sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


NELSON  DA RABECA

Ele nasceu durante as águas de março,do distante dia 12,do ano da graça  de 1929,sobre um cenário verdejante dos canaviais da  pequena cidade  de  Joaquim Gomes,na zona da mata alagoana. Trabalhou desde cedo no campo,como cortador de cana.Casou-se com Dona Benedita e constituiu uma prole de dez filhos.Não teve oportunidade de frequentar uma escola,analfabeto, e sem precedentes musicais na familia,aprendeu sozinho a tocar rabeca,já por volta dos cinquenta anos.
Seu Nelson,escolheu a cidade de Marechal Deodoro,para viver,lá tem a música como atividade paralela ao trabalho na agricultura.Toca sanfona e rabeca,compõe baiões,xotes,marchas e forró pé-de-serra. Virou Luthier,começou na década de 70,confeccionando rabecas,alcançando renomada originalidade e perfeição no oficio que também aprendeu sozinho,seguindo um processo de experimentação,até chegar a um resultado que lhe satisfizesse.Para seu trabalho,pesquisa madeiras diferentes,objetivando a beleza e  resultado sonoro do instrumento. Sua madeira preferida é a jaqueira que, segundo ele que além de ser bonita e dar bom sonoridade,nunca se acaba. Escolhe madeira duras e pesadas para a construção dos seus instrumentos que tem como marca serem robustos e resistentes. Figura conhecida em Marechal Deodoro e em todo estado de Alagoas por sua arte,foi descoberto pelo pesquisador José Eduardo Gramani,que levou a arte e a história desse agricultor para todo país. Gramani, ao entrar em contato com a primeira rabeca de Nelson,ficou tão impressionado,com aquele meio de expressão musical e com sua riqueza timbristica que se sentiu inspirado a compôr vários temas,que se tornaram peças especificas para aquela rabeca.Essas peças tiveram registros em um CD,gravado em 1994. No ano de 1998,foi fundada a Associação dos amigos de Nelson da Rabeca,objetivando reconhecer o trabalho do artista,encabeçada por intelectuais,agentes culturais e artistas alagoanos,que vêem nele um dos mais legitimos representantes da cultura popular alagoana e que,voluntariamente,promovem seu trabalho artistico.
São diversos os músicos e pesquisdores que,atestando a qualidade dos instrumentos de Nelson,registraram sua adimiração e respeito a ele, o musicólogo Wagner Campos,sobre ele,afirmou:" Dominando todos os processos de sua arte musical,do corte da madeira,passando por todas as etapas especificas da construção de cada um dos seus instrumentos, até a criação e interpretação de suas próprias composições. Seu Nelson trabalha apoiado a uma sabedoria secular,representando o ponto de chegada de conhecimentos muito antigos trazidos na bagagem dos colonizadores,diminuindo distancias entre passado e presente,tradição e atualidade". No ano de 2003,ele deixou sua humilde casa na periferia de Marechal Deodoro,e foi até o Projac,em Jacarepaguá,no Rio de Janeiro,atender convinte da produção do programa Jô Soares,da rede globo de televisão,onde foi concedeu  uma entrevista.

William Veras de Queiroz - 2011 D.C - Durante Dias de Reis - Santo Antonio do Salgueiro-PE.

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