Herdou de sua mãe o dom de cantar. D. Sebastiana gostava de cantar as músicas de Cascatinha e Inhana em dupla com o pequeno Luiz. Aprendeu a tocar violão aos seis anos com sua tia Bicida e sanfona com seu padrinho Artur. Desde cedo participava das cantorias da família em volta das fogueiras na Vila Santa Catarina...
Assim ele conta um pouco de sua vida...
Cresci em São Paulo, na Vila Santa Catarina atrás do Aeroporto de Congonhas, onde o lazer preferido era ir ao aeroporto ver os aviões chegarem e decolarem nos idos anos 60. Esse era o passeio preferido dos paulistanos que moravam ao redor do romântico aeroporto. Naquele tempo era como se a gente vivesse no interior, pois não havia quase luz de rua e volta e meia tinha gente em volta de uma fogueira: meus tios com violão, cavaquinho, sanfona, flauta, batata doce, quentão e a seresta ia até altas madrugadas, e eu só espiava e sonhava com músicas de Francisco Alves, Orlando Silva, Ataúlfo Alves, Dalva de Oliveira, Caubí Peixoto, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ângela Maria, Cascatinha e Inhana etc...
Concluí o ginásio no GEBI no Jabaquara, que ficava atrás da garagem de ônibus da CMTC e acompanhava nas aulas a Dona Lourdinha de Pirajú, minha professora de música. Incentivado por ela participei do primeiro festival da 2ª Delegacia de Ensino do Estado de São Paulo com o samba “Meu sonho na avenida” feito em parceria com Joel e Paulinho: ganhamos o 2º lugar com apresentação do nosso grupo Semente.
Não parei mais. Continuei nos festivais estudantis. Concluí o colégio no C .E. Quirino Ferreira na Vila Guarani e fui fazer o cursinho no Anglo Latino na Tamandaré, na Liberdade. Queria ser engenheiro, mas, na hora do intervalo a gente tinha o som no DA supervisionado pelo Barba (prof. Jonas) produtor dos shows da turma e que shows!
Lá conheci verdadeiros bambas da nossa música como o Joel Nunes, Mineiro, Dudah Lopes, Mariô, Pércio e Marcio Marote,Fernando Carvalho, Mexerica do grupo Canto a Canto, Nico Rezende, Ulisses Rocha, José Lopes, Claudia etc...1976 era o auge da MPB e eu já estava totalmente envolvido, tomado pela música de Chico, Milton, Simone,Taiguara, Gil, Geraldo Vandré, Caetano,Edu Lobo, Gonzaguinha, Ivan Lins, Elis, Clara Nunes, Vinícius, Tom Jobim, Egberto Gismonti etc...e não tinha ainda percebido que ali estava o meu caminho.
Entrei na Metodista (Instituto Metodista de Ensino Superior) para fazer Publicidade e Propaganda. No show de calouros fui chamado ao palco pelo Tom Zé, atendendo aos reclamos da minha turma da faculdade e meio sem jeito acenei com as mãos mas, não subi ao palco por timidez.
Daí não teve jeito, abandonei os estudos no 4º ano, sob protestos da minha mãe e da Tia Hélia, minha segunda mãe, e segui com a música até os dias de hoje. E não me arrependo, pois tudo o que tenho e sei foi a música que me deu e me ensinou.
Lula Barbosa iniciou sua carreira artística no início dos anos 70, quando formou o grupo Semente ainda garoto com apenas 15 anos. Venceu vários festivais estudantis muito em voga naquela época. Com o grupo Semente abriu shows de Isaurinha Garcia, Adoniran Barbosa e Paulinho da Viola no Sesc Interlagos. Mais tarde nos anos 80 abandonou o último ano de Publicidade e Propaganda no Instituto Metodista em São Bernardo e começou a cantar profissionalmente nos bares da noite de São Paulo, nos barzinhos, como se dizia antigamente, na época fértil da MPB e da vida noturna no bairro do Bixiga em São Paulo. Cantou durante alguns anos numa das casas mais famosas e badaladas casas da época, o Boca da Noite, na Rua Santo Antônio, no coração do Bixiga, ao lado de Filó Machado, Geraldo Cunha, Celso Miguel e outros e também no Vou Vivendo, Beleléu Chope e Arte, Gente Amiga, Pianos Bar, Barzileirinho, Violão Chopp e Cia, O Porão, e Vozes da Terra, em Santana.
Lula Barbosa compõe para diversos intérpretes da MPB; já fez músicas em parceria com Cesar Camargo Mariano, Eduardo Gudin, Thaís Andrade, Fabio Jr, Mario Lucio Marques, Filó Machado D. Pedro Casaldáglia, Abílio Herlander, Miriam Mirah, Jica, Salgadinho, Adriano Stuart, Marcos Rezende, Irineu de Palmira, Canarinho, Celso Prudente, Eduardo Neves, Joãozinho Gomes, Natan Marques, Vanderlei de Castro e Álvaro Gomes entre outros grandes letristas e poetas. Tem mais de 500 composições gravadas por nomes como Roberto Carlos, Jessé, Fábio Jr., Thobias da Vai Vai, Pierre Onásis, Altemar Dutra Jr., Emmanuel, A 4 Vozes, Olodum, Miriam Mirah, Grupo Catavento, Célia, Jane Duboc, Christian e Ralph, Jair Rodrigues, O Terço, Sérgio Reis, Tarancón, Tania Libertad (México), Pedro Fernández (México), Tito Gomez (Porto Rico), Jim Porto (Italia), Amaya Uranga (Espanha), Katinguelê, Negritude Jr., Só pra Contrariar, Peninha e muitos outros.
Lula Barbosa também atua no campo da publicidade, como intérprete de premiados jingles da publicidade e propaganda brasileira, dentre eles Kaiser (Aquarela do Brasil), Brahma Chopp (Vai de Branco prá Dar Sorte), Fiat (Canção do Exílio), Telesp Celular (Andança), Itaú (Amanhã), Varig, Gol Linhas Aéreas, Banco do Brasil, Bamerindus, Vale do Rio Doce, Bota Sete Léguas, Ticket Restaurante e muitos outros.
Lula Barbosa já fez várias trilhas para documentários em vídeo para a Verbo Filmes. Destacam-se Canção para Zumbi (em parceria com D. Pedro Casaldaglia), Mãos Vazias, Nossa Senhora Aparecida, Ameríndia etc...
Lula participou em abril de 2005 da Caravana 3 da nova edição do Projeto Pixinguinha. Juntamente com Mônica Salmaso e Lui Coimbra fizeram shows em Anápolis, Brasília, Teresina, São Luis, Belém, Santarém, Macapá e Boa Vista. Eles foram acompanhados pelos músicos Benjamin Taubkin (piano), Carlos Bernardo (violão), Luiz Guello (percussão), Murilo O’Reilly (percussão), Natan Marques (violão), Teco Cardoso (sopros) e Zeca Assumpção (baixo). Em todas as cidades visitadas eles tiveram um sucesso fabuloso de público e despertaram um grande interesse da imprensa e da mídia locais.
Lula Barbosa já fez shows em várias unidades do SESC, teatros, Feiras, Clubes, Bares, Convenções, e participa em parceria de projetos culturais com vários artistas da MPB, participando de Festivais de Música ora concorrendo como intérprete ou compositor, ora como jurado, ou como artista convidado para os shows de encerramento. Suas participações mais importantes foram no Festival dos Festivais em 1985 com Mira Ira (2º lugar e melhor arranjo) e no último Festival da Globo em 2000 com Brincos (prêmio de aclamação popular).
Em 2008 retomou o trabalho em parceria com Miriam Miràh e Mário Lucio Marques, formando a Tribo Mira Ira. Gravaram o CD Viajar e fizeram shows de lançamento no interior do estado de São Paulo, com um projeto patrocinado pelo Programa de Ação Cultural da Secretária de Cultura.
Nos últimos anos Lula tem participado intensamente do projeto Sarau Chama Poética idealizado e produzido por Fernanda Almeida Prado. Eles fazem apresentações na Casa das Rosas, Museu da Língua Portuguesa, Biblioteca de São Paulo e SESCs.
Em 2011, Lula completa 30 anos de carreira e já está com dois novos CDs que serão lançados ao longo do ano.
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