segunda-feira, 15 de dezembro de 2014



                                       Louco
Boaventura da Silva Filho, mais conhecido como Louco, nasceu em 1932 em Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, localizada a 120 km de Salvador. Louco e seu irmão Clóvis, conhecido como “maluco”, eram barbeiros. Numa época em que seu oficio de barbeiro não mais lhe estava rendendo como antes, resolveu complementar a renda da família fazendo cachimbos de madeira. Sua mulher Alice era a responsável por coletar galhos de cajazeiras para fabricação dos cachimbos. A idéia deu certo. Louco começou a fazer sucesso na cidade com seus cachimbos e se tornou um sucesso de vendas. Foi aí que ele decidiu partir para projetos maiores, entalhando portas e mesas e esculpindo peças de até dois metros, sempre em madeira de lei – jacarandá, viático, sucupira e jaqueira.

.

Louco se dedicou à escultura por mais de trinta anos, período em que construiu uma vasta galeria de personagens que facilmente transitam entre o imaginário católico e a escultura afro-baiana; os próprios títulos de suas peças revelam essa duplicidade. Entretanto, apesar deste “transito” pelo catolicismo, seu estilo é bastante mais influenciado pelas raízes africanas. Exemplo disto é o seuCristo apresentando feições negras e sua Ultima Ceia sendo sustentada por escravos negros.

 Louco, Cristo, madeira. Reproduçao fotográfica Evandro Carneiro Leiloes.

 Louco, Jesus e seus apóstolos, madeira. Reproduçao fotográfica Evandro Carneiro Leiloes.

Com o sucesso alcançado no mercado da arte, Louco pôde construir uma casa ampla na cidade de Cachoeira, onde funcionou seu ateliê e morou com a família. Com a mulher Alice, o artista teve nove filhos, dentre eles, quatro seguiram profissionalmente o mundo da arte da escultura: Celestino Silva - Louco Filho, Mario Silva - Mario Filho do Louco, João Silva - João Filho do Louco, José Silva - Zé Filho do Louco e a terceira geração com Wallace Silva - Neto do Louco e Leonardo Silva - Neto do Louco.

 Louco, título desconhecido, madeira. Reproduçao fotográfica Evandro Carneiro & Soraia Carls Leiloes.

Louco participou de várias exposições pelo mundo, dentre as mais importantes pode-se citar as exposições: O espírito criador do povo brasileiro (Brasília, 1972), Sete brasileiros e seu universo (Recife, 1974), 2º Festac de Lagos(Nigéria, 1977) e a mostra Brésil, arts populaires (França, 1987).

Louco faleceu em 1992, mas antes disso conseguiu firmar seu nome entre os grandes nomes da escultura brasileira do século XX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário