domingo, 29 de agosto de 2010


ZECRINHA BATISTA, O TROVADOR DO PIEMONTE NORTE DA BAHIA

" Sem dinheiro no banco,sem parentes importantes e vindo do interior",num dia distante do ano da graça de 1986,ele desembarcou na capital da provincia  Baiana, Adentrou o estúdio de gravação do amigo Alcyvando Luz. Na oportunidade foi taxado de visionário pelos colegas de copo e de cruz,mas esse sertanejo brabo de Senhor do Bonfim,não deu trela para os pessimistas de plantão,e assim gravou seu  primeiro LP  " Cavaleiro Azul ".  Disco que tive a prazer de ouvi e tocar numa rádio alternativa(pirata) em Campo Formoso. Disco bem servido de arranjos musicais e que teve o auxilio luxuoso de Alcivando Luz e sua trupe,que trouxe na sua concepção novos arranjos e elementos da música regional,mantendo a essência ritmica em perfeita combinação com elementos de ritmos latinos.Comum nas músicas do disco Cavaleiro Azul,ouvir arranjos instrumental de flautas,violas e charangos. O Cavaleiro Azul,José Batista da Silva Sobrinho,transcendeu no tempo como um menestrel ou cavaleiro mouro e reaparecendo na poeiras das corridas de argolinhas ou nas cantorias da sua terra, no sertão norte da bahia,e assim abrindo uma nova tendência para a música popular do nordeste. Zecrinha ouviu de tudo na infância,de Luiz Gonzaga aos garotos de liverpool,com bom ouvido,uma viola na mão e o sentimento do mundo. Mas foi nos bailes da vida que ele encontrou o caminho das pedras,como guitarrista,em vários "conjuntos" da época,tocando bossa nova,jovem guarda e rock and roll. Muito cedo,começou a participar dos festivais estudantis de música na sua cidade,no que muito contribuiu para sua carreira de bom compositor e de seguir em frente com shows em casas noturnas. No inicio dos idos de 70,desembarcou no sudeste do país,onde foi morar na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro na outrora Guanabara e lá com uma viola no saco,encarou os riscos e a sorte pertinentes aos nordestinos.E por lá fez o circuito alternativo de bares e casas de shows, participou de um grande festival regional em Osasco. Mas,I want to go back bahia,era o hit da época e assim,ele não se fez de rogado,e em 1976 foi morar em São Salvador,onde passou quase sete verões. Em 1982,voltou para o Rio de Janeiro e lá mais uma vez,tocou nas noites cariocas,até voltar a tocar para os soteropolitanos em 1984 durante o saudoso projeto pixinquinha como músico na banda de Alcyvando Luz ao lado de nomes da MPB como Moreira da Silva,Ataulfo Alves Júnior,Maria Alcina e Elizete Cardoso. Em Minas Gerais no festival de Inverno de Ouro Preto em 1993 levou o show "Bicho da Seda". A discografia de Zecrinha conta  com 2 LPs Cavaleiro Azul(1986) e Bicho da Seda (1992) e 4 CDs (Janela do Trem,1997,Tecendo Cantos,2002,Aurora Instrumental,2003 e Coletanea,2004). Foi produtor dos discos de Vanni(Flor da pele),Glória da Paz(Palavras medidas) e Binha Campelo(Pensando em Você). Zecrinha Batista,depois de tantas andanças,móra na sua terra natal,cidade que escolheu para viver.Tem seu trabalho exposto na net,através do palcomp3.(prá nossa tristeza, com apenas duas músicas)."  Vive trabalhando com presteza suas composições". com bons serviços prestados a boa música Brasileira.

William Veras de Queiroz  2010 D.C  - São José de Piranhas-PB. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


DAUDETH BANDEIRA, O DOUTOR DA VIOLA

A polêmica  obra de transposição do Rio São Francisco não trará só prejuizos ambientais para o combalído bioma do semí-árido nordestino,danos irreparáveis são previsiveis em nome do agronogócios e do progresso, em detrimento dos valores imateriais dos pobres mortais do grande sertão. É na comunidade Riacho Boa Vista,situada no municipio Paraibano de São José de Piranhas que fica o berço do clã  Bandeira. A história desta gente,será submergida por um grande lago que dará suporte a uma estação de bombeamento dos canais e tunéis que levarão água do velho Chico para encher o Açude do Boqueirão e perenizar o Rio Piranhas. Por baixo d'agua ficará a velha casa onde em 1945  viu  nascer o Cantador,Poeta,compositor e Bacharel em Direito Manoel Bandeira de Caldas(Daudeth Bandeira),filho da Poetisa Maria Bandeira de França e de  Tobias Pereira de Caldas e neto do imortal cantador  Galdino Bandeira,irmão dos cantadores João,Francisco e Pedro Bandeira. Logo cedo, Seguiu o fado dos nordestino e foi morar na terra da garôa,e foi no sudeste aos 18 anos de idade que começou a cantar. Uma saudade lascada o trouxe aos 22 anos de volta para Paraiba e na terra deu prosseguimento ao trabalho dos pais organizando festivais e cantorias. Daudeth,tem registro de sua obra gravada em 4 LPs com  Lauro Branco,Benone Conrado,Juvenal Evangelista e com o Mano Pedro Bandeira,são: O Grande Desafio,Frenacrep,Cantares da Terra, Estação Nordeste,Capim Verdão e Um Vôo na Poesia. é da sua autoria : O Plantador de Milho,Pássaro Rural,Nordestinação,O Pai  o Filho e o Carro,Sorte de Vaqueiro,A manicuri, Adeus de Nordestino entre outros. "Cantores da Terra" é o Titulo do seu CD . Publicou 3 Livros "Nas Águas da Poesia", "Vale dos versos" e "Ceará em Poesias" Com José de Soua Dantas. Entre tantas Poesias destaque para " O Pai o Filho e o Carro,Daudeth Bandeira é  Bacharel em Ciencias Juridicas e Sociais,formado pela UFPB,em 1985,Como repentista profissional,continua participando de Festivais,torneios e congressos de cantadores ,país afora,conquistando excelentes colocações em diversos deles, móra na capital da provincia Paraibana(João Passoa) e leva a vida que pediu a Deus entre a  Advocacia e a Viola,para o bem de todos e felicidade da cultura popular

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José de Piranhas- PB.

terça-feira, 24 de agosto de 2010


DANÇA DO CAMALEÃO

Folguedo dos municipios Paraibanos de Pombal,Santa Luzia e Taperoá, a dança do Camaleão sugiu no final dos anos 60. Faz alusão ao lagarto que muda de cor conforme a estação,espécie muito comum nas regiões  citadas,que por ser de cor das folhagens das plantações(Milho,feijão e outros),passa a ser confundido com as folhas. O Camaleão tem como principal defesa a cauda que usa para chicotear quem o ataca. Foi no gesto de virar usando a cauda que os brincantes viram, e adaptaram para a dança. Com os passos da chula e alusão ao lagarto, a coreografia do giro com o pulo foi criada e adaptada baseada na cauda do camaleão,que ao usa-la para se defender chicoteia o ar dando pulo. Não existe registro de outra região no país que tenha tal manifestação Folclorica, é  exclusividade do cariri paraíbano,onde tem Taperoá como centro do folguedo,  Pombal,cidade situada no vale do rio Piancó e Santa Luzia,municipio da região do seridó ocidental Paraibano. 

William Veras de Queiroz    - 2010 D.C - Sao José de Piranhas- Paraíba.   

sábado, 21 de agosto de 2010

Gilberto Gil e Targino Gondim  no Memorial do Couro em Salgueiro-PE.

TARGINO GONDIM,O SANFONEIRO DE OURO

Num dia distante dos idos de 70,Seu Targino pegou seu velho caminhão Mercedes-Benz,LP 321,cara chata,que vivia estacionado na frente do Cine Salgueiro,colocou a mudança e a prole  em cima da carroceria e se mandou para as margens do Velho Chico(Rio São Francisco),levando consigo:saudades,sonhos e incertezas.Deixando para  trás,o sitio Formiga,seu berço e seu lar. Desembarcou em  Juazeiro da Bahia,terra que tão bem o acolheu, com hospitalidade e oportunidades.Na mudanças de Seu Targino,entre tantos "terens"trouxe consigo uma velha e estimada sanfona Scandalli,que aranhava nas raras horas vagas. Na busca incessante de conquistas e muito trabalho para o sustento da familia na nova terra, ele esqueceu a velha sanfona. A desfeita não foi além,para o bem de todos e da música popular,seu Último rebento o franzino menino, Targino,caçula de  uma prole de dez filhos, e de quem herdou o nome,vivia "malinando" no instrumento. A paixão por Luiz Gonzaga,era generalizada na casa dos Targinos. E aos  doze anos de idade,"taludinho",ele já quentava uma sanfona de 120 baixos nos peito,e assim passou animar os festejos do bairro e adjacencias. E logo viraría o Sanfoneiro de Ouro. Em 1996 gravou o primeiro CD,de tantos gravados na carreira.Mas foi com a música "Esperando na Janela"  de uma parceria com Raimundinho do Acordeon e Manuka Almeida,que a canção virou trilha sonora do filme "Eu, Tú Eles"  Gravada na voz de Gilberto Gil. A trilha sonora do longa-metragem,alavancou a carreira de Targino Gondim e popularizou o forró no Sudeste Brasileiro,surgindo assim ,o forró universitário. Targino Gondim,participou de vários programas televisivos e ganhou fama nacional. Sucesso absoluto em 2001,a música "Esperando na Janela" ganhou o Grammy  de melhor Canção Latina-Americana e o Trófeu Caymmi.No ano de 2007 "Esperando na Janela" é considerado clássico junino ao lado de Pula-Fogueira,Asa Branca,conforme informações do escritório central do Ecad. Em 2008, a canção vira trilha sonora da novela da Band, "Água na Boca". Durante turnê em Portugal,em  Novembro de 2007.Targino gravou especial para televisão Portuguesa para toda  Europa,com participação do cantor Português Roberto Leal,que gravou "esperando Na Janela"
Targino Gondim foi o grande idealizador do 1° Festival Internacional da Sanfona,em Juazeiro,que reune os maiores sanfoneiro da cena atual. O Salgueirense Targino Gondim,é um dos vencedor do Prêmio Brasil de Música,Regional 2010.Consolidando de vez a carreira do Sanfoneiro de Ouro.

William Veras de Queiroz -2010 D.C -São José de Piranhas-PB


quarta-feira, 18 de agosto de 2010


 BIGODE, O MESTRE DO MANEIRO-PAU

Quando iniciou brincando Maneiro-Pau em Juazeiro do Norte no Cariri Cearense nos idos de 1932, com um grupo formado por doze homens, onde interpretava músicas em reverencia ao Cangaço,a Coluna Prestes,Luiz Gonzaga,dentre outras "celebridades" nordestinas. É o Maneiro-Pau de Bigode,uma dança coletiva  animada por um improvisador de repentes ao som de um pandeiro,que mimetiza um combate travado entre caboclos,utilizando cacetes confeccionados com madeira de jucá. O Maneiro-Pau foi um coco dançado inicialmente por negros escravos que aproveitavam os raros momentos de folgas/descanso para ensaiarem uma dança guerreira de ataque e defesa,para o caso de uma fuga. O Grupo do Mestre Bigode  sempre animava as festas de padroeira e o imaginário popular daquela região dos verdes vales. Manoel Antonio da Silva,O Mestre Bigode,não se deu por satisfeito como brincante,e já na década de 70 criou um grupo de Bacamarteiros. Bacamarte é uma arma de fogo de cano curto e largo,também conhecido como granadeira,reúna ou riúna, no nordeste brasileiro. As granadeiras ou bacamartes que serviram na guerra do Paraguai,em 1865, foram modificadas para que as armas se adaptassem ao uso dos bacamarteiros nas festividades do interior. De um modo geral, o folguedo se constitui  de homens portando bacamarte,que são disparados com cargas de pólvora seca. Em homenagens aos santos padroeiros e cerimônias cívicas e politicas. Com sede em Juazeiro do Norte,o grupo de bacamarteito do Mestre Bigode alegra as aberturas de festas  populares com grande salvas de tiros.

William Veras de Queiroz - 2010  D.C  - São José de Piranhas-PB

domingo, 15 de agosto de 2010

 Benjamin cumprimentando Lampião,foto batida  pelo cangaceiro Juriti 

BENJAMIN ABRAHÃO, O RETRATISTA OFICIAL DE LAMPIÃO

PARTE  2

Illmo Sr. Bejamim Abrahão
Saudações

Venho lhi afirmar que foi a primeira peçoa que concegui  filmar eu com todo os  meus peçoal cangaceiros,filmando assim todos us muvimentos de noça
vida nas catinga du sertões  nordestinos.
outra peçoa não conceguiu nem mesmo eu consentirei mais.    
Sem mais do amigo
Capm virgulino Ferreira da Silva
vulgo Capm Lampião.

Abrahão contou com  verdadeiro trabalho de aproximação junto ao bando,para realização do filme,que fugia da perseguição cada vez mais feroz do governo. O encontro veio finalmente a ocorrer em um  lugar chamado                        Bom Nome. Onde o cangaceiro,desconfiado,primeiro realizou ele mesmo a filmagem do mascate(em trecho que se perdeu) e só então consentiu que fosse filmado. Abrahão retorna a Fortaleza,onde este primeiro sucesso permiti-lhe obter mais rolos de filmes,e voltar  para registrar o bandoleiro e sua caterva,sendo que o resultado dessa segunda incursão também se perdeu. Abrahão passou a ser considerado suspeito,pois além das filmagens,enviava matérias aos jornais,relatando suas aventuras-o seu conhecimento do paradeiro do bando era indicio por demais forte de seu envolvimento com este. Os trabalhos de Benjamin Abrahão permaneceram esquecidos até serem redescobertos nos anos 50,quando a fundação Getulio Vargas incorporou o acervo do DIP. No dia 7 de abril de 1937, o filme,Lampião,de autoria de Benjamin,em parceira com a ABAFILMES,foi apreendido com todas cópias e originais,em Fortaleza,Ceará. Ordem emanada por Lourival Fontes,então diretor do DIP- Departamento de Imprensa e Propaganda,orgão de censura do Governo Vargas.

William Veras de Queiroz - 2010 D.C  - São José de Piranhas -PB




quarta-feira, 11 de agosto de 2010


 BENJAMIN ABRAHÃO,O RETRATISTA OFICIAL DE LAMPIÃO

PARTE  1


Foi responsável pelo registro iconográfico do cangaço e do seu lider,Virgulino Ferreira da Silva-Lampião. Nasceu em Zahlé,Libano,em 1890.Foi fugindo da convocação obrigatório pelo Império Otomano de lutar durante a Primeira Guerra Mundial,que ele migrou para pátria tupininquim em 1915.andou pelos sertões nordestino como Mascate de tecidos e miudezas,além de produtos típicos ,primeiro na capital da provincia( Recife),depois para "Juazeiro do meu Padim"(Juazeiro do Norte),com dois burros(assanhado e buril)e um cavalo(de nome sultão),atraído pela grande frequencia de romeiros. O Árabe ,não era mesmo brincadeira e foi secretário de meu padim(Padre Cicero),e conheceu Lampião em 1926,quando este foi a Juazeiro do Norte a fim de receber a bênção do célebre vigário e a patente de capitão,para auxiliar na perseguição da Coluna Prestes. Uma vez que não se encontrou com Lampião em 1924,quando de outra visita sua a cidade,apesar de lá se encontrar.A nomeação fora feita,a mando do padre,pelo funcionário federal Pedro Albuquerque de Uchôa,segundo uma autorização dada ao deputado Floro Bartolomeu pelo próprio presidente Artur Bernardes - ordem que em nada adiantou,pois não foi respeitada nos demais estados,resultado que Lampião e seu bando jamais efetuaram perseguiu ao camarada prestes.Em 1929 Abrahão fotografou o lider cangaceiro ao lado do Padre Cicero. Após a morte de Padre Cicero,Abrahão solicitou e obteve de Lampião a permissão para acompanhar o bando na caatinga e realizar as imagens que o imortalizaram. Para tanto teve a parceria do cearense Ademar Bezerra de Albuquerque,dono da ABAFILM que,além de emprestar os equipamentos,ensinou o fotógrafo o seu uso.Por ao menos por duas ocasiões esteve junto ao bando de Lampião,no raso da catarina,no sertão baiano e no vilarejo de Bom Nome(distrito de São José do Belmonte/Pernambuco) realizando seu mister. Abrahão teve seus trabalhos apreendidos pela ditadura de Getúlio Vargas,que nele viu um antagonista do regime.Guardada pela familia Libanesa Elihimas,em Pernambuco, a pelicula foi analisada pelo DIP-Departamento de imprensa e propaganda,um orgão de censura daqueles tempos. O Sirio-Libanês,morreu em Serra Talhada com quarenta e duas facadas,sem que o crime nunca fosse desvendado,tanto na motivação quanto na autoria,donde especulam ter sido mais uma das mortes arquitetadas pelo regime Vargas,embora exista a versão que Abrahão teria sido vitima de roubo,por algum ladrão,apesar de com este nada haver de valor.No filme ," O Baile Perfumado ,dos cineastas Pernambucanos Lirio Ferreira e Paulo Caldas, a motivação da morte do fotógrafo é  passional,durante o sono,tendo como execultor,um deficiente fisico.As  únicas imagens  do "Rei do Cangaço" e seu Bando, é obra de Benjamin Abrahão Botto,que desde então faz parte desta história.

William Veras de Queiroz -2010 D.C - São José de Piranhas-PB

          PRÓXIMA EDIÇÃO: BENJAMIN ABRAHÃO - PARTE  2

segunda-feira, 9 de agosto de 2010




MESTRA MARGARIDA  E AS GUERREIRAS DE JOANA D'ARC

Ela  chegou a Juazeiro do Norte com a familia em um caminhão de romeiros,oriunda do Estado de Alagoas. " Pagou promessa prá meu Padim, " e, nunca mais voltou a terra dos Marechais. Maria Margarida da Conçeição,Nasceu em 26 de Junho de 1935. Tem 61 anos, dedicado ao folguedo do Reisado,na ocupação de Mestra Guerreira.Margarida Guerreira,como é mais conhecida no vale do Cariri,descobriu aos oito anos de idade que já tinha uma grande admiração pelas brincadeiras populares que vivenciara em sua infância pobre em Alagoas.Com a chegada da sua familia a Juazeiro do Norte,movida pela fé no Padre Cicero Romão Batista,o santo da devoção de grande parte do povo alagoano,Margarida se depara com várias manifestações populares. Apartir desse momento se encanta. Pouco depois,funda o grupo " As Guerreiras de Joana D'arc,reisado formado só por mulheres,"Reisado,é uma manifestação do ciclo Natalino,que representa o cortejo dos Reis Magos em peregrinação à terra santa. Durante a qual faz autos,travando batalhas e apresentando o espetáculos". O Reisado "As Guerreiras de Joana D'arc,tem três treme terra,bloco de moças com espadas,que até hoje resiste pela sua força de cantar e dançar a arte do povo nordestino.

William Veras de Queiroz - 2010 D.C - São José de Piranhas-Paraíba.

sábado, 7 de agosto de 2010

 

ANTONIO DA MUTUCA

Bem distante,na virada da serra do cruzeiro,tem uma pequena comunidade rural,de humildes casas separadas,e moradías de taipas,algumas abondonadas,formando uma típica ribeira. A estrada serpenteia pelo chão batido,numa atmosfera ressequida e de poeira,até onde o olhar alcança, segue a estrada.Uma sensação profunda de solidão,uma música ao longe.Uma casa de terreiro bem varrido,baixo teto,porta e janelas se abrindo para uma pobre paisagem de cinza e sequidão. No centro da sala,um jovem queimado do sol do sertão,uma sanfoninha e o legado.Nenhuma placa,nenhum sinal,nenhum aviso.A vida por lá não tem pressa nem horário,as léguas  sucessivas separam a cidade de Salgueiro ao Sitio Mutuca.Esse é o nome do mundo e do céu de Antonio Pedro Silva,22 anos,tocador de fole de oito baixos,ainda bem moço, declara juras de amor pelo pequeno instrumento,que aprendeu a tocar com o  pai,Pedro Manú. Ele revela que foi um verdadeiro alumbramento na infância ver seu pai tocar uma velha sanfoninha pé de bode.Aos oito anos de idade ele teve o primeiro contato com o complexo  instrumento  de origem germânica.Mudaram as estações e quatro anos foram bastantes para ter noções e alguns dominios do instrumento. Aos doze anos ,ele não se fez de rogado,e assim,soltou os bichos no pé de bode pelos sitios da vizinhança.Passou a ser presença constante nos sambas e festividades da região do sitio mutuca. Antonio da Mutuca,é considerado um dos grandes nomes do fole de oito baixos, no Sertão Central de Pernambuco.Com uma modesta agenda,ele é festejado por onde anda.O seu trabalho teve notoriedade,quando da sua participação no 1° Festival da Sanfona do Salgueiro,evento promovido pela Secretaría de Cultura do município,que nesse intuito vem atingindo o objetivo de preservar, resgatar e promover novos talentos desse segmento artistico. Pelo segundo ano consecutivo Antonio da Mutuca e os tocadores de sanfona de oito baixos da cidade do Salgueiro,participam da noite dos oito baixos,no grande evento junino da Estação do Forró.Foi notória a evolução desse músico nos últimos doze meses, prova disso, foi o resultado no 2° Festival da Sanfona do Salgueiro,quando foi ovacionado e classificado em segundo lugar.Antonio acalenta um velho sonho de gravar um CD e DVD com convidados que só toquem pé de bode." Perdemos espaço para o forró eletrônico,mas estamos cada vez mais firmes fazendo boa música nordestina.Não é qualquer um que consegue tocar um pé de bode.É muito dificil,desafia Antonio,ressaltando que jamais trocaría sua sanfona,por um instrumento banhado a ouro." Hoje, Salgueiro,é uma das cidades do interior do estado de Pernambuco,com maior número de sanfoneiro de oito baixos em atividade.Graça a esse trabalho de resgate do poder público municipal.E Antonio da Mutuca,segue a vida,com sua sanfoninha sorridente,pelas festividades do sertão,tocando e encantando com o legado que recebeu de Pedro Manú,seu velho Pai. 

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José de Piranhas-Paraíba.