Floro Bartolomeu e Padre Cicero
SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
No ano de 1914,o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de caráter religioso,ocorrida na cidade de Juazeiro do Norte,no interior do Ceará.Um grande confronto entre o governo de Hermes da Fonseca e as oligarquias do estado do Ceará,o evento ficou conhecido como a Revolta ou Sedição do Juazeiro,nas primeiras décadas do século XX ,ocasionado pela interferência do poder central na politica daquele estado.Ao contrário do que ocorreu em Canudos,onde a população sertaneja lutou em defesa da posse da terra e de sua comunidade contra os interesses de coronéis locais,os sertanejos de Juazeiro pegaram em armas para derrubar do poder o governador do estado do Ceará.
O povo de Juazeiro,porém,lutou em defesa de uma causa que não era sua,pois a revolta popular foi preparada pelos coronéis da região com ora entender as causas da sedição de Juazeiro,é preciso levar em consideração a luta entre as oligarquias pela conquista do poder politico.Em 1910,os estados de Minas Gerais e São Paulo romperam com a politica do "Café -com- leite" porque não chegaram a um acordo sobre a sucessão presidencial.As oligarquias da Bahia uniram-se às de São Paulo,e juntas apresentaram a candidatura do baiano Rui Barbosa.Minas Gerais,por sua vez,se uniu ao Rio Grande do Sul e lançou como candidato o Marechal Hermes da Fonseca,que venceu as eleições.Ao assumir a presidência,Hermes da Fonseca procurou alterar a correlação de poder das forças politicas,beneficiando as pequenas oligarquias em detrimento das tradicionais.Foi com esse objetivo,que o presidente colocou em prática o que ficou conhecido como "politica Salvacionista." Consistia basicamente em intervenções de tropas federais nos estados,para substituir do poder uma oligarquia por outra.O governo federal justificava as intervenções como meio mais eficaz de acabar com a corrupção e depurar as instituições republicanas. Após a revolta,Padre Cicero sofreu retaliações politicas e foi excomungado pela igreja católica,no final da década de 1920.
Entretanto, permaneceu como eminência parda da politica do ceará por mais de uma década e não perdeu sua influência sobre a população pobre,que passou a venerá-lo como o santo dos sertanejos. Juazeiro do Norte,virou a meca dos sertanejos,onde foi erguido um gigantesco monumento em sua homenagem e que atrai,todos os anos ,multidões de peregrinos. O Marechal Hermes da Fonseca decidiu intervir no estado do Ceará com objetivo de neutralizar o poder das oligarquias mais poderosas da região,que estavam sob controle do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado,um politico com muita influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste brasileiro.
Eleito intendente(prefeito) de Juazeiro em 1911,padre Cicero envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da Fonseca para manter no poder regional a família Acioly.Em 1912,a intervenção federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly,sendo nomeado interventor o coronel Marcos Franco Rabelo,havendo eleições apenas para o cargo de vice-governador,na qual padre Cicero Romão Batista foi eleito,acumulando também o cargo de intendente de Juazeiro do Norte.
Naquela época,o padre Cicero já era conhecido no sertão nordestino por ser considerado um homem santo e "fazedor de milagres." Chamavam-no de "Padim Ciço."
Em 1914, o então interventor(governador),o coronal Marcos Franco Rabelo rompeu com o Partido Republicano Conservador(PRC),e iniciou uma perseguição a Padre Cicero,destituindo-o dos cargos que exercia e ordenando a prisão do sacerdote. O deputado federal Floro Bartolomeu,aliado de Pinheiro Machado,armou os sertanejos e montou um batalhão para defender Padre Cicero,seu amigo pessoal.O grupo era formado por jagunços e romeiros,era a união da força de Floro com o carisma de Cicero.
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