Mestre Galdino
Manuel Galdino de Freitas, o mestre Galdino, foi um dos mais famosos e importantes ceramistas do Brasil. Ele nasceu em São Caetano-PE em 1928, mas aos onze anos se mudou para Caruaru. Casou-se com Maria Rendeira e teve três filhos. Em Caruaru trabalhou como oleiro e foi operário da construção civil pela prefeitura municipal, mas a fama e a notoriedade veio mesmo foi com seu trabalho como ceramista, embora tenha sido ainda cantador de viola e poeta de cordel. Sua trajetória como artista iniciou em 1974 quando foi enviado pela Prefeitura de Caruaru para realizar serviços no Alto do Moura. Lá fez vários amigos que o introduziram na arte de "bonecos", a principal atividade local. A identificação com o trabalho realizado pelos artistas do Alto do Moura foi tanta que Mestre Galdino pediu demissão do emprego na prefeitura, vendeu a casa que tinha e se mudou definitivamente com a família para o Alto do Moura. De lá só saiu com sua morte em 1996.
No Alto do Moura, Mestre Galdino realizou vários trabalhos paralelos ao mesmo tempo em que se dedicou à produção de cerâmica. Ele gostava de fazer moringas e monges, mas sua arte maior estava nos pequenos bonecos de barro. Para cada um que modelava, Galdino costumava escrever uma história que ia anotando num caderno; chegou a escrever mais de mil histórias. Logo passou a ser reconhecido como um dos mais criativos e produtivos artistas do Alto Moura. Sua obra é composta por um repertório de peças surrealistas e originais, consagrando os monstros autofágicos e outros personagens de forte conteúdo onírico, como Lampião-Sereia e São Francisco Cangaceiro. Quando alguém perguntava se ele havia aprendido a trabalhar com o Mestre Vitalino, ele respondia em versos: Galdino é bonequeiro/e sou poeta também/tem boneco em minha casa/que bonequeiro não tem/na arte só devo a Deus/lição não devo a ninguém.
Depois de modelar as peças, Mestre Galdino deixava oito dias para secar. Depois as peças iam para um forno de tijolo, no fundo do quintal de sua casa e passavam dez horas queimando. Finalmente, as peças ficavam mais quatro horas com o fogo apagado para desenfornar. Caso não seguisse todo esse ritual, dizia o mestre, o bicho ficava encruado e feio.
Atualmente as peças do Mestre Galdino são encontradas apenas em museus ou na mão de colecionadores. O Museu do Barro de Caruaru e o Memorial Mestre Galdino, criado em 1996, são alguns destes museus onde se pode admirar a obra do mestre. Manoel Pãozeiro, São Francisco Cangaceiro, a lombinha sentada, a viagem de Maria ao Egito, o galinho de Jesus e a raposa que come o macaco. Essas são algumas das peças mais famosas do Mestre Galdino que se encontram no memorial criado em sua homenagem no Alto do Moura. O museu abriga cerca de 30 peças do artesão, poesias, fotografias e textos sobre a vida e obra do artista.
Memorial Mestre Galdino:
Rua São Sebastião, 181, Alto do Moura, Caruaru-PE
Visitas: terça a sábado, 8 às 12h e 14 às 17h; domingo, 8 às 13h.
Referências bibliográficas:
- Portal de Caruaru (www.portaldecaruaru.com) Acesso em 03/01/2011.
- ASSUMPÇÃO, M. A arte zen de Mestre Galdino. Diário de Pernambuco, 28 de Abril de 1998.
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