História do Terreiro Xambá
Diversos autores apontam o povo Xambá ou Tchambá, como povos que habitavam
a região ao norte dos Ashanti e limites da Nigéria com Camarões, nos montes
Adamaua, vale do rio Benué. Existem várias famílias com esse nome, nos
Camarões, tendo inclusive participado nas lutas pela independência daquele país.
No início da década de 1920, o Babalorixá Artur Rosendo Pereira, fugindo da repressão policial às casas de culto Afro-brasileiro, deixa Maceió e passa a morar no Recife. Na capital de Pernambuco, na Rua da Regeneração, no bairro de Água Fria, por volta de 1923, reinicia suas atividades de zelador dos
Orixás,
segundo os rituais e tradições da Nação Xambá, cujos axés foi buscar na Costa
da África,
onde permaneceu pôr quatro anos, aprendendo com “Tio Antônio, que vendia
panelas no
mercado de Dakar, no Senegal”, segundo René Ribeiro. Artur Rosendo iniciou
muitos filhos
de santo e vários deles abriram terreiro posteriormente. Dentre esses filhos,
Maria das
da Silva (Maria Oyá), que fez sua iniciação em 1927. Em fevereiro de 1928,
Maria Oyá
começa a cultuar os
Orixás, na Rua do Limão, em Campo Grande , tendo Artur Rosendo como
Babalorixá e
Iracema (Cema), como Yalorixá, inaugurando seu terreiro em 7 de junho
de 1930.
No dia 13 de dezembro de 1932, Maria Oyá termina sua iniciação, com o
recebimento das
folhas, faca e espada. Ao meio dia, realizou-se o ritual de coroação de Oyá
no trono,
cerimônia tocante e belíssima, repetida anualmente, pôr Mãe Biu, sucessora
de Maria Oyá.
Violenta repressão policial fecha o terreiro em 1938, que manteve o culto aos
Orixás, à
portas fechadas. Em 1939, falece Maria Oyá. Em 16 de junho de 1950, Mãe Biu
(filha de Ogum e Oyá),reabre seu terreiro na estrada do Cumbe,1012,Santa
Clara – Recife,
tendo como Babalorixá Manoel Mariano da Silva e Yalorixá Dona Eudóxia,
Padrinho Luiz da
Guia e Madrinha Dona Severina, esposa de Manoel Mariano. Em 07 de abril de
1951,
muda-se para o atual endereço, na antiga Rua Albino Neves de Andrade, hoje
Severina
Paraíso da Silva, nº 65, no Portão do Gelo, São Benedito – Olinda.
Após 54 anos dirigindo sua casa e mantendo as tradições e rituais da Nação
Xambá,
Mãe Biu falece aos 78 anos, no dia 27 de janeiro de 1993. Donatila Paraíso
do Nascimento, Mãe Tila, iniciada em
1932 por Artur Rosendo, Mãe-pequena da casa desde 1933, sucede Mãe Biu
como Yalorixá,
tendo como Babalorixá, seu sobrinho (filho de Mãe Biu), Adeildo Paraíso da
Silva (Ivo), que
continuam preservando as tradições do Terreiro Xambá.
Ao contrário do que afirmam Olga Caciatore e Reginaldo Prandi, o Culto Africano
da Nação
Xambá, está longe da extinção, pois o Terreiro do Portão do Gelo, em Olinda,
mantém-se há
mais 70 anos, vivo e atuante, preservando seus ritos e tradições religiosas, que
se
distinguem das casas de tradição Nagô do Recife. É verdade que, após o
falecimento do
Babalorixá Arthur Rozendo em 1950, a maioria das Casas Xambá de Pernambuco
fundiram-se com as da Nação Nagô, excetuando-se a fundada por Maria Oyá, o
axé de Oyá
Dopé.
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