Foto do acervo de Katarina Real.
Ano: 1963
Ano: 1963
Maracatu Nação Elefante
Entre seus principais fundadores estava o escravo Manoel Santiago, também instituidor do já extinto Maracatu Brilhante.
A escolha do elefante como nome e símbolo da agremiação deveu-se ao fato deste animal ser protegido por Oxalá, um dos muitos orixás do candomblé.
Uma das peculiaridades deste maracatu é o costume de conduzir três calungas (bonecas) ao invés de duas como é comum aos outros maracatus. São elas: Dona Leopoldina, Dom Luís e Dona Emília, que representam os orixás Iansã, Xangô e Oxum, respectivamente.
Outra característica singular do Nação Elefante é o fato de ter sido o primeiro a ser conduzido por uma matriarca; até então, os maracatus sempre tinham sido regidos por uma figura masculina.
Sua principal rainha foi Dona Santa - Maria Júlia do Nascimento. Nascida em 1876, foi eleita rainha aos 19 anos, permanecendo até aos 86 anos, quando faleceu em 1962. Sua importância como rainha pode ser constatada num trecho de uma matéria publicada em 1965 pelo Jornal do Commercio do Recife: "Exercia grande autoridade entre seus vassalos e mesmo as outras entidades a respeitavam, era ela a figura de destaque dos nossos carnavais e o seu prestígio não diminuiu nem mesmo com o aparecimento do Rei Momo". Após a sua morte, a figura respeitada e emblemática da rainha virou mito. Dona Santa deixou registrado em estatuto que ninguém deveria lhe suceder na hierarquia da Nação, sendo também seu desejo que o acervo do Maracatu Nação Elefante fosse doado ao Museu do Homem do Nordeste.
Em 1964, conforme vontade da ex-rainha, sua filha doou todo o acervo da agremiação ao museu, órgão ligado ao então Instituto Joaquim Nabuco, hoje Fundação Joaquim Nabuco.
Por quase 20 anos não se ouviu falar no Maracatu Nação Elefante. Porém, em 1985, Dona Madalena, antiga rainha do Maracatu Leão Coroado e que acabava de deixar o trono do Maracatu Estrela Brilhante, resolveu colocar o Maracatu Nação Elefante nas ruas do Recife, iniciando a polêmica segunda fase da agremiação.
De acordo com alguns pesquisadores, entre eles, Roberto Azoubel, o Maracatu Nação Elefante retomou seus cortejos com um grupo de mesmo nome. Assim sendo, tornou-se o maracatu mais antigo do Brasil ainda em atividade. Um dos grandes momentos dessa retomada das atividades foi uma excursão à Europa nesse mesmo ano de 1985, viabilizada pelo Instituto de Música de Berlim.
Ninguém sabe precisar ao certo até que ano Dona Madalena desfilou como rainha. Sabe-se apenas que a coroa da Nação foi entregue oficialmente à sua neta, a yalorixá Rosinete, em 1997. No entanto, o reinado de Rosinete durou pouco. Em julho 2000 foi brutalmente assassinada a tiros de pistola na sede da agremiação, onde era também sua residência, localizada no bairro da Bomba do Hemetério, na Zona Norte da capital pernambucana. Com graves problemas de saúde e ainda abalada pela perda da neta, Dona Madalena faleceu em novembro do mesmo ano.
Em 2003 a agremiação foi presidida por Nilton Constâncio de Oliveira, mantendo como rainha Mary Pessoa de Mello, que havia assumido o posto dois anos antes, quando contava com apenas 12 anos de idade.
Segundo o percussionista Reppolho em seu livro "Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão":
"Baque Virado: Ritmo afro-brasileiro usado nos maracatus de Nação Nagô chamado de Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação, em Recife. Instituição: nasceu na cidade de Olinda, em 1793, para homenagear os Reis do Congo. Alguns pesquisadores afirmam que esta Instituição fora implantada pelos portugueses. As variações rítmicas tocadas pelo tambor alfaia (bombo) recebem os nomes de Marcação, Malê, Baque-de-Parada Arrastão e Baque-de-Martelo. Vejamos como ocorre normalmente a sequência musical da percussão: o Tarol anuncia levemente um esquema rítmico bem simples, rufando e intercalando pausas. Quase no mesmo instante, o Gonguê assinala a sua rítmica característica, dando entrada às Caixas-de-guerra. Em seguida, ocorre a entrada das Zabumbas, segundo o maestro César Guerra Peixe. No decorrer dos anos o (tambor) Zabumba foi substituído pelo (tambor) Alfaia, acompanhado por Ganzás, Gonguê, e Xequerês, também chamado de Agbê".
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