quinta-feira, 30 de outubro de 2014



Lampião assustou Cristiano Cartaxo 

Por: Francisco Frassales Cartaxo
Cristiano Cartaxo

Cresci ouvindo meu pai narrar, vez por outra, o susto que passou ao ver-se frente a frente com Lampião. Cristiano Cartaxo (foto) contava sempre a mesma versão, quase com as mesmas palavras a indicar a veracidade do episódio por ele vivido. Certa ocasião, noite alta, ele se dirigiu à Farmácia Central, fundada pelo seu pai, o major Higino Rolim, para aviar uma receita, a pedido de pessoa amiga. 

Nessa época, década de 20 do século passado, a farmácia ficava na Rua Sete de Setembro, hoje Avenida Presidente João Pessoa. Cristiano entrou na botica, deixando a porta entreaberta, e foi preparar o remédio. Com pouco tempo, apareceu um desconhecido em trajes estranhos, arma de fogo e punhal. Meu pai apressou-se em procurar atendê-lo àquela hora da noite:

- O senhor deseja alguma coisa? Precisa de algum remédio?
 
Sabino Gomes em
Foto de Francisco Ribeiro
 
Disse mas não obteve resposta. O estranho esboçou apenas um leve sorriso, deu alguns passos, lentamente, parou para espiar melhor as pra- teleiras, voltou a caminhar pelo pequeno corredor até os fundos da loja, sem uma palavra, por mais que meu pai insistisse em oferecer-lhe seus serviços profissionais de farmacêutico. O visitante saiu pela porta, não sem antes fazer breve reverência de cabeça. Meu pai, sem pestanejar fechou a porta com ferrolho e voltou à sua tarefa. Claro que teve medo, sobretudo, porque isso se deu após o ataque do cangaceiro Sabino Gomes (foto) que, segundo meu pai, tinha como um dos seus objetivos ao invadir Cajazeiras “agarrar o enxu do major Higino”, numa referência ao cofre da farmácia do meu avô.

Sabino Gomes conhecia bem Cajazeiras. Fora guarda-costas de Marcolino Diniz, um cidadão que residiu em Cajazeiras, pouco depois de assassinar o bacharel Ulisses Wanderley, juiz de direito da cidade de Triunfo (PE), em 30 de dezembro de 1923. Preso em flagrante, foi solto pelos cabras de Sabino, a mando de Lampião, que era amigo e protegido do coronel Marçal Florentino Diniz, pai de Marcolino. Em Cajazeiras, Marcolino fundou e manteve, junto com o advogado Praxedes Pitanga, o jornal O Rebate, que circulou entre 1925 e 1928. Marcolino era irmão unilateral de Sabino Gomes, pois este nascera de relação sexual do coronel Marçal com sua cozinheira, em Abóboras, município de Serra Talhada (PE), perto de Princesa Isabel, terra do famoso coronel José Pereira, aliás, sogro de Marcolino Diniz. 

Sabino chegou a trabalhar nas obras de construção do açude de Boqueirão e desfilava armado pelas ruas de Cajazeiras, na qualidade de capanga de Marcolino Diniz.

Como o poeta Cristiano soube que o cangaceiro misterioso era Lampião? Meu pai o identificou numa foto que correu mundo, batida pelo fotógrafo profissional, Francisco Ribeiro, em Limoeiro do Norte, quando o bando ali estacionou, ao regressar da frustrada invasão a Mossoró. Em Limoeiro, os cangaceiros foram recebidos sem hostilidade. Ao contrário, tiveram direito a banquete, fizeram compras no comércio e até rezaram na igreja em companhia do padre.

Revejo, agora, a foto histórica, inserida no livro de Frederico Pernambucano de Mello: Guerreiros do sol - Violência e banditismo no Nordeste do Brasil -, talvez o melhor estudo acerca do fenômeno social do cangaço nordestino. Revejo com saudade do meu pai que, em 2013, completa 100 anos de formado na antiga Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

     

                                                                        Patrimônio 

O projeto Camaragibe Redescobrindo sua História realiza duas visitas guiadas na Fábrica de Tecidos nesta quarta e quinta-feira (20 e 30/10), às 16h. Durante a visita, ocorre palestra, exibição de vídeo e encenação da história da fábrica, construída nas terras do antigo Engenho Camaragibe, em 1891, com o nome de Companhia Industrial de Pernambuco (CIP). O projeto é realizado pelo produtor Pedro Dias.
Data: 29 e 30 de outubro, a partir das 16h.
Local: Fábrica de Tecidos – Rua Manoel Honorato da Costa, s/n, em frente à Praça de Eventos, Vila da Fábrica, Camaragibe.
Censura: Livre
Acesso gratuito
Informações: (81) 9536-4746


                                                                            MUSEU DO BARRO DE CARUARU

Se você está pelo Agreste de Pernambuco, aproveite para passar pelo Museu do Barro de Caruaru.

Até o dia 3 de novembro, o MUBAC estará com a mostra fotográfica Pernambuco Vivo. A exposição ficará por lá até o dia 3 de novembro deste ano. Na ocasião, o público vai poder conhecer um pouco do patrimônio cultural vivo do nosso Estado, seus mestres e outras expressões culturais de relevância.

Além disso, o museu destaca em suas coleções os principais polos de cerâmica popular da região, enfatizando sua preservação e promoção. A visitação ao espaço pode ser feita de segunda a sábado, das 8h às 17h. A entrada custa R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia).

terça-feira, 28 de outubro de 2014



A banda Os Sertões abre a programação da primeira edição do Caixa Sonora, que terá início nesta terça-feira (28), às 20h, na CAIXA Cultural Recife. Com shows acústicos e intimistas, o projeto vai até sábado (1º). 


110 ANOS DO NASCIMENTO DE CAPIBA
Lourenço Fonseca Barbosa nasceu em 28/10/1904 Surubim, Pernambuco. Faleceu em 31/12/1997 Recife, Pernambuco. Compositor. Instrumentista.
Autor dos grandes sucessos do Carnaval de Pernambuco: "Madeira que cupim não rói", "Tenho uma Coisa para lhe Dizer", "É de Amargar", "Manda embora essa Tristeza", "Quem vai pra Farol é o Bonde de Olinda", "Júlia", "Linda Flor da Madrugada", "Morena flor de canela", "É frevo meu bem", "Gosto de te ver cantando", "O anel que tu me deste", "A pisada é essa", "Cala boca menino", "De chapéu de sol aberto", "Juventude dourada", "Oh, Bela", "Trombone de prata", "Vamos pra casa de Noca".
E também de grandes sucessos da MPB como "A Mesma Rosa Amarela", "Maria Betânia", "Cais do Porto", "Valsa Verde", "Recife cidade lendária", "Serenata Suburbana", "Olinda Cidade Eterna", "São os do Norte que vem".




Na madrugada desta sexta-feira, dia 24 de Outubro, na cidade de Garanhuns, cidade situada no agreste meridional de Pernambuco,aconteceu a II Rave Literária da Biblioteca Casa da Gente, onde estiveram presentes artistas de diversos segmentos.
Na ocasião a organizadora do evento falou que a Rave é uma confraternização de pessoas que gostam de Literatura. Segundo ela, a biblioteca não é um lugar morto e sim dinâmico onde as pessoas podem viajar na imaginação através da leitura.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014


               

                          REISADO                                                                                                                      


O Governo de Pernambuco se prepara para encaminhar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -  IphanGovBr- o pedido de registro do Reisado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. 
O abaixo-assinado está disponível até 27 de outubro na Fundarpe, Torre Malakoff, Centro de Artesanato, Casa do Carnaval e Paço do Frevo. Contamos com o seu apoio! 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"Brincante" faz viagem lírica pelo mundo de Antonio Nóbrega


O longa "Brincante", dirigido por Walter Carvalho e baseado na obra do artista pernambucano Antonio Nóbrega, liberou nesta terça-feira (14) seu novo trailer e pôster, divulgados em primeira mão pelo UOL.
Em meio a paisagens rurais e urbanas, o vídeo traz um resumo lírico do universo de Nóbrega, baseado no espetáculo e no espaço cultural que ele gerencia há 22 anos.
Misturando ficção e documentário, o longa é guiado pelos personagens João Sidurino e Rosalina, das peças "Brincante" e "Segundas Histórias", interpretados por Nóbrega e Rosane de Almeida.
Bailarino, músico e pesquisador que há 40 anos se dedica à cultura e à arte popular, o protagonista do longa começou a chamar a atenção do diretor Walter Carvalho nos anos 1990, quando o viu em cena no Rio de Janeiro.

DivulgaçãoPôster do filme "Brincante
Em entrevista ao UOL no início deste mês, a experiência fez o diretor a voltar à infância na Paraíba, povoada pelas imagens dos tradicionais caboclos de lança. "Quando eu o vi no palco, fiquei chapado. Pensei que gostaria muito de trabalhar com ele", disse Carvalho.
De formação musical erudita, Antonio Nóbrega começou a se envolver com a música popular por incentivo do escritor Ariano Suassuna.
"Mas não suportaria contar sua história por meio de um documentário clássico, por isso imaginei Nóbrega em uma viagem pelo Brasil, a bordo de sua fubica [camionete antiga]."

Antônio Nóbrega - Lunário Perpétuo

terça-feira, 14 de outubro de 2014

lampiao

Triunfo – PE: a Capital da Rapadura



Uma cidade ensolarada mas de clima fresco, a cidade de Triunfo está localizada na bacia hidrográfica do rio São Francisco, no Sertão do Pajeu, em Pernambuco, e é conhecida como a Capital da Rapadura.
O que não falta em Triunfo são paisagens que sirvam de imagens para cartões postais do local. Os lugares mais procurados para roteiros turísticos na cidade de Triunfo são o Cine Teatro Guarani, um casarão construído em rocha e óleo de baleia que é palco de importantes eventos culturais, o Lago João Barbosa Sintonio que é a principal atração da cidade e o Museu do Cangaço.
A cidade foi um dos roteiros de Lampião. Ele se se abrigou no Sítio das Almas, na zona rural de Triunfo, em um casarão de 14 cômodos. Esse casarão ficava exatamente na divisa entre Paraíba e Pernambuco e, por esse motivo, Lampião fez desse lugar um dos seus preferidos.
Isso por que quando a polícia pernambucana chegava para predê-lo, Lampião se instalava em cômodos do lado paraibano do casarão. E quando os policiais eram pernambucanos, ele se instalava no lado paraibano.
O casarão do sítio até hoje conserva sua estrutura original e ainda guarda vários objetos dessa época, tornando um roteiro histórico importante do nosso país.

sábado, 11 de outubro de 2014





                           Carlos Silva


Nascido em São Paulo, Carlos Silva encontrou suas raízes culturais no sertão da Bahia onde foi criado desde a meninice. E entre trovadores e cordelistas na vila de Itamira no município de Aporá, no interior baiano encontrou a magia da poesia popular.

Começou a cantar em 1978, ainda interpretando outros nomes da música Brasileira e Internacional. E logo depois sentiu necessidade de criar seu próprio estilo. “Foi aí que deixei a paixão pelo Nordeste falar mais alto [...]” diz Carlos Silva que se considera um “nordestino inverso”.

Ao longo dos anos foi construindo sua carreira baseada na lealdade a cultura de seu povo e no trabalho intenso.  Seguiu, inspirado por grande nomes com Luís Gonzaga,  Vital Faria, Xangai, Geraldo Azevedo e do Trio Nordestino e por importantes nomes da literatura como Zé Limeira, Patativa do Assaré, Gordurinha, Téo Azevedo, Assis Ângelo e Moreira do Acopiara.

Resultando em 2000 no lançamento de seu primeiro CD com produção independente e o primeiro folheto de cordel. Então pegou a estrada e viajou o país inteiro difundindo a cultura nordestina “que é tão bela e tão rica”.

Em 2003, lançou seu segundo CD intitulado “Retratando”, álbum que presta justa homenagem a todos os cordelistas, trovadores, cantadores e, em especial, a Mestre Vitalino e outros ícones da nossa cultura. Assumindo um tom ora lúdico ora crítico, as canções que compõem o disco reverenciam o artesanato, a linguagem e a poética do povo nordestino. Outro ponto debatido pelo compositor é a invasão lingüística e cultural promovida por países como os Estados Unidos, o que fica bastante evidente na canção ESTRANGEIRISMO, um sucesso absoluto composto em parceria com Sandra Regina.

Ainda em 2003 com apoio do Itaú Cultural e juntamente com a Cooperifa ( Cooperativa dos Poetas da Periferia – movimento literário da capital paulista do qual faz parte ) lançou a coletânea Rastilho de Pólvora, êxito que foi repetido em 2006 com o lançamento de um CD de poesias pela Cooperifa e duas canções compostas por ele em parceria com o músico Zé Riba fazem parte de um CD lançado na França pela gravadora Urban Jungle. “Brazil estamental (oito pilha! Hum real) foi uma música de grande sucesso nas rádios francesas”, destaca.

De lá pra cá, Carlos Silva segue viajando por esse Brasil, divulgando seu trabalho e cativando o público por onde anda com sua música que é acima de tudo verdadeira e abre espaços antes fechados pela exclusão e marginalização desta cultura.  “Lembro que até meados de 1994 era uma vergonha usar chapéu de couro e caminhar nas ruas de São Paulo” diz ele. Atualmente espaços como UNIP e UNIBAN (2006 e 2007) já prestigiaram de perto a arte deste Nordestino Inverso.

Carlos Silva também mantém o trabalho com os livretos de cordéis, tendo lançado entre 2005 e 2007 5 livretos e ainda têm muito mais guardados na gaveta à espera do lançamento.

Obs: Na foto, Mestre Batista.Anos 70.

Carta aos Maracatuzeiros de Baque Solto de Pernambuco


Caros amigos, conhecidos e desconhecidos, que comigo fazem parte da tradição do Maracatu de Baque Solto de Pernambuco:
O dia 10 de outubro de 2014, bem poderia vir a se tornar um dia histórico, a ser comemorado por nós de agora em diante se assim entendermos a sua importância.
Neste dia foi assinado em Recife um documento no qual o Ministério Público de Pernambuco recomenda que as sambadas e ensaios de Baque Solto não sejam mais interrompidas pela polícia antes do amanhecer do dia.
De agora em diante, cada Maracatuzeiro pode programar e realizar seu ensaio e sambada sem o constrangimento de uma proibição arbitrária e ilegal, e caso ainda venha a sofrer algum tipo de restrição, pode denunciar o caso com a certeza de que ao menos no papel o direito estará com ele.
Mais do que isso, passamos a ser uma referência na luta contra a criminalizarão da cultura popular, ameaça que cresce e assombra nossa liberdade de ser da maneira como somos.
Mas é também um momento de refletir e se perguntar :
Como isso foi possível?
Não tenho as respostas, mas gostaria de reconstruir um pequeno histórico do preconceito e opressão ao Baque Solto.
No passado já distante, não existiam agremiações com o nome de Maracatu.Era o Leão do Engenho tal, a Estrela de Fulano, a Cambinda de tal cidade… Maracatu significava bagunça, confusão, “festa de nêgo”.De tanto ser usada de forma pejorativa, a palavra passou a dar o nome a um tipo de cortejo de carnaval que começava a se formar no Recife e no interior.Essa parte da história já diz muito do lugar que estaria reservado `a cultura do povo mais pobre ligado ao corte de cana de açúcar em Pernambuco.
De tempos antigos também vem o costume de se associar o Maracatu a “coisa do diabo”, noção preconceituosa decorrente da profunda ligação do Maracatu de Baque Solto com os cultos populares de origem afro-indígena.
Nas primeiras décadas do século passado, ao buscar um lugar no Carnaval de Recife, fomos considerados “Maracatus sem origem, degenerados, ilegítimos” e forçados pela Federação Carnavalesca a incorporar elementos que nos aproximassem do formato do Maracatu de Baque Virado, tradição distinta da nossa.
A criação da Associação dos Maracatus de Baque Solto em 1989 trouxe um enorme avanço na organização e articulação dos Maracatus, elevando a tradição de um lugar de indigência para um outro de extrema marginalidade, mas ainda assim bem melhor do que antes.
Nos anos 90, quando o país inteiro olhava para o Recife e sua música, fomos alçados `a categoria de ícone genérico da cultura pernambucana sem no entanto conseguir projetar nenhum nome individualmente a não ser o Mestre Salustiano.
É fato que a situação atual é bem melhor do que a 20 anos atrás, o que possibilitou inclusive a multiplicação do número de grupos.
Mesmo assim, seguimos ocupando sempre apressadamente os piores palcos no carnaval, demorando meses para receber o dinheiro, sempre solicitados para fazer cena mal remunerada nos mais diversos tipos de eventos de autoridades, a imagem do caboclo de lança usada e abusada em toda campanha política de todo e qualquer partido..
Mais recentemente, sem explicação nem justificativa, vimos se instaurar pouco a pouco em toda a região da zona da mata uma “nova ordem’, que impunha o limite nos horários para a realização de nossos ensaios e sambadas, tradição e costume secular e valor central na manutenção de nossa tradição.De boa fé acatamos a nova “lei”, sem saber que se tratava de uma arbitrariedade ilegal, sem nenhum fundamento a não ser o desprezo pela “coisa de nêgo, o Maracatu”.
Agora que teremos na mão um documento que acreditamos venha a garantir o respeito e mesmo a sobrevivência de nosso “brinquedo”, é necessário que possamos perguntar:
Como foi possível que a “brincadeira” do cortador de cana tenha sido criminalizada justamente durante o governo do neto do político com histórico mais diretamente ligado ao trabalhador da zona da mata?
Perguntemos também:Prefeitos, vereadores, pesquisadores,produtores culturais que atuam na zona da mata realizando eventos baseados na cultura local, jornalistas, "amantes da cultura popular" com acesso a um ou dois degraus acima na escadaria do poder, quem poderia ter intermediado ou no mínimo denunciado o problema, e não o fez?Seria bom lembrar sempre do papel que cada um destes teve nessa história.
Mas , principalmente, devemos nos perguntar : que lugar o Maracatu de Baque Solto quer ocupar no tempo presente?
Somos uma força de expressão cultural viva, inteligente, dinâmica e sofisticada, que mistura música, poesia, dança, teatro e artes plásticas de modo único e especial ou preferimos ser o costume folclórico inocente a serviço de interesses políticos que não nos respeitam?
A tradição que tem artistas do nível de Barachinha, João Paulo, Dedinha, Manoel Damião, Anderson Miguel, Zé Flor, Antônio Caju, Zé Joaquim, Canário Voador, Reginaldo Silva, Biu Caboclo e tantos outros precisa ser capaz de exigir um trato diferente por parte dos poderes instituídos.
Tive a sorte de conhecer e conviver um pouco com alguns Mestres que já se foram, e que em seu tempo constituíram lideranças ativas e deram contribuições fundamentais para que nossa tradição conquistasse espaços menos indigentes ao longo dos anos .Mestre Salustiano, João Lianda, Mestre Batista…Tenho certeza que nenhum dos três teria aceitando pura e simplesmente a situação a que fomos submetidos sem questionar e levantar voz de indignação.
Dedico a eles este texto, pela influência artística e humana formadora que tiveram em minha vida o seu poder de luta, que compõe o espírito mais profundo da tradição do Maracatu de Baque Solto de Pernambuco.
Também a meus parceiros de trincheira, Maciel Salu, Rute Pajeú, Liana Cirne Lins e Mestre Barachinha: Nenhum de nós teria conseguido esta pequena vitória sozinho.
Aos pouquíssimos ( dois ou três ) maracatuzeiros (?) que me sugeriram que a solução para a perseguição aos Maracatus seria transferir as sambadas para o domingo `a tarde,inventando quem sabe uma ridícula “matinê”, só tenho a dizer:
O Baque Solto Salva, também.
Siba Veloso
São Paulo, 10 de Outubro de 2014

quarta-feira, 8 de outubro de 2014



De 12 a 19 de outubro, o município de Salgueiro, numa iniciativa da Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros – Andelivros e da Prefeitura de Salgueiro, sediará, pela primeira vez, a Bienal do Livro do Sertão, homenageando o escritor Raimundo Carrero.
No Ginásio Poliesportivo, além dos 25 estandes ocupados por mais de cem editoras e distribuidoras, o público contará com palestras da sexóloga, Laura Muller; do poeta Jessier Quirino e dos jornalistas Evaldo Costa, Gilson Oliveira e Magno Martins.
Logo no dia 12, às 16:00, gestores e professores poderão aprofundar-se no tema ‘Gestão Escolar e Docência’, a partir da discussão que será aberta pelo professor Doutor em Educação e autor de cinco livros, Casemiro Campos.
Dando continuidade às atividades, às 19:00, o filho de Salgueiro, o escritor Raimundo Carrero, que no início deste ano fez lançamento de uma de suas obras, em Paris, estará recebendo leitores e admiradores para um bate-papo literário. O jornalista Marcelo Pereira, autor do livro ‘Raimundo Carrero: a fragmentação do humano’, também, participará das discussões.
Quem quiser ouvir ‘causos’ engraçados poderá conferir o poeta Jessier Quirino, no dia 15, às 19:00, que aproveitará o momento para lançar o livro ‘Papel de Bodega’ e realizar um recital.
Na quinta, 16, às 18:00, o ex-secretário estadual de Comunicação, Evaldo Costa, e o jornalista Gilson Oliveira conversam sobre o livro que os dois republicaram este ano, pela segunda vez, ‘Palavra Acesa – Memórias da Luta Camponesa’ sobre a luta dos trabalhadores rurais na Paraíba, durante o período da ditadura militar.
No dia 17, às 19:00, o jornalista e blogueiro, Magno Martins, além de proferir palestra, lançará a publicação ‘Reféns da seca’, quarto livro de sua autoria.
E no sábado, 18, às 19:00, uma das atrações mais famosas, a sexóloga Laura Muller, que ficou conhecida em quadro do programa Altas Horas, da emissora Globo, conversará sobre sexo e esclarecerá dúvidas dos presentes.
Ainda, dentro da proposta de integração com outros tipos de artes, o cantor e compositor Maciel Melo, referência da música nordestina, vai colocar os visitantes da Bienal para dançar forró, no dia 16, às 19:00.
Lançamento da Coletânea do Concurso de Poesia – No dia 14, às 16:00, a Prefeitura de Salgueiro, por meio da Biblioteca Municipal Francisco Augusto, lançará a Coletânea de Poesias de Salgueiro – 2014 e entregará a premiação dos vencedores da 4ª edição do Concurso de Poesias. Na ocasião, será, oficialmente, aberto o edital para o concurso de 2015, que passa a se chamar Concurso Literário de Salgueiro e traz, como novidade, a categoria Conto.
A Bienal ainda contará com as seguintes atividades:
- Bodega de Poesia Sertão do Pajeú - estande com vasto acervo da produção contemporânea local para exposição e comercialização;
- Coletivo Clube do Verso - 12 poetas e/ou escritores e mais de 40 títulos entre CDs, DVDs, livros e cordéis;
- Caravana Clube do Verso - presença de grupo de poetas e escritores, durante todo o dia 18.10, com recitais, contos, cantos, lançamentos e sessões de autógrafos;
- Espaço do Professor - espaço para debates e apresentações de trabalhos;
- Casa do Escritor - local que irá divulgar os escritores da região;
- Vila da Criança - com atividades lúdicas, como contação de histórias;
- Espaço do Jovem - espaço que irá abordar assuntos de interesse dos adolescentes e praça de alimentação.
Serviço:
I Bienal do Livro do Sertão
De 12 a 19 de outubro de 2014
Das 10h00 às 22h00
Ginásio Poliesportivo
A ENTRADA É GRATUITA

sábado, 4 de outubro de 2014




Mestre Cornélio

José Cornélio de Abreu, o mestre Cornélio, é um dos principais expoentes da arte popular do Estado do Piauí. Ele nasceu no município piauiense de Campo Maior em 1956. Filho de carpinteiro e marceneiro começou a trabalhar na madeira muito cedo; transformou-se em escultor por necessidade, mas acabou se apaixonando pela arte. A família era muito pobre, mas foi com o trabalho que conseguiu vencer as dificuldades. Ele diz que na igreja em que freqüentava sempre escutava o padre falar que tínhamos é que trabalhar.
O trabalho artístico do mestre Cornélio começou em 1973 em Teresina-PI. O pai foi chamado para a construção do teto de uma igreja e ele foi contratado como ajudante. Certo dia o pároco se dirigiu a ele e disse que ele faria o Cristo para a igreja. Você tem talento, disse o padre. Com a ajuda do escultor cearense Carlos Barroso que chegara à cidade, esculpiu o Cristo. Segundo ele, a escultura ficou com um  cajueiro que usou era torto. Mestre Cornélio conta que Carlos Barroso o ajudou muito na carreira de escultor.
A primeira peça comercializada do mestre Cornélio foi uma carranca com cara de jumento, esculpida num tronco de flamboiã. Ele a levou para ser vendida no Centro de Artesanato de Teresina, mas lá acharam a peça horrorosa. Dias depois foi vendida a um turista por 300 cruzeiros, um valor alto para a época. Depois disso nunca mais parou. As mãos habilidosas do mestre são capazes de esculpir esculturas detalhadas em madeira que chamam a atenção pelos detalhes entalhados com batidas precisas. As imagens reproduzidas são geralmente esculturas que reproduzem símbolos locais e figuras humanas. Apesar de seguir uma importante tradição dos mestres escultores do Estado do Piauí, a arte santeira, os totens se tornaram sua marca registrada.
Mestre Cornélio, com sua capacidade criativa, conquistou vários prêmios e tem inúmeras participações em exposições no Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, São Paulo e mostras internacionais na Argentina e na Itália.

Com a morte de Mestre Dezinho, Mestre Expedito e Mestre Cornélio são os mais velhos nessa tradição de santeiros e entalhadores do Piauí.
Contato com o mestre Cornélio:
Rua Bem-te-vi, 1370, Bairro Angelim
64034-100 Teresina-PI
Tel: 3227-0448



ZÉ PAULO MEDEIROS


Iniciou a carreira artística na década de 1970. Em 1976, compôs a música "Caminhar juntos", que foi tema da campanha da fraternidade naquele ano. Escreveu e musicou peças de teatro como "O Espantalho". Teve a música "Yanomami" incluída no filme "Zezinho, o menino mentiroso". Em 1999, teve a música "Jogo de cartas" gravada pelo Grupo Ponteio no CD do 25º Festival Nacional MPB de Ilha Solteira. Lançou seu primeiro disco em 2000, pela Paradoxx Music, o CD "Caminhante".


Em 2003, lançou também pela Paradoxx Music seu terceiro CD "A cara do sertão", com a música título, de sua autoria. Também estão presentes no discos a canção "Boiadeiro", com a qual recebeu 42 prêmios em diferentes festivais de música, além de "Assinatura de boiadeiro", "O velho cobertor", "Quero" e "Uai Minas Gerais", de sua autoria, "Silenciosa", de Paulo Freitas e "Ave da solidão", de Oswaldinho Viana. O disco contou com a participação especial de Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco, que foi homenageada na faixa "Viola". No mesmo ano, fez participação especial no CD "Alma lavada", de Cláudio Lacerda que registrou sua composição "Quero".

Em 2004, apresentou-se em cidades como Campinas e Tatuapé, em São Paulo, e Conselheiro Lafaiette, em Minas Gerais. No mesmo ano, apresentou-se no programa "Viola, minha viola" apresentado por Inezita Barroso na TV Cultura. Em 2005, participou no Teatro Eva Wilma, em São Paulo, do projeto "A cara do Brasil - Quintas Musicais".

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

30 ANOS DE WILSON ARAGÃO

Por Pedro Muniz
Imagem: Marília Randam
Foto: Marília Randam
Wilson Aragão é natural de Piritiba, município localizado na Chapada Diamantina. Além de compositor, Aragão é cantador e amante da roça, como ele mesmo diz. Gosta de acordar cedo “pra catar jenipapo e ver o sol nascer”. É um homem de fala mansa, aparência simples e olhar sereno.
Sua paixão pelo sertão está estampada em suas composições, criadas ao longo de mais de 30 anos de carreira. Colecionou parcerias ao longo desse período que musicaram seus poemas que, geralmente, possuem um tema em comum: a relação do homem com o campo, ou com o sertão. Ouça a pérola “Sertões e Sertões” e entenda.
Zé Ramalho já gravou música de Aragão (Guerra de Facão), assim como a cantora Tânia Alves, mas foi com Raul Seixas que o piritibano fez a sua obra prima:
Num planto capim guiné
Pra boi abaná rabo
Eu tô virado no diabo
Eu to retado cum você
Esses versos, escritos da forma que devem soar, da forma que o sertanejo fala, fazem parte da canção Capim Guiné, música que dá nome ao primeiro disco solo de Aragão e gravada pelo maluco beleza no disco “O Carimbador Maluco”, de 1983. No Blog Anarkilópolis XXI, você pode ler sobre a história dessa composição, e entender o que está por trás desse clássico da música popular brasileira.
A equipe do Soterópolis conversou com Aragão sobre seus anos de carreira e claro, sobre Capim Guiné. Assista no programa dessa semana, com depoimentos de parceiros como a cantora Roze, além de Paulinho Jequié, Pitt Aragão (filho de Wilson) e Raimundo Sodré.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

                    DULCE


A Última Guerreira do Cangaço 
Por: João de Sousa Lima

Dulce ao centro

Em 2003 imprimi a 1ª edição do livro Lampião em Paulo Afonso e fui convidado pelo escritor Antônio Amaury para lança-lo em São Paulo, em um evento que sempre acontecia na estação do Braz, com o título: O AUTOR NA PRAÇA.  Amaury aproveitou minha ida a Sampa e me apresentou aos irmãos “ManoVéio e Mano Novo”. Dois irmãos que têm um famoso programa de rádio destinado aos nordestinos. Lançamos com sucesso os livros na companhia de mais alguns escritores da região. No dia seguinte pedi pra Amaury me levar em uma feira de antiguidades e no domingo nos dirigimos ao MASP- Museu de Artes de São Paulo, onde acontece uma famosa feira de Antiguidades. Ao nos aproximarmos da feira, a primeira pessoa que Amaury avistou foi o senhor “Acir” e me disse:

 - João, esse rapaz, o Acir, é filho da cangaceira Dulce! Vamos lá falar com ele!

Amaury me apresentou o rapaz e conversamos por alguns minutos, depois o presenteei com um exemplar do meu livro e ele disse que só não me levaria pra conhecer a mãe dele porque ela residia em Campinas e estava doente no momento, deixando claro que a única coisa que eu conseguiria era apenas ser fotografado ao lado dela, pois ela não dava entrevistas e lembrou ainda que Amaury a conhecia há vários anos e mesmo tendo essa amizade e mantendo contatos com a cangaceira ela nunca cedeu entrevista a Amaury. Eu falei que entendia a postura e o direito dela manter o silêncio sobre seu passado.


 Ex-cangaceira Dulce

Passei mais alguns dias com Amaury e retornei a Paulo Afonso, pois as férias estavam acabando e precisava retornar ao trabalho. Na época eu trabalhava como gerente de abastecimentos de aeronaves no aeroporto local. Um dos vigilantes do aeroporto chamado Eraldo, sempre me dizia que sua avó tinha sido cangaceira e como ele era muito brincalhão eu fui levando a conversa sem dar muito crédito. Certo dia passando em uma rua tive a atenção despertada por Eraldo que acenou pra que eu parasse minha moto. Eraldo foi logo dizendo:

 - Venha conhecer minha avó que foi do cangaço!

Estacionei e fui ouvir essa história. Uma simpática senhora, já passando dos 90 anos de idade, saiu do seu quarto e veio falar comigo. Eu perguntei se era verdade que ela tinha sido cangaceira e ela respondeu:
 - Não meu filho, isso é conversa do Eraldo, minha irmã é que foi cangaceira mas ela morreu no cangaço!
 - E qual o nome de sua irmã?
 - Dulce!
 - Dulce? Dulce de Criança?
 - Essa mesmo!
 - Mais a Dulce tá viva!
- É mentira! Dulce morreu em Angico!
- Não! Quem morreu em Angico foi Maria Bonita e Enedina!

Nesse momento lembrei-me do Acir e contei a história que tinha conhecido o filho da Dulce e por mais que eu afirmasse as histórias sobre a cangaceira, dona Maria “Cícera” dizia não acreditar. Vasculhei em minha carteira o telefone do Acir e quando encontrei pedi pra utilizar o telefone dela pra comprovar o que estava dizendo. Liguei e fui atendido de imediato pelo Acir. Quando falei quer era o escritor de João de Sousa Lima, o Acir foi muito receptivo e alegremente comentou dizendo que tinha lido meu livro e que tinha gostado muito das histórias. Eu o ouvi atentamente esperando a oportunidade de falar sobre o real motivo de minha ligação. Quando enfim ele perguntou por que eu estava ligando eu disse que estava na casa de uma senhora que afirmava ser irmã de sua mãe Dulce. Houve um breve silêncio e depois Acir comentou:

- Pelo amor de Deus João, minha mãe procura uma irmã a mais de 60 anos, me deixa falar com ela pra ver se é ela mesma!

Passei o telefone pra Maria Cícera e fiquei na expectativa sobre a conclusão da conversa. De repente Cícera chorou, desligou o telefone, sentou e com um grande sorriso de contentamento falou:

- Minha irmã tá viva!

João de Sousa Lima e a família de Dulce

Ficamos alguns minutos observando a felicidade daquela senhora, participando de sua alegria. Dias depois recebo uma ligação. Dulce estava em Paulo Afonso e queria me conhecer. Ela e o filho Acir vieram no vôo da BRA, que fazia São Paulo/ Paulo Afonso duas vezes por semana. Dia seguinte, dentro do horário marcado, segui até a casa de Cícera, que morava com sua filha Dil. Quando cheguei vi várias pessoas na sala e me aproximei. Apresentei-me à Dulce, conversamos muitos minutos e pude observar sua capacidade intelectual, mulher inteligente, com um misto de dureza na face e ao mesmo tempo de doçura na alma. Tempos depois ela  falou:

- Eu tenho uma grande dívida com você. Você me proporcionou o momento mais feliz de minha vida, tendo encontrado essa minha irmã. Meu filho aqui presente sabe que não dou entrevista pra homem nenhum, mas vou abrir uma exceção pra você, pois fiquei sabendo que você escreve livros sobre o cangaço e precisa saber um pouco de minha passagem por esse momento que não gosto de falar!
Você quer fazer como?
- Quero filmar!
- Quanto tempo?
- Três horas!
- Três horas não, serão duas horas!
- Certo!
- Venha amanhã dez horas da manhã e conversaremos. Só que você não poderá me fazer duas perguntas que eu sei que você sabe sobre minha vida, pois se fizer eu encerro a entrevista.
- uma das coisas eu sei e não te perguntarei. O outro assunto eu não sei do que se trata e se por acaso eu te fizer alguma pergunta sobre isso a senhora não responde!
- Combinado! Aguardo você amanhã!

Edson, Dulce, João de Sousa Lima e Dona Cícera

Dia seguinte, eu e o pesquisador e cinegrafista Petrúcio nos dirigimos ao encontro marcado. Dulce nos recebeu sorridente, conversamos um pouco e fomos até o muro, lugar onde uma frondosa árvore dava sombra e reinava um silêncio propício para não atrapalhar a filmagem.

Petrúcio colocou a filmadora em um tripé, eu me acomodei entre as duas irmãs, Cícera e Dulce, a entrevista começou. Durante duas horas as mulheres foram falando do sofrimento. Da dor de Dulce ter deixado a casa de seus pais, a força, levada por seu cunhado, pra ser trocada por ouro. O tempo passou rápido. Finalizamos a entrevista e antes de sairmos, Dulce me agradeceu por aquele momento e disse:

- Você só poderá lançar essa entrevista depois que eu morrer! Posso confiar?
- Pode!

Dia seguinte, eu com minha família e o amigo-irmão Edson Barreto fomos visitar Dulce. De lá fomos todos almoçar em um restaurante no centro da cidade. Conversamos por muito tempo e ali eu pude entender o porquê do silêncio daquela misteriosa e ao mesmo tempo tão doce mulher. Suas dores  tão profundas de ter enfrentado um mundo tão hostil, sendo ainda tão criança. Pude compreender sua fé inabalável no Cristo que rege seus passos. Conheci os caminhos que a fizeram sábia. Entendi que suas feridas cicatrizaram na compreensão do silêncio que outros não entenderam. Dulce é tão pura, bela e sábia que é difícil não se emocionar mesmo ela permanecendo em seu silêncio.

Quando hoje só resta Dulce nos registros dos ex-cangaceiros, sendo a última pessoa a vergar sobre seu corpo as vestimentas do cangaço, eu afirmo que dentre muitas histórias que vivi nesse vasto mundo cangaceirístico, essa foi uma das histórias que mais marcas deixaram no íntimo de minha inquieta alma.

Fico feliz de tê-la conhecido e de em certo momento ter feito parte de sua alegria, mesmo ouvindo e compreendendo suas dores e tristezas de um passado ainda tão latente, tão presente nos sonhos de uma criança que correu caatinga à dentro, trocando seus mais puros desejos infantis pela dura concepção da realidade dura do aço e do ferro em brasa de armas que embalaram lutas ferrenhas no mais inóspito terreno do nordeste do meu Brasil.

João de Sousa Lima  é: 
Historiador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
Membro da ALPA; Membro do GECC ; Membro da IGH
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de estudos do cangaço