domingo, 22 de outubro de 2017


                     RUBINHO DO VALE


“Sou um cantador do Jequitinhonha a viajar no trem da história, levando viola, sanfona, tambores e dando vivas ao povo brasileiro.”

Cantor e compositor mineiro do vale do Jequitinhonha, passou a infância na roça. Filho de seu Caçula e dona Zinha, menino levado, batizado Manoel, enfrentava léguas em lombo de burro para aprender a leituraem Bom Jardim, Jacinto, Vale do Jequitinhonha.

O ABC cantado pela mestra era repetido por ele naquelas viagens em busca do saber. Mais tarde em Rubim, terra onde residem seus familiares, continuou os estudos e concluiu o curso Ginasial.

Adorava fazer apresentações teatrais na escola e gostava muito do palco.

Seu primeiro instrumento foi o acordeão de seu pai, Caçula Jardim, ainda na roça.


Quando concluiu a oitava série em 1972 ganhou o primeiro violão que D. Zinha autorizou comprar e debitar na conta (fiado) na loja Casa Mineira. O menino abraçava, beijava o violão, não sabia uma nota, muito menos afinar o instrumento.

A sanfona e a caixinha de repique das folias tocadas em volta dos presépios, as violas e as serestas ouvidas na Praça Quinto Ruas foram os registros musicais dos tempos de menino, permanecem até hoje e se manifestam nas suas composições.

Um pulo até Teófilo Otoni, amigos, farras e estudos.

Um sonho: Ser engenheiro, sonho que o levou a Belo Horizonte.

Cursinho, viola, vida dura, a solidão da cidade grande, depois Ouro Preto, universidade, geologia, República Sinagoga, festivais de música, farras, noitadas com grandes violeiros e um novo nome: RUBIM.


Quando veio para Belo Horizonte tentar a sorte e continuar os estudos, teve que deixar o violão em Rubim, foi morar nas pensões, onde morava nunca tinha violão e o jovem que sonhava ser músico só podia tocar nas férias.

No início de 76 foi aprovado no vestibular da Escola de Minas de Ouro Preto para o curso de Geologia -Engenharia Geológica.
Morou em Ouro Preto cinco anos, fez boas amizades, aprendeu bastante, participou de festivais universitários, viu pelas ruas de Ouro Preto grandes artistas brasileiros durante o Festival de Inverno, assistiu bons espetáculos musicais e teve acesso a discos de MPB, especialmente de cantadores como Elomar Figueira, Geraldo Vandré, Luiz Gonzaga, de quem já gostava, e de violeiros como Renato Andrade e Almir Sater.


Ter contato com a música do Grupo Raízes foi fundamental para esse trovador voltar os olhos para sua terra, sua origem e sua cultura.

Morando na República Sinagoga, uma das mais lindas e aconchegantes de Ouro Preto, Rubinho pode então desenvolver sua forma de tocar e seu desejo de compor. Nunca estudou música, é um autodidata, com muito esforço desenvolveu sua técnica de tocar violão e com o tempo seu jeito de compor.

Em l980 veio novamente para Belo Horizonte sem conhecer ninguém, mas com um grande sonho: ser um compositor brasileiro, cantar sua terra – o Vale do Jequitinhonha – falar da sua cultura, denunciar as injustiças sociais, a exploração do povo do Vale pelos que chegavam de fora pedindo votos, tirando fotos, mas sem deixar nada para o povo.
Assim esse cantador foi transformando sua voz e sua música em bandeiras de luta e de esperança.


Encontros definitivos

Itaobim, novembro de 1979, I Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha – Procurados – organizado pelo Jornal Geraes, ali fica definida a nova proposta de vida: tocar e espalhar seu canto pelos quatro cantos do Vale, fazendo da voz e da viola, Maria das Dores do Brasil, armas poderosas em defesa da sua terra, do seu povo e da sua cultura.

Nessa caminhada, muitos amigos: Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Gonzaga Medeiros, Tadeu Martins, jornalistas, poetas e amigos do Geraes, Titane, Dércio e Doroty Marques entre outros.


Festivais, FESTIVALE, shows e cantorias em escolas, sindicatos, associações, teatros, igrejas e praças, assim percorreu centenas de cidades levando seu canto, suas trovas e divulgando a cultura do Vale do Jequitinhonha.

Um produtor de televisão chamado Rogério Brandão acrescenta-lhe ao nome a região de origem, assim Rubim e o Vale dão a Manoel o seu novo nome: Rubinho Do Vale.

Com vários LPs e CDs independentes gravados, esse cantador segue cumprindo a missão de levar ao povo  seu canto comprometido com a transformação social, resgatando os valores da sua terra, espinha dorsal do seu trabalho.


Pé na estrada

Ao começar sua caminhada profissional com a música Rubinho optou por mostrar seu canto na sua terra, para o povo do vale, esse era o público que primeiro queria conquistar, ou seja, ser reconhecido na sua região lhe daria autorização para cantar em outros Vales.

Junto com o parceiro e amigo Tadeu Martins fundou o grupo musical TERRASSOL, do qual também fizeram parte João Lefú, Tânia Grace, Ciro e Charles. Com esse grupo Rubinho apresentou em várias cidades de Minas e iniciou sua turnê pelo vale do Jequitinhonha que continua até hoje.


E assim foram muitas cidades, Minas Novas, Salinas, Almenara, Itaobim, Toiobeiras, Diamantina, Itamarandiba, Turmalina, Capelinha, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Virgem da Lapa, Salto da Divisa, Jacinto, Santo Antonio do Jacinto, Felisburgo, Joaima, Jequitinhonha, Ladainha, Serro, Araçuaí, Itinga, Berilo e muitas outras cidades do imenso Jequitinhonha.

E o trovador continuou sua caminhada por outros cantos mais distantes, transitando por universidades, sindicatos, associações de bairros, feiras, cantando nos grandes teatros e também nas pequenas comunidades do interior de Minas.


Literalmente, o cantador pôs o pé na estrada. Já se apresentou nas melhores casas de espetáculos de BH tais como: Teatro Francisco Nunes, Imprensa Oficial, Grande Teatro do Palácio das Artes, Minas Centro, espaços culturais de Universidades, vários Centros Culturais de Belo Horizonte. E segue o cantador, cantando em parques clubes e igrejas, em muitos bairros e outros locais da capital mineira e do interior do estado.

Com sua música para as crianças e adultos Rubinho vai onde o povo está, canta nas creches, nas escolas de periferia, canta para movimentos sociais e religiosos.

Já se apresentou no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Vitória, Goiânia, Sobral CE, Campina Grande PB e muitas outras cidades do Brasil.

Fez alguns shows nos Estados Unidos e tem um disco lançado na Alemanha, feito em parceria com Frei Chico, Lira Marques e Coral Trovadores do Vale.


Rubinho foi presença marcante nos programas de TV do Rolando Boldrim desde o Som Brasil na TV Globo até o Sr. Brasil na TV Cultura de SP e no Arrumação do Saulo Laranjeira.

Já se apresentou em muitas festas da cultura popular de Minas e do Brasil com destaque para as Festas da Cultura Popular do SESC MG e representou Minas no Festival Nacional de Folclore em Olímpia SP. Na Festa do Folclore de 2008, quando Olímpia, a Capital Nacional do Folclore, homenageou Minas Gerais, Rubinho fez o grande show da noite e viu centenas de crianças, adolescentes e adultos dançarem suas músicas na abertura do evento.


Festivais

Rubinho começou sua carreira cantando em festivais e venceu vários:
1º e 2º lugares no Festival da canção de Minas Novas – 1980
1º Lugar no FESTIVALE, Pedra Azul – 1981
1º lugar no Festival da Canção de Almenara – 1881
1º lugar no FESTIVALE, Itaobim – 1982
1º lugar e melhor letra no Festival de Avaré, SP – 1986

Homenagens

Homenagens recebidas por Rubinho do Vale:

“Medalha do Aleijadinho” – Prefeitura Municipal de Ouro Preto – 1979

Cidadão Honorário de Belo Horizonte – Câmara Municipal de BH – 1990

Medalha do Mérito da Educação – Governo do Estado de Minas Gerais – Secretaria de Estado da Educação – 2002

Ordem do Mérito Cultural – Ministério da Cultura

Em dezembro de 2003 Rubinho recebeu do Ministro Gilberto Gil e do Presidente Lula a Medalha da Ordem do Mérito Cultural. Esta é a maior condecoração do Governo Brasileiro aos artistas e intelectuais do Brasil pelo reconhecimento da sua obra. Por todo seu trabalho com a música e a cultura popular do Jequitinhonha, desenvolvido com tanta seriedade, o menestrel recebeu esta comenda das mãos do Presidente Lula e do Ministro da cultura. Rubinho recebeu a medalha junto com muitos outros compositores entre eles Antônio Nóbrega, Chico Buarque, Zezé de Camargo e Luciano, Marília Pêra, Ataulfo Alves, Ari Barroso e Portinari em memória, e muitas personalidades do mundo cultural.



O Vale do Jequitinhonha deu asas a um menestrel, que está pronto para voar mais alto por novos horizontes, de peito aberto para respirar os ares do mundo.

No caminho com as gravações


Gravou vários LPs:
Tropeiro de cantigas – 1982
Violas e tambores – 1984
Viva o povo brasileiro – 1986
Trem bonito – 1988
Encantado – 1989
Ser Criança – 1980
Verde vale vida – 1980

Em 1990 lançou o primeiro disco dedicado às crianças, LP duplo: Ser criança/Verde vale vida.
Cavaleiro da paz – 1995 (Primeiro CD. Está fora de catálogo)

Justiça e paz se abraçarão – 1996 (Inspirado no tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. Está fora de catálogo)
Jequitinhonha Vale Brasil – 1995 (Lançado na Alemanha. Uma parceria com Frei Chico, Lira Marques e o Coral Trovadores do Vale. Está fora de catálogo)

Em 1998 lançou o CD Alma Do Povo – Folclore E Cultura Popular

Esse disco reafirmou a proposta musical do cantador Rubinho do Vale, cantar a cultura popular e contar a história do povo do Vale do Jequitinhonha e de outros vales do Brasil.

Discos disponíveis no mercado:

Alma do povo – Folclore e cultura popular – 1998
Viva o povo brasileiro – 2000
ABC do amor – 2000
Cantos de paz – 2001
Vida verso e viola – 2007
Forró – 2007


Discos dedicados às crianças:

Ser Criança – 1990
Enrola Bola – Brinquedos, brincadeiras e canções – 1997
Passarim – O Palhaço Cantor – 2000
Verde Maravilha – 2002
Trem da História – 2006
Natureza em canto – 2008
Arraia do Rubinho – 2010


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