VÉIO
Cícero Alves dos Santos, o Véio, é um artista sergipano que utiliza a madeira para representar o seu olhar inusitado sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Nascido no município de Nossa Senhora da Glória em 12 de maio de 1947, o artista recebeu o apelido de Véio, por que desde criança gostava de ficar junto aos mais velhos escutando suas conversas. Hoje, Véio é um nome dos mais destacados na arte popular brasileira, tendo participado de importantes exposições no Brasil e no exterior. Suas obras ainda fazem partem do acervo de muitas galerias dedicadas à arte popular, assim como de muitas coleções particulares.
Véio começou a expressar sua admiração pelo sertão nordestino utilizando a cera de abelha, mas logo que “descobriu” a madeira, deixou a cera de lado e começou a expressar sua visão do sertão através da escultura em madeira: Eu comecei bem criança. Aos 5 anos, já fazia coisinhas com cera de abelha, que parece uma massa de modelar, mas, com o progresso chegando, as abelhas manduri foram embora. Depois tentei o barro. Não achei que era bom, porque tem que levar no fogo e aí deixa de ser barro. Então tentei a madeira. Aqui tem muita. A gente vai pegar nos loteamentos que abrem, nas derrubadas que fazem por aí, conta Véio. O Sítio Soarte, Museu do Sertão, criado por ele ao lado de sua casa, recria a vida do sertanejo e traz para os visitantes, esse universo do sertão nordestino através de obras como, a Casa de Farinha, a Casa de Profissões, a Igreja e o Sítio Caduco. O Soarte se localiza na BR 206, entre os municípios sergipanos de Nossa Senhora da Glória e Feira Nova, na altura do Km 8. Quem passar pelo lugar vai se deparar com um cenário curioso, formado por esculturas em madeira bruta que representam manifestações socioculturais criadas pelo olhar de Véio. São peças grandes, médias, pequenas e minúsculas. São noivas, grávidas, seres imaginários, chapéus de couro, utensílios domésticos, máquinas rústicas, roupas e acessórios que fazem parte da vida do sertanejo. Autodidata, Véio conta que a inspiração para sua obra foi dada por Deus: Quando a inspiração chega, posso criar qualquer coisa que esteja na mente do povo, desde a Marquês de Sapucaí às lendas e realidades do homem sertanejo. Vou em busca do material e deixo a imaginação tomar conta, pois temos muita riqueza a nível de história e cultura, conta o artista. Em suas obras, o artista tenta fazer uma espécie de alusão ao ciclo da vida: Digo que as peças novas trazem o valor da juventude e as velhas, já frágeis, que vão se destruindo pela ação da natureza, trazem a parte final da vida, explica Véio. Assim, suas peças, expostas a sol e chuva, têm vida curta, adoecem, envelhecem e morrem.
Além do seu museu particular, Véio tem peças espalhadas em vários lugares do mundo e do Brasil. No Brasil, suas obras podem ser encontradas no Memorial de Sergipe e no Museu da Gente Sergipana (Aracaju, SE). no Museu do Folclore Edison Carneiro (Rio de Janeiro, RJ), na Galeria Estação (São Paulo, SP), Museu do Homem do Nordeste (Recife, PE), na Galeria Pé-de-boi (Rio de Janeiro, RJ), entre outros. Além de livros de arte, a obra de Véio já foi retratada em cinco documentários. São eles: “Véio - Tradição e Comtemporaneidade”, “Nação Lascada de Véio”, “A Glória do Sertão”, “Véio – O filme”, “O Universo Simbólico de Véio” e a “Cavalhada de Poço Redondo”.
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