pesada do rock-maracatu da época, já plantando as sementes do que seria o manguebeat), AVE SANGRIA (Banda que se chamaria "Tamarineira Vilage" e que tinha Marco Polo como sua base de letras e voz), FLAVIOLA (um disco de cantor muito interessante), entre outros, que foram aparecendo e compondo a cena nova e real da música pernambucana.
Recentemente, o jornalista José Teles lançou o seu livro "Do frevo ao manguebeat" (Editora 34, São Paulo), registro importantíssimo e detalhado de praticamente todos estes acontecimentos aqui relatados, bom de ser lido e estudado por todos aqueles que se interessam pela história da música popular brasileira atual (acho que o Livro das Transformações não está citado por José Teles talvez por se ligar mais nos aspectos gerais da música nordestina, mas é claro que o diálogo da música com a poesia sempre foi mais longe e sempre esteve muito presente em todos os grandes acontecimentos dessa época e os produtos do período testemunham isso. O futuro diria quem estava com razão, ou melhor, quem conseguiria ir mais longe, plantar mais árvores, fazer mais filhos e continuar se fazendo ouvir e ver e ler por esse Brasil e mundo afora. Kátia Mesel virou cineasta, com uma imensa lista de produções, discutindo a urbanidade e o mangue em sua dimensão política, sendo discutida em mostras por todo o país(produção pouco conhecida em João Pessoa), Alceu Valença, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Lula Côrtes tiveram e tem um importante papel na música popular brasileira, com discos fundamentais, balizadores de uma evolução (via Raul Seixas) que a partir do começo dos anos 70 uniria pernambucanos e paraibanos no desenvolvimento de um projeto cultural que continua dando bons frutos até hoje.

O movimento manguebeat (Chico Science e Nação Zumbi, Mestre Ambrósio, Mundo Livre S.A., Otto, etc) atualizaria todos esses pressupostos plantados pelo movimento. Movimento este provocado pela ação espontânea e simples do fotógrafo Paulo Klein na cultura das cidades do Recife e Olinda (será que ele realmente teve esta importância sentida por mim no depoimento de vários artistas e produtores ? )
Quanto a Ariano Suassuna, teve uma atuação importantíssima nesse processo por ter criado o outro lado da margem desse rio caudaloso de expectativas fazendo caminhar com inteligência e honestidade lado a lado com essa tempestade desatada pelo rock no nordeste brasileiro, a chama de sua fé sebastiânica, seus causos, seus heróis de tantos cangaceiros de paletó e gravata. Ariano Suassuna e Jomard Muniz de Brito são os responsáveis históricos pela manutenção desse cabo de guerra cultural de tantos "palhaços degolados", imprescindível a qualquer contexto onde a inércia teve que ser tratada a pauladas, para resultar em marcos mais que técnicos, fundamentos mais éticos e estéticos. É claro que o movimento armorial ou romançal não conseguiu produzir o seu "livro das transformações", mas nem por isso deixou de dar as suas contribuições no resguardo dos valores da cultura popular e folclórica, radicalmente e conscientemente defendidas oir Ariano e seus seguidores durante a sua vida de escritor e intelectual. O bom é que essa onda toda mexeu e remexeu na história da cultura nacional para sempre e aí, sim, unindo e somando tudo, o nordestes tenha sido o grande livro das transformações da cultura brasileira para um novo modernismo, uma contemporaneidade politizada que vai sempre buscar a verdade das necessárias transformações. Nordeste de Capiba e Jackson do Pandeiro, de Hermeto Paschoal e Geraldo Vandré, de Augusto dos Anjos e Manuel Bandeira, nordeste do tropicalismo e do armorial, do manguebeat e do mistério que certamente continuará vindo para outros e novos abrigos estéticos. (Nordeste do Mestre Salustiano e de Chico César, de Cachimbinho e Didier Guigue, do Jaguaribe Carne e Zé Filho).
O livro das transformações tem tudo a ver com isso, hoje um farol que continua sendo o grande referencial de uma estética para o nordeste cangaceiro de néon, acrílico das contradições de um povo que ainda vai passar muita fome até conquistar o reconhecimento de sua liberdade armada por uma melhor condição de vida, para um novo começo de conversa. Por aí a gente vai melhor."
Pedro Osmar







sábado, 26 de abril de 2014


 Cultura Livre nas Feiras

Neste sábado (26), o projeto Cultura Livre nas Feiras contempla a feira livre da cidade de São Caetano, no Agreste, com programação que se inicia às 08h. Além da Mostra de Artesanato de Fuxico, o público irá conferir as apresentações musicais do Trio Paquera e Trio Forró do Bom.
O Cultura Livre nas Feiras também estará presente no Mercado Gastronômico de Gravatá, no domingo (27). E na segunda-feira (28), será a vez de Serra Talhada, no Sertão, ter a feira livre animada pela 3ª edição do projeto.

quinta-feira, 24 de abril de 2014


Firmina Maria da Conceição, a "Dona Cabocla"

Aos 109 anos, Ex Coiteira de Lampião, ainda vive em Paulo Afonso.
Por João de Sousa Lima

Constatei como Dona Cabocla é bem cuidada por suas filhas e netas

Conheci Cabocla em dezembro de 1999, ela foi uma das minhas grandes descobertas para falar da passagem de Lampião por Paulo Afonso.  Pude entender através de Cabocla os pontos percorridos, os coitos visitados, alguns costumes, detalhes de cangaceiros, gostos, estratégias e conhecer um pouco da rede de proteção para a sobrevivência do cangaço no que abrange a região de Paulo Afonso e o Raso da Catarina.

Firmina Maria da Conceição nasceu em 1905, no povoado “Poços”, uma das fazendas que se situava às margens do Raso da Catarina e foi incluída por Lampião nos seus trajetos como rota secreta e segura, favorecendo sua passagem em direção aos povoados Malhada da Caiçara, São José, Santo Antônio, Várzea, Riacho e todo o estado Sergipano.

O primeiro filho de Firmina acabara de nascer no meio daquele mundo inóspito e primitivo, tendo por testemunha apenas a população resumida de cinco famílias simples. Presente naquele momento de perpetuação da vida estava o sogro Faustino, dona Clara, Batista, Maria de Zeca e Zé Antônio. Cabocla completou quinze dias de resguardo e como de costume acordou cedo e foi fazer a visita matinal na casa da amiga Clara. O que aquela manhã havia lhe reservado de surpresa a acompanharia pelo resto da vida. Na sala da residência de dona Clara, Cabocla parou extasiada diante do que seus olhos contemplaram. Muitas vezes ouvira falar de Lampião, porém, jamais imaginaria ficar diante daquela figura real. Uma voz que mais parecia o som de um trovão quebrou o silêncio que se abatera naquele cubículo abarrotado de cangaceiros:
-   Tá cum medo?

Diante de toda expectativa a resposta saiu:
-   Não!
-   Você sabe cunzinhar?
-   Sei!

Cabocla rememora sua amizade com Lampião
Com este pequeno diálogo começaria uma grande amizade entre Cabocla e Lampião. Neste dia Cabocla preparou um verdadeiro banquete para os cangaceiros.

Os Poços passaria a ser um dos principais esconderijos do Rei do Cangaço. Os coitos que cercavam os Poços e foram utilizados pelos cangaceiros onde permaneciam por dias e dias arranchados, foram: Saco da Palha, Sítio do Sabino, Malhada Bonita, Quixabeira e Serrotinho.

No princípio Cabocla não contou aos pais do encontro que tivera com Lampião.
Como as visitas de Lampião foram ficando muito freqüentes Cabocla teve que pedir ajuda a amiga Lúcia de Sabino para ajudá-la a cozinhar. Depois Lúcia se encarregou da cozinha e Cabocla da lavagem das roupas, uma árdua tarefa, tendo em vista que as roupas eram lavadas na casa dos pais, no povoado São José e eram escondidas por causa do forte cheiro que ficava, pela quantidade de perfume que os cangaceiros usavam. Cabocla tinha que adentrar alguns metros no mato temendo ser descoberta pelas volantes policiais.

A lavagem às vezes era feita durante a noite, tornando a tarefa ainda mais penosa. Sem contar que o sabão era fabricado pela própria lavadeira em um processo milenar: Cabocla queimava a lenha, pegava a cinza e molhava, deixando-a de molho por três dias, depois destilava e misturava com o sebo de boi. A constante fabricação, através da fumaça que se formava, afetou a visão de Cabocla pro resto da vida.

O Sr. Dionísio, do povoado São José, era quem fazia o contato entre Lampião e Cabocla. Assim que o Rei do Cangaço chegava a um dos coitos dos Poços Cabocla era logo avisada.
Dos Poços uma das cunhadas de Cabocla, se apaixonou pelo famoso cangaceiro Mariano Laurindo Granja, um dos homens de confiança de Lampião.

Otília Maria de Jesus era filha do velho Faustino e resolveu acompanhar seu grande amor passando a chamar-se Otília de Mariano. Os Poços jamais seriam o mesmo depois que Otília passou a ser cangaceira, Lampião perdia aí um dos mais famosos coitos da região de Paulo Afonso.

Agora em fevereiro de 2014 fiquei surpreso ao saber que Cabocla ainda estava viva aos 109 anos de idade. Imediatamente lhe fiz uma visita. Por incrível que pareça ela lembrou minha pessoa. Encontra-se lúcida, recordando fatos, lembrando momentos vividos e perpetuados em sua memória, fatos esses envolvendo as histórias de Lampião e seus diversos grupos de cangaceiros. Firmina Cabocla é um capitulo vivo desses momentos.

João de Sousa Lima
Historiador e escritor
Paulo Afonso, Bahia, madrugada de 25 de fevereiro de 2014.
Lampiao Acceso

quarta-feira, 23 de abril de 2014



A atriz-dançarina e pesquisadora Viviane Souto Maior promove a segunda edição do Trocadilho – Encontro Prático e Teórico sobre pesquisas em danças populares. A iniciativa propõe um intercâmbio entre artistas-pesquisadores das áreas de dança, teatro e culturas populares. A programação traz mesas de debate, rodas de conversa, exibição de documentários, aulas-espetáculos e oficinas. O objetivo é compartilhar experiências entre aqueles que pesquisam e criam com base nas danças tradicionais de Pernambuco. O evento teve inicio nesta terça-feira (22/04) e vai até sábado (26/04), no Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, 1º andar, Recife Antigo). A entrada é gratuita.

Na foto, Cia. Mundu Rodá (SP) que apresenta "Chã de Dois" na quinta-feira (24/04). Crédito da foto: Jonatha Cruz

terça-feira, 22 de abril de 2014


O II Clisertão - Congresso Internacional do Livro, Leitura e Literatura no Sertão vai unir fruição literária a debate acadêmico entre os dias 5 e 10 de maio, em Petrolina. 

Edição deste ano vai homenagear o cordelista e xilogravador J. Borges e o escritor petrolinense Antônio de Santana Padilha. Evento foi lançado nesta tarde, no Espaço Pasárgada. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014



CCBB promove Invasão Baiana com shows de Tom Zé e Pepeu Gomes no Anhangabaú



Comemorando 13 anos de atuação em São Paulo, o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) promove o projeto "Invasão Baiana", com shows gratuitos no Vale do Anhangabaú, nos dias 20 e 21 de abril. Entre os destaques estão apresentações de Tom Zé e Baiana System com Pepeu Gomes.
A programação dia 20 de abril traz Tom Zé, Dubstereo, Maglore, Vivendo do Ócio; já no feriado do dia 21 de abril, sobem ao palco Letieres Leite & Orquestra Rumpilezz, Márcia Castro r Baiana System com participação especial de Pepeu Gomes.
O projeto pretende reunir diferentes artistas da safra musical da Bahia, com seus diversos estilos, que vão desde as raízes percussivas, passando pela Tropicália, até o samba baiano.
Entre os sons mais "novos" do projeto estão o Dubstereo, coletivo baiano fundado em 2007, influenciado pelos sound systems e pelos clássicos riddims jamaicanos; a Orkestra Rumpilezz, de percussão e sopros criada em 2006 pelo maestro Letieres Leite; e a cantora baiana Marcia Castro, que lançou o CD "Pecadinho", em 2007, foi indicada ao Prêmio TIM 2008 como "melhor cantora de pop-rock", se apresentou no Montreux Jazz Festival e teve a música "Queda" incluída em novela da Rede Globo.
Confira a programação abaixo 
Dia 20 de abril
16h - Dubstereo
17h15 – Maglore
18h30 - Vivendo do Ócio
19h45 - Tom Zé
Dia 21 de abril
16h - Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz
17h15 - Marcia Castro
18h30 - Baiana System com participação especial de Pepeu Gomes
Serviço
Invasão Baiana
Quando: 20 e 21 de abril, a partir das 16h
Onde: Vale do Anhangabaú, centro, São Paulo
Quanto: entrada franca




domingo, 20 de abril de 2014







SERÁ QUE CHICO SCIENCE FICOU SABENDO ?


" Jomard Muniz de Brito e Ariano Suassuna: a tensa corda da cultura em Pernambuco gerando diálogos e o que o novo sempre pôde sugerir na vida e na arte, em se tratando de saídas e caminhos apontados para o futuro, mais que escuro: aquela luzinha brilhando dentro da casa da gente, dentro da cabeça da gente, para muitas outras possibilidades de clarão, onde e quando a indústria cultural pôde ou não funçar com suas pinças quase sempre cheirando a merda. Anos 70, 80, 90, até dias de hoje: a rosa dos ventos do Alceu Valença, Lula Côrtes, Zé Ramalho, Ivinho, Israel Semente, Geraldo Azevedo, entre outros, a partir de algumas provocações de um certo cidadão, fotógrafo paulista, chamado Paulo Klein que baixou naquele momento nas casas e nas vidas dessa galera que prontamente atendeu ao chamado radical e festivo de época para a experimentação, para as profusões de exercícios criativos em música, poesia, artes plásticas, cinema, etc eram momentos, atos e atitudes manifestas, manifestos que traziam muito do que Pernambuco sempre legou para a cultura nordestina e brasileira. Quando Alceu Valença e sua Banda Batalha Cerrada aportaram no Festival "Abertura" da Rede Globo em 1975 com a música "Vou Danado prá Catende"(em cima do poema de Ascenso Ferreira) o fizeram como sementes dessa micro revolução plantada por essas viagens e carícias, fruto de uma vontade geral, ampla e irrestrita de acender o novo, de novo, pelas ruas, mangues, tocas, favelas e mansões daquele período tão carente de novidades ( e ainda hoje). Importante saber: Raul Córdula, Chico Pereira, Carlos Aranha, Marcus Vinícius de Andrade, Celso Marconi, Jomard Muniz de Brito e tantas outras cabeças paraibanas e pernambucanas já antenadas, também estavam presentes nessa festa desde os anos 60, época em que o manifesto tropicalista foi elaborado, discutido e assinado em Recife por essa geração que não arredou o pé e tem segurado a onda até hoje. Não foi à toa que no início dos anos 70, mesmo com todo o movimento armorial, quintetos violados e bandas de pau e corda procurando reler o regional pelo regional, o regional para os salões da elite, o regional como um mero artifício do cão que quer morder o próprio rabo, novos produtos foram surgindo na vida cultural de Pernambuco oriundos dessa viagem para o novo: livros e discos alternativos que foram levando aquela geração para a extrema criatividade, para uma eterna mocidade, para um radicalismo cangaceiro, de um conteúdo fundado mais na senzala do que na Casa Grande, mais no terreiro do que na Igreja, e principalmente na soma da viola caipira de Ivinho e Zé Ramalho com a guitarra enlouquecida de Robertinho de Recife e o tricórdio de Lula Côrtes, sim Lula Côrtes e Kátia Mesel, a dupla dinâmica que forneceu a base de muita coisa que veio a acontecer por aqueles dias de loucura criativa e boemia roqueira. E daí, dessa genealogia comportamental, que vem um livro fundamental: o livro das transformações, livro-objeto, projeto, projétil, processo que seria a ponta de lança de um tipo de literatura que iria além da palavra, que ousaria chegar à invenção de um novo procedimento, até chegar à Bienal Internacional de Arte e ser reconhecido como um marco do "livro como obra de arte" do nordeste ainda dos coronéis. (Anos depois, década de 90, Fortaleza retomaria essa idéia de um projeto mais arrojado como suporte contemporâneo de sua literatura através da revista Arraiá Pajéurbe, busca e nova procura para um reposicionar o nordeste nessa atualidade cultural em curso). Em Pernambuco, naquela época, havia muita coisa no ar. Inclusive helicópteros, aviões e discos voadores poéticos , deuses e demônios poéticos participando dessa festa cuja repercussão tem seu eco revigorado no movimento manguebeat dos anos 90, luz de Josué de Castro como um outro provocador de situações sociológicas novas para Pernambuco e para o mundo. (A geopolítica da fome com guitarras e tambores, anunciando um novo Carnaval para essa década culturalmente tão feliz), Chico Science e Nação Zumbi: a refumaça da comunicação como trombeta dos índios de paletó e gravata da pós-modernidade, e tudo ou quase tudo (polêmicas à parte) , começando com a simplicidade do conjunto The Jets (erguendo-se aí a ponte sonora das guitarras e vozes "Jovem Guarda" de Reginaldo Rossi, Fernando Filizola e outros) nos anos 60 em Recife, anunciando a tempestade sorridente do que viria mais tarde. E o que o Livro das Transformações tem a ver com essas coisas ? Este livro foi um manifesto contra a mesmice cultura, fincando um outro procedimento e rasgando os papéis de uma poesia e de uma arte de gabinete que até então estivera interessada apenas em se comportar direitinho para poder fazer parte das academias de letras e suplementos literários das províncias. E é claro que a transformação não estava se dando apenas nas letras, mas também nas imagens e na música, profusão de tanto "sentir" e "agir" ao novo que até hoje, quando relido e revisto e remanuseado, provoca aquela mesma sensação da primeira vez em que foi projetado e discutido nos círculos de inteligência do Brasil. "

sábado, 19 de abril de 2014





PROGRAMAÇÃO

15h00min: 1. Cortejo do Judas, acompanhado pelo Grupo de Caretas do Distrito da Bela Vista (Mestre Cirilo), Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, Catirinas e Mateus, Boi, Burrinha, Jaraguá e brincantes de reisados locais, atores em personagens regionais. Seguem animados com carro-de-som pelo trecho: Rua Vicente Tavares Bezerra, nº 176, Bairro São Miguel (próximo ao LACEN) – Rua São Francisco – Rua Monsenhor Assis Feitosa – Centro Cultural do Araripe. 

17h:00min: 1. Chegada ao Sítio do Judas, montado no Centro Cultural do Araripe, onde o traidor permanecerá até a hora de seu julgamento e malhação, sob a vigilância dos Caretas; 2. Tradicional roubo do Sítio do Judas: os Caretas vigiam o sítio montado e açoitam com chicotadas os que ousarem roubar. A façanha é sair do sítio sem apanhar (e com o roubo). 

19h:30min: 1. Distribuição e leitura do Testamento do Judas, elaborado em versos (cordel); 2. Malhação do Judas, com show pirotécnico e artistas circenses em perna-de-pau com malabares de fogo. 

20h00min: Forró pé-de-serra. 

22h00min: Encerramento. 


“Cafajestino Estuprador” foi a personagem eleita em 2014, com a justificativa de que o Mundo, o Brasil, o Ceará e o Cariri tem sido cenário de casos de estupro, seja envolvendo pessoas da família das vítimas, bandidos marginais, religiosos ou outras espécies de monstros. É, portanto, um grito de socorro aos céus e de revolta contra a impunidade, bem como à negligência dos poderes constituídos, associado ao resgate, preservação e desenvolvimento da cultura tradicional popular.

A Coordenação

Semana Manuel Bandeira

O dia 19 de abril marca o nascimento de um dos mais importantes poetas pernambucanos e do Brasil. Há 128 anos, vinha ao mundo Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, poeta, crítico de arte, professor. E
m meio a uma vasta obra poética, Manuel Bandeira se destacou também como uma das mais emblemáticas figuras que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, importante momento de ruptura na cultura brasileira. Em celebração ao aniversário de Bandeira, o Espaço Pasárgada – antiga morada recifense do poeta, hoje espaço que abriga acervo referente à sua vida e obra – e as coordenadorias de Literatura e de Audiovisual da Secretaria de Cultura de Pernambuco realizam a Semana Manuel Bandeira, que acontece nos dias 23, 24 e 25 de abril.


Que anjos são estes que guerreiam contra a fome, a peste e o pecado? Que purgam, na própria carne, a transgressão do mundo? Corpos lanhados, como o de Cristo, que dialogam com os crucifixos. Ordem dos penitentes, grupo que perambula emcapuçado, pelas noites, rezando e bodejando benditos. Uma fé incondicional. Uma tradição que vem de tempos remotos, passa pela idade média e chega ao sítio Cabaceiras, Barbalha. Introduzida pelos missionários do século XVIII, reforçada quando da epidemia de cólera no século XIX, pela mediação do Padre Ibiapina.



Luiz Domingos de Luna




   PENITENTES  DO CARIRI CEARENSE
                                                  
         Ameaçada de extinção, seita religiosa do Interior do Ceará luta para manter viva uma tradição de mais de um século


Barbalha. As chuvas de março transformam a região do Cariri cearense, no extremo sul do Estado e já nas divisas com Pernambuco e Piauí, num verdadeiro oásis de fertilidade. Caminho pela zona rural da cidade de Barbalha a procura de um negro de voz calma que atende pelo nome de Joaquim Mulato e carrega sobre seus ombros de quase 90 anos a responsabilidade de representar uma das mais antigas e intrigantes seitas religiosas do interior nordestino. Mulato é o Decurião da Ordem dos Penitentes do Sítio Cabeceiras, um grupo de agricultores único no Brasil que, infelizmente, parece estar com os dias contados. Chegar ali — um bucólico recanto cercado por canaviais escondidos no sopé da Floresta do Araripe — é razoavelmente fácil. Desvendar os mistérios que se escondem por trás da secular tradição religiosa, por sua vez, exige algo mais que a simples curiosidade.  Sou recebido por Joaquim Mulato e seu Severino — os dois membros mais antigos da Ordem — na sala simples da pequena casa de barro e madeira. Toda a mobília está resumida a uma pequena mesinha onde reina absoluto o oratório repleto de santos católicos. Na parede, Expedito, São João e outros santos oficiais dividem o espaço com os ícones da religiosidade popular nordestina. Frei Damião e Padre Cícero merecem lugar de destaque. No canto esquerdo, erguido no alto e sustentado por um prego, descansa o símbolo maior da tradição messiânica, uma cruz de madeira, talhada artesanalmente há mais de um século e que resguarda a essência da manifestação religiosa. “Esse Cruzeiro é o sofrimento de Jesus, a luta dele pra salvar a humanidade”, diz Mulato. Na peça, chama a atenção a riqueza de detalhes. Partindo de uma lua azul, 16 espadas prateadas com um coração em cada ponta dão a idéia de um sol. No centro, o Sagrado Coração de Jesus se destaca em vermelho. Escrito à mão, em cada um dos braços da cruz lê-se “viva jezus para cempre”.
 ÚLTIMOS CAPITULOS
A louvação à eternidade, no caso, bem que poderia estar diretamente ligada ao grupo. Liderada essencialmente por gente acima dos 70 anos, a Ordem pode estar vivendo os últimos capítulos de uma história iniciada na segunda metade do século XIX e que tem o mérito de ter atravessado o tempo sem perder as características originais. Com apenas 15 discípulos, Joaquim Mulato não vê muita perspectiva quanto ao futuro da tradição. “Os jovens não querem saber de penitência. Preferem as festas”, reclama o velho soldado, demonstrando o cansaço típico do final da batalha.
Para Severino, o segundo na ordem hierárquica, até mesmo entre os que já abraçaram a missão é possível identificar os sinais da mudança. “Têm deles que a gente marca uma reunião para as seis horas e eles acham ruim, pois só querem vir depois da novela das sete”, critica.
Criada pelo Padre Ibiapina, um ex-advogado, ex-deputado federal e ex-delegado de Polícia, a Ordem possui alguns rituais que a diferencia das demais seitas populares do interior nordestino. O principal deles é o autoflagelo, ou simplesmente “disciplina”. Pode ser feito de diversas maneiras, desde longas caminhadas pedindo esmolas, até a martirização do corpo com instrumentos próprios para esse fim.
Joaquim me mostra um “cacho”, instrumento de suplício formado por lâminas de ferro e diz que o objeto pertenceu ao fundador da seita. A autoflagelação deve ser realizada junto aos cruzeiros, nas portas das igrejas ou nos cemitérios, sempre de madrugada e longe da visibilidade. Em função da idade, Joaquim não se açoita mais. Para os estudiosos do tema, é exatamente nisto que se nota com mais clareza as mudanças trazidas pelo tempo.  Alguns grupos de penitentes do Nordeste já abriram mão dos rituais de autoflagelo há muito tempo, concentrando suas atividades nas caminhadas, nas esmolas e nas preces. Deixar o sacrifício em segundo plano ou substituí-lo por outras práticas, a propósito, preocupa quem luta para preservar a originalidade da tradição. “Penitente sem disciplina, não é penitente”, enfatiza Severino, que também foi obrigado a deixar o flagelo de lado por já ter passado dos 80 anos de idade.  Com roupas escuras que destacam listras e cruzes brancas, os integrantes da Ordem usam capuzes semelhantes às burcas usadas no Oriente Médio, com uma abertura em formato de tela para enxergar. A única cor em toda indumentária é o vermelho do Sagrado Coração de Jesus, o mesmo ostentado no Cruzeiro que é carregado na frente do grupo durante as raras aparições em público. Para Severino, a religiosidade o acompanha desde cedo.
VOTOS DE CASTIDADE
Eu já tinha oito anos, meu pai era penitente e eu não sabia. Ninguém sabia, só minha mãe”, diz o agricultor numa referência ao clima de mistério que caracterizava originalmente as atividades do grupo. “Penitente não podia ser visto não. Só caminhava de noite, sem ninguém ver e só andava pelos sítios, nunca nas cidades”, lembra Joaquim. Nem Mulato — que até hoje mantém o voto de castidade — nem Severino, possuem filhos dentro da Ordem.
O anonimato, característica marcante durante as primeiras décadas da tradição, também parece escoar pelas veredas do tempo. Hoje, durante algumas “apresentações”, os penitentes se juntam a dezenas de outros grupos culturais, em plena luz do dia, fazendo a festa dos fotógrafos e cineastas que visitam a região para documentar as tradições que fazem desse pedaço do interior nordestino um relicário das mais autênticas manifestações do povo sertanejo. Na Festa de Santo Antônio, por exemplo, a maior da cidade, reisados e bandas cabaçais dividem espaço com lapinhas, pastoris, karetas e vaqueiros vestidos a caráter. Um espetáculo multicolorido que atrai a atenção de pesquisadores e que há alguns anos despertou, ainda que tardio, o reconhecimento dos órgãos governamentais. A escolha dos chamados “Mestres da Cultura Popular” é feita anualmente e busca valorizar os que lutam pela tradição nas diversas áreas, como a xilogravura, o artesanato, o folclore e a religiosidade. Joaquim é um desses Mestres.
Seguindo as orientações dos mais antigos, os Penitentes de Barbalha seguem a caminhada espiritual cruzando as estradas empoeiradas da Chapada do Araripe, cantando benditos (já gravaram até um CD) e levando sua doutrina para os moradores da verde região sul do Ceará. Em alguns momentos os homens recebem a companhia das mulheres, que cantam suas “incelências” e embelezam ainda mais o singelo ritual de fé.
Eles já receberam a visita do bispo diocesano do Crato, dom Fernando Panico, que pela primeira vez foi conhecer de perto a manifestação. A visita foi uma promessa feita pelo líder religioso e simbolizou a tendência de uma aproximação entre a Igreja formal e as manifestações da religiosidade popular numa terra onde o Padre Cícero é, para o povo, tão importante quanto qualquer santo oficialmente canonizado.

AUGUSTO PESSOA.

quinta-feira, 17 de abril de 2014


Pernambuco de Todas as Paixões

Em Petrolina, no Sertão pernambucano, o drama “A Crucificação, o espetáculo da Paz em uma História de Amor, Esperança e Fé”, terá sua encenação realizada sempre a partir das 20h, nos seguintes dias e locais:

16/04 – No Pátio de Eventos - Bairro José e Maria
17/04 – Na Praça principal, próxima a Escola Municipal José Cícero - Rajada

                         Literatura

Interessados em participar do II Prêmio Pernambuco de Literatura têm até a próxima quinta-feira, 17/4, para apresentar trabalhos. O prêmio tem o objetivo de fomentar a produção literária em todas as macrorregiões do estado, democratizando o acesso ao livro e promovendo a distribuição e circulação da literatura contemporânea pernambucana.

A premiação consiste na publicação dos títulos vencedores, pela Companhia Editora de Pernambuco, com tiragem de mil exemplares. Além disso, serão concedidos até cinco prêmios no valor de R$ 5 mil para cada um dos vencedores em cada macrorregião, e um prêmio especial de R$ 15 mil para um dos cinco finalistas vencedor do Grande Prêmio.


quarta-feira, 16 de abril de 2014






Grupo de Xaxado Cabras de Lampião inicia temporada de apresentações


O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião é o maior divulgador desta dança e mantém a originalidade e autenticidade conforme criada pelos bandoleiros do sertão. É uma trupe de artistas sertanejos - exatamente da cidade que nasceu Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião. 

O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião trouxe os Cangaceiros para frente das luzes e o Cangaço se transformou num show de arte com uma nova e revolucionária imagem do Rei do Cangaço. É um espetáculo que conduz a um mergulho no mundo mágico e místico do sertão.

Com músicas ao vivo - sanfona, triângulo e zabumba - e um repertório do Cangaço, MPB e uma indumentária semelhante a dos Cangaceiros, a saga de Lampião é mostrada em uma forma envolvente e de singular beleza.

O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião já se apresentou em mais de 400 cidades, percorrendo todas as regiões do país, tendo representado Pernambuco e o Brasil em diversos festivais e eventos relacionados à cultura popular no Brasil e no exterior.


Encontro Nordestino de Xaxado
 


A temporada de apresentações do Grupo vem como aperitivo para o X Encontro Nordestino de Xaxado, que acontecerá de 5 a 8 de junho, reunindo Grupos de Xaxado de todo Nordeste para se apresentarem em Serra Talhada.

“Podemos considerar que será uma prévia. Enquanto o mês de junho não chega, os amantes do Xaxado vão poder conferir toda beleza dessa dança no Museu do Cangaço”, afirma Simone
Alves, dançarina que faz Maria Bonita nos Cabras de Lampião.

terça-feira, 15 de abril de 2014




Mais de 20 mil pessoas já assistiram a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém desde a estreia da temporada 2014 no último sábado, dia 12.