sexta-feira, 31 de maio de 2013

A Cavalgada à Pedra do Reino é tradição em Belmonte / Foto: Leonardo Vila Nova



Cavalgada até o centro do universo


Por Leonardo Vila Nova


Um estampido de fogos de artifício irrompeu no céu de São José de Belmonte pouco antes das 5h da manhã deste domingo (26/5). Era sinal de que o dia amanhecia diferente na cidade. Era sinal de que, neste dia, era mais um dia de Cavalgada. O destino: a famosa Pedra do Reino, na Serra do Catolé, consagrada como o principal ponto de encontro entre misticismo e teatro popular, que se fundem para contar o momento mais marcante da história daquele povo. Nesta gigantesca pedra, entre 16 e 18 de maio de 1838, numa batalha entre João Ferreira, lunático líder sebastianista, e a Guarda Nacional Brasileira, cerca de 80 pessoas (entre elas, 30 crianças) foram sacrificadas/assassinadas, numa matança sem precedentes, fruto do fundamentalismo que conduziu grande parte dos corações e mentes daquele Nordeste do século XIX.
Desde 1993, no último domingo de maio, São José do Belmonte assiste ao trajeto de 27 km que leva centenas de cavaleiros, amazonas e vaqueiros ao local da tragédia, para reverenciar esta data. A XXI Cavalgada à Pedra do Reino parou a cidade, como vem sendo há mais de duas décadas. Uma das fontes de inspiração da manifestação é também o consagrado “Romance d’A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, que faz a ponta perfeita entre a história de origem ibérica e a tradição do povo sertanejo.
Quando o Sol ainda descortinava na cidade, uma multidão já se aglomerava em frente à Igreja Matriz da cidade, aguardando a tão esperada corte, dividida nas cores cores azul (cristãos) e encarnado (mouros). Sob mais uma salva de fogos de artifício, Rei e Rainha chegam ao local, causando profunda comoção nos populares que lotavam o local. O Coral de Aboiadores de Serrita deu o tom sertanejo à cerimônia, recepcionando a corte, com canções que simbolizam o imaginário do homem nordestino. “Asa branca”, o hino nordestino, sacramentou os filhos de Belmonte. E com a tradicional bênção do pároco da matriz, os cavaleiros partiram, ao som de “Catinga sebastiana” (Ariano Suassuna).  De fato, não há como descrever o que se sente neste momento. Palavras fogem, enquanto sentimentos transbordam, sem qualquer economia.
Olhos fechados durante a bênção, as mãos firmes empunhando as rédeas dos cavalos e lágrimas flagrantes sobre o rosto  deram o tom desse momento tão marcante. Sob os aplausos da população, os representantes da Cavalgada partiram para um trajeto tortuoso, onde a fé e a força de vontade são testadas a cada momento. A estrada de barro seco, que faz subir uma poeira interminável, tendo o Sol como testemunha e os morros já verdejantes – indicando que a chuva já chegara ao Sertão -, são o cenário que compõe a mística jornada. Em cerca de seis horas de percurso se desvela a tão afamada coragem do homem nordestino. Não há obstáculo que a fé e a determinação não vençam. E o destino vai, a cada passo dos cavalos, se descortinando adiante.
Para chegar à Pedra do Reino, não basta somente ir a cavalo. Carros, motos, bicicletas, todos os meios estão à disposição daqueles que querem presenciar o espetáculo. Há 20 anos, quando a Cavalgada deu os seus primeiros passos, não se sabia exatamente por onde ir. Uma das pessoas que indicou, literalmente, “o caminho das pedras”, foi o empresário Aníbal Leonel, que mostrou aos criadores da cavalgada como se chegava ao local. “Eu moro próximo à Serra do Catolé e me perguntaram como se chegava ao local. O acesso só era possível com poucos cavalos e somente dois carros. Esse foi o primeiro passo. A partir daí, o evento foi se sedimentando e foi se tornando cada vez mais grandioso. Hoje temos mais de mil pessoas que vêm a esse local, conhecer essa história que marcou não só o estado, mas todo o Brasil. É lindo ver essa minha cidade  significar tanto para todas essas pessoas“, contou Aníbal.
E o tão profundo significado e importância da Cavalgada estavam presentes no rosto de cada pessoa que cessou o piscar de olhos quando Rei e Rainha adentraram a Serra do Catolé, seguidos de sua corte. Gritos, aplausos, reverências e músicas recepcionaram os personagens mais importantes desse enredo. À frente de todos, Valquíria Novaes, a bela jovem de 18 anos, escolhida como rainha desta edição da Cavalgada. Um sorriso cativante e a inabalável segurança às rédeas do seu cavalo demonstraram a grandeza do símbolo que ela representava ali. “Eu encaro com uma alegria muito grande representar a minha cidade e o povo sertanejo nesta Cavalgada. Trazer de volta a valorização dessa história não acaba apenas hoje, mas seguirá comigo enquanto eu viver e na história de Belmonte, em todas as rainhas escolhidas nos próximos anos“, disse Valquíria, que se revezava entre responder às perguntas e o intenso assédio da população, ávida por fotos junto à atual majestade.
Outra parte desse espetáculo está devidamente representada nos cavaleiros que seguem a jornada até a Pedra do Reino. Homens sertanejos que dedicam parte da sua vida a seguir por entre estradas difíceis – na vida e na cavalgada – e alcançar um destino. Seja em reverência àquelas pessoas que sacrificaram a sua vida em nome da sua fé ou àqueles que lutam para vencer as batalhas cotidianas diante das agruras da vida. Um desses cavaleiros acompanha a cavalgada, ininterruptamente, desde a sua primeira edição. Desde 1993, Clênio Barros veste o seu gibão e segue até a Pedra do Reino. Dois anos após o debute, ele porta a bandeira de Pernambuco, e dela nunca mais se desgarrou. “A capitania hereditária de Duarte Coelho há 21 anos é minha. A bandeira mais linda do mundo está comigo e ela eu não largo. Tenho um carinho muito grande por ela“, declarou Clênio. “Eu estou e sempre estarei totalmente integrado à Cavalgada. Quando, um dia, não existir mais um cavaleiro na Cavalgada, eu estarei lá, mantendo essa tradição. É uma coisa que não há explicação. Se sente, se vive. É o amor maior da minha vida“, confessou, com um sorriso que nenhuma recompensa material pode comprar e reportagem alguma irá explicar. No próximo ano, a XII Cavalgada à Pedra do Reino aguarda você, que leu este humilde (e impressionado) relato.

quarta-feira, 29 de maio de 2013




 CACIQUE JOÃO VENÂNCIO


Francisco Marques do Nascimento,este é o nome do Cacique da etnia Tremembé,João Venâncio.Que nasceu em 30 de janeiro de 1955,na Aldeia Indigena da Praia de Almofala,Itarema,municipio situado na região Noroeste do estado do Ceará. Desde 1991,que oCacique João é responsavel geral e instrutor dos rituais sagrados  e das danças sagradas indígenas com o dever de repassar os conhecimentos para todos os povos indígenas. É instrutor de agricultura,pesca e carpintaria junto ao povo Tremembé. É liderança ativa entre os indios cearenses,tendo coordenado 13 assembléias dos povos Indigenas do Estado,entre 1992 a 2006.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

sábado, 18 de maio de 2013




 Cultura Livre nas Feiras

O projeto da Secul-PE e Fundarpe, que valoriza a arte local das regiões do estado promovendo eventos nas feiras livres passará, de 17 a 21/5 por 17 cidades do Sertão, RMR, Zona da Mata e Agreste

Aproveitando o embalo do Festival Pernambuco Nação Cultural, que aportou em Caruaru no dia 14/5 e fica até 19/5, o Cultura Livre nas Feiras promove, no dia 18/5 (sábado), na cidade, recitais de poesia declamações e a apresentação do Boi Mirim do Mestre Gersino. Mestre Gersino levou a frente até o fim de sua vida o tradicional Boi Tira Teima, fundado em 1922.

Também vale a pena conhecer o grupo de dança Papanguarte, de Bezerros, que apresenta, no dia 17/5, às 9h30 as danças populares pernambucanas com as máscaras dos tradiconais papangus da região. E o Coco de Pareia, em Goiana, dia 18/5, às 9h, fundado com o objetivo de resgatar as linhagens de antigos mestres goianenses e a variedade que essa manifestação popular possuía na região (Coco de Ganzá, Coco de Melê, Coco de Umbigada, Coco de Terreiro).

O Reisado do Mestre João Tibúrcio, fundado em 1960, poderá ser apreciado no domingo (19/5), às 9h, em Magano – Garanhuns. Manifestação popular de origem portuguesa, que pertence ao ciclo natalino, o reisado está quase extinto. Porém, na cidade de Garanhuns (agreste setentrional de Pernambuco), ainda existem em torno de seis grupos do brinquedo popular.