CALDEIRÃO DE SANTA CRUZ DO DESERTO, UMA CANUDOS NO SERTÃO DO CEARÁ
FINAL
Padre Cicero resolveu alojar o Beato e os romeiros numa grande fazenda denominada de Caldeirão dos Jesuítas,situada no Crato,onde recomeçaram o trabalho comunitário,criando uma sociedade igualitária que tinha como base a religião. Toda a produção do Caldeirão era dividida igualmente ,o excedente era vendido e,com o lucro,investia-se em remédios e querosene. Em pouco tempo, a organização e disciplina do beato e seus seguidores transformaram aquela terra abandonada,situada a 20 kms do Crato e com 900 hectares em terra produtiva. Lá a terra era de todos e a terra era de ninguém. Esse era um conceito naquela comunidade. Os homens plantavam e colhiam coletivamente,mas não eram impedidos de cada um ter seu lote de terra,para plantar ,criar gado e outros animais.Uma espécie de comunismo primitivo reinava no Caldeirão,onde todos tinham trabalho,comida e felicidade terrena. No Caldeirão todos tinham sua casa e os orfãos eram afilhados do beato.Para a comunidade eram enviados,por Padim Ciço,Ladrões,assassinos e miseráveis,enfim,pessoas que precisavam para trabalhar e obter sua fé.Havia práticas religiosa que assustava a vizinhança,tais como penitencias e rituais nas orações,mas não passava disso. Na fazenda também tinha um cemitério e uma igreja,construídos pelos próprios membros. A comunidade chegou a ter mais de mil habitantes. Com a grande seca de 1932,esse número aumentou,pois lá chegaram muitos flagelados. após a morte de Pe.Cicero,muitos nordestinos chegaram a considerar o beato Zé Lourenço como seu sucessor. Devido a muitos grupos de pessoas começarem a ir para o Caldeirão e deixarem seus trabalhos árduos,pois viam aquela sociedade como um paraíso,os poderosos,as classes dominantes,começaram a temer aquilo que consideravam ser uma má influência. O beato e sua comunidade eram caluniados pelos poderosos e pela imprensa da época. A comunidade foi taxada de uma nova Canudos Comunista, e não tardou a primeira intervenção policial bater na porta do Caldeirão,foi em 1936, a frente das tropas estava o Tenente José Góis de Campos Barros,lá não encontraram o beato que foi avisado previamente,e que ficou presenciou um espetáculo de barbarie movido pelo anticomunismo,suspeitando haverem armas escondidas com os menbros da comunidade,a tropa invadiu casas,saqueou-as tentando encontrar o pretenso arsenal .Ameaçaram todos de morte. Ao fim atearam fogo nas casas,uma moça revoltada ateou fogo no corpo. Nada encontraram a não ser os instrumentos de trabalho. As tropas policiais ficaram por lá um mês,torturando e prendendo a população num curral a espera do lider da comunidade.em 1936, um dos lideres da comunidade Severino Tavares foi preso e levado para Fortaleza por suspeita de participar do levante comunista de 1935.Fugindo da ação policial e acompanhado de cerca de mil pessoas o Beato organiza outra comunidade conhecida como Mata dos Cavalos. em 1937,Severino Tavares é libertado, com o coração tomado de ódio e vingança volta para o Caldeirão.no dia 10 de abril,outra expedição parte para o Caldeirão para o encontro com Zé Lourenço, as forças oficiais não contava com uma emboscada do grupo de Severino Tavares,um grande combate foi travado entre os grupos. No embate acabaram sendo mortos o Capitão José Bezerra e Severino Tavares.As manchetes não tardaram a surgir condenando ainda mais a comunidade. E os poderes públicos foram novamente acionados e o então Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra pôs uma esquadra de três aviões a postos para por fim ao Caldeirão. Em mais um espetáculo de barbarie os aviões sobrevoaram a região, dando rajadas de metralhadoras,segundo alguns mesmo jogando bombas, e matando um cem número de camponeses. Segundo depoimentos,levaram trens de cargas carregados de gente para Fortaleza. Após a dura chacina o beato ainda tenta erguer uma nova comunidade em 1938,porém, em apenas dois anos,são expulsos por mandato policial.neste mesmo ano Zé Lourenço segue para Exú,Pernambuco onde compra um terreno com poucos seguidores e organiza a comunidade União,baseada na liberdade e igualdade longe da perseguição policial,e no sossego que sempre buscou, ele passa seus últimos dias em terras Pernambucanas,onde veio a falecer em 14 de fevereiro de 1946,vitimado pela peste bubônica e, sem a sua figura a comunidade se dispersaría. Seu corpo foi carregado por cerca de setenta quilometros até Juazeiro do Norte,onde ainda hoje é possivel ver fiés visitando seu túmulo. o beato representa ainda hoje uma saída ao latifúndio. Ele morreu,mais suas idéias ainda estão vivas nos movimentos de luta pela terra no país.
DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...
ResponderExcluir"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado
O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA
No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato "JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.
O CRIME DE LESA HUMANIDADE
O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.
A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos
A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO
A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.
AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5
A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;
A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA
A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.
QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA
A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do "GEOPARK ARARIPE" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?
A COMISSÃO DA VERDADE
A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.
Paz e Solidariedade,
Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
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sosdireitoshumanos@ig.com.br