domingo, 5 de setembro de 2021
PAULO RAFAEL, O MAGO DA GUITARRA
Paulo Ramiro Rafael Pereira,nasceu em 11 de julho de 1955, em Caruaru, no agreste central de pernambuco. Os primeiros contatos com a música foram através de simples relance vivenciado por ele quando criança.
Uma radiola em casa onde seus pais tinham sempre discos de músicas cubanas, seresta, frevo, românticas orquestradas, NELSON GONÇALVES E LUIZ GONZAGA. E de quebra uma loja de discos na mesma rua que sempre a família visitava.
Outro ritmo que penetrou seu consciente foram as BANDAS DE PÍFANO DE CARUARU, que deixou marcas para um futuro que Paulo rafael iria fazer proveito.
Sua irmã compra um violão que ele logo o adota.
Paulo rafael tinha um primo que tinha uma guitarra. Vendo aquele instrumento ficou totalmente maravilhado, porém só ia ter oportunidade de pegar em uma só no Recife, no início dos anos 70.
Outra influência bastante significativa, ele tinha um tio comerciante que também era maestro regente em uma das duas orquestra existentes na cidade. Nisso tinha passe livre entre os músicos.
Saiu de Caruaru e iniciou sua carreira artística nos anos 1970, em Recife, PAULINHO chega a Recife no início dos anos 70. Na rua que morou já conheceu o ESPETACULAR LAILSON DE HOLANDA, que já tocava um contra-baixo aqui acolá e também era e é cartunista, então já saíram as primeiras ideias. Mas foi com outro maluco da cidade que PAULINHO afinou as ideias: ZÉ DA FLAUTA, que também já tava dando seus primeiros sopros literalmente.
Com essa galera começa as influências internacionais, tipo BEATLES, JETHRO TULL, KING CRIMSON e etc! Daí tiveram a ideia de formar um trio! Antes mesmo da ideia se tornar realidade LAILSON foi morar nos Estados Unidos, estudar no sistema intercâmbio estudantil. Um ano e pouco depois LAILSON tá de volta e o trio PHETUS é formado. PAULINHO no violão e viola, ZÉ DA FLAUTA flauta e pífano e LAILSON no baixo. No entanto vieram as decepções. Os caras queriam tocar músicas renascentista e medievais, o que de imediato a turma ali nas imediações não aprovou! Então o PHETUS mau começou, acabou.
Com o fim da PHETUS! LAILSON DE HOLANDA junto a LULA CÔRTES (in memorian ☆09/05/1949 / + 26/03/2011) lançou, em 73, o álbum SATWA, álbum de conceito psicodélico com grandes influência das nossas músicas nordestinas. Enquanto isso PAULINHO e ZÉ DA FLAUTA viviam batendo perna no Recife a procura de se encaixarem em tantas outras bandas da cidade.
Antes de continuar vou abrir um parenteses que só vai dar certo aqui! (em meados dos anos 50 foi fundada em Recife a fábrica de discos ROZENBLIT, parque industrial que causava inveja nas fábricas do eixo RIO-SÃO PAULO. O parque industrial da ROZENBLIT tinha de tudo. Estúdio de gravação, máquinas de prensar discos, os antigos bolachões de vinil, e o parque gráfico, que por sinal era enorme, e a logística de distribuição! A ROZENBLIT também se destacava por bater de frente com as grandes gravadoras, por contratar artistas de todo país para gravar e sair com o selo ROZENBLIT de qualidade. Outra façanha da gravadora era licenciamento para discos de artistas internacionais aqui no Brasil! Já no começo dos anos 70 a ROZENBLIT se viu em declínio, foi aí que o LULA CÔRTES teve a brilhante ideia de pegar todos os malucos artistas da cidade e transformar as dependências da ROZENBLIT em tudo! Artistas musicais lançando discos, grupo de teatro se apresentando nos galpões, poetas de toda estirpe usando o parque gráfico para lançar seus livros... É dessa forma, no declínio, que sai os discos mais raros hoje em dia, a exemplo de SATWA, já citado em cima, PAÊBIRU (LULA CÔRTES E ZÉ RAMALHO), NO SUB-REINO DOS METAZOÁRIOS (MARCONI NOTARO), O BANDO DO SOL (FLAVIOLA).
Voltando ao PAULINHO, na capital pernambucana tava se formando o movimento UDIGRUDE (uma espécie de TROPICÁLIA, de JOVEM GUARDA ou para tempos mais próximos um MANGUE BEAT). Foi daí que surgiu a banda de grande relevância pernambucana no início com o de TAMARINEIRA VILLAGE (SE PRONUNCIA VILLAGE EM PORTUGUÊS, NÃO EM INGLÊS). Com pouco tempo trocaram o nome para AVE SANGRIA (DIZ A LENDA QUE ELES FORAM FAZER UNS SHOWS NA PARAÍBA E LÁ, SE ENCONTRANDO COM UMA CIGANA, ELA OS CHAMOU DE AVES SANGRIAS. PRONTO! NOME TROCADO... LENDAS).
A banda tinha em sua formação MARCO POLO (vocais), IVSON WANDERLEY (guitarra solo e vilões), PAULO RAFAEL (guitarra base, sintetizador, violão e vocais de apoio), ALMIR DE OLIVEIRA (baixo), ISRAEL SEMENTE PROIBIDA (bateria) e AGRÍCIO NOYA (percussão). Com esta formação sai o único disco da banda, o já pronunciado AVE SANGRIA.
IM MEMORIAN: ISRAEL SEMENTE PROIBIDA (bateria), falecido em 1990. AGRÍCIO NOYA (percussão), falecido em 2015. IVSON WANDERLEY - IVINHO (guitarra), falecido em 2015.
Com poucos shows e com música censurada (SEU WALDIR) faixa com temática homossexual (a atriz e cantora Marília Pera usou esta faixa em um de seus musicais mundo afora, que tinha no reco-reco o grande MUSSUM, aquele mesmo dos Trapalhões, Na época ele não fazia parte do quarteto. A repreensão militar caiu em cima, então a banda se desfez. Mas deixou uma fita cassete de um show ao vivo no Teatro Santa Isabel, que só foi ver a luz 40 anos depois, em 2014, com a volta da AVE SANGRIA ou quatro dos seis integrantes originais. Com o fim da AVE SANGRIA, em 1974, boa parte de seus integrantes foram tocar com ALCEU VALENÇA, menos o vocalista MARCO POLO e o baixista ALMIR DE OLIVEIRA. O resto debandou pra banda do ALCEU, que até ali já tinha gravado dois discos: QUADRAFÔNICO (1972), com GERALDO AZEVEDO, e MOLHADO DE SUOR, primeiro disco solo do cantor (1974).
Pra defender a música VOU DANADO PRA CATENDE (musicada por ALCEU), do poeta ASCENSO FERREIRA, para o festival da canção da REDE GLOBO em 1975, ALCEU formou uma banda de peso. ALCEU (violão), ZÉ RAMALHO (viola de doze cordas) e LULA CÔRTES (tricórdio), mais o que restou da AVE SANGRIA completando a banda.
Assinou a produção musical de "O baile perfumado", filme de Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Compôs e executou a trilha incidental de "Pátria amada", filme de Tisuka Yamasaki. Participou, como compositor e instrumentista, da trilha sonora dos CDs de poesia de Neide Arcanjo e Ascenso Ferreira e do CD de poemas infantis de Clarice Lispector recitados por Chico Anísio
Atuou, como instrumentista, em discos de Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Lobão (songbook de Gilberto Gil), Kleiton & Kledir, Marina Lima e MPB-4, entre outros. Escreveu o arranjo da faixa "Vaca profana", de Caetano Veloso, gravação de Gal Costa.
Como produtor musical, foi responsável pelos discos "Geraldo Azevedo, ao vivo", "Geraldo Azevedo, ao vivo - vol. 2" e "Futuramérica", de Geraldo Azevedo, e "Cavalo-de-pau", "Anjo avesso" e "Estação da luz", "Rubi", "Mágico" (gravado na Holanda) e "Andar, andar", de Alceu Valença. Lançou, na década de 1990, os discos instrumentais "Orange" (1992) e "Vagalume" (1995). É um dos integrantes, juntamente com Marcio Lomiranda e Taryn Szpilman, da banda Eletro Fluminas.
FONTE: LUIZ CARLOS GOGA (MEUS CDs DO PAULINHO E MEUS MIOLOS)
LIVRO: HERÓIS DA GUITARRA BRASILEIRA (QUE POR SINAL DE 178 PÁGINAS SÓ TEM UMA DEDICADA A PAULO RAFAEL!)
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