sábado, 31 de julho de 2010

Ceguinhas de Campina Grande




"A   PESSOA É PARA O QUE NASCE "




Esmolando por  décadas vida a fora, pela  agonia e alegria das feiras livres de pequenas cidades e  arruados ,sobre o sol inclemente dos sertões,elas levaram  sua música e sua arte mambembe aos  também necessitados e pobres mortais do semi-árido nordestino. Elas  não  conhecem o alegre coloridos das feiras,  limitações que as  levaram a mergulhar  num mundo de sonoridades, e assim enchergaram a arte que ajuda a sobreviver.  São três vozes,três Marias e  três canzás,num ritimado coco de embolar. Maria das Neves(Maroca),Maria Regina(poroca) e Maria Francisca da Conceição(Indaiá). Elas já nasceram cegas,em Campina Grande,na região da Chapada da Borborema, na Paraíba. A vida nunca foi fácil para elas. Para sobreviver,sua mãe fazia artesanato,seu Pai  trabalhava como mão-de-obra temporária  para os grandes proprietário de terras e as três muito cedo foram cantar nas feiras e portas de igrejas em troca de esmolas. Quando seu pai morreu,vitima do alcoolismo,o talento das cantoras cegas passou a ser a única fonte de renda da família. Houve um tempo em que as esmolas arrecadadas pelas três irmãs tinha que sustentar 14 pessoas,entre irmãos,sobrinhos ,a Mãe e o novo marido,que violentou uma das enteadas. Maria das Neves(Maroca), a única que casou,teve dois maridos e ficou viúva dos dois. O último deles foi assassinado a facadas. A filha de Maroca ficou em poder de uma tia distante que se recusava a devolvê-la. Quando o cineasta Carioca Roberto Berliner as conheceu, em 1997,elas viviam praticamente sós,numa casinha em Campina Grande e não cantavam. Elas nem tinham mais os seus ganzás,espécie de chocalho de metal  hermético cheio de areia,instrumento que marca o ritmo de sua cantoria e que sem o qual  elas não se sentem a vontade para cantar. Fascinado pelo trio,Berliner providenciou a compra de novos ganzás e as pôs de volta ao antigo oficio. Ele filmou as três cantando e contando sua história, o que foi exibido num pequeno programa de TV. Em 1998,ele transformou esse material num curta-metragem chamado " A pessoa é para o que Nasce,"  sentença que elas não se cansam de dizer. O filme ganhou diversos prêmios no Brasil e exterior,em festivais de curtas-metragens. Elas já haviam aparecido no "Programa Legal ",de Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães,mas a repercussão não tinha sido tão grande quanto a do curta. Através do filme, a música das três irmãs cegas chegou até os ouvidos de Gilberto Gil e Naná Vasconcelos,que as convidaram a se apresentar no festival de música  PERCPLAN.Foi a primeira vez que elas receberam um cachê para cantar. Mais tarde, elas fariam a sua primeira turnê. Em 2004,depois de passar  sete anos acompanhando as cantoras,filmando sua vida conforme os parcos recursos permitiam,Berliner  concluiu um documentário de longa-metragem sobre elas. O filme,que também se chama " A pessoa é para o que nasce," levou as três irmãs a Brasilia,onde elas  receberam a Ordem do Mérito Cultural. No 15° Cine Ceará,o filme ganhou o prêmio principal do festival.Em 2005,o longa fez uma bela carreira nos cinemas do país. E agora elas são respeitadas como artistas e seres humanos,com direito a aparição em novela global no horário nobre. A vida delas nunca mais foi a mesma,participaram do programa "Som da Rua" da TVE e de  diversos festivais de cunho cultural pelo país.

William Veras de Queiroz  -2010 D.C  -  Santo Antonio do Salgueiro-Pernambuco.


terça-feira, 27 de julho de 2010

 A  RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ

O fatidico dia 13 de julho de 1927,não foi o dia do caçador , tão pouco dos cangaceiros Jararaca e colchete. A tarde de céu de chumbo e chuva da  prospera cidade de Mossoró,confirmaram os maus precentimentos de Virgulino,que concordava com o ataque a cidade no aspecto financeiro.Porém,estrategicamente tinha restrições, a cidade tinha no centro  uma igreja de cinco torres; para Virgulino,as igrejas de pequenas cidades e vilarejos,serviam de fortaleza para a resistência dos sitiantes. Mas,os dividendos que a cidade Potiguar daría ao bando,foi uma tentação para o grupo. Virgulino,como não tinha fama de covarde e traiçoeiro,mandou um prévio aviso ao chefe do executico municipal,que iria invadir e saquear a cidade.Também solicitou ao Prefeito Rodolfo Fernandes,a quantia de 400 contos de réis para deixar a cidade em paz. A negativa do prefeito serviu de afronta para Lampião,que mesmo contrariado com o cenário da luta,resolveu atacar Mossoró. A cidade tinha um efetivo policial de 20 Macacos(soldados).O prefeito resolveu organizar a resistência,usando como defensores da cidade,membros da sociedade local,que se dividiram estrategicamente por todas as entradas e artéria,usando trincheiras e barricadas com  sacas de algodão e areia. Os bacamartes potiguares cuspiram fogo por toda tarde e noite daquele historico dia,que hoje enche de orgulho os moradores daquele municipios. Nos combates,o bando de Lampião teve duas baixas importantes: a prisão do Cangaceiro Colchete e Jararaca que foi ferido e preso. A madrugada não encontrou Virgulino e seu bando, onde o crepusculo o deixou. E sabiamente o grupo saiu em retirada, como estratégia de recomposição, tática usada por João Abade e pelo cangaceiro Pajéu,que faziam parte da Guarda Católica de Antonio Conselheiro em  Canudos. Essa tática(tática de guerrilha) usada em Canudos foi consagrada em grandes conflitos mundias.Muito usada pelos Sandinistas na Nicarágua e pela  FMLN em El salvador. Lampião não se fez de rogado e "Deu no pé no mundo," deixando para trás dois grandes combatentes:Colchete que virou prisineiro e  Jararaca,que alguns dizem que morreu de sede,clamando por um copo d'agua após ser baleado.Mesmo depois de oito décadas da sua morte,seja pelos diferentes rumos que a história toma,seja pela religiosidade pura e simples do povo,Jararaca é venerado por milhares de pessoas  que acreditam que o cangaceiro é milagroso,seu túmulo virou um centro de romarias,durante os dias de finados, e o eterno prefeito do povo Mossoroense Rodolfo Fernandes ,é o grande herói da resistência,que mesmo 83 anos depois ainda dá cenários e protagonistas para uma história imortalizada no imaginário daquela gente que vive o orgulho da resistência de Mossoró ao bando de Lampião.

William veras de Queiroz  2010 D.C -São José de Piranhas-PB.     

segunda-feira, 26 de julho de 2010


SERTÃO REZOU NA SANTA MISSA
REZAS DE SOL PRÁ TERRA SEM BEM SERVIDA
SERTÃO FALOU COM JUSUS CRISTO
E A FALA SE FEZ MENSAGEM
NAS MARCAS DA ESTIAGEM
E A IMAGEM TÃO REPETIDA
PLANTARAM SEM CHUVA O VAZIO
A TERRA, EU VOU REGAR DE ORAÇÃO.
A GARRANCHEIRA,A POEIRA
A MORTE NO CHÃO,
O FIM QUE CHEGA NA SECA
FECUNDA A FÉ QUE DOMINA
ENQUANTO A MISSA TERMINA
DE LONGE EM LONGE UM CHOCALHO
PEDE UM CUIDADO UM TRABALHO
NUM MUNDO CINZA A TOCAR.
TOCA POR VAQUEIRO
TOCA O MUNDO INTEIRO
AFINADO NUM ABOIO SEM SUAVIZAR
ESTE MEU PARCEIRO
MUNDO COMPANHEIRO
IRMÃO DE ESPERANÇA E DE PELEJAR.

Canto de despedida (Rezas de Sol)
Janduhi Finizola




sábado, 24 de julho de 2010




                                                        MISSA DO VAQUEIRO

        A Missa do Vaqueiro,teve sua primeira celebração,em 1971. Idealizada por Luiz Gonzaga(Rei do Baião),que era primo legitimo de Raimundo Jacó,pelo Padre-Vaqueiro João Cancio e pelo repentista Pedro Bandeira. O local da celebração foi exatamente onde encontraram o corpo do vaqueiro assassinado(em 8 de Julho de 1954),no meio da caatinga, no sitio Lajes,a 32 kms da sede do municipio  de Serrita,no sertão de Pernambuco. A missa inicialmente era um grito ,um protesto pelo assassinato impune do  humilde  vaqueiro Raimundo Jacó. E com o passar dos anos ganhou grandes proporções pelo Norte/Nordeste. A liturgia da missa ganhou uma bela versão,adaptada para "Rezas de Sol," pelo poeta e médico Caruaruense,Janduhy Finizola e Interpretada durante a missa pelo grupo de  música regional "Quinteto Violado," Que em 1976, lançou em  registro fonográfico,através do LP Missa do Vaqueiro,pela gravadora Phillips/Poligran.A Missa do Vaqueiro é celebrada todo ano,durante o terceiro domingo de julho e tem como cenário o Parque Estadual do Vaqueiro.Um espaço à feição de um anfiteatro em forma de ferradura,onde se postam os vaqueiros,vestidos de gibão e montados em seus cavalos,num semicirculo. De um altar de pedra,o celebrante utiliza o linguajar sertanejo em toda liturgia. O evento tornou-se um encontro sócio-cultural com aspectos originais dos mais interessantes da cultura pernambucana,onde predominam o folclore,o artesanato do couro,os festejos e a fé do homem sertanejo.

William Veras de Queiroz  2010 D.C- São José de Piranhas -Paraíba.

sábado, 17 de julho de 2010


 A MORTE DO VAQUEIRO

" Quis o destino tão ferino,desalmado fez finado,o maior vaqueiro desse mundo..."  Raimundo Jacó estava enfrentando  mais um desafio na sua profissão,desta feita no sertão Central de Pernambuco,no sitio Lajes,em Serrita. Era o mais novo contratado daquela propriedade rural,vaqueiro afamado,a noticia  da chegada de Raimundo ao sertão central correu caatinga afora. Jacó não contava  em ter como companheiro de trabalho um  desafeto,Miguel Lopes.Mas seguiu  superando os problemas pessoais e desempenhando um reconhecido trabalho.Raimundo era responsavel pela guarda do rebanho do patrão e Miguel  pelo rebanho da patroa. Entre os dois já havia uma forte rixa,pois Miguel sentia inveja das qualidade do companheiro. E Assim quis o destino que os dois partissem juntos com as últimas horas daquela madrugada  fria do dia 8 de julho do distante 1954, num  mesmo desafio, à procura de uma rês perdida  na caatinga e de estimado valor e famosa por suas astúcias animais. a rês pertencia a patroa e enconta-la era a palavra de ordem do dia,decretada pelo sisudo patrão. Com os primeiros sinais do novo dia,a rês foi alcançada por Raimundo Jacó. Miguel chegou logo depois e se deparou com ele calmamente fumando o seu cigarro e sentado próximo do açude do Sitio Lajes, a rês amarrada e seu fiel companheiro cachorro ao seu lado.Vendo aquela cena Miguel não se conteve e num ataque de fúria,desferiu um golpe com uma pedra na cabeça de Jacó. Pontificando a breve história do maior vaqueiro do sertão nordestino.Naquele dia o sertão estremeceu de pranto e dor. O cavalo partiu em disparada e chegou na sede da fazenda sozinho para o espanto dos patrões. O companheiro e fiel cachorro guardou o corpo do vaqueiro até ser encontrado,em seguida fez todo trajeto do sepultamento e lá ficou até sua morte por sede e fome guardando o túmulo do seu amigo Jacó. Quanto a Miguel Lopes houve o processo mais foi arquivado pela justiça dos homens por falta de provas.O acusado alegou ser incocente e assim o caso do acidente nunca foi esclarecido. Hoje, em todo sertão, cresce o mito em torno do seu nome,consagrado como protótipo do vaqueiro,simbolo de dedicação e coragem.  Tudo que agora eu conto,eu ouvi um dia do meu povo no sertão.

PRÓXIMA EDIÇÃO: A  MISSA DO VAQUEIRO.

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José de Piranhas -PB


  

terça-feira, 13 de julho de 2010

    RAIMUNDO JACÓ,O MAIOR VAQUEIRO DO SERTÃO

      Severino era seu destino,como de tantas outras almas no sertão nordestino.Ele se chamava Raimundo, como tantos  pelo vasto mundo. Só um Raimundo foi o maior vaqueiro dos sertões,Raimundo Jacó. Uma verdadeira lenda no universo caatingueiro. Nasceu num pé de serra da Chapada do Araripe,no municipio de Exú,no Sertão Pernambucano. Menino pobre,logo cedo esqueceu a infância sofrida e  foi trabalhar nas terras do  minifúndios sertanejo,plantou sementes e fez germinar os sonhos e o milagres do pão que a terra resseguida nos dá.Com o  passar dos dias descobriu que seus dotes não estavam no cultivo da terra,e que,definitivamente  seu trabalho estava no campo. Foi na pecuária,no trato com o gado que encontrou sua paixão e oficio. E assim ,tornou-se vaqueiro. Não tinha um serviços fixo,vivia pelas fazendas do Araripe a desempenhar  seu  trabalho e talento. Contam no sertão; que,quando aboiava seu canto atraia o gado para perto de si,de maneira impressionante.Era capaz de advinhar onde dormia e comia cada cabeça de gado sob sua reponsabilidade,pelo badalar do chocalho sabia destinguir o animal. Essas e tantas outras histórias corre pelos grotões, sobre  a genialidade de Jacó no desempenho do seu trabalho. No inicio dos anos 50,desceu a chapada e partiu para o sertão central,onde foi trabalhar  no Sitio Lajes,Municipio de Serrita,cidade ,então comandada pelo Coronel Chico Romão. Lá trabalhava com outros vaqueiros, o seu talento era motivo constante de invejas,por parte de companheiros de profissão. Lendário,a história de Raimundo Jacó,confundi com a do próprio vaqueiro do semi-àrido.Ele,era primo legitimo de Luiz Gonzaga(Rei do Baião).  
 VEJA NA PRÓXIMA EDIÇÃO: A MORTE DO VAQUEIRO

William Veras de Queiroz  2010 D.C -São José de Piranhas-PB

domingo, 11 de julho de 2010

O VAQUEIRO DO SEMI-ÁRIDO

 Sobre a mesma estrela incandescente onde o prenuncio de um novo dia vem com os primeiros raios acordar o vasto mundo de casas e arruados,na inóspita caatinga nas últimas horas da madrugada o sol nasce mais cedo no universo do vaqueiro nordestino que partiu para um novo dia de lutas e impossibilidades na lida com o gado. Perneiras(calças),Gibão(jaqueta),Chapéu(de couro),Peitoral(Avental),Luvas e Botas,São indumentárias do oficio desse impávido trabalhador,que também pode ter seu rebanho próprio,mas o comum é ver esses profissionais como "morador" das fazendas. O mesmo tem como pagamento do seu trabalho um salário especifico ou "tirar a sorte" na produção,onde ,de forma previamente acertada com ooo fazendeiro,um percentual dos filhos que nascerem,serão propriedades do vaqueiro;por exemplo: a cada  quatro filhotes um é propriedade do vaqueiro,podendo este,criar,vender trocar ou fazer qualquer outro negócio negócio com a sua produção.A cada ano o gado é separado, contado e tirado o que para uma das partes.Este evento é conhecido popularmente como "festa da apartação."
Uma das caracteristicas do vaqueiro é que,além de ser um homem  muito trabalhador,também tem que ser um homem destemido na luta com os animais. Muitas vezes,para arrebanhar o gado,é necessário amarrar a rês desgarrada ou prender ou prender alguns dos animais que estejam postos a venda,sendo necessário,para isto,a "pega do boi na caatinga" utilizando apenas o cavalo e usando a indimentária apenas acima referida. Estando montando o cavalo,ao encontrar  a rês desgarrada,corre atrás  desta por entre a vegetação da caatinga e puxando o boi pelo rabo(cauda) o derruba ao solo  e rapidamente o amarra. Após "arreiar o boi"(por arreios) com uma careta(peça feita de couro  colocada  na frente a cabeça da rês para só permitir que a mesma enxergue com a visão lateral),uma peia(amarrar uma corda unindo uma pata  dianteira à pata traseira do mesmo lado impedindo oassadas largas) e colocando um cambão(tora  comprida de Madeira medindo aproximadamente 1,5m de comprimento e 15 cm de diâmentro que,ao ser amarrada no pescoço se posiciona entre as patas dianteiras) impedindo que o boi possa correr e o  leva para o curral da fazenda. Esta prática expõe os vaqueiros a muitos  acidentes na lida com o gado. da  "pega de boi na caatinga" é  que o originou o Esporte Vaquejada,onde hoje,não só os vaqueiros propriamente ditos,como  também vaqueiros  esportistas  o praticam em arenas apropriadas. 

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José de Piranhas-PB   

segunda-feira, 5 de julho de 2010

TRIO VIRGULINO

Num dia perdido do ano da graça de 1980,Adelmo resolveu não puxar mais cobra para os pés,largou a enxada e deixou para trás a sua pequena Parnamirim,cidade encravada as margens do Rio Brigida,no sertão central de Pernambuco. E assim levou no seu matulão:sonhos e incertezas, para a terra da garôa. Nada de mais aconteceu na sua partida. Na sua chegada no sudeste,na prospera cidade de Americana,micro região de campinas,o destino,Jaime e Enock Virgulino o aguardavam. Os três descobriram que cantar era melhor que chorar,descobriram que é com  pau na zabumba  que o couro come. E seguiram tocando,o quadro já era irreversivel,quando resolveram participar de um programa de calouros da Rádio Clube de Americana,que oferecia uma cesta básica ao ganhador.Na seleção o violeiro que acompanhava todos os calouros,não conseguiu acompanhar o tom,de repente, mais que de repente,Enock pegou sua sanfona e acompanhou os calouros. O radialista Geraldo Pinhanelli ficou tão feliz que o Trio Virgulino ganhou a cesta básica e um salário para participar dos programas. Em apenas três dias ficaram conhecidos na cidade de Americana.Conseguindo destaque em todo interior de São Paulo. No final de 1982  Jaime retornou para o sertão pernambucano e foi ai que Roberto, amigo de Infância de Enock,passou a integrar o grupo. Aos poucos o sonho foi tornando realidade,em 1986 gravaram o primeiro trabalho independente o disco "Beijo Moreno" e dez anos depois gravaram "Trio Virgulino Ao Vivo." No inicio dos anos 1990 o grupo recebeu convite para se apresentar em universidades. O primeiro show foi na UNICAMP, o sucesso foi tão grande que receberam convite para se apresentar  na PUC e USP. A cada dia o público universitário ia se  tornando mais fiel, acompanhando todos os shows. Foi assim que nasceu o "forró universitário" grande responsável pelo surgimento de grupos como: Falamansa,Bicho de Pé e Rastapé. Na época seus integrantes eram universitários que curtiam os shows do  TRIO VIRGULINO. Não é atoa que o TRIO VIRGULINO hoje é o padrinho destas bandas. Com o reconhecimento de público e das casas especializadas neste segmento o TRIO gravou mais dois trabalhos: " Forró e Paixão(1998) e o "Beijo que você me deu "(1999). Com o estouro o TRIO VIRGULINO,pode levar o melhor da nossa música para a França, EUA,Espanha e Inglaterra,despertando assim o interesse da gravadora Deck-Disc-Abril Music,que os contratou e lançou em Junho de 2010 "Coração Feliz",produzido por João Augusto com participação de Dominguinhos e Falamansa.Retratando de forma clara a alegria e espontaneidade desses três Pernambucanos que conquistaram o país. E no ano de 2005 a banda entra com o pé direito lançando o sexto trabalho, "Forró do Futuro," fruto de um esforço coletivo entre a banda e a produtora FS Eventos.Em clima de comemoração pelos 26 anos de estrada e muito forró. Entre as 14 faixas deste trabalho,9 são do grupo e 3 contam com a participação de amigos conquistados nestes 26 anos de forró como: Tato(Falamansa,Elba Ramalho e Dominguinhos. O grupo é formado por  Enock Virgulino(sanfona), Roberto Pinheiro (Zabumba),Adelmo Nascimento (triangulo). O TRIO VIRGULINO faz parte da história do forró. Com seus 26 anos de carreira foram responsavel pelo resgate do ritmo tipicamente brasileiro :forró pé de serra. O grupo faz em media 20 apresentações por mês,e já contaram com as participações ilustres de Caetano Veloso,Elba Ramalho,Moraes Moreira,Dominguinhos e Osvaldinho do Acordeon. Este ano fizeram uma apoteotica apresentação durante os festejos juninos  de Parnamirim,onde boas atrações como Clã Brasil e tantas outras desfilaram pelos palcos da terra de Adelmo e dos Virgulinos.

 William Veras de Queiroz 2010  D.C - São José do Rio Piranhas-Paraíba. 


quinta-feira, 1 de julho de 2010

SODADE DE ZÉ DO NORTE

A vizinha cidade de cajazeiras,no vale do rio piranhas,sertão paraíbano,viu nasceu em 1908, Alfredo Ricardo do Nascimento(Zé do Norte),um cara que jogava nas onze(posições),era cantor,compositor,poeta,folclorista , escritor,radialista e cineasta.mas antes de desenvolver tantas atividades intelectuais,ele viu o sol nascer mais cedo nos roçados da Paraíba.O menino Alfredo Ricardo,orfão de pai e mãe,teve uma infancia muito pobre,e trabalhou exaustivamente desde os nove anos de idade. Foi tropeiro e apanhador de algodão.Ele sempre mentia  sua dor,e cantava para não chorar,mas não imaginava que isso tornaría um oficio. No distante ano de 1921,foi para Fortaleza,alistou-se no Exército e acabou indo servir na Outrora Guanabara,morando mais tarde, próximo ao morro da mangueira.Convidado por Joracir Camargo,atuou no show Aldeia portuguesa,obtendo grande sucesso com uma imbolada de sua autoria.acabou sendo levado para a Rádio Tupi,onde terminou adotando o pseudônimo de Zé do Norte,em 1940,no ano seguinte foi para a Rádio Transmissora Brasileira(atual Rádio Glogo) e participou de programas,como Faz Favor,Hora Sertaneja e Desligue.Depois passou pelas rádios Fluminense,Clube do brasil,Guanabara(onde teve como sanfoneiro o iniciante João Donato),atuando como declamador,animador,organizador e cantor. Também  esteve  na rádio Tamoio. Nessa época Zé do Norte Lançou em programa de rádio o sanfoneiro Pernambucano Luiz Gonzaga,o futuro rei do baião. Publicou o livro Brasil Sertanejo,em 1948 e cinco anos depois atuou como consultor do linguajar nortista e compositor no filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, (1953). Sua música "Mulher Rendeira" (sobre motivo atribuida a Lampião) ficou conhecida em Oropa,França e Bahia,após ser incluida na trilha sonora do filme. Com mais de cem composições,a segunda mais famosa é Sodade Meu Bem Sodade,(1955) Gravada por uma dezena de cantores,entre tais,Maria Bethania e Nana Caymmi. Zé do Norte tem vários classicos que ele próprio registrou em disco como Lua Bonita,Meu Pinhão,e assim continuou compendo até meados dos anos 70. Daí em diante foi caindo no esquecimento popular,embora,vez por outra, fosse lembrado por artista s como Caetano Veloso(que usa trechos de sodade,mau bem sodade,no disco Transa, de 1972),Geraldo Azevedo, que gravou Meu Pinhão(disco Bicho de Sete Cabeças,1979) ou Lua Bonita, por Raul Seixas(no disco Pedra do Genesis,1988 ). A obra de Zé do Norte,não cairá no esquecimento,recentemento através de um projeto Cultural do Banco do Nordeste,a Cantora Paraibana, de Brejo do Cruz,conterranea de Zé Ramalho,Socorro Lira,gravou o CD Lua Bonita. Com  várias participações. A prefeitura de Cajazeiras,criou através da Secretária de Cultura do Municipio,o Prêmio " Zé do Norte de Cultura Sertaneja". O Prêmio se divide em Onze Categorias: Música,Teatro,Cinema,Produtor Cultural,Dança,Imprensa Cultural,Gestor Público,Entidade Cultural,Literatura e Prêmio Especial e Cultura Popular. Numa grandeza de ação,no intuito de imortalizar a obra do multiartista Cajazeirense,já que a nivel de cultura a Sodade é evidente.

William Veras de Queiroz 2010 D.C - São José do Rio Piranhas-Paraíba.