terça-feira, 15 de agosto de 2017

OCORRÊNCIAS IMPORTANTES QUE FORAM VERIFICADAS NA CADEIA VELHA DE POMBAL/PB

Por Verneck Abrantes de Sousa

Alicerçada no ano de 1848 e concluída em 1859, famosa por concentrar presos perigosos da cidade, bandoleiros e cangaceiros de outras localidades, a Cadeia Velha não abriga mais presidiários, mas uma instituição denominada de Casa da Cultura. Em suas celas de parede largas e piso de tijolos rústicos passaram muitos criminosos que marcaram época: Donária dos Anjos, que durante a seca de 1877, segundo a própria, “para não morrer de fome”, matou uma criança e comeu sua carne. O bandido “Rio Preto”, que se dizia, tinha um pacto com o diabo. “Era curado de bala e faca, no seu corpo os punhais entortariam as pontas e as balas passariam de raspão”. Ferido à bala, “Rio Preto” morreu dentro da Cadeia Velha. Outro preso famoso foi o justiceiro Chico Pereira, que após a morte de seu pai se fez um dos grandes chefes do cangaço no sertão da Paraíba. Os fanáticos pretos da “Irmandade dos Espíritos da Luz”, chefiados por Gabriel Cândido de Carvalho, também tiveram sua participação na história da Velha Cadeia. Vale ressaltar Ciço de Bembém, que bateu recorde de detenção por pequenos furtos. Mas, entre muitos acontecimentos, um se destaca pela audácia. Jesuíno Brilhante, cangaceiro inteligente, com certa instrução educacional, foi protagonista da história, que assim, aconteceu:


Lucas, irmão de Jesuíno, acusado de ter cometido um crime em Catolé do Rocha, foi preso e remetido, havia tempo, para cadeia de Pombal, onde estavam mais de 50 presos da cidade e de outras vizinhanças. Como o julgamento estava demorando, Jesuíno tomou a decisão de libertar o irmão. Conforme os autos: “Às duas horas da manhã de 19 de fevereiro de 1874, numa quinta feira, chovendo bastante, não havendo ronda noturna, Jesuíno Brilhante, seu irmão João Alves Filho, o cunhado Joaquim Monteiro e outros, perfazendo um total de oito cangaceiros, todos montados a cavalos, atacaram de surpresa a Velha Cadeia, que na época era guarnecida por um cabo, onze soldados da Guarda Nacional e um da polícia. Despertando-os a tiros, dizendo em voz alta os nomes dos primeiros atacantes, destacados como os mais importantes do bando, dando viva a Nossa Senhora, os oitos cangaceiros conseguiram dominar todos os soldados. Enquanto isso, os presos acendiam velas e lamparinas para iluminar as celas. Os cangaceiros se apoderaram das armas e munições, distribuiriam com presos que, aos poucos, iam ganhando liberdade e ajudando no ataque. Arrebentaram cadeados, fechaduras, dobradiças, grades e saleiras com pedras, machados e outros instrumentos. Foi um verdadeiro levante, na maior algazarra. Depois se retiraram gritando pelas ruas, quando já se tinham evadido 42 presos de justiça, ficando 12 que não quiseram fugir. Os fugitivos tomaram rumos diversos, não constando nos autos a capturas de um só criminoso”.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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