segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

                                             Poeta Lourival Batista( O Louro do Pajeu)


Uma noite São José (Para o Mestre Louro do Pajeú)

 José Mario Austregésilo Não há como dormir na noite em que a natureza peleja. nos repentes dos cantadores fatigados em busca do verso, da rima, da métrica. Cambaleantes, agarram-se à poesia como náufragos que não morrem antes que a vida se negue a ser poema antes que a viola rompa a última corda nas batidas, dos acordes, do coração, dos motes e das glosas. Nem mesmo o soneto, nos versos do meu avô, me salvou do desafio de Lourival Batista, o Mestre Louro do Pajeú, naquela noite em São José, quando eu, de pé, na porta do cantador ouvi canções de amor, de delírio e de procura. E se não fossem os versos do meu avô como tirar de minha pobreza a poesia, pomba de luz, cálix, para elevar ao Mestre Louro ? que me benzia com seus versos me benzia e exorcizava derramando sobre a minha cabeça uma cuia de estrelas feito mago que cuspia luzes e enchia meu embornal de anéis, punhais de prata e atiçava fogo nos meus olhos encandeando minha alma consolando meu coração fechando meu corpo e me batizava em nome do poeta do aprendiz e do filho do acaso para que eu, que era pobre, guardasse nos bolsos o facho dos mestres e o pó do brilho dos seus olhos... Mestre Louro, naquela noite em São José, Fez-me desafio que lembrou sonetos do meu avô E me deu a magia que vem do canto do cantador E o desafio nada mais era que uma canção de amor (São José do Egito, 29 de abril de 1993, tendo Zeto como testemunha)

Bia Marinho

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