Antonio Salvador de Souza,Canarinho de Alagoas,nasceu em Limoeiro de Anadia,Alagoas ,no dia
26 de fevereiro de 1946. Trovador, Embolador e Repentista. Comecou cantando embolada nas
feiras das cidades vizinha. Com jeito simples, no dedilhar das cordas do violão ou no ritmo do
pandeiro, o violeiro e cantador Canarinho mostra com sabedoria suas rimas e versos. Na poesia
do repente ou na embolada que improvisa, ele canta a vida do homem do interior de Alagoas.
Por causa da cantoria de viola, ele ganhou, ainda em Limoeiro de Anadia, onde nasceu, o
carinhoso apelido de Canarinho das Alagoas. E assim foi nos últimos 50 anos, nas praças e
feiras onde se tornou atração. Eu me sinto bem em cantar; esse sempre foi o meu ofício. Nasci
para cantar”, afirmou o mestre, que desde ontem, integra o Livro do Registro do Patrimônio Vivo de
Alagoas.
Ele iniciou sua carreira com o ritmo do pandeiro, incentivado pelo pai, que lhe deu também um
cavaquinho, mas foi com a viola que se identificou. Aprendeu a cantar, observando os outros
cantadores, quando era criança, e com o talento de improvisar e a voz poderosa, passou a
cantar desafios, martelos , galopes à beira-mar e todos os tipos de cantoria de viola.
“Não tem cantador que canta no meu rojão”, desafia o violeiro, em um de seus versos
improvisados. “Faço de cabeça, qualquer tema”, disse, com entusiasmo.
Mas não foi só com cantoria de viola e emboladas tiradas ao som do pandeiro, que ele ficou
conhecido. Por mais de 20 anos, participou, na figura do palhaço, de vários grupos de guerreiros
no Estado, entre eles o de Joana Gajuru, ( Maribondo ), de João Inácio ( Boca da Mata ),
Zé Pequeno ( Capela ), Zé Anjo ( Pilar ) e mestre Eduardo ( Coruripe ).
“Sempre recebi convites para participar, era um divertimento muito bom. Chegamos a viajar o
Sertão inteiro, até a pé”, relembra o mestre.
A tradição do improviso ultrapassou o tempo e a nova geração da família segue os passos do pai.
Três filhos do mestre Canarinho das Alagoas reproduzem o que aprenderam com ele e seguem a
profissão. “Fico orgulhoso em poder ver que meus filhos continuam essa tradição da cantoria.
Espero que isso ajude a nunca se acabar”.
Segundo o mestre, o povo gosta de poesia e ela sempre há de existir, na voz e nos versos de um
Canário das Alagoas.
Texto de Valéria Guimarães
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