quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
MESTRE BARACHINHA
Era manhã de domingo, em Nazaré da Mata, e José Profírio acabava de chegar de Chã de Fogo, em Itaquitinga (PE), onde havia passado a noite assistindo maracatu. Guardião de décadas de sambadas na memória do corpo, ele sentia que aquela poderia ser sua última vivência no baque solto. Ao descer do carro, fez questão de admirar a manobra de encerramento do Estrela Brilhante (fundado em 2001), que se aproximava sob os comandos de seus filhos Manuel Carlos, na poesia e no apito, e Severino, regendo os caboclos de lança. Maria Maçunila, sua esposa, aguardava à porta, esforçando-se para enxergar toda movimentação. Esse episódio foi fotografado, emoldurado e hoje enfeita a parede da sala de uma casa do bairro nazareno do Juá. Há 13 anos é ali que vive o caçula do casal, reconhecido na Mata Norte de Pernambuco – e no país – como Mestre Barachinha. Batizado Manuel Carlos de França, o artista se tornou uma das principais referências do maracatu rural e segue levando adiante toda paixão e seriedade do pai por essa tradição.
Aquela realmente seria a última sambada que Seu Profírio acompanharia. E tornou-se inesquecível. “A gente ficou até admirado como ele conseguiu passar a noite toda, porque ele já estava sambadinho (adoentado)”, relembra Barachinha. Também pela animação, a lembrança dessa festa faz parte da memória de muitos que botam o maracatu alevante. “Até hoje os brincantes dizem que mestre nenhum teve direito de chegar com aquela quantidade de gente que eu cheguei aquele dia. A gente saiu com quatro ônibus, carro pequeno, tudo lotado. Foi muito marcante para mim, sambada muito boa. Minha mãe não foi, que ela já estava ruim da vista. Mas quando a Estrela Brilhante faz uma sambada ou ensaio, que volta para casa, todo mundo lembra de Dona Maria”, complementa, empolgado, o que seria confirmado mais tarde pelos depoimentos de outros folgazões.
Nas andanças pelas ruas de Nazaré ou de Buenos Aires (PE) para a realização deste perfil, pelo tanto de gente que o cumprimentava ou vinha abraçá-lo, uma de suas habilidades ficava evidente: a de ser um “construtor de amigos”, para usar suas próprias palavras. Essa talvez seja a maior delas, ou pelo menos, a de que ele mais se orgulha. “Já me perguntaram se eu tinha o dom de cantar, mas digo que meu dom é de ser querido mesmo, pelo meu jeito de ser. Não tenho condições de ter a melhor roupa, nem o melhor perfume, mas se chegar no maracatu o cabra mais suado e vier me abraçar, abraço ele do mesmo jeito. Quem quer chegar em casa cheirando não vai para maracatu”, afirma. Algumas amizades de longa data de Mestre Barachinha, que também rendem boas parcerias artísticas, são com o músico pernambucano Siba Veloso e o Mestre Zé Galdino, poeta importante da região.
Produção de golas de caboclo na sede do Maracatu Leão Formoso
Os encontros com o mestre foram regados a muitas histórias e recordações. Objetos cheios de simbologia ilustraram vários dos causos. Em sua casa, ele sempre buscava algo para nos mostrar e contribuir no entendimento das narrativas. A maioria desses objetos, aliás, revelavam bastante de sua profunda relação com o baque solto. A bengala de mestre, as camisas de estampas coloridas, os troféus dourados adornando o rack da sala, o disco Siba e a Fuloresta do Samba (2003) apoiado por ali e um grande livro de textos e fotografias guardado em um cantinho do quarto, cujo título é Pernambuco popular: um toque de mestre (2005). Resultado da pesquisa do antropólogo Raul Lody, com fotos de Roberta Guimarães e Fred Jordão, a publicação traz o trabalho de oito importantes artesãos do estado. Entre alguns nomes que participaram do projeto estão Mestre Zé Lopes, mamulengueiro de Glória de Goitá (PE), o saudoso Mestre Salustiano, de Aliança (PE) e radicado em Olinda, e o próprio Barachinha, que além do respeito como mestre, poeta, articulador cultural, desenvolve, também, peças de vestuário e acessórios para o maracatu rural.
Em parceria com Ana Lúcia – sua esposa há quase 30 anos, que conheceu brincando maracatu –, ele confecciona golas de caboclo e, assim, vão produzindo para complementar a renda. O casal tem três filhos, Karla Emanuelle, Kássia Emanuelle e Carlos Manuel, mas só o rapaz seguiu o gosto do pai pela cultura. No início, o artesanato foi o modo encontrado para fazer suas próprias indumentárias no baque solto, mas acabou virando alternativa para driblar a dificuldade financeira. “Não fui camarada de passar fome como muita gente da zona rural passou. Já fui de uma época que era difícil, mas antes de mim já foi muito mais. Em Buenos Aires (PE), onde vivi minha infância, a gente passava o ano todinho para a mãe do dono do engenho chegar no Natal com um saco de brinquedos. As coisas que os meninos dela não queriam mais. Foi uma infância que de alimentação eu não reclamo, mas não tinha luxo”, relembra Barachinha.
Há alguns meses, ele trabalha como oficineiro da prefeitura da cidade, função que já realizou em anos anteriores. Mas, em outros tempos, já fez serviço como servente de pedreiro e em usina de asfalto. Trabalhar na construção civil ou em atividades do meio rural, aliás, são realidades comuns a muitos artistas populares, e não é de hoje. Gerações anteriores do baque solto tinham ocupações atreladas à monocultura canavieira, a exemplo de um dos nomes mais importantes no folguedo e na ciranda, o Mestre Antônio Baracho, do Engenho Santa Fé. Em sua origem, o maracatu rural brota justamente no momento de diversão, expressão e resistência dos trabalhadores rurais diante da realidade de exploração do corte da cana. Enquanto a manhã era de labuta braba, o maracatu tomava dos folgazões a noite toda.
Toda a habilidade de Barachinha para o artesanato não foi algo ensinado, mas aprendido através da observação dos mais experientes, e do “se meter a fazer”. Além de produzir golas, ele também é capaz de confeccionar penachos de arreiamá (figura do maracatu que usa golas menores e grandes arranjos de penas na cabeça), bandeiras (estandartes), chapéus de caboclo, vestidos e outros elementos que compõem a brincadeira. “Uma vez vi o camarada Alfredo Miguel fazendo um chapéu de caboclo. Quando cheguei em casa, na segunda-feira, já estava eu na beira da pista, cortando o bambu e botando no sol para murchar. Comprei papel crepom na lojinha e fiz meu primeiro chapéu”, relembra a primeira vez em que se arriscou. Hoje, o que for necessário para levantar o maracatu, ele diz que faz e com dedicação.
Na casa de Dona Lúcia, no Juá, o marido é responsável por riscar, fazer as marcações e escolher as cores utilizadas, enquanto ela prega as lantejoulas numa velocidade impressionante. Quando a demanda aumenta, ele também participa da costura. Entre 13 e 14 dias de trabalho diário, uma gola costuma ficar pronta para vestir algum caboclo.
***
O meu pai muito avexado,
Com minha mãe se casou.
Na ilusão do amor
Terminei sendo gerado,
Fiquei num canto apertado
Sem ter calor nem frieza,
Sem praticar malvadeza,
Crime, vingança ou pecado,
Passei nove meses trancado
Na prisão da natureza.
(Versos improvisados por Barachinha durante um ensaio de Maracatu do Leão Misterioso, do Mestre João Paulo, na década de 1990)
Antes de se tornar conhecido como Mestre Barachinha, Manuel Carlos já colecionava experiências com o maracatu. Durante a infância, acompanhava seu pai indo brincar de caboclo. Nasceu em Buenos Aires, cidade da Mata Norte a cerca de 80 quilômetros da capital, mas ainda menino chegou com a família à “terra do maracatu” – como Nazaré da Mata ganhou fama. Se, hoje, a monocultura canavieira ainda permeia a política e economia dessa região do estado, naquele tempo, em meados da década de 1970, o poder dos donos do açúcar era ainda maior. Por estar inserido nesse contexto e ter origem humilde, José Profírio trabalhou no corte e plantio da cana, tomou conta de gado, cambitou (criou burros) e realizou outras atividades ligadas ao meio rural. Maria Maçunila, por sua vez, cuidava do sítio, da casa e dos filhos. Nessa época, por questões trabalhistas, eles tiveram que se mudar e, como brincar de caboclo sempre foi desejo de Seu Profírio, escolheram ir para Nazaré da Mata.
Nos domingos de Carnaval, faz parte da tradição do baque solto os caboclos de lança percorrerem as ruas da região pedindo dinheiro de porta em porta aos moradores. Nos seus tempos de brincadeira, Profírio descia e subia as ladeiras da cidade empunhado da lança e do surrão para cumprir a prática. Foi assim durante muitos anos, mas ele não costumava ir sozinho. O filho mais novo era sua companhia constante. Essa lembrança continua bastante marcante para Barachinha, que, naquela época, ainda nem tinha sido presenteado com esse apelido.
Aos 17 anos de idade, quando um importante folgazão do Maracatu Leão do Norte de Carpina o apelidou, Manuel Carlos ficou conhecido como Barachinha. “Existia caboclo valente, brabo, mas Alfredo Miguel era um cabra da paz. Amansava e conquistava o povo”, relembra o mestre sobre o responsável por esse “segundo batismo”.
“Uma vez, à noite, eu ia para a Escola Maciel Monteiro e o finado Alfredo Miguel, uma das maiores lideranças que eu já vi na história, botou na cabeça que eu parecia com Baracho e começou a me chamar: ‘Barachinha! Barachinha!’ No outro dia, a rua já estava cheia. Graças a Deus eu peguei carona nesse nome e, antes de ser mestre, já fiquei conhecido assim”, conta, entre algumas risadas, e complementa: “Uma vez, um cidadão saiu correndo atrás do maracatu para me perguntar se eu era o filho mais velho ou o mais novo dele. Eu disse que não era, só tinha herdado a cor mesmo”.
Apesar de não ser parente, Barachinha alcança tanta importância para a cultura do estado quanto o “rei sem coroa”, como Baracho se apresentava. É isso que defendem muitos brincantes encontrados pelo caminho. Mesmo com as disputas que existem entre os maracatus, o número de folgazões que respeita sua relevância é grande. Ora pelos versos inesquecíveis em sambadas históricas, ora por sua atuação enquanto articulador dos grupos. Na verdade, o que se observa é um grande cuidado com a tradição do maracatu rural, procurando colocá-la em interação com os mais jovens.
Sobre isso, o músico Siba Veloso explica: “Para entender a dimensão de Barachinha, é preciso entender como o maracatu funciona. Essa é a grande dificuldade de explicar o tamanho da figura dele, porque é o maior mestre de maracatu da atualidade, de importância histórica, como a gente fala de Mestre Salu ou de Baracho e outros que marcaram seu tempo. Ele é o maior mestre porque é o maior poeta, que consegue dentro da linguagem, da poesia do maracatu, formular coisas mais profundas, do modo mais simples e se comunicar com toda comunidade. É o maior mestre não só por isso, mas porque, nessa função, ele consegue articular as pessoas e as demandas ao redor dele sempre de um jeito muito construtivo e positivo. Todo mundo vai ter uma história em que ele possibilitou alguma conexão, algum tipo de movimento que levou uma pessoa para uma situação melhor do que a de antes”.
Embora haja o reconhecimento por grande parte dos que brincam maracatu, aos 51 anos – e mais da metade deles dedicados ao baque solto –, o mestre ainda não tem o título de Patrimônio Vivo do Estado. “Já fiz um bocado de coisa, se eu conseguisse juntar tudo que participei por aí, já tinha entrado nesse negócio”, diz ele.
“Nunca fui em sambada sem me preparar para não ir no terreiro de ‘boca aberta’, na linguagem do maracatu. A gente tem que se pegar mesmo com Deus, mas não adianta negar, acredito muito no Exu. Essa proteção é importante para mim e para quem leva o maracatu a sério”, afirma Mestre Barachinha, revelando sua consideração pelo preparo religioso antes de entrar na brincadeira.
Muito da maneira de entender os “segredos do brinquedo”, ou seja, a religiosidade no maracatu, é herança de Seu Profírio. “Eu já comecei vendo meu pai sendo assim. Via vela acesa atrás da porta e via o respeito. Comecei a brincar vendo esse mistério todinho, mas não sou nem 60% do que meu pai era dentro do maracatu, só que muita tradição do passado eu quero preservar. Eu via os mais velhos brincando assim, então, é assim que vou brincar. Se a gente perder o respeito pela tradição, perde a graça”, defende. Para manter a proteção dos brincantes do baque solto, nem tudo se revela.
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Em Pernambuco, há mais de 100 grupos de maracatu rural distribuídos pelo estado, segundo o Dossiê do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A maioria deles está localizada na região da Mata Norte, que é o berço dessa expressão. Desde 2014, o folguedo é reconhecido como Patrimônio Imaterial Cultural pela instituição e integra o Livro de Registros das Formas de Expressão.
Ao longo desses anos, Barachinha já passou por seis dessas agremiações, seja como mestre, poeta, artesão ou caboclo de lança; mas sobretudo como grande articulador, inclusive do Cambinda Brasileira, maracatu centenário do Engenho Cumbe. Por sua habilidade de perceber quem está disposto a levar o maracatu a sério, “que de brincadeira só tem o nome”, como ele mesmo defende, mas também pela confiança que conquistou na região, Barachinha foi responsável pelo acesso de diversos folgazões, entre eles Siba e o Mestre Bi, na Estrela Brilhante.
Barachinha: “Ô Bi, você quer mestrar um maracatu de fama e grande?”
Bi: “Quero. Qual maracatu?”
Barachinha: “A Estrela Brilhante.”
Bi: “Oxente, e eles querem? O senhor falou com quem?”
Barachinha: “Sou eu que estou falando. Pois pronto, a partir de hoje, você é o mestre da Estrela Brilhante.”
(Diálogo narrado por Barachinha do convite feito a Mestre Bi, que hoje é mestre, presidente e grande articulador na Estrela Brilhante)
Nas visitas à região, além da casa do artista, era necessário conhecer alguns maracatus que tecem sua história. Não por acaso, o primeiro foi o Maracatu Leão Formoso, de Nazaré, em que Barachinha ingressou aos 20 e poucos anos a convite do dono da agremiação, Antônio Pacheco. Ali, arriscou seus primeiros versos como mestre entre 1993 e 1997.
“Hoje, qualquer maracatu tem coragem de me chamar para ser mestre, mas, na época que Antônio Pacheco confiou em mim, ninguém tinha não. Para o que eu cantava naquele tempo, eu não teria me chamado”, confessa. Na sede do Leão, a equipe da Continente foi recebida por Maria de Lourdes e Joelma, mulheres que fazem parte da diretoria do grupo, e a conversa se prolongou por toda a manhã, enquanto adiantavam serviço para o próximo Carnaval. Com 39 anos de resistência, o Formoso conta com a participação de aproximadamente 75 folgazões e o atual mestre chama-se Pedrinho Gabriel, outro primo de Barachinha ligado à tradição. “É uma família de mestres!”, exaltava Joelma.
Tal como em outras manifestações populares, o baque solto impulsiona uma espécie de rede familiar, realmente. E, para os que fazem parte da brincadeira, o sentimento de pertencimento e compartilhamento com todo o grupo é o ano todo, não apenas no Carnaval. “O maracatu é minha família. 95% das amizades que tenho veio dele”, afirma Barachinha.
De carro ou de mototáxi – transporte comum na região –, a sede do Maracatu Estrela Brilhante fica a poucos minutos dali. Ir andando no sol quente é que deixa esse tempo maior. Em frente ao local, Biu Profírio, irmão mais velho de Barachinha e mestre caboclo, nos aguardava. A entrada da Estrela, por sinal, é preservada do mesmo jeito de quando os pais deles estavam ali e foram eternizados no retrato que Barachinha tem emoldurado em sua casa.
Dentro do espaço, pode-se conhecer as indumentárias, a boneca (calunga) e vários objetos da história do grupo guardados. Uma característica, no entanto, saltava aos nossos olhos: o fato de todos chapéus de caboclo serem dourados, enquanto em outras agremiações a mistura de cores prevalece. “Isso foi ideia dele”, justificava Seu Biu, apontando para o irmão mais novo. Até hoje, a sugestão dada por Barachinha quando foi mestre do grupo, entre 2004 e 2010, é marca na identidade visual da Estrela de Nazaré.
Outro artista que tem sua trajetória marcada pelo Maracatu Estrela Brilhante é Siba Veloso. Todos os anos, o músico participa do importante ensaio antes do Carnaval. E foi com o tradicional grupo de baque solto que diz ter feito sua “graduação poética”, ao longo das sambadas de que participou. Sua entrada como contramestre aconteceu no início dos anos 2000, no período que morava na cidade, através de um convite de Barachinha. A experiência acabou fortalecendo a amizade entre os dois, que são também parceiros artísticos.
Alguns frutos disso são o álbum Fuloresta do Samba (2003), projeto desenvolvido com outras potências da cultura popular, entre elas o saudoso Mestre Biu Roque, e o De baque solto somente (2005), trabalho com composições de ambos. Mas Barachinha também tem O clássico da poesia (2018), em parceria com o jovem Mestre Anderson Miguel e o Campeões da Sambada Vols. I e II, com seu grande amigo Mestre Zé Galdino. Além disso, há suas contribuições no cinema pernambucano, pois em 2007, participou do filme Baixio das bestas, de Cláudio Assis e, mais recentemente, do Azougue Nazaré (2018), do realizador Tiago Melo. Nesse, inclusive, interpretando um pastor evangélico em meio à tradição do maracatu rural.
Após visitarmos alguns grupos que fazem parte da história de Barachinha, em Nazaré, finalmente, chegava a vez de realizar seu pedido desde o primeiro encontro. “Faça de tudo, mas bote alguma coisa da Estrela Dourada nessa revista”, repetiu ele algumas vezes, brincando. A razão para isso é que o Maracatu Estrela Dourada, de Buenos Aires, sua cidade natal, é o grupo a que tem se dedicado como mestre há, pelo menos, cinco carnavais.
Barachinha realizou parcerias musicais com artistas como
Siba Veloso, Biu Roque, Anderson Miguel e Zé Galdino
Encontrar a sede do brinquedo seria bem fácil, pois o espaço fica numa região central da cidade, próximo à Igreja de Santo Antônio e ao lado do Clube Municipal. Pinturas coloridas de um caboclo de lança, uma dama de passo e um arreiamá no muro do lugar também contribuem com a identificação e dão boas-vindas aos visitantes. O presidente Neném Modesto e sua esposa Carminha nos receberiam à porta para apresentar o local. Em alguns minutos de conversa, pelo envolvimento e os conselhos que dava à diretoria, o papel de Barachinha enquanto forte liderança tornava-se ainda mais evidente.
Em agosto do ano passado, a Estrela Dourada chegou ao 25o aniversário. Sempre nessa época do ano acontece uma tradicional comemoração em frente à sede, para reunir folgazões de toda região. A cada evento, são esperadas mais de mil pessoas. Gente de cidades vizinhas, integrantes da “Furiosa” da Mata Norte, como é conhecida, além de mestres e brincantes de outros grupos comparecem para prestigiar, sambar e comer bolo.
Em 2019, no sábado em que a festa estava marcada para acontecer, Barachinha não escondia o sorriso, a empolgação e relembrava constantemente a agitação do ano anterior. Mesmo sabendo que a festa poderia se esticar, junto aos seus, ele trabalhou o dia inteiro para que tudo fosse concluído na beira da noite. E, de preferência, que durasse até domingo, porque “sambada boa dura até manhã”, como ele mesmo diz. E pela vontade do mestre, assim foi, brincaram maracatu até o dia amanhecer, como sempre tem sido por todos esses anos.
ERIKA MUNIZ, jornalista, formada em Letras pela UFPE.
JONATHAN LIMA, estudante de Fotografia.
Fonte: Revista Continente.
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