quarta-feira, 28 de abril de 2010


                                                  DIA NACIONAL DA CAATINGA

                   Instituído por decreto pelo presidente Lula em 20 de agosto de 2003.Desde  28 de abril de 2004,  essa data  que é o dia do nascimento do professor ,e pesquisador  pernambucano João Vasconcelos Sobrinho, virou o  Dia Nacional da caatinga.Vasconcelos Sobrinho,pioneiro nos estudos ambientais no país,que primeiro nos alertou sobre  o processo de desertificação no semi-árido  brasileiro e,sobretudo,já em meados do século  passado quem começou a difundir compreensão de compromissos socioambiental.
è mais um momento oportuno para se debater ações e programas que possam associar a recuoeração,conservação e desenvolvimento da caatinga,ùnica en suas caracteristicas e exclusiva do território brasileiro.segundo o mapa de biomas do brasil, a caatinga ocupo 844.453 km²  de área(9,92 % de território nacional),com uma população estimada em de 28 milhões de pessoas,sendo 39%  no campo. A caatinga é a região semi-árida mais rica em fauna e flora do mundo. Nos dias de hoje, em que em que se amplia a consciência ambiental,a caatinga é ainda um dos biomas mais ameaçados do planeta. As principais causas da degradação  na região são os desmatamentos,extração de madeira,queimadas,  agropecuária , degradação dos solos e desertificação. Neste  contexto , os principais desafios para as politicas públicas voltadas  á caatinga passam pela ampliação do reconhecimento de suas especificações e potencialidades,a  implantação de programas de convivência com o semi -árido. Muitos dos bons e intencionados projetos já em execução pelo projeto Dom Helder Câmara,com a proposta de  estruturar e desenvolver ações para a reforma agrária e e agricultura familiar. O projeto também atua na valorização da biodiversidade, e na conservação e gestão dos recursos hidricos;contenção e reversão  de processos de degradação do solo. Essa abordagem do Projeto Dom Helder Câmara tem trazido ganhos para valorização do bioma caatinga,que passa  a ser visto não mais como hostil como outrora ,ao contrário seus  recursos são tomados como elementos centrais nas estratégias de  desenvolvimento sustentavel para a região. Os primeiros cincos anos do Dia Nacional da Caatinga demostram a necessidade de avançarmos nessas políticas  e colocam o desafio da articulação social e institucional,com integração de programas,projetos e ações para que nossa caatinga seja tão generosa em gente feliz como é sua biodiversidade.

Fonte:Instituto Dom Helder Câmara
William Veras de Queiroz 2010 D.C   Santo Antonio do Salgueiro-PE.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

     MOCINHA DE PASSIRA É UM CONDOR,NOS DES PÉS DO MARTELO ALAGOANO

     Aos nove anos de idade, ela se encontrou com o mundo da viola,bastou duas cantorias para aprender o idioma do repente. Aos 12 anos ganhou uma viola do pai,quando participou de um baião com o poeta Zé  Monteiro. Desde então se profissionalizou e o vasto mundo abriu as porteiras para aquele menina de apenas 16 anos de idade. e seguiu vida afora seguindo sua sina de violeira,fugiu da casa dos pais,foi morar na casa de Pinto do Monteiro em Caruarú,Pinto é considerado um dos maiores nomes da história do repente,ela considera Pinto ,um pai,um rei,um mestre. Maria Alexandrina da Silva,continua sendo uma das poucas presença feminina no mundo do repente e a única a viver exclusivamente da sua profissão. Mocinha,65 anos, boêmia incorrigivel,não dispensa um uisque por nada,namoradeira,fala palavrões e bate de frente com os marmanjos nos desafios de viola. Mocinha,escandalizou a sociedade agrestina na sua juventude,quebrou tabus nos anos 50, enfrentou as rígidas normas nordestinas estabelecida para as mulheres,foi a Leila Diniz do agreste.Teve muitos homens,mais poucos a tiveram,casou uma única vez com o Sanfoneiro Duda da Passira. acabou o casamento com o forrozeiro e viajou pelo pais inteiro,sempre enfrentando o preconceito e o machismo,desviando-se de cantadas,amor a primeira vista de homens com os quais não afinava e a misoginia dos colegas de profissão,fez o poeta Ariano Suassuna chorar  emocionado com os improvisos feito por ela,durante uma cantoria na pracinha do diário no centro do Recife. Em Salvador,encontrou com Jorge Amado,esse pediu um mote:"Se você casar comigo/vai ficar de Gravidez/vai acabar parindo/três menino de uma vez Mocinha na ponta da língua respondeu: Eu posso ter todos os três/são filhos tudo meu/o primeiro é do padeiro/o segundo do Ricardão/o terceiro de Oliveira/nenhum dos três é teu."  Jorge Amado Também chorou,porém,de rir.  A vida mundo afora,não foi fácil para a violeira,mas levou tudo em prosa e versos. Numa cantoria em Campina Grande,um delegado de policia se encantou-se por ela,que foi contratada por um empresário para tocar numa churrascaria,com a chegada do contratante entre carinhos e afagos,a autoridade atirou para cima e demarcou terreno,que ela era dele e de mais ninguém. na cidade de Chã Grande,quase foi sequestrada por um vereador  da cidade,apaixonado.foi salva por um cabo da PM  e o prefeito desafeto do edil,quando já estava sendo puxada para o carro.Essa Pernambucana da pequena cidade de Passira,terra de rendas e rendeiras,que trás das mãos habilidosas o sustento,tal qual a conterranea no dedilhar do pinho.Passira é encravada no agreste central do estado.Mocinha,tem muita história para cantar e encantar.diz ter verdadeiro orgulho pela profissão que abraçou ainda criança,ela nunca teve a sua  CTPS assinada,pois sempre viveu da sua arte,foi testada  na aurora da sua vida,e está aí para contar a história porque passou no teste que a vida impôs.

William Veras de Queiroz 2010 D.C  Santo Antonio do Salgueiro-PE.

sábado, 24 de abril de 2010


TÁCYO CARVALHO, O GAROTÃO DE OURICURI


    Cabelo ao vento,violão em punho,vagando pelas ruas de pedras da sua cidade,cumprimenta velhos amigos, tira alguns acordes, e some na esquina do passado. Esta era cena comum no inicio dos anos 80,quando o garoto Tácyo na inquietude da sua juventude,despontava para  o  sertão do araripe com suas inclinações artísticas,ele respirava musica 24 horas,apareceu nos palcos da vida,ainda menino,fazendo vocais e tocando um ritmado triângulo no grupo do saudoso Severino Januário(irmão de Luiz Gonzaga,o rei do baião). E no ímpeto da sua juventude,ele não deu por satisfeito e num dia agora distante, ele pegou um tribus da viação Itapemirim e partiu entre juras ,choros e despedidas. Ele seguiu o destino tão comum e pertinente aos pobres mortais do semi-árido nordestino, na cidade do Rio de Janeiro,também terra de São Sebastião. Onde foi recebido de braços abertos pelo Cristo redentor e por sua "madrinha musical" Chiquinha Gonzaga.nas terras do sudeste ele não parou,logo deu as caras num programa de televisão em rede nacional da TVE,era um programa de musica regional. E assim ele não deu trégua para o azar,esteve em todos os lugares aonde a musica nordestina tinha boa receptividade, deixando seu recado e o registro do seu trabalho naquelas terras. Mas por lá que a vida não é fácil,quis o destino mandar de volta este sertanejo brabo.porém ,ele não se fez de rogado e caiu literalmente no forró. Hoje carrega consigo um legado do forró de pé-de-serra,fruto do convívio com o clã dos Gonzagas,de onde veio a alcunha de "O Garotão de Ouricuri," batizado carinhosamente por Luiz Gonzaga. Fiel a suas origens,este pernambucano da cidade de Ouricuri,canta a alegria ,a dor e o sentimento do seu povo.Tácyo Carvalho carrega na bagagem artística o registro fonográfico de 14 álbuns:1 compacto,4 LPs e 10 CDs,que tiveram as participações e o auxilio luxuoso de artistas reginais tais como:Targino Gondim,Terezinha de Jesus,Flávio José,Chiquinha Gonzaga,Flávio Leandro,João Silva e Edson Lima. Tácyo,passou uma temporada na cidade baiana de Alagoinhas,onde deixou a marca do seu trabalho e da sua arte nos festejos daquela região.Ele tem na música "Patchuli" o seu grande sucesso que foi bem executada nas rádios do nordeste,música que na sua letra relata os amores adolescentes das cidadezinha do interior nordestino,esta canção também fez sucesso na voz do poeta cantador Flávio Leandro,que gravou na coletânea "Tô Feliz. " O Garotão de Ouricuri" já encontra-se em fase de aquecimento para a turnê nordestina de Junho,onde levará sua música e sua arte aos mais distantes rincões do nordeste,com o compromisso de preservar e cultuar o forró de pé-de-serra.

William Veras de Queiroz 2010 D.C -Santo Antonio do Salgueiro-PE.  
       CENAS DA GRAVAÇÃO DO FILME " LUNETA DO TEMPO", FILME DE ALCEU VALENÇA,COM GRAVAÇÕES NO AGRESTE PERNAMBUCANO.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

cabeças de Mariano,Pai véio e zepelin

   MARIANO,O ROBIN HOOD DO CANGAÇO


      Filho de um conceituado fazendeiro do Alto Sertão do Pajéu, o cangaceiro Mariano,era conterrâneo de Antonio Silvino( O Governador do Cangaço),ambos nasceram no município Pernambucano de Afogados da Ingazeira. Mariano Laurindo Granja,  nasceu em 1898.  Entrou para o cangaço,no ano de 1924. Era negro,muito forte,andava carregado de adornos  e jóias caras,e acompanhado da inseparável  palmatória de baraúna  dependurada na cintura,com a qual surrava suas vitimas e desafetos.Acompanhou Lampião por muito tempo,sendo uns dos poucos que cruzaram o Rio São Francisco,em agosto de 1928 com destino à Bahia. Esteve com Lampião na visita de Juazeiro do Norte,no estado do Ceará,quando Virgulino foi visitar o Padim Ciço e pedir sua benção; participou do massacre na cidade baiana  de Queimadas,onde foram mortos 7 macacos(soldados).Também participou do massacre em mirandela,distrito de Ribeira do Pombal,no Sertão Baiano.  Participou do ataque a cidade Sergipana de Aquidabã,em outubro de 1930. Depois,que aprendeu o caminho das pedras com Virgulino,resolveu,digamos,fazer carreira solo, e passou a chefiar o seu próprio bando. No primeiro combate com seu grupo ,enfrentou a ira do Tenente José Rufino no Raso da Catarina,num  dos combates mais célebres que se tem lembranças na campanha de repressão   ao cangaço. Nesse combate, o Tenente Zé Rufino e sua volante conheceram o Árabe abraão Benjamim,um cineasta amador libanês,possuído da mania de filmar um combate real e autêntico,entre as volantes e o grupo de Lampião. Abraão,movia o louvável desejo de fazer um documentário histórico,com a ambição comercial de ganhar dinheiro com a exibição do filme em cinemas de várias cidades. O Libanês recebeu a negativa do Tenente Zé Rufino  que não permitiu o registro dos combates.Após os duros combates, Mariano bate em retirada e segue com seu bando para o estado de Sergipe a procura da fazenda Cangaleixo de propriedade do coiteiro Pai véio que ficava entre os municipios de Porto da Folha e Garuru. o Tenente Zé Rufino e o soldado Ben-ti-vi ,que teve o seu pai assassinado por Mariano,desencandeavam uma ação implacável de perseguição ao cangaceiro e seu bando.E assim,seguiram as pegadas de Mariano. Depois de alguns dias de procura,localizam o grupo na Fazenda de Pai véio,onde encontram o bando acampado em barracas no meio da caatinga. na hora do ataque da volante, os cangaceiros do  bando de Mariano encontravam-se na jogatina,tão comum nas horas de descanço do cangaço.E não houve tempo para  reação, Mariano foi surpreendido e baleado. Bem-te-vi,como um louco,saca do punhal e escancha-se no quase cádaver  do cangaceiro e desfere dezenas de golpes,brutais. Era a vingança do filho estraçalhando o corpo daquele que abatera friamente,o autor da sua vida,sobre a recomendação do Tenente Zé Rufino de que tivesse cuidado com a cabeça,pois ele precisaría dela.Era a lei, terrivel e inflexivel das caatingas. Poucos acreditavam que Mariano fosse o autor da morte do Pai de bem-te-vi,diziam que era um dos mais humanos e benevolentes ,afirmam que era incapaz de uma crueldade,distribuía com os pobres os produtos de saques dos ricos e abastados. O Tenente José Rufino,com seu costumeiro sadismo,cortou as cabeças de Mariano,do coiteiro Pai Véio e de Zepelin,e expôs pelos sertões por onde passou,convencido de que a tirania levaria para o semi-árido nordestino a tão sonhada paz de que aquela gente tanto ressentia. 

William Veras de Queiroz  2010 D.C -Santo Antonio do Salgueiro-PE
     

segunda-feira, 19 de abril de 2010




  ZÉ VICENTE DA PARAIBA,SUA VIDA ERA A VIOLA  

            Ele sempre esteve a frente do seu Tempo.foi o primeiro repentista a gravar um LP,cantou e exaltou a natureza. Autor de "Quanto é grande",gravada pelo Cantor e compositor Carioca Rui Mauriti,Alceu Valença , Geraldo Azevedo,Zé Ramalho e Marilia Pera. Nasceu em 1922, em Pocinhos,na época distrito de Campina Grande,na região da chapada da Borborema,na Paraíba. Dedicou sua vida a cantoria de viola e assim viveu exclusivamente do repente,muito cedo,ainda adolescente,conheceu  os caminhos tortuosos dos aedos populares. foi de um tempo  em que o cantador ia  aonde o povo estava,e assim percorreu todo nordeste seguindo o seu caminho,ele a viola e Deus,cantando em lugarejos,fazendas e cidades grandes.Contemporâneo de outras lendas como os irmãos Batistas(Lourival,Dimas e Otacilio),Zé Limeira  e tantos outros.  Nos idos anos 50, recebeu convite para gravar "Violeiros", o primeiro disco de cantoria de viola,gravado no estúdio da Estrada dos Remédios, bairro de Afogados,no Recife,Pernambuco. Na época a Fábrica de Discos Rozenblit,que se firmava como a primeira indústria fonografica fora do eixo Rio-São Paulo. Músicos da MPB descobriram Zé Vicente no inicio dos anos 70 e virou um mito nesse segmento da música popular,conseguiu notoriedade por ter seus versos gravados pelos expoentes da música popular, o seu "Quanto é grande o autor da Natureza" foi cantado em versos e prosas pela vanguarda da MPB,porém direitos autorais,muito pouco ele viu,tanto quanto foi a badalação desse figurões com Zé Vicente. Em pouco tempo ele voltava à rotina,e ao desafio de viola. Assim como tantos outros artistas da cultura popular,Zé Vicente  estava fadado a viver o resto do seus dias no ostracismo,já que não saia mais com a viola mundo afora,foi ai que o Cantor Herbert Lucena encarou em 2005 este desafio de registrar em disco as histórias e poesias do velho cantador ,com alguns de seus improvisos célebre,e participação de forrozeiros e violeiros.Zé Vicente da Paraíba recebeu recentemente uma biografia do Jovem poeta e declamador José Mauro Alencar(Junior do Bode). Faleceu aos 85 anos,em decorrência de complicações com a diabete e um derrame cerebral, morando na cidade de Altinho ,no agreste  Pernambucano,longe das pelejas,muitos imaginavam que houvesse morrido,porém continuava com a memória mais afiada de que muitos cantadores jovens. Mas nada se perdeu no tempo ,o legado de poesia de Zé Vicente,segue com o seu rebento Wellington Vicente,que mora em Rondônia ,onde exerce a função de funcionário público e é um ativista da poesia popular. " Fiz do choro das cordas da viola o maior ganha pão da minha vida." Viva Zé Vicente da Paraíba e o inconsciente coletivo dos errantes violeiros.

William Veras de Queiroz  2010 D.C -Santo Antonio Do Salgueiro- PE.                                      

quarta-feira, 14 de abril de 2010



WILSON ARAGÃO,O CANCIONEIRO DO SERTÃO DE PIRITIBA


   Ninguém traduz  melhor a alegria e as agruras do agricultor do que Wilson Aragão. Sua música fala,principalmente,do homem do campo,suas lutas e anseios,seus amores e dissabores. Sua musicalidade passeiam por galopes,martelos,xotes,baladas e canções.  Tem o sertão Baiano,como pátria,inspiração do seu cancioneiro,sempre voltado para dignidade,humildade e sapiência do sertanejo. Wilson Aragão já faz parte do São João e cantorias pelo sertão nordestino,tornando-se parte  da vida poética da Bahia.
    Wilson Oliveira Aragão é o nome de pia(batismal) desse poeta errante,que nasceu no ano da graça de 1950 num dia qualquer de um distante e frio mês de abril da Chapada Diamantina,A verdejante cidade de Piritiba, acolheu no seu berço pobre e frio o menino Wilson,que levou o nome e a inquietação dos tabaréus da chapada vida afora. Com mais de 20 anos de carreira,4 CDs gravados, participou de várias coletâneas,autor de sucessos como "Capim Guiné," gravada por Raul Seixas e Tânia Alves,"Guerra de Facão" gravada por Zé Ramalho,Falcão ,Antonio Rocha e outros artistas brasileiros. Wilson Aragão,começou a cantar na adolescencia,cantando em corais de igreja e de escolas. Cresceu e deu pro mundo foi embora para a capital da provincia(Salvador) ,andou pela terra da garôa,Minas Gerais,Mato Grosso,Paraíba,Pará e Piaui e outros estados,fazendo shows e divulgando o sua arte em rádios e televisões. Em seu vasto trabalho,já teve parceria com grandes nomes da música brasileira,dentre tantos,está o também baiano e saudoso Raul Seixas que fez parcería na música Capim Guiné,titulo do seu primeiro LP ,que hoje foi regravado em formato CD.
      Este poeta-cantador,faz as suas andanças,sempre irreverente,levando consigo vários "causos" que, sempre bem contados,despertam,no povo,o sentido alegre da vida após um dia de batalha e é respeitado por todos cantadores pela grande luta por uma música de qualidade. tornou-se um grande interprete dos "causos" do  poeta Paraíbano José Laurentino. E no seu universo de causos e canções,o poeta de Piritiba segue a vida.

William Veras de Queiroz 2010 D.C -Santo Antonio do Salgueiro-PE.

domingo, 11 de abril de 2010


     BIU ROQUE, E O SOM DOS CANAVIAIS


       Se eu fosse a sua/e não mais uma/as quatros luas eu lhe daría/prá me tornar sua Maria/uma canção eu cantaría/minha resposta ao que ouvi/a mais bela melodia/fui roubar pra minha história/sua poesia de outrora/não por jura ou promessa/nem perdão ou vaidade/debaixo da condesseira / sua Maria de verdade . Letra da música,Valsa para Biu Roque,da Cantora Paulista Céu. Mas a vida nem sempre foi esse céu para esse canavieiro de 72 anos,que quando menino,viu o sol nascer mais cedo nas terras dos engenhos de cana de açúcar em Condado sua     cidade,na zona da mata norte de Pernambuco, o trabalho na palha da cana e a música  andaram pelos mesmo caminhos, desde os 8 anos de idade na vida de João Soares da Silva.hoje residente em Aliança, Biu Roque,tornou-se  ou dos mestres da cultura popular mais respeitados da zona da mata por seu domínio de gêneros musicais tradicionais como o Coco de Roda,Ciranda,Maracatú Rural e as toadas de Cavalo Marinho,além de conhecedor de muitos sambas característico da região. Atualmente lidera o Cavalo Marinho Boi Brasileiro,participa do Maracatú de baque solto Estrela Brilhante de Nazaré da Mata, e integra o grupo Fuloresta, que acompanha  Siba,com o qual já gravou dois CDs independentes e participou de turnês pelo Brasil e Europa,além de exercer fortes influências em diversos grupos e artistas da cena musical de Pernambuco e do Brasil,e de contribuir para diversas pesquisas acadêmicas na área de antropologia,sociologia,etnomusicologia e artes cênicas. Na dissertação "Viva Pareia ! A arte da brincadeira ou a beleza da safadeza:uma abordagem antropológica da estética do Cavalo Marinho",defendida em 2020 no IFCS/UFRJ,pela antropóloga Maria Acselrad, ele é citado diversas vezes dada a relevância de suas informações como homem profundamente conhecedor da brincadeira do Cavalo Marinho. 
  Principal herdeiro da tradição do Cavalo Marinho do Mestre Batista,o grupo Cavalo Marinho Boi Brasileiro,liderado por Biu Roque,ainda conta com sua participação como músico. Sua atuação,sempre muito significativa,contribuiu para o bom relacionamento entre os brincantes.Estimula a participação dos mais jovens,muitos deles,seus filhos,netos e bisnetos. Respeitam o compromisso com a tradição da brincadeira,brincando por cerca de oito horas,sem distanciar da roda,com um vigor de Menino. E assim ele vive seus dias neste  universo dos verdes canaviais da zona da mata pernambucana sobre  a trilha  do banco de Cavalo Marinho,consolidando a história do seu povo e do folguedo popular. 

William Veras de Queiroz 2010 D.C -Santo Antonio do Salgueiro-PE.       

terça-feira, 6 de abril de 2010

         ABIDORAL JAMACARÚ


         Ele nasceu na cidade do Crato,região do Cariri Cearense,cantor,compositor e pensador.Uma referência na música daquela região. Ele estudou até a 6 ª série,os pais viam com preocupação, a falta de interesse pelos estudos. Ganhou da Mãe uma bodega,mas abandonava o negocio para jogar bola e tocar violão,como se esperava a bodega faliu. O Pai seresteiro,a música era a grande paixão de Abidoral,começou a tocar como hobby,onde tocou Jovem Guarda,coisa de adolescente.foi na música que encontrou as cabeças pensantes do cariri,numa grande troca de informações,e assim ele foi ao convivio de artistas e intelectuais da região, participou intensamente  do movimento cultural da região e do salão de Outubro,onde tinha  Teatro e música. Conheceu a Bossa Nova, a música panfletária de Geraldo Vandré,Chico Buarque e o Tropicalismo. Mas,antes de tudo isso ,conheceu na infância o folguedo do Crato,Maneiro-pau e muito Luiz Gonzaga. Quando criança,ouviu de tudo nas rádios da região Jackson do Pandeiro,Gonzagão e rock. hoje carrega com ele essas influências do que viu e ouviu embaixo do sol da chapada. Participou dos tantos festivais de músicas do Crato ,no final dos anos 60. Em 1979,foi morar no Sudeste, onde viveu 3 anos no Rio de Janeiro,foi de carona,sem grana. Por lá passou por mil dificuldades,a infinita timidez atrapalhava a sua trajetória. E numa certa manhã,resolveu não sofrer mais e assim veio embora para o Crato. Voltou a Sampa e gravou o disco Avallon,em 1986,com Participações de   Tiago Araripe,Grupo Bendegó  e Xico Carlos.   A volta ao sudeste foi atribuída a falta de bons estúdios na região. Hoje com o três discos gravados,Abidoral ainda é refém da timidez,mas segue a vida com o belo trabalho e o talento que Deus lhe deu.

William Veras de Queiroz  2010 D.C -Santo Antonio do Salgueiro-PE.

domingo, 4 de abril de 2010

              A LONGA CAMINHADA DE UM VELHO CRISTO


  Em 2010, o  ator José Pimentel completa 33 anos interpretando o personagem mais comovente da história da humanidade.Nem sob tortura,ele quer dizer a idade,prefere ficar com a de Cristo,33. A cada ano,além de carregar a cruz de Jesus nos palcos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e do Recife,precisa responder  à capsiosas perguntas sob sua aposentadoria."Enquanto eu conseguir carregá-la,vou seguir",adianta. Faz parte do imaginário pernambucano reconhecer e questionar José Pimentel pela longevidade cênica.Esta,aliás,pode entrar no Guiness Book,o famoso livro dos Recordes. Amigos do artista cuidam de sua candidatura ao posto de ator em atividade com mais encenações da Paixão de Cristo,no papel, o principal.
    As marcas do tempo,no entanto,já se anunciam. Os cabelos compridos que usa e que já usava muito antes de fazer o papel do Cristo,e que segundo ele é  influência dos Beatles,  apontam  uma discreta falha. Em 2010,14ª edição de A Paixão de Cristo do Recife,o Cristo estará também acima do peso. Pimentel,narcisista confesso,admite   o vigor fisico não é lá o mesmo das décadas passadas. Mas não pensa em abandonar  os palcos,muitos menos o estrelato. " Só mesmo uma halterofilista para carregar uma cruz  por muito tempo," pontua. Tema de escolas de samba do Recife,Pimentel já disse ser o ator mais preparado para viver o martírio do mais importante simbolo da Igreja Católica. "Eu fico enorme no palco",defende,apesar dos seus medianos 1.70m. E assim com o peso dos anos o velho Cristo vai carregando a sua cruz para felicidade geral dos amantes da mais bela história da humanidade.

William Veras de Queiroz 2010 D.C  - Santo Antonio do Salgueiro- PE.