sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

BANDA DE PIFANO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

O grupo iniciou suas atividades em 1981,na cidade de Girau do Ponciano,municipio encravado no agreste alagoano,na microrregião de Arapiraca. A banda de pifano ou "Esquenta Muié" como também é conhecido estas bandinhas no estado de Alagoas,contou em sua primeira formção com três integrantes: Petrúcio, Jadson, Manoel Bandeira (Macaxeira),todos tocadores de pifanos,depois veio a introdução de outros instrumentos com novos músicos para execução de zabumba,tambor,mão de pratos e caixas. Instrumentos rústicos são confeccionados pelos próprios integrantes da banda,todos agricultores, que encontraram na música uma forma de diversão para esquecerem a rotina doa árduos trabalhos do campo. Atualmente o grupo se apresenta em média 14 vezes por ano em festas tradicionais e de padroeiros de comunidades rurais e urbanas. Com o pequeno cachê, investem em instrumentos e vestimentas.

FORRÓ - PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

O reconhecimento do Forró como patrimônio imaterial do Brasil ocorre a apenas quatro dias do Dia do Forró, celebrado anualmente no dia 13 de dezembro. A data foi escolhida em razão do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, em 13 de dezembro de 1912, maior expoente do supergênero brasileiro.
Em 2019, o Iphan iniciou uma pesquisa nos nove estados do Nordeste, além do Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo para entender e identificar como se expressa o supergênero musical. Em seguida, também houve pesquisa nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com a identificação de festivais sobre a expressão musical.

Espetáculo “O dia que a Morte sambou” circula por cinco cidades pernambucanas

Depois de percorrer a Espanha e Portugal no ano passado, agora é a vez do interior pernambucano receber o espetáculo “O dia que a Morte sambou”. Com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura, o grupo de teatro de sombras Habib & Valeria estreia a turnê no dia 29 de janeiro (sábado), na comunidade quilombola Curiquinha dos Negros, na cidade de Brejão. No domingo, dia 30 de janeiro, segue para Garanhuns, localizada também no Agreste. As outras apresentações acontecerão durante os meses de fevereiro e março na Estação de Cultura em Arcoverde, na sede da Revoltosa em Nazaré da Mata, e no sítio Minadouro, na zona rural de Ingazeira (como parte do projeto “No meu terreiro tem arte”), com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas por estes espaços de resistência cultural e levar a encenação para plateias que muitas vezes nunca tiveram a oportunidade de assistir um teatro de sombras. “Faz anos que sonhamos com essa turnê: apresentar o espetáculo no sertão, nos quilombos, na Zona da Mata, lugares pelos quais sempre viajamos, mas nunca tivemos a oportunidade de compartilhar nosso trabalho. Acredito que será uma experiência muito mágica e enriquecedora, tanto para o público como para nós. Tenho certeza que vamos todos voltar dessas viagens transformados, cheios de novas ideias”, explica Habib. Inspirado, justamente, pela vivência de Habib e Valeria com os velhos brincantes de Maracatu Rural e Cavalo Marinho na Zona da Mata, “O dia em que a Morte sambou” mistura a técnica milenar das “sombras chinesas” com a magia da cultura popular, para questionar as concepções contemporâneas da velhice e da morte. É acompanhada por trilha sonora ao vivo, executada por Valeria e Miguel, enquanto as sombras multicoloridas – manipuladas por Habib – conversam, brincam e dançam, não somente na tela, mas também pelas paredes, chão e teto do teatro. Poesia e diversão garantida para toda a família! Cada apresentação será acompanhada por uma oficina de três horas, também gratuita, de confecção de bonecos de sombras, para adultos e crianças a partir de 7 anos. Todas as apresentações e oficinas seguirão escrupulosamente as exigências governamentais sobre os protocolos de prevenção a Covid-19. O uso de máscara é obrigatório. Sinopse Seu Biu é um velho brincante que não deixa sua idade acabar com seu regozijo de viver. Apesar de morar sozinho e ser alvo de muita crítica e inveja, vive sorrindo e dançando, alegre e despreocupado. Um dia, a Morte resolve buscá-lo. Mas, ao chegar à casa do ancião, é recebida de uma forma totalmente inesperada. Locais de circulação Brejão Oficina e apresentação no dia 29/1, na comunidade quilombola Curiquinha dos Negros, às 14h e 19h, respectivamente, ambos exclusivamente para a comunidade. Garanhuns Oficina: 28/1, às 10h no Centro Cultural de Garanhuns. 15 vagas, inscrição através de formulário disponível no Instagram do grupo. Apresentação: 30/1, às 18h no Cantinho da Macaxeira. Lotação máxima: 50 pessoas (portas abram uma hora antes). Datas das apresentações e oficinas em Nazaré da Mata, Arcoverde e Ingazeira serão definidos e compartilhados nas redes sociais dos artistas em breve.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O desconhecido cangaceiro Antonio Braz O Terror do Seridó Por Rostand Medeiros No Rio Grande do Norte, quando o assunto é cangaço, a primeira noção que a maioria das pessoas possuem remete ao ataque de Lampião a Mossoró, a resistência do povo mossoroense ao 13 de junho de 1927, o assassinato de Jararaca e a sua metamorfose em santo popular. Na sequência, de forma esporádica, alguns recordam as andanças de Antônio Silvino no inicio do século XX, a ideia que este cangaceiro era um homem de honra e a famosa história que o mesmo mandou um dos seus “cabras” comer um litro de sal, após este ter reclamado da comida que uma mulher preparou para o grupo e esqueceu de pôr este condimento. Por fim vem à figura do único grande chefe de um bando de cangaceiros potiguar, Jesuíno Brilhante, homem injustiçado em meio a dilacerantes lutas políticas, enviesadas de épicas lutas com acentuados e tradicionais códigos de honra. ( 1 ) De forma geral, os pesquisadores do tema no Rio Grande do Norte produziram bons trabalhos, que muito ajudaram a esclarecer os aspectos que envolvem os mistérios deste gênero de banditismo social. Contudo a história é mais ampla, diversificada e pautada de fatos desconhecidos. As testemunhas destes episódios a muito descansam no solo sertanejo, restando a tradicional tarefa de buscar a história em carcomidas e amareladas páginas de antigos jornais, em documentos oficiais esquecidos em bolorentos e desaparelhados arquivos e na tradição contada de pai para filhos nos alpendres das antigas fazendas do sertão. A busca é difícil, mas a colheita é normalmente compensadora. Debruçado sobre a coleção do jornal republicano “O Povo”, editado, encontramos uma série de reportagens que apontam a existência do desconhecido cangaceiro Antônio Braz e do seu diminuto bando, que além de uma extrema valentia, é apontado como sanguinário, arrogante e desaforado com as autoridades. As notícias sobre a atuação de Antônio Braz estão contidas em várias edições deste jornal, entre os dias 23 de novembro de 1889 a 11 de agosto de 1891. ( 2 ) Tudo indica que Antonio Braz era da Paraíba, onde lhe eram creditados oito mortes em sua vida de tropelias, tendo sido condenado a uma pena de 48 anos de detenção, que cumpria na cadeia pública de Pombal. Entre os anos de 1894 e 1895, este cangaceiro fugiu desta detenção, estando há quase cinco anos vagando pelos sertões da região fronteiriça da Paraíba e Rio Grande do Norte, mais precisamente na área ao longo da bacia do Rio Piranhas. ( 3 ) Amedrontava os fazendeiros de Pombal, Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, Serra Negra do Norte e Caicó, mais especificamente a então vila de Jardim de Piranhas, eram seus pontos de atuação. Antônio Braz era um cangaceiro que as informações da época o classificam como “temível”, pois seu bando fora protagonista de inúmeros assassinatos, roubos, espancamentos e estupros. Andava este bando sempre com um pequeno número de membros, com no máximo quatro a cinco integrantes, entre eles o seu irmão Francisco.
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Catolé do Rocha, em foto do escritor Mário de Andrade, em janeiro de 1929 Fonte Rostand Medeiros Tok de História Até mesmo a sua perseguição gerava a velha ação de abuso de poder por parte da polícia. Em 29 de junho de 1889, as páginas de “O Povo”, divulgaram que um grupo de policiais paraibanos vindos de Catolé do Rocha, invadiu por duas ocasiões o território potiguar em caça de Antonio Braz e seu grupo. Na primeira ocasião os policiais haviam praticado uma série de violências, arbitrariedades e até roubos. Na segunda ocasião, na pequena área urbana de Jardim de Piranhas, que nesta época abrigava uma população de 200 almas, ouve um cerrado tiroteio entre os policiais do estado vizinho e os cangaceiros, sendo os policiais obrigados a recuar devido à reação do bando. Não há maiores detalhes sobre este tiroteio, mas por este período, os aparatos policiais da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram formados por pequenos contingentes de homens mal armados, violentos, corruptos e extremamente despreparados, que pouco diferiam dos cangaceiros e bandidos que deviam perseguir. (4)
Tudo indica que Braz encontrou na pessoa do coronel Florêncio da Fonseca Cavalcante, chefe da vila de Jardim de Piranhas, o apoio e proteção que necessitava para suas ações na região. O coronel Florêncio exercia nesta época o cargo de primeiro suplente de juiz municipal de Caicó. Esta ligação entre homens de poder e cangaceiros sempre resultava em sangue e em jardim de Piranhas não foi diferente. Ainda no ano de 1889, Antônio Braz matou na comunidade de Timbaubinha, três quilômetros ao norte da vila, o agricultor Manoel de Souza Franco, que mantinha com o coronel Florêncio, uma questão de posse de terras. O caso se deu da seguinte forma; o pai de Manoel, Roberto Franco, morrera em 1878 e deixara como herança um pequeno sítio na Timbaubinha. Haviam dívidas contraídas pelo falecido, que foram cobradas pelos credores, entre estes estava o coronel Florêncio, que mesmo sendo suplente de juiz, recorreu a “força d’armas”, utilizando Antônio Braz e seu grupo para resolver a questão. Pouco tempo depois do tiroteio com a polícia da Paraíba, Braz tentou aniquilar Manoel cercando sua casa e ateando fogo à mesma. Houve reação do agricultor que, ajudado por outros parentes, afugentou os cangaceiros. Como Manuel morava em sua propriedade cercado de familiares, sentia certa segurança, mesmo assim passou a ter muito cuidado em suas saídas. Já Braz e seu grupo, sempre espreitavam perto da propriedade, buscando uma ocasião para desfechar a ação fatal. No dia 13 de novembro, quando Manoel Franco voltava do roçado, em pleno meio-dia, entrando pela parte traseira da sua casa, foi alvejado com dois tiros e morreu sem reagir. Não satisfeito Braz ainda lhe fez quatro perfurações de punhal. Aparentemente o cangaceiro aproveitou um momento de descuido do agricultor e de sua família para fazer o “serviço”. Após matar Manoel, o assassino ordenou a todos que o corpo deveria ficar estendido no pátio defronte a casa, sem ser enterrado, para “dar o exemplo”.
Os jornais comentavam que a questão entre o coronel e Manoel Franco chegara ao fim e que agora “ninguém se oporá mais ao coronel”, apontando como o mentor do crime. Diante da repercussão do caso, Antônio Braz e seu grupo seguiram para a região de Catolé do Rocha, onde de passagem pelo lugar “Barra”, deram uma formidável surra em uma mulher. Passou a existir na região um clima de medo muito forte, onde o jornal denunciava a inércia das autoridades, com uma forte critica para o número pequeno de policiais na região. A repercussão do assassinato de Manoel Franco e o medo do povo, fizeram com que as autoridades intensificassem as buscas ao bando. O então comandante da polícia, o capitão Olegário Gonçalves de Medeiros Valle, ordena mais empenho dos seus comandados. Não demorou muito e os policiais tiveram um encontro com o cangaceiro; ao passarem próximos de uma casa as margens do Rio Piranhas, tiveram a surpresa de estar diante de Antônio Braz. Este se encontrava equipado com suas armas, já montado em seu cavalo, não se intimidou com a tropa e fez fogo contra o grupo, recebendo uma chuva de balas em resposta. O cangaceiro fez o segundo disparo e fugiu a galope. Na fuga, Braz encontrou um homem na estrada e lhe ordenou que fosse com o cavalo para Jardim de Piranhas, então o cangaceiro desapareceu na caatinga. Sem maiores opções e temendo o pior, este homem fez o que fora ordenado, nisto a força policial seguia no encalço do bandido, quando viram o homem montado em um cavalo idêntico ao de Braz e fizeram fogo. Para a sorte deste cavaleiro, os policiais atiravam muito mal. Sentindo o cerco apertar, Antônio Braz e seu grupo buscam abandonar a área do Rio Piranhas, sendo noticiada uma incursão a Paraíba, na região de Piancó, onde se informa, sem maiores detalhes, ter o bando assassinado um homem. O grupo será visto novamente no Rio Grande do Norte, em 11 de fevereiro de 1890, no lugar “Riacho Fundo”, onde uma tropa policial se depara com o coito do grupo no meio da mata. Ocorre rápida escaramuça, sem vitimas, tendo o bando fugido do local nos seus cavalos sem as selas, roupas e outros utensílios. A polícia persegue os bandidos por quase seis léguas, o que seria uma média de trinta quilômetros, abandonando a perseguição por ter chegado à noite.
O bando passa a agir principalmente na Paraíba, mas a ação policial neste estado se torna mais forte. Em junho de 1890, Braz e seus homens travam um forte tiroteio contra uma patrulha da polícia paraibana, da cidade de Pombal, tendo o grupo perdido alguns animais de montaria. Rumam então para a fronteira do Rio grande do Norte, na região da cidade de Serra Negra do Norte. Esta cidade potiguar possuía na época um diminuto destacamento de três praças e estes não proporcionariam alguma resistência ao grupo. Na fazenda Jerusalém, do coronel Antônio Pereira Monteiro, tomaram através de ameaças os cavalos deste proprietário, tendo a malta de celerados seguido novamente em direção a Paraíba. A fazenda Jerusalém está atualmente localizada no município de São João do Sabugi. Mas as tropelias de Antonio Braz e seu bando não param, em 4 de agosto de 1890, na então vila paraibana de Paulista, pertencente a Pombal, este cangaceiro cria uma situação de escárnio para as autoridades, que chega a ser inusitada. Neste dia, neste lugarejo onde habitavam umas 50 almas, Braz conduz preso o bandido que respondia pela estranha alcunha de “Francisco Veado”. Na vila ele obriga dois paisanos a levarem o prisioneiro para o delegado de Pombal, com uma carta para a autoridade, onde dizia que “não estava disposta a deixar livres tantos cangaceiros, que por ora remetia aquele, e que mais tarde... ele próprio iria”. (5) Parece uma tanto fantasiosa esta última afirmação do jornal, mas a partir desta data, cessam toda e qualquer nota sobre o cangaceiro Antônio Braz e suas atividades. Esta última notícia data de agosto de 1890, coincidindo com o retorno de chuvas depois de um período de fortes secas entre os anos de 1888 e 1889. É fácil supor que devido ao risco e periculosidades inerentes a atividade de cangaceiro, esta já não fosse tão interessante e a terra molhada vai dispersando o grupo em busca de outras formas de sobrevivência (6). Infelizmente, não sei como terminou este episódio, ou mesmo a vida de peripécias deste inusitado cangaceiro e seu bando. Não consegui mais nenhuma informação nos jornais da época e nos arquivos existentes em Natal e Caicó. Sobre o aspecto de atuação territorial, o cangaço de Antônio Braz ocorreu praticamente na mesma área que notabilizou o único potiguar que chefiou um bando de cangaceiros, Jesuíno Brilhante. Já em relação à sua prática como cangaceiro, Antônio Braz era tido como “terrível”, já Jesuíno, segundo os relatos históricos de Henrique Castriciano e Câmara Cascudo (7), era o “gentil homem”, um “homem de valores”, que estava na vida do cangaço pelas injustiças do seu tempo. Notas (1) Os livros que melhor tratam sobre o ataque de Lampião a Mossoró são “Lampião em Mossoró”, de Raimundo Nonato, “A Marcha de Lampião”, de Raul Fernandes, “Lampião no RN-A história da grande jornada”, de Sergio Augusto de Souza Dantas. Sobre Antônio Silvino no Rio Grande do Norte, temos “Antônio Silvino no RN” de Raul Fernandes, “Antônio Silvino-O homem, o mito e o cangaceiro”, de Sergio Augusto de Souza Dantas. Já Jesuíno Brilhante serviu de tema para o livro “Jesuíno Brilhante-o cangaceiro romântico”, de Raimundo Nonato. Já Câmara Cascudo, em seu livro “Flor de romances trágicos”, aponta vários aspectos das atuações dos cangaceiros Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião, Jararaca e outros. (2) Existe uma coleção microfilmada deste jornal no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. (3) Esta não seria a primeira notícia sobre fuga de presos da Cadeia Pública de Pombal. Em 18 de fevereiro de 1874, 25 anos antes da fuga de Antônio Braz, Jesuíno Brilhante e seu bando atacaram a guarnição desta cadeia, libertando quarenta e três detidos, entre eles membros do seu bando. (4) Para se ter uma ideia da situação numérica do efetivo policial, no jornal “A Republica” de 9 de janeiro de 1890, era publicada a “Ordem do dia nº 6”, emitida em 4 de janeiro do mesmo ano, onde o então governador do Rio Grande do Norte, Adolfo Afonso da Silva Gordo, organizava o Corpo de Polícia com 1 capitão comandante, 2 tenentes, 4 alferes, 2 primeiros sargentos, 4 segundo sargentos, 1 sargento ajudante, 2 furriéis, 10 cabos, 120 soldados e 4 corneteiros. Eram apenas 150 policiais para todo o estado. (5) A adoção grifada da palavra “cangaceiro”, pela edição deste jornal, chama a atenção, pois neste período os jornais normalmente utilizavam termos como “banditismo”, para designar a ação, “celerados” e “salteadores” para definir os protagonistas, dificilmente nesta época encontramos nos textos jornalísticos, o termo que designariam estes bandidos e assim seriam mitificados. Entretanto, vale ressaltar que o jornal “O Povo” era editado em uma cidade sertaneja, onde os bandidos errantes que carregava suas armas e utensílios, preferencialmente nos ombros, a partir da metade do século XIX, passam ser conhecidos como “aqueles que estão debaixo da canga” “aqueles que estão no cangaço” e daí a “cangaceiro”, não sendo difícil de supor que, por este jornal está inserido no sertão, esta tenha sido a primeira vez na imprensa potiguar que o termo “cangaceiro” tenha sido utilizado. (6) Sobre a seca de 1888 e 1889 e outros assuntos a respeito deste fenômeno climatério, ver o pronunciamento do então Senador pelo Rio Grande do Norte, Eloy de Souza, intitulado “Um problema nacional (Projecto e justificação)”, pronunciada na seção de 30 de agosto de 1911 e editado em formato de brochura pela Tipografia do Jornal do Comercio, em 1911. Sobre a teoria do crescimento das ações de grupos cangaceiros nos períodos de estiagem, ver “Guerreiros do sol”, de Frederico Pernambucano de Mello. (7) Com relação aos escritos de Henrique Castriciano sobre Jesuíno Brilhante, temos no jornal "A Republica", edição de 25 de julho de 1908, uma interessante crônica deste poeta potiguar sobre este cangaceiro. *Rostand Medeiros é Pesquisador de Natal, RN

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

“Atemporal” é o novo disco de Hugo Linns

Violeiro, arranjador, compositor, diretor musical e produtor, Hugo Linns lança seu quinto álbum. “Atemporal”, que registra pela primeira vez o frevo na viola dinâmica, terá seu primeiro show no dia 11/2 (sexta-feira), ao meio-dia, no Paço do Frevo, com entrada gratuita. O álbum, que conta com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura, chega às principais plataformas de streaming no Dia do Frevo (9 de fevereiro), justamente por celebrar o ritmo pernambucano, pelo selo Solto no Tempo. A ideia do álbum surgiu ainda em 2015, quando o produtor André Freitas convidou Hugo para se apresentar em um projeto no Paço do Frevo. Tudo foi apurado ao longo de dois anos, já que o músico sempre considerou o ritmo desafiante. Após muito estudo e pesquisa, o artista criou os arranjos para quatro músicas e integrou outras de seu repertório, que já haviam sido gravadas anteriormente. Esse show estreou em 2017 e fundamentou o caminho que levou ao que viria a se tornar “Atemporal”. Para Hugo, o gênero musical representa o futuro com bases no passado. “Na minha cabeça, acontece uma mistura de possibilidades infinitas de transformação. ‘Atemporal’ é muito importante porque, para mim, representa um apuro mais técnico, pois é um pouco mais difícil tocar frevo. O álbum traz releituras para viola dinâmica e banda de músicas muito conhecidas do Carnaval, e ainda apresento uma composição autoral”, diz o artista Com 26 anos de carreira, sendo 24 deles dedicados à viola dinâmica, Hugo agora confessa já ter dito que nunca iria tocar o ritmo. “Mordendo a língua” é a única composição autoral do álbum. “É o meu primeiro frevo. Ela é justamente uma mensagem para mim no futuro, porque, quando eu era jovem, disse que não tocaria o ritmo por ser muito desafiante. É preciso uma agilidade que eu pensei que nunca teria. Então, eu estudei, estudei, estudei e mordi a língua. Gravei um disco de frevo”, revela o músico. “Atemporal” tem 10 músicas e Hugo destaca algumas. “Acho que vale a pena ouvir com atenção os clássicos como ‘Voltei Recife’, ‘Cabelo de fogo’ e ‘Vassourinhas’. O disco tem texturas e densidade, que caracterizam um estilo próprio”, diz. O álbum é uma ode ao gênero pernambucano, porém as músicas mexem com vários ritmos. “Os arranjos foram elaborados para que o frevo circule dentro da música. É como uma pessoa passeando dentro de um universo muito maior”, conta Hugo. Serviço – streaming “Atemporal”, quinto álbum de Hugo Linns Lançamento nas plataformas de streaming pelo Selo Solto no Tempo Quando: 9 de fevereiro de 2022 (quarta-feira) Link do single “Voltei Recife”: bfan.link/voltei-recife Spotify: spoti.fi/3476ZBV Deezer: bit.ly/Hugo-Linns-Deezer Instagram: @hugo_linns Facebook: facebook.com/VioladinamicaHugoLinns Serviço – apresentação no Paço do Frevo “Atemporal”, quinto álbum de Hugo Linns Show de lançamento no Projeto “Hora do Frevo” Quando: 11 de fevereiro de 2022 (sexta-feira), meio-dia Onde: Paço do Frevo (Praça do Arsenal da Marinha, s.n°, Bairro do Recife, Recife/PE) Entrada: gratuita *É obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação Fonte:portalculturape

Mostra Canavial de Cinema ocupa espaços públicos de oito municípios da Mata Norte

Um cinema a céu aberto, com filmes que retratam vivências e histórias semelhantes a de populações da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Há nove edições, a Mostra Canavial de Cinema democratiza o acesso à sétima arte na região, ao mesmo tempo em que atua como vitrine para as produções audiovisuais locais. A edição 2022. que conta com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura, começa na próxima terça-feira (25) e segue até o dia 11 de fevereiro (sexta-feira), levando sessões e outras atividades gratuitas a oito cidades da Zona da Mata pernambucana. A 9ª Mostra Canavial de Cinema apresenta um recorte curatorial assinado por Caio Dornelas, o idealizador do festival. Serão exibidos 13 curtas-metragens feitos na Zona da Mata Norte de Pernambuco nos últimos 10 anos. Obras produzidas por realizadores e realizadoras de audiovisual de cidades como Goiana, Carpina, São Vicente Férrer, Nazaré da Mata, entre outras, que trazem à tona temáticas históricas, sociais, políticas e culturais próprias da realidade da Mata Norte, sob o olhar crítico e poético das populações locais. Os filmes serão apresentados em duas sessões, sendo uma por dia, sempre às 19h, em cada uma das oito cidades no circuito 2022 da Mostra – Condado (25 e 26/1), Goiana (27 e 28/1), Glória do Goitá (29 e 30/1), Paudalho (1º e 2/2), Nazaré da Mata (3 e 4/2), Carpina (5 e 6/2), São Vicente Férrer (8 e 9/2) e Vicência (10 e 11/2). As sessões ocorrem em espaços públicos e ao ar livre, como praças, comunidades rurais e ribeirinhas, trazendo o cinema para perto de populações carentes desse tipo de arte. Reunindo Ficção, Documentário e Animação, a Mostra Canavial se debruça sobre registros de mestres, mestras e manifestações culturais da Mata Norte, além de conflitos sociais, de gênero, temáticas LGBTQIA+, entre outros temas ambientados na Zona da Mata. Após as sessões, a equipe da Mostra conduz um debate com os espectadores. “É um conjunto de filmes que traça um percurso de conquista de territórios e amadurecimento de um povo que vem se ocupando em contar suas histórias da forma mais honesta que pode”, defende Caio. A programação audiovisual da Mostra Canavial de Cinema é gratuita, aberta ao público. As atividades acontecem com respeito aos protocolos de prevenção contra a gripe e Covid-19. Haverá distribuição de máscaras e álcool gel para o público e disponibilização de assentos respeitando regras de distanciamento social. A programação completa pode ser conferida no site: www.mostracanavial.com.br. SESSÃO ESPECIAL - Na abertura em Condado, neste 25/01, a Mostra Canavial escolheu um filme especial para dar início à edição 2022 – o curta “Da Boca da Noite à Barra do Dia”, do diretor Tiago Delácio, será exibido extraordinariamente na programação. Gravado na cidade, o filme saiu premiado no 54º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em dezembro passado. A obra foi eleita Melhor Filme pelo júri popular do festival e rendeu ainda o prêmio de Melhor Ator para o Mestre Marcelo, do Cavalo-Marinho de Condado. PROGRAMAÇÃO PARALELA - Além das sessões, a Mostra Canavial conduz atividades formativas e um seminário que ajudam a fomentar a produção audiovisual na Mata Norte. Nesta 9ª edição, haverá a realização da Oficina Realização Rápida de Cinema Ligeiro em Condado (24, 25 e 26/1) e Paudalho (1º e 2/2), com público mobilizado localmente pela produção do festival. Já em Vicência (19 e 20/02), a Mostra culmina com o 9º Encontro do Arranjo Produtivo Local do Audiovisual, reunindo cineastas, produtores e realizadores de cinema da Zona da Mata Norte em palestras, debates e atividades culturais diversas. Caio acredita que, desde o surgimento da Mostra Canavial, em 2011, a iniciativa ajudou a acelerar a produção cinematográfica na Zona da Mata nos últimos anos, sendo testemunha do surgimento de cineclubes e produtoras independentes, e ajudando a formar novos cineastas. “Muitos realizadores que assistiam à Mostra no início e participaram das oficinas, hoje exibem seus filmes na nossa programação. A linguagem cinematográfica é um instrumento de luta e de expressão que deve estar ao alcance de todos”, endossa. Programação Condado: 25 e 26/1 Engenho Bonito – Associação de Trabalhadores Rurais do Assentamento Luiza Ferreira Goiana: 27 e 28/1 Praça da praia de Atapuz, em frente à Igreja de São Benedito Glória do Goitá: 29 e 30/1 Sítio Malícia, em frente ao Museu do Cavalo Marinho do Mestre Zé de Bibi Paudalho: 1º e 2/2 Distrito Rosarinho, em frente à Igreja do Rosário dos Pretos Nazaré da Mata: 3 e 4/2 Assentamento Camarazal Carpina: 5 e 6/2 Caraúba Torta, em frente à Escola São Joaquim São Vicente Férrer: 8 e 9/2 Praça Severino Carneiro, em frente à biblioteca Vicência: 10 e 11/2 Povoado de Angélicas, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosarinho Vicência: 19 e 20/2 9º Encontro do Arranjo Produtivo Local do Audiovisual, voltado a cineastas, produtores e realizadores de audiovisual da Mata Norte Programação audiovisual Sessão Especial (exclusivamente na abertura da Mostra, dia 25/1, em Condado) “Da Boca da Noite à Barra do Dia”, de Tiago Delácio Sessão “Do Canavial para o Mundo” (1º dia de cada cidade) “Quando a chuva vem?”, de Jefferson Batista “Cambinda: Onde nada se ensina, tudo se aprende”, de Enoo Miranda “Painho e o Trem”, de Mery Lemos “Aracá”, de Abiniel João Nascimento “O Cine São Vicente”, de Kleber Camelo “Estrela Nazarena”, de Luiz Felipe Sena Sessão “Do Mundo para o Canavial” (2º dia de cada cidade) “Maurício Soares, Baiana Rica”, de Gabriela Monteiro “Raphael e Nain”, de Durval Cristóvão “Mestra Cristina, Cultura o Tempo Todo”, de André Pina “Eu Sou Raiz”, de Cíntia Lima e Lílian de Alcântara “Solo”, de Brunna Carvalho “Geisiely com Y”, de Mery Lemos “O Que Se Memora”, de Caio Dornelas e Ernesto Rodrigues Serviço 9ª Mostra Canavial de Cinema De 25 de janeiro a 20 de fevereiro de 2022 Sessões de cinema gratuitas às 19h Mais informações: www.mostracanavial.com.br / Instagram: @mostracanavial Fonte: portalculturape

domingo, 23 de janeiro de 2022

Dudu Nicácio - Não pagarei com o mal (part. Moacyr Luz)

DUDU NICÁCIO

Nesses rápidos 10 anos de carreira, Dudu Nicácio, para além dos dois discos lançados, se tornou um dos maiores agitadores culturais de Minas Gerais, sendo o responsável pela idealização e realização de projetos, como: Do Morro ao Asfalto (circuito de samba nas favelas de BH); Choro Livre (festival de chorinho nos mercados de MG); Nova Música Instrumental Mineira (mostra realizada nos parques de MG); Bloco da Cidade (um dos marcos da retomada do carnaval de rua de Belo Horizonte e da revitalização da quadra do GRES Cidade Jardim); Samba da Madrugada (há 5 anos o projeto criado por Dudu Nicácio, Miguel dos Anjos, Mestre Jonas e Mário Moura tem unido boemia e cultura às madrugadas da capital mineira); Samba do Compositor (um dos principais projetos responsáveis pela efervescência da cena de samba na capital mineira).
Já participou de eventos, como: Favela Chic – Paris, Onda Jazz e Chapitô– Lisboa, Seidvilla – Munique (2009); Conexão Vivo (2008 a 2011); Conexão Telemig Celular (2005 a 2007); Aniversário da Rádio Inconfidência (2005 e 2008); Ano Brasil na França – mostra paralela (2006); 6º FIT no Espetáculo Pó da Terra, como compositor e ator (2006);
Realiza shows nos mais variados espaços culturais do país na companhia de inúmeros artistas, dentre outros: Dona Ivone Lara, Riachão, Monarco, Rolando Boldrin, Hermínio Bello de Carvalho, Nei Lopes, Noca da Portela, Almir Guineto, Moacyr Luz, Chico César, Titane, Vander Lee, Fabiana Cozza e Teresa Cristina de 2001 até a presente data;
É diretor da agência cultural Ultrapássaro e exerce, ainda, a coordenação técnica do Programa Polos de Cidadania da UFMG. FONTE: http://www.dudunicacio.com.br/biografia

RESENHA DE SAMBA | EPISÓDIO 3: OCEANO BRILHANTE

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

MESTRE BARACHINHA

Era manhã de domingo, em Nazaré da Mata, e José Profírio acabava de chegar de Chã de Fogo, em Itaquitinga (PE), onde havia passado a noite assistindo maracatu. Guardião de décadas de sambadas na memória do corpo, ele sentia que aquela poderia ser sua última vivência no baque solto. Ao descer do carro, fez questão de admirar a manobra de encerramento do Estrela Brilhante (fundado em 2001), que se aproximava sob os comandos de seus filhos Manuel Carlos, na poesia e no apito, e Severino, regendo os caboclos de lança. Maria Maçunila, sua esposa, aguardava à porta, esforçando-se para enxergar toda movimentação. Esse episódio foi fotografado, emoldurado e hoje enfeita a parede da sala de uma casa do bairro nazareno do Juá. Há 13 anos é ali que vive o caçula do casal, reconhecido na Mata Norte de Pernambuco – e no país – como Mestre Barachinha. Batizado Manuel Carlos de França, o artista se tornou uma das principais referências do maracatu rural e segue levando adiante toda paixão e seriedade do pai por essa tradição.
Aquela realmente seria a última sambada que Seu Profírio acompanharia. E tornou-se inesquecível. “A gente ficou até admirado como ele conseguiu passar a noite toda, porque ele já estava sambadinho (adoentado)”, relembra Barachinha. Também pela animação, a lembrança dessa festa faz parte da memória de muitos que botam o maracatu alevante. “Até hoje os brincantes dizem que mestre nenhum teve direito de chegar com aquela quantidade de gente que eu cheguei aquele dia. A gente saiu com quatro ônibus, carro pequeno, tudo lotado. Foi muito marcante para mim, sambada muito boa. Minha mãe não foi, que ela já estava ruim da vista. Mas quando a Estrela Brilhante faz uma sambada ou ensaio, que volta para casa, todo mundo lembra de Dona Maria”, complementa, empolgado, o que seria confirmado mais tarde pelos depoimentos de outros folgazões. Nas andanças pelas ruas de Nazaré ou de Buenos Aires (PE) para a realização deste perfil, pelo tanto de gente que o cumprimentava ou vinha abraçá-lo, uma de suas habilidades ficava evidente: a de ser um “construtor de amigos”, para usar suas próprias palavras. Essa talvez seja a maior delas, ou pelo menos, a de que ele mais se orgulha. “Já me perguntaram se eu tinha o dom de cantar, mas digo que meu dom é de ser querido mesmo, pelo meu jeito de ser. Não tenho condições de ter a melhor roupa, nem o melhor perfume, mas se chegar no maracatu o cabra mais suado e vier me abraçar, abraço ele do mesmo jeito. Quem quer chegar em casa cheirando não vai para maracatu”, afirma. Algumas amizades de longa data de Mestre Barachinha, que também rendem boas parcerias artísticas, são com o músico pernambucano Siba Veloso e o Mestre Zé Galdino, poeta importante da região.
Produção de golas de caboclo na sede do Maracatu Leão Formoso Os encontros com o mestre foram regados a muitas histórias e recordações. Objetos cheios de simbologia ilustraram vários dos causos. Em sua casa, ele sempre buscava algo para nos mostrar e contribuir no entendimento das narrativas. A maioria desses objetos, aliás, revelavam bastante de sua profunda relação com o baque solto. A bengala de mestre, as camisas de estampas coloridas, os troféus dourados adornando o rack da sala, o disco Siba e a Fuloresta do Samba (2003) apoiado por ali e um grande livro de textos e fotografias guardado em um cantinho do quarto, cujo título é Pernambuco popular: um toque de mestre (2005). Resultado da pesquisa do antropólogo Raul Lody, com fotos de Roberta Guimarães e Fred Jordão, a publicação traz o trabalho de oito importantes artesãos do estado. Entre alguns nomes que participaram do projeto estão Mestre Zé Lopes, mamulengueiro de Glória de Goitá (PE), o saudoso Mestre Salustiano, de Aliança (PE) e radicado em Olinda, e o próprio Barachinha, que além do respeito como mestre, poeta, articulador cultural, desenvolve, também, peças de vestuário e acessórios para o maracatu rural.
Em parceria com Ana Lúcia – sua esposa há quase 30 anos, que conheceu brincando maracatu –, ele confecciona golas de caboclo e, assim, vão produzindo para complementar a renda. O casal tem três filhos, Karla Emanuelle, Kássia Emanuelle e Carlos Manuel, mas só o rapaz seguiu o gosto do pai pela cultura. No início, o artesanato foi o modo encontrado para fazer suas próprias indumentárias no baque solto, mas acabou virando alternativa para driblar a dificuldade financeira. “Não fui camarada de passar fome como muita gente da zona rural passou. Já fui de uma época que era difícil, mas antes de mim já foi muito mais. Em Buenos Aires (PE), onde vivi minha infância, a gente passava o ano todinho para a mãe do dono do engenho chegar no Natal com um saco de brinquedos. As coisas que os meninos dela não queriam mais. Foi uma infância que de alimentação eu não reclamo, mas não tinha luxo”, relembra Barachinha.
Há alguns meses, ele trabalha como oficineiro da prefeitura da cidade, função que já realizou em anos anteriores. Mas, em outros tempos, já fez serviço como servente de pedreiro e em usina de asfalto. Trabalhar na construção civil ou em atividades do meio rural, aliás, são realidades comuns a muitos artistas populares, e não é de hoje. Gerações anteriores do baque solto tinham ocupações atreladas à monocultura canavieira, a exemplo de um dos nomes mais importantes no folguedo e na ciranda, o Mestre Antônio Baracho, do Engenho Santa Fé. Em sua origem, o maracatu rural brota justamente no momento de diversão, expressão e resistência dos trabalhadores rurais diante da realidade de exploração do corte da cana. Enquanto a manhã era de labuta braba, o maracatu tomava dos folgazões a noite toda. Toda a habilidade de Barachinha para o artesanato não foi algo ensinado, mas aprendido através da observação dos mais experientes, e do “se meter a fazer”. Além de produzir golas, ele também é capaz de confeccionar penachos de arreiamá (figura do maracatu que usa golas menores e grandes arranjos de penas na cabeça), bandeiras (estandartes), chapéus de caboclo, vestidos e outros elementos que compõem a brincadeira. “Uma vez vi o camarada Alfredo Miguel fazendo um chapéu de caboclo. Quando cheguei em casa, na segunda-feira, já estava eu na beira da pista, cortando o bambu e botando no sol para murchar. Comprei papel crepom na lojinha e fiz meu primeiro chapéu”, relembra a primeira vez em que se arriscou. Hoje, o que for necessário para levantar o maracatu, ele diz que faz e com dedicação.
Na casa de Dona Lúcia, no Juá, o marido é responsável por riscar, fazer as marcações e escolher as cores utilizadas, enquanto ela prega as lantejoulas numa velocidade impressionante. Quando a demanda aumenta, ele também participa da costura. Entre 13 e 14 dias de trabalho diário, uma gola costuma ficar pronta para vestir algum caboclo. *** O meu pai muito avexado, Com minha mãe se casou. Na ilusão do amor Terminei sendo gerado, Fiquei num canto apertado Sem ter calor nem frieza, Sem praticar malvadeza, Crime, vingança ou pecado, Passei nove meses trancado Na prisão da natureza. (Versos improvisados por Barachinha durante um ensaio de Maracatu do Leão Misterioso, do Mestre João Paulo, na década de 1990) Antes de se tornar conhecido como Mestre Barachinha, Manuel Carlos já colecionava experiências com o maracatu. Durante a infância, acompanhava seu pai indo brincar de caboclo. Nasceu em Buenos Aires, cidade da Mata Norte a cerca de 80 quilômetros da capital, mas ainda menino chegou com a família à “terra do maracatu” – como Nazaré da Mata ganhou fama. Se, hoje, a monocultura canavieira ainda permeia a política e economia dessa região do estado, naquele tempo, em meados da década de 1970, o poder dos donos do açúcar era ainda maior. Por estar inserido nesse contexto e ter origem humilde, José Profírio trabalhou no corte e plantio da cana, tomou conta de gado, cambitou (criou burros) e realizou outras atividades ligadas ao meio rural. Maria Maçunila, por sua vez, cuidava do sítio, da casa e dos filhos. Nessa época, por questões trabalhistas, eles tiveram que se mudar e, como brincar de caboclo sempre foi desejo de Seu Profírio, escolheram ir para Nazaré da Mata. Nos domingos de Carnaval, faz parte da tradição do baque solto os caboclos de lança percorrerem as ruas da região pedindo dinheiro de porta em porta aos moradores. Nos seus tempos de brincadeira, Profírio descia e subia as ladeiras da cidade empunhado da lança e do surrão para cumprir a prática. Foi assim durante muitos anos, mas ele não costumava ir sozinho. O filho mais novo era sua companhia constante. Essa lembrança continua bastante marcante para Barachinha, que, naquela época, ainda nem tinha sido presenteado com esse apelido. Aos 17 anos de idade, quando um importante folgazão do Maracatu Leão do Norte de Carpina o apelidou, Manuel Carlos ficou conhecido como Barachinha. “Existia caboclo valente, brabo, mas Alfredo Miguel era um cabra da paz. Amansava e conquistava o povo”, relembra o mestre sobre o responsável por esse “segundo batismo”. “Uma vez, à noite, eu ia para a Escola Maciel Monteiro e o finado Alfredo Miguel, uma das maiores lideranças que eu já vi na história, botou na cabeça que eu parecia com Baracho e começou a me chamar: ‘Barachinha! Barachinha!’ No outro dia, a rua já estava cheia. Graças a Deus eu peguei carona nesse nome e, antes de ser mestre, já fiquei conhecido assim”, conta, entre algumas risadas, e complementa: “Uma vez, um cidadão saiu correndo atrás do maracatu para me perguntar se eu era o filho mais velho ou o mais novo dele. Eu disse que não era, só tinha herdado a cor mesmo”.
Apesar de não ser parente, Barachinha alcança tanta importância para a cultura do estado quanto o “rei sem coroa”, como Baracho se apresentava. É isso que defendem muitos brincantes encontrados pelo caminho. Mesmo com as disputas que existem entre os maracatus, o número de folgazões que respeita sua relevância é grande. Ora pelos versos inesquecíveis em sambadas históricas, ora por sua atuação enquanto articulador dos grupos. Na verdade, o que se observa é um grande cuidado com a tradição do maracatu rural, procurando colocá-la em interação com os mais jovens. Sobre isso, o músico Siba Veloso explica: “Para entender a dimensão de Barachinha, é preciso entender como o maracatu funciona. Essa é a grande dificuldade de explicar o tamanho da figura dele, porque é o maior mestre de maracatu da atualidade, de importância histórica, como a gente fala de Mestre Salu ou de Baracho e outros que marcaram seu tempo. Ele é o maior mestre porque é o maior poeta, que consegue dentro da linguagem, da poesia do maracatu, formular coisas mais profundas, do modo mais simples e se comunicar com toda comunidade. É o maior mestre não só por isso, mas porque, nessa função, ele consegue articular as pessoas e as demandas ao redor dele sempre de um jeito muito construtivo e positivo. Todo mundo vai ter uma história em que ele possibilitou alguma conexão, algum tipo de movimento que levou uma pessoa para uma situação melhor do que a de antes”.
Embora haja o reconhecimento por grande parte dos que brincam maracatu, aos 51 anos – e mais da metade deles dedicados ao baque solto –, o mestre ainda não tem o título de Patrimônio Vivo do Estado. “Já fiz um bocado de coisa, se eu conseguisse juntar tudo que participei por aí, já tinha entrado nesse negócio”, diz ele. “Nunca fui em sambada sem me preparar para não ir no terreiro de ‘boca aberta’, na linguagem do maracatu. A gente tem que se pegar mesmo com Deus, mas não adianta negar, acredito muito no Exu. Essa proteção é importante para mim e para quem leva o maracatu a sério”, afirma Mestre Barachinha, revelando sua consideração pelo preparo religioso antes de entrar na brincadeira. Muito da maneira de entender os “segredos do brinquedo”, ou seja, a religiosidade no maracatu, é herança de Seu Profírio. “Eu já comecei vendo meu pai sendo assim. Via vela acesa atrás da porta e via o respeito. Comecei a brincar vendo esse mistério todinho, mas não sou nem 60% do que meu pai era dentro do maracatu, só que muita tradição do passado eu quero preservar. Eu via os mais velhos brincando assim, então, é assim que vou brincar. Se a gente perder o respeito pela tradição, perde a graça”, defende. Para manter a proteção dos brincantes do baque solto, nem tudo se revela. *** Em Pernambuco, há mais de 100 grupos de maracatu rural distribuídos pelo estado, segundo o Dossiê do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A maioria deles está localizada na região da Mata Norte, que é o berço dessa expressão. Desde 2014, o folguedo é reconhecido como Patrimônio Imaterial Cultural pela instituição e integra o Livro de Registros das Formas de Expressão. Ao longo desses anos, Barachinha já passou por seis dessas agremiações, seja como mestre, poeta, artesão ou caboclo de lança; mas sobretudo como grande articulador, inclusive do Cambinda Brasileira, maracatu centenário do Engenho Cumbe. Por sua habilidade de perceber quem está disposto a levar o maracatu a sério, “que de brincadeira só tem o nome”, como ele mesmo defende, mas também pela confiança que conquistou na região, Barachinha foi responsável pelo acesso de diversos folgazões, entre eles Siba e o Mestre Bi, na Estrela Brilhante.
Barachinha: “Ô Bi, você quer mestrar um maracatu de fama e grande?” Bi: “Quero. Qual maracatu?” Barachinha: “A Estrela Brilhante.” Bi: “Oxente, e eles querem? O senhor falou com quem?” Barachinha: “Sou eu que estou falando. Pois pronto, a partir de hoje, você é o mestre da Estrela Brilhante.” (Diálogo narrado por Barachinha do convite feito a Mestre Bi, que hoje é mestre, presidente e grande articulador na Estrela Brilhante) Nas visitas à região, além da casa do artista, era necessário conhecer alguns maracatus que tecem sua história. Não por acaso, o primeiro foi o Maracatu Leão Formoso, de Nazaré, em que Barachinha ingressou aos 20 e poucos anos a convite do dono da agremiação, Antônio Pacheco. Ali, arriscou seus primeiros versos como mestre entre 1993 e 1997. “Hoje, qualquer maracatu tem coragem de me chamar para ser mestre, mas, na época que Antônio Pacheco confiou em mim, ninguém tinha não. Para o que eu cantava naquele tempo, eu não teria me chamado”, confessa. Na sede do Leão, a equipe da Continente foi recebida por Maria de Lourdes e Joelma, mulheres que fazem parte da diretoria do grupo, e a conversa se prolongou por toda a manhã, enquanto adiantavam serviço para o próximo Carnaval. Com 39 anos de resistência, o Formoso conta com a participação de aproximadamente 75 folgazões e o atual mestre chama-se Pedrinho Gabriel, outro primo de Barachinha ligado à tradição. “É uma família de mestres!”, exaltava Joelma. Tal como em outras manifestações populares, o baque solto impulsiona uma espécie de rede familiar, realmente. E, para os que fazem parte da brincadeira, o sentimento de pertencimento e compartilhamento com todo o grupo é o ano todo, não apenas no Carnaval. “O maracatu é minha família. 95% das amizades que tenho veio dele”, afirma Barachinha. De carro ou de mototáxi – transporte comum na região –, a sede do Maracatu Estrela Brilhante fica a poucos minutos dali. Ir andando no sol quente é que deixa esse tempo maior. Em frente ao local, Biu Profírio, irmão mais velho de Barachinha e mestre caboclo, nos aguardava. A entrada da Estrela, por sinal, é preservada do mesmo jeito de quando os pais deles estavam ali e foram eternizados no retrato que Barachinha tem emoldurado em sua casa. Dentro do espaço, pode-se conhecer as indumentárias, a boneca (calunga) e vários objetos da história do grupo guardados. Uma característica, no entanto, saltava aos nossos olhos: o fato de todos chapéus de caboclo serem dourados, enquanto em outras agremiações a mistura de cores prevalece. “Isso foi ideia dele”, justificava Seu Biu, apontando para o irmão mais novo. Até hoje, a sugestão dada por Barachinha quando foi mestre do grupo, entre 2004 e 2010, é marca na identidade visual da Estrela de Nazaré. Outro artista que tem sua trajetória marcada pelo Maracatu Estrela Brilhante é Siba Veloso. Todos os anos, o músico participa do importante ensaio antes do Carnaval. E foi com o tradicional grupo de baque solto que diz ter feito sua “graduação poética”, ao longo das sambadas de que participou. Sua entrada como contramestre aconteceu no início dos anos 2000, no período que morava na cidade, através de um convite de Barachinha. A experiência acabou fortalecendo a amizade entre os dois, que são também parceiros artísticos. Alguns frutos disso são o álbum Fuloresta do Samba (2003), projeto desenvolvido com outras potências da cultura popular, entre elas o saudoso Mestre Biu Roque, e o De baque solto somente (2005), trabalho com composições de ambos. Mas Barachinha também tem O clássico da poesia (2018), em parceria com o jovem Mestre Anderson Miguel e o Campeões da Sambada Vols. I e II, com seu grande amigo Mestre Zé Galdino. Além disso, há suas contribuições no cinema pernambucano, pois em 2007, participou do filme Baixio das bestas, de Cláudio Assis e, mais recentemente, do Azougue Nazaré (2018), do realizador Tiago Melo. Nesse, inclusive, interpretando um pastor evangélico em meio à tradição do maracatu rural. Após visitarmos alguns grupos que fazem parte da história de Barachinha, em Nazaré, finalmente, chegava a vez de realizar seu pedido desde o primeiro encontro. “Faça de tudo, mas bote alguma coisa da Estrela Dourada nessa revista”, repetiu ele algumas vezes, brincando. A razão para isso é que o Maracatu Estrela Dourada, de Buenos Aires, sua cidade natal, é o grupo a que tem se dedicado como mestre há, pelo menos, cinco carnavais. Barachinha realizou parcerias musicais com artistas como Siba Veloso, Biu Roque, Anderson Miguel e Zé Galdino Encontrar a sede do brinquedo seria bem fácil, pois o espaço fica numa região central da cidade, próximo à Igreja de Santo Antônio e ao lado do Clube Municipal. Pinturas coloridas de um caboclo de lança, uma dama de passo e um arreiamá no muro do lugar também contribuem com a identificação e dão boas-vindas aos visitantes. O presidente Neném Modesto e sua esposa Carminha nos receberiam à porta para apresentar o local. Em alguns minutos de conversa, pelo envolvimento e os conselhos que dava à diretoria, o papel de Barachinha enquanto forte liderança tornava-se ainda mais evidente. Em agosto do ano passado, a Estrela Dourada chegou ao 25o aniversário. Sempre nessa época do ano acontece uma tradicional comemoração em frente à sede, para reunir folgazões de toda região. A cada evento, são esperadas mais de mil pessoas. Gente de cidades vizinhas, integrantes da “Furiosa” da Mata Norte, como é conhecida, além de mestres e brincantes de outros grupos comparecem para prestigiar, sambar e comer bolo. Em 2019, no sábado em que a festa estava marcada para acontecer, Barachinha não escondia o sorriso, a empolgação e relembrava constantemente a agitação do ano anterior. Mesmo sabendo que a festa poderia se esticar, junto aos seus, ele trabalhou o dia inteiro para que tudo fosse concluído na beira da noite. E, de preferência, que durasse até domingo, porque “sambada boa dura até manhã”, como ele mesmo diz. E pela vontade do mestre, assim foi, brincaram maracatu até o dia amanhecer, como sempre tem sido por todos esses anos. ERIKA MUNIZ, jornalista, formada em Letras pela UFPE. JONATHAN LIMA, estudante de Fotografia. Fonte: Revista Continente.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Repente Registrado Patrimônio Imaterial - Galope (Chico e João)

Repente é registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil

Repente – Patrimônio Imaterial do Brasil

O pedido de registro do Repente como Patrimônio Imaterial do Brasil foi formalizado em 2013 pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do DF e Entorno. Desde então, o Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, iniciou o processo de registro, que culminou no dossiê de registro, produzido em parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UNB).
O dossiê elaborado também documenta mais de 50 modalidades de repente, dentre as quais estão os versos heptassílabos, cuja acentuação tônica obrigatória está na sétima sílaba, e decassílabos, em que o acento obrigatório está na terceira, sexta e décima sílabas de cada verso.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

“Ressonâncias Celestes” promove intercâmbio entre mestres coquistas da RMR e do Sertão

O projeto “Ressonâncias Celestes” promoveu, um verdadeiro intercâmbio cultural entre grandes mestres do coco da Região Metropolitana e do Sertão de São Francisco. A inciativa circulou por três comunidades sertanejas, Quilombo do Serrote (5 e 6 de janeiro), Comunidade do Coripós (8 e 9 de janeiro) e Ilha do Massangano (11 a 15 de janeiro), e contou com a participação do mestre Zeca do Rolete (Paulista), Batuque do Serrote, Capim Lêlê (grupos de quilombos do Sertão do São Francisco) e Samba de Véio (Ilha de Massangano). O acesso foi gratuito.
INTERCÂMBIO - Os quatro grupos mantêm a presença viva da mesma herança afroindígena, traduzida hoje em coco, batuque, capim lêlê e samba de véio. Para o intercâmbio, a proposta do projeto era comer das mesmas comidas, brincar das mesmas brincadeiras. E será isso que Zeca do Rolete e seu grupo, composto por sua família, viveu ao longo da sua permanência em cada um desses quilombos, onde foi realizadas quatro oficinas – repasse geracional e gênero (mestres e crianças e a participação feminina na continuidade da brincadeira, bem como na própria luta pela defesa do território), cantos, danças e instrumentos – e várias vivências.
Zeca esteve, por exemplo, participando de eventos como a Celebração do Reisado no Quilombo do Inhanhum ou o Encerramento da Caminhada do Samba em Homenagem aos Santos Reis na Ilha do Massangano. Esses momentos únicos serão registrados em filme, um material valioso, que será posteriormente exibido em cada uma das comunidades.
O projeto “Ressonâncias Rupestres”, que aconteceu com o intercâmbio do grupo Coco Raízes de Arcoverde, sob a inspiração rupestre do Parque do Catimbau, com músicos locais, como o Coco de Toré do Povo Kapinawá, disponível no YouTube (www.youtube.com/watch?v=nJgJFAOX9N0).
“Ressonâncias Celestes” é uma iniciativa produzida pela Buruçu, em parceria com as Associações Nação Coripós e Josefa Isabel dos Santos, com o incentivo do Funcultura. O objetivo é promover atividades abertas e gratuitas para todas as pessoas da comunidade, sendo nelas respeitados os protocolos de segurança relativos à Covid.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Com uma série de atividades culturais, Maracatu Leão Africano celebra 20 anos

O Maracatu Leão Africano de Nazaré da Mata completa 20 anos, em 2022. Para marcar a trajetória de duas décadas dedicadas à cultura popular, o grupo programou uma série de apresentações culturais que vai pecorrer vários pontos da Zona da Mata Norte, durante os próximos sábados do mês de janeiro. A iniciativa conta com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura. Confira abaixo a agenda:
1º ENSAIO DO TERNO DO MARACATU LEÃO AFRICANO Quando: 8 de janeiro de 2022 (sábado), às 14h Local: Ponto de Apoio do Maracatu Leão Africano – Lagoa do Ramo de Cima (Zona Rural), Nazaré da Mata – PE. 2º ENSAIO DO TERNO DAS CRIANÇAS Quando: 15 de janeiro de 2022 (sábado), às 14h Local: Ponto de Apoio do Maracatu Leão Africano – Lagoa do Ramo de Cima (Zona Rural), Nazaré da Mata – PE. 3º MESA DE CONVERSA COM ANTIGOS MESTRES DE MARACATU RURAL Quando: 22 de janeiro de 2022 (sábado), às 14h Local: Sociedade Musical 5 de Novembro (Revoltisa) – Praça Carlos Gomes, 17, Nazaré da Mata – PE. 4º SAMBADA DE FINALIZAÇÃO DO PROJETO (com a participação do Maracatu Leão Africano e Maracatu Leão Misterioso) Quando: 29 de janeiro de 2022 (sábado), às 20h Local: Espaço Cultural Mauro Mota (R. Projetada, 123-175, Nazaré da Mata – PE)
TRAJETÓRIA - O Maracatu de Baque Solto Leão Africano de Nazaré da Mata tem sua sede situada no Sítio São Francisco (Lagoa do Ramo de Cima), localizada na zona rural do município de Nazaré da Mata. O Leão é um dos três únicos maracatus da Mata Norte que permanece com sua sede num engenho. Atualmente, o Leão Africano é composto por cerca de 90 componentes. Parte deles/as é moradora e frequentadora do sítio onde fica sua sede, e outra parte reside em diferentes localidades dentro de Nazaré da Mata e outros municípios da região, como Carpina e Aliança. Fonte:portalculturape

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

CIRANDA - PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

O pedido de registro da Ciranda do Nordeste na lista de Patrimônios Culturais do Brasil partiu da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco e contou com apoio maciço da população, por meio de um abaixo-assinado entregue ao Iphan. Além da solicitação popular, houve pesquisa de identificação com aplicação do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), mobilização da comunidade e a produção de um dossiê de registro, além da apresentação de material audiovisual e fotográfico.

sábado, 8 de janeiro de 2022

Cirino - A Vela e os Tubarões (1979)

CIRINO

José Wilson Cirino ou simplesmente Wilson Cirino ,Nasceu em 1 de abril do ano da graça de 1950, na cidade de Aracati, no litoral leste do estado do Ceará. Wilson Cirino é um cantor, violinista, arranjador e compositor de música popular brasileira.
Em 1969, participou da coletânea “I Festival de Música Popular Aqui”, registrou sua composição “Rosa”.Em 1969, na coletânea “I Festival de Música Popular Aqui”, registrou sua composição “Rosa”. No começo da década de 1970, foi levado para o Rio de Janeiro por seu parceiro Sérgio Costa, e passou a conviver com frequência com nomes como Belchior, Fagner e Jorge Melo. Em 1971, Cirino estreiou no mercado fonográfico quando gravou em dupla com o conterraneo Raimundo Fagner o primeiro disco de suas carreiras, o compacto Copaluz com as músicas Nova Conquista,de Fagner e Ricardo Bezerra e Copa Luz, de Cirino e Sérgio Costa, pelo selo da RGE,produzido por Nestor e Antonieta Bérgamo. Foi a estréia em disco,tanto dele como Fagner. Em 1979, quando Fagner era diretor do selo Epic, Cirino gravou seu primeiro LP, Estrela Ferrada.
Em 1974, sua composição Baião do Coração, em parceria com Fred Teixeira,que foi gravada pela cantora Simone no disco, Quatro Paredes, em 1974.Em 1979, gravou o LP “Estrela ferrada”, pela CBS, com suas composições “Maré de senões”, parceria com Brandão, “Quarto de pensão”, parceria com Pytty, “A vela e os tubarões”, “Me querias pedra”, parceria com Clodô, “Baião do coração”, parceria com Fred Teixeira, “Sobrados de Aracati”, “Passarinho”, “Chorinho do coração”, parceria com Chico Rosas, e “Pra lá de cego Aderaldo”. Em 1981, gravou o disco “Moenda”, pela RCA Victor, com suas composições “Moenda”, parceria com Sergio Costa, “Batendo perna ou perambulando”, “Três vãos”, parceria com Belchior, “Vagas opus dez (Santa Paz)”, parceria com Sergio Costa, “Força farta”, parceria com Rui de Aquino, “Nasci grama”, parceria com Sergio Costa, “Mentira”, parceria com Rui de Aquino, “Riacho do cajueiro”, parceria com Chico Rosas, e “Titã”, parceria com Sergio Costa.

Quarto de Pensão - Wilson Cirino

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Em Santa Maria da Boa Vista, Reisados organizam festa dos Santos Reis

6 de janeiro é um dia dedicado à tradição de Reisado, folguedo que celebra o encerramento do ciclo natalino. Para marcar a data, Santa Maria da Boa Vista, localizada no Sertão de Pernambuco, prepara uma série de apresentações de Reisados ao longo dos próximos dias (confira a programação completa abaixo). A cidade é conhecida por possuir o maior número de grupos ativos dessa tradição, são cinco grupos tradicionais, três mirins e um juvenil, entre eles, o Reisado do Inhanhum e a Mestra Maria Jacinta, ambos reconhecidos pelo Governo Estadual como Patrimônios Vivos pernambucanos. Maria Marina, coordenadora do Reis de Maria Jacinta, diz: “Eu me sinto muito feliz em representar esse sentimento religioso, mais feliz ainda porque minha mãe me ensinou, se não fosse coisa boa com certeza ela não ensinava. Então, ensino a outras pessoas, aos jovens e crianças da comunidade, que aprendem a importância dos reisados para nosso povo. O dia de Santos Reis é um dia muito especial para mim, quando coloco a roupa do reisado tudo se transforma, eu me transformo para celebrar a nossa tradição”. Em 2022, a tradição se atualiza no 6 de janeiro, os brincantes celebram a data em suas comunidades, com os devidos cuidados contra a Covid-19, e com transmissão nas redes sociais do Projeto Reisados do Sertão, produzido pelo Movimento Viva Reis e o Ponto de Cultura Nação Coripós, com direção de Alfredo Neto e produção-executiva de Alice Gericó. Veja a programação: Quinta feira, 6 de janeiro Reis de Maria Jacinta – Patrimônio Vivo de Pernambuco, 18h, Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Centro, Santa Maria da Boa Vista – PE Reisado do Inhanhum – Patrimônio Vivo de Pernambuco, 18h, Comunidade Quilombola de Inhanhum, Zona Rural de Santa Maria da Boa Vista-PE Reisado do Lambedor, 18h, Comunidade Quilombola do Lambedor, Zona Rural, Lagoa Grande-PE Reisado da Mata de São José, 18h, Comunidade Quilombola Mata de São José, Orocó – PE Reisado de Lagoa Comprida, 18h, Sitio Melancia, Zona Rural de Afrânio – PE Reisado do Mestre Pretinho, 18h, Ilha de São Felix, Zona Rural de Orocó – PE Reisado Mestre João Cicero, 19h, São José do Belmonte – PE Domingo, 9 de janeiro de 2022 Reisado do Saruê, 18h, Comunidade Quilombola do Saruê, Zona Rural, Santa Maria da Boa Vista – PE

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

REISADO ENCERRA CICLO NATALINO.

Seis de janeiro é o Dia de Reis, quando se comemora a visita dos três reis magos ao menino Jesus, que acabara de nascer, segundo a religião católica. Em Pernambuco e em alguns outros estados do Nordeste, este dia é celebrado com um brinquedo popular, o Reisado, também conhecido como Folia de Reis. “O Reisado é uma tradição cultural que reúne dança, cantigas, adereços e muitas histórias e memórias. Aqui, no Sertão do São Francisco, estão a maioria dos grupos do Estado. Herança do período colonial, foi trazida como forma de ensinar os povos indígenas, visto que a dança era um elemento importante da sua cultura. Recebeu ainda as coroações, batuques e sambadas do povo negro e, hoje, está presente em quilombos, territórios indígenas e ribeirinhos da região sanfranciscana e sertaneja”, explica Alfredo Neto, educador, produtor cultural e articulador do Movimento Viva Reis, que participa, na próxima terça-feira, 4 de janeiro, às 19h, de uma live promovida pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) no canal que mantém no YouTube e também no Facebook. Mestre Gonzaga de Garanhuns, Patrimônio Vivo do Estado e fundador de oito reisados na região de Garanhuns, Agreste de Pernambuco, também estará no bate-papo, que será mediado por Renata Echeverria Martins, gestora cultural e coordenadora do Núcleo de Comunicação e Memória da Gerência Geral de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe. “Ser Patrimônio Vivo de Pernambuco me deu esperança de continuar o Reisado”, diz Mestre Gonzaga de Garanhuns. Segundo ele, muitos jovens não se interessam mais pela tradição. “Nossa intenção é transformar o Reisado em Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil”, espera ele, que também é cordelista e já escreveu mais de 350 títulos e falará, no programa, sobre sua experiência como mestre do Reisado. “No mês de janeiro, os grupos fazem suas jornadas, cada um com sua especificidade, seu jeito de fazer a brincadeira para celebrar o nascimento do Deus Menino”, explica Alfredo. Mas é no dia 6 de janeiro que a festa encontra seu ápice. “Cada grupo faz a celebração, onde tem igreja ou capela, se dirigem até lá, participam da missa, cantam e dançam e depois saem em cortejo e terminam se apresentando em alguma casa”, conta ele, que faz parte do Reisado de Inhahum e também é xilogravurista e radialista. Webprograma Cultura em Rede Realizado pelo Núcleo Digital da Secretaria de Cultura de Pernambuco, o webprograma Cultura em Rede traz, sempre às terças-feiras, às 19h, debates sobre temas relevantes da cultura pernambucana e nacional. A live vai ao ar tanto no canal da Secult-PE no Youtube, quanto no Facebook. Os programas ficam gravados e podem ser acessados a qualquer momento. Serviço Live “Fogo e fé na Folia de Reis” Quando: 4 de janeiro de 2022 (terça-feira), às 19h Transmissão: www.youtube.com/SecultPE | www.facebook.com/culturape