quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Folia de Reis é declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais


Os foliões passam de casa em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e outras oferendas                 


 Renato Araujo/Arquivo/Agência Brasil
O Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais aprovou hoje (6) o reconhecimento da Folia de Reis como patrimônio cultural imaterial do estado. A manifestação cultural e festiva, celebrada anualmente por católicos, ocorre geralmente no dia 6 de janeiro. Esta data, na tradição cristã, marca o aniversário da visita dos três reis magos ao recém-nascido Jesus Cristo.Belchior, Gaspar e Baltazar, convertidos em santos pela Igreja Católica, teriam saído do Oriente se guiando por uma estrela e levavam três presentes: ouro, incenso e mirra. Para os devotos, a data da chegada dos reis magos ao destino final é quando se encerram os festejos natalinos, que começam quatro domingos antes do 25 de dezembro, dia atribuído ao nascimento de Jesus Cristo.
Dessa forma, no dia 6 de janeiro são desarmados os presépios, as árvores e os demais enfeites.Desfiles
É também nesta data que os católicos de algumas regiões do Brasil se mobilizam na Folia de Reis, chamada ainda de Reisado ou Festa de Santo Reis, entre outros nomes. Os participantes dessa manifestação cultural e festiva entoam diversas canções e rezas em homenagem aos três viajantes santificados. Os foliões passam de casa em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e outras oferendas.
Em cada local, há também particularidades, como encenações dos reis magos, desfiles, danças, repertórios, instrumentos utilizados e roupas. Minas Gerais é um dos estados onde a Folia de Reis mais se faz presente, resguardando uma tradição de aproximadamente 300 anos.
Um inventário do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) realizado em 2016 cadastrou 1.255 grupos de foliões, distribuídos em 326 municípios mineiros. Origem
Este inventário, que teve origem há pouco mais de um ano, ofereceu as bases para o reconhecimento dos festejos como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.
"Foi um levantamento amplo com o objetivo de entender a origem dessa tradição no estado e também as transformações que ela sofreu, investigando como acontecia no passado e como acontece nos dias atuais. O estudo se baseou nas narrativas dos próprios participantes", informou Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG.
O estudo cadastrou também manifestações que ocorrem em outras datas e que prestam outras homenagens, como as folias de São Sebastião e da Virgem Maria. Muitos grupos, porém, ainda não foram mapeados. A estimativa do Iepha-MG é que existam cerca de 4 mil deles em Minas Gerais.Políticas públicas
Uma das vantagens de serem considerados patrimônio cultural imaterial é a possibilidade de obterem benefícios de políticas públicas. "É uma tradição da cultura popular extremamente representativa e esse reconhecimento permitirá aprofundar um trabalho de parceria entre o governo estadual e os grupos, construindo assim uma política da salvaguarda das folias de reis", disse Michele Arroyo.
Ela explicou que o trajeto das folias de reis costuma levar em conta os locais e as casas onde foram montados presépios. Esta ano, o Iepha-MG incentivou a instalação de presépios em edifício públicos em Belo Horizonte e em algumas cidades do interior. Com o reconhecimento, este estímulo deve aumentar nos próximos anos. O órgão pretende criar um calendário de presépios e folias, de modo a aumentar a visibilidade e a divulgação.
O título de patrimônio cultural imaterial poderá facilitar ainda o apoio do estado para que os grupos comprem instrumentos musicais e confeccionem as roupas. O Iepha-MG também pretende criar espaços de formação para fomentar a integração das novas gerações, por exemplo, através de oficinas de canto e de instrumentos musicais.



quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Humberto de Araújo

Humberto de Araújo é um famoso escultor mineiro nascido em Belo Horizonte em 1964. Ele é sobrinho do também escultor Maurino de Araújo. A vivência com o tio Maurino fez surgir o gosto e a admiração pela escultura, cujo primeiro contato ocorreu quando ele tinha apenas dez anos de idade. Formou-se em engenharia civil, mas exerceu a profissão por apenas três anos, quando passou a se dedicar apenas à arte da escultura. Para Humberto, o fato de ter trabalhado como engenheiro civil o ajudou muito a se firmar com artista. A engenharia também é arte, requer criatividade; trabalha-se com formas, que é uma questão bastante presente em minhas esculturas, diz.

 Humberto de Araújo. Reproduçao fotográfica "Em nome do autor", Proposta Editorial, Sao Paulo, 2008.

Apesar de ter sido influenciado pelo mestre Maurino, Humberto imprimiu um estilo próprio à sua obra. Suas peças normalmente apresentam cores fortes e vibrantes e algumas delas são articuladas. Ele conta que as peças articuladas surgiram numa época em que faltavam toras de madeira no mercado. Ele somente encontrava madeira beneficiada, por isso começou a juntar os pedaços. O resultado agradou e acabou se tornando uma das suas marcas registradas.

 Humberto de Araújo, cabeças, madeira. Reproduçao fotográfica Blog Humberto Escultor.

 Humberto de Araújo, damas da noite, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

 Humberto de Araújo, mineiridade, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

 Humberto de Araújo, Nossa Senhora com menino, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

Humberto de Araújo cria personagens de problemas sociais e culturais, mitológicos, bíblicos, dentre outros. O artista participou de inúmeras exposições pelo Brasil. Ele mora em Belo Horizonte, onde mantém um ateliê.

Contato com Humberto de Araújo:
Av. Edgar Torres, 933
Parque São Pedro, Belo Horizonte, MG
Tel: (31) 3451-6081
Email: araujohum@gmail.com

 Humberto de Araújo, os músicos, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

 Humberto de Araújo, Pietá, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

 Humberto de Araújo, triunfo de S. Jorge, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Blog Humberto Escultor.

 Humberto de Araújo, S. Francisco, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

Humberto de Araújo, S. Francisco e o mendigo, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG.

Humberto de Araújo, Santa Maria, madeira policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Errol Flynn, Belo Horizonte, MG

Fonte: Arte Popular do Brasil

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Vem ai 'Lampião, o Governador do Sertão'

Filmagens do documentário desbravam oCariri cearense

Por *Antonio Laudenir

Novo filme de Wolney Oliveira investiga a influência do cangaço na cultura brasileira e internacional. Além da Região Sul do Estado, equipe vai percorrer Paulo Afonso (BA), Piranhas (AL), Bezerros (PE) e Recife (PE)

Assis, Alex, Rogério, Wolney, Boni e Léo: artesanato, poesia e som
Rogério Rezende

Encontro Wolney Oliveira no Aeroporto Pinto Martins. Voo rápido rumo a Juazeiro do Norte. Guardo lembranças de ter ido ainda criança. Espiava naqueles monóculos fotos da família no Horto. Gente feliz. Padim Ciço. Parecia um pequeno filme. Tecnicamente é a primeira vez no Cariri.

O intuito é acompanhar, com exclusividade, quatro dias de filmagem do documentário "Lampião, o Governador do Sertão". A empreitada é ambição antiga do cineasta cearense. Explica-se. Por volta de 2006, o filme estava engatilhado e já contava com um bom número de entrevistas gravadas.

A pólvora explodiu no telefonema do amigo e pesquisador João de Sousa Lima. Direto de Paulo Afonso (BA), o contato afirmava que dois remanescentes do famoso bando de Lampião (1898-1938) foram identificados. "Wolney, achei Durvinha e Moreno", alertou a fonte.

Eram as alcunhas de Antônio Ignácio da Silva e Durvalina Gomes de Sá. O trabalho ganhou rumos. "Precisava contar a história de quem estava vivo. Quem estava morto podia esperar um pouco mais", resgata o diretor. O contato com os ex-cangaceiros durou felizes quatro anos. Nascia, assim, "Os últimos Cangaceiros" (2011).

Entre outros projetos, como o recente "Os Soldados da Borracha" (2019), Wolney percebeu a necessidade de voltar ao encalço de Lampião. Tudo começou com uma carta. Corria 1926 e a missiva endereçada ao então mandatário de Pernambuco, Júlio de Melo, evocava assunto dos mais urgentes.

"Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco". As linhas de Virgulino continuavam: "E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife".

Atrevimento ou desejo de paz, de certo, as palavras do Capitão seguem reverberando 90 anos depois. A missão do documentário é decifrar as influências do cangaço na produção cultural brasileira e mundial. No avião, o diretor da Casa Amarela Eusélio Oliveira e do Cine Ceará encara a janela e suspira. "Cara, imagina. Lampião reinou 20 anos e naquela época, andava isso tudo, às vezes carregando 40 quilos em arma, joia, o caramba".

Além das raízes familiares e do apreço pelo caldeirão artístico do Cariri, o território foi palco do primeiro longa de Wolney, "Milagre em Juazeiro" (1999). Nos anos 1990, nas muitas idas, um carro deu o "prego" no caminho. "Levamos 24 horas pra chegar", resgata.

Dos cinco filmes guiados por Wolney, três iluminam a região. "Filmei 11 romarias. Não digo que fiz um filme. Me tornei um devoto", brinca. Em 2018, o "Português" (alcunha dada por Durvinha) voltou à trilha investigativa interrompida anos antes. O intervalo rendeu novos personagens e cenários. Explicar o fenômeno de Virgulino e Maria Bonita (1911-1938) passa pelo mergulho no artesanato, culinária, moda, literatura e obviamente o cinema. Nesse último, a obra "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto (1906-82), tratou de unir dois continentes.

Após rodar cenas na Grota de Angicos, em Sergipe, durante missa pelos 80 anos da morte do Capitão, em 2018, Wolney foi a Paris colher o depoimento de dois críticos de cinema. Eles assistiram, na infância, ao clássico de Lima Barreto (1906-1982), vencedor do prêmio de "Melhor filme de aventura" e "Melhor trilha sonora" no Festival de Cannes.

Sob os auspícios do Padim, os muitos relatos de uma gente brava e cheia de fé.
Antonio Laudenir

Agora, entre o fim de outubro e novembro, o realizador lidera um grupo comprometido a percorrer estradas que atravessam o Ceará, Bahia, Alagoas e Pernambuco. As primeiras visitas contemplam Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. O time é formado por Alex Meira (assistente de câmera), Assis Ceará (eletricista), Dayane Oliveira (produtora), Evair Moura (motorista), Léo Oliveira (som direto), Raimundo Neto (motorista) e Rogério Rezende (diretor de fotografia).

Inicialmente, a reconstrução do passado exige o entendimento de vozes do presente. Nas rádios locais, Wolney convoca alunos de escolas públicas a escreverem textos que abordem o cangaço. Jovens de 12 a 17 anos podem participar do filme e serão agraciados com um cachê simbólico.

Som, câmera...

À tarde de quinta-feira (31) marcou o encontro com a arte de Lusyennir Lacerda e Demóstenes Fidélis. No bairro Santo Antônio, em Juazeiro, o casal desenvolve delicados tabuleiros de xadrez, nos quais são reproduzidos cenários e expressões populares. As temáticas Canudos, cangaço e reisado são recriadas em massa feita à base de fécula de mandioca. O colorido entrega poesia ao cenário de guerra entre volantes e cangaceiros.

Embate sertanejo na delicada criação de Demóstenes e Lusyennir
Rogério Rezende

A arte da dupla agora divide espaço com fios, lâmpadas, câmeras e toda uma parafernália quase alienígena. Aos poucos, o convívio no set improvisado vai deixando Demóstenes e Lusyennir à vontade. O tempo auxilia a abordagem pretendida. O casal confecciona as peças. O apelo da cena revela a silenciosa cumplicidade envolvida entre os dois artistas.

Chega o novembro

José Bonieck é historiador, artesão e sanfoneiro. A lida envolve o entalhe da imburana. Desde pequeno as cores do cangaço lhe despertavam interesse. Padre Cícero e Lampião foram as primeiras produções. Da manipulação da madeira, cria representações de figuras populares. Cita Mestre Noza (1897-1983) com profunda reverência e brilho nos olhos.

A assinatura Boni também demanda os esforços da companheira Débora Raquel. Se o jovem artista é hábil no processo de moldar peças simpáticas e repletas de cor, a parceira atua na área da divulgação e venda. Além do coração, dividem o afeto pela leitura e música. A oficina se mistura com a pequena casa. Ferramentas dividem espaço com fotografias e outras obras experimentais.

O espaço para os visitantes montarem o equipamento é ainda mais compacto e exige atenção das lentes comandadas por Rogério Rezende e Alex Meira. Por sua vez, Wolney é só alegria com a fala embasada e respeitosa de Boni. É quando o realizador interage com um sinal de positivo nas mãos. Ouvir é o segredo.

Dali o destino é o lar do pesquisador Margébio de Lucena. Cuidadoso nas respostas e firme nos dados apontados, o oftalmologista divide uma verdadeira aula com os presentes. Durante uma tarde inteira, resgata as muitas conversas feitas com ex-cangaceiros e o contato fiel com registros históricos.

Tarde de causos e pesquisas histórias do Cangaço com Margébio de Lucena
Antonio Laudenir

Bandido ou herói, Lampião e seus asseclas deixaram marca indelével. A participação do estudioso contribui para as muitas perspectivas do tema a serem enfrentadas por Wolney. É momento de descansar. O Dia de Finados, no sábado, exigiria ainda mais da equipe.

A colina do Horto é tomada por romeiros de diferentes estados nordestinos. O volume de visitantes inspirou a produção a criar um totem com as imagens de Lampião e Maria Bonita. O traço do cartunista Klévisson Viana amplia o tom idílico da intervenção.A proposta é simples. Quem quiser pode chegar e tirar uma foto. A única exigência é fitar a câmera e falar do cangaço. Naturalmente os participantes se aproximam, e o bom humor invade a filmagem.


Formação do time no Horto: Em pé (Wolney, Assis e Léo). Agachados Kaika Silva (produtor cultural do Crato), Evair, Dayane e Alex. O fotógrafo Rogério Rezende filmava tomadas áreas e não participou do retrato.
Antonio Laudenir

Ao meio-dia o destino é a Missa do Chapéu, no Centro. Cinema é uma rotina exaustiva, braçal e somente possível com ação em equipe. O respeito ao cronograma é fundamental para que o trabalho se desenvolva. A produtora Dayane Oliveira é total atenção ao entorno do set. Sempre atenta a qualquer ruído que atrapalhe a captação das imagens. Cuida da alimentação ao uso do protetor solar.

É perceptível a interação dos envolvidos. Quando uma boa conversa é registrada, todos desfilam um largo sorriso. Pouco importa as condições da locação. "Para trabalhar com cinema, deve fazer porque gosta", observa o motorista Evair.

Nas poucas horas vagas, geralmente no intervalo entre as cidades e nas paradas de alimentação, os assuntos mais puxados envolvem o mercado de cinema. O assunto família é outra manifestação recorrente. Alguns trabalham juntos por mais de 20 anos.

Conhecem muitos palmos de chão cearense e os bastidores do criar cinema no Estado. A política Federal de censura e os cortes no setor cinematográfico preocupam. A proposta de redação do Enem, que fala de democratização do acesso ao cinema no Brasil, movimentou debates.

O domingo trouxe Barbalha e a arte de Wilton Santos. Areia, arame e papelão alicerçam as esculturas. É capaz de recriar episódios violentos, a exemplo da cena das cabeças cortadas de Lampião e seu bando. Em paralelo, é suave na composição de divindades e personagens folclóricos.

Uma das peças desenvolvidas pelo artesão Wilton Silva
Rogério Rezende

A última noite na companhia da equipe faz refletir a experiência. Impossível não questionar o ano de 2019. Período dado ao extermínio e descrença da cultura e ciência. Felizmente, no mesmo gomo temos outros sabores. Bem mais felizes.

Foi ano de "Pacarrete". Allan, Marcélia e Gramado. Rosemberg e "Notícias do Fim do Mundo". "Greta", de Armando Praça. "Clube dos Canibais" assinado por Guto Parente. "Bate Coração". "Soldados da Borracha". "Marie" produzido por Arthur Leite. Cannes. Karim. "A Vida Invisível". "Bacurau" com Fabíola Liper, Uirá dos Reis e o "Velho Menino" Rodger Rogério. Lembro de Fernanda Montenegro lendo a carta na abertura do Cine Ceará.

Quem enxergava aquela terra apenas pela recordação do monóculo, agora guarda outras leituras. Encarei beleza. Inocência. Contradições. Bondade. Empatia. Desejo por dias melhores. Testemunhos das muitas crenças. Injustiças, violência e resignação.

Vi trabalhadores dedicados ao ofício. O fazer cinema é sinônimo de sobrevivência para inúmeras famílias. Todos ganham quando um filme é produzido. O grupo seguirá as pegadas do cangaço por Nova Olinda (CE), Paulo Afonso (BA), Piranhas (AL), Bezerros (PE) e Recife (PE). Isso, se novas descobertas não mudarem os destinos da saga.

ENTREVISTA: Garimpeiro de histórias

Para o longa, Wolney e equipe registraram os encantos do Raso da Catarina (BA)
Léo Oliveira

Verso: Quais as suas motivações pessoais para contar a história de "Lampião, Governador do Sertão"?

Wolney Oliveira: Lampião sempre foi um assunto que me apaixonou. Meu pai, Eusélio Oliveira me influenciou no tema. Era um apaixonado pela história e o primeiro livro que li sobre cangaço foi presente dele. Escrito por Paulo Gil Soares, sobre cangaço, provavelmente tinha a ver com o filme "Memória do Cangaço" que é um clássico do Cinema Novo guiado por Soares. Quando li "Milagre em Joaseiro", de Ralph Della Cava, um dos livros mais importantes sobre o Padre Cícero ao lado da obra de Lira Neto. Existem mais de 220 livros sobre Cícero e mais de 300 sobre Lampião.

O texto de Ralph Della Cava fala da passagem de Lampião em 1926 por Juazeiro e isso ficou na minha memória. É uma coisa que está impregnada na cultura do Sertão e do Nordeste. Eu tenho essa mania, defeito ou vantagem que eu prefiro que sobre do que falte material. Eu filmei 180 horas entre 2006 e praticamente 2011, ano da estreia de "Os Últimos Cangaceiros". Entrevistei vários cangaceiros que não entraram no filme, volantes e ex-coiteiros. Por meio do tema, conheci muitos estados do Nordeste. Vários pontos belíssimos como Piranhas e o Raso da Catarina. Nosso País é muito grande e não conhecemos parte dele.

V: Como você explica a paixão pelo documentário?

W:Tive grandes influências. Eusélio Oliveira, meu pai e primeiro professor de cinema, era apaixonado pelo documentário. A outra grande motivação foi a escola de cinema de Cuba. Lá conheci grandes realizadores do gênero como Santiago Álvarez, Fernando Pérez, Gerardo Tirrona. Os dois últimos foram meus professores. Outra força é o meu querido mestre Eduardo Coutinho, que Deus ilumine e proteja. Vi praticamente tudo dele.

Em 1981, fui fazer um curso de cinema direto em Paris, fiquei três meses tendo aulas com discípulos de Jean Rouch. Entre as técnicas dele, envolve se aproximar do personagem, ficar amigo. Claro, nem sempre você pode fazer isso. É uma maneira de conseguir tirar o máximo de informação e sentimento dessas pessoas.

V: Seus trabalhos abordam vivências marginalizadas. Nesse sentido, qual é o compromisso do documentário?

W: Quem tem mais a ver com isso é o 'Soldados da Borracha'. Até hoje é um tema desconhecido por muita gente. Eu mesmo só fui saber quando tinha 40 anos. Inclusive, o maior acervo dos soldados está no Mauc da UFC. É uma história de pessoas marginalizadas, esquecidas, soterradas e menosprezadas. São histórias que o Brasil não quer ver, contar e sentir. Isso é um motivo a mais para fazer cinema documentário.

No "Milagre em Juazeiro", parto da beata que foi torturada e perseguida pela Igreja. Imagina um milagre acontecer na boca de uma negra 'pobre', 'feia', 'analfabeta', segundo os depoimentos de padres da época; e no interior do Ceará? Juazeiro do Norte? Se fosse em Paris a Igreja teria acatado. Como foi aqui não aceitou e até hoje não oficializou ainda. Não beatificou Padre Cícero.

Cercado da arte de Boni, trilha do cineasta mostra cangaço unindo continentes, causos e vivências
Rogério Rezende

V: O Cine Ceará chega a 30 edições em 2020 e o que você projeta para o próximo ano?

W: Superar a 29ª edição é a mesma tarefa de tentar ir além de "Os Últimos Cangaceiros". É um dos meus filmes prediletos. É o mais maduro. Já estamos trabalhando no festival. Vamos lançar um livro sobre os 30 anos do Cine Ceará. Vamos fazer em setembro de 2020. Ninguém sabe como vai estar a situação política e econômica do País. Posso dizer que das 29 edições das quais produzi e dirigi, 27 não teve nenhuma fácil. 2019 foi a mais difícil, mas também a de maior sucesso em relação a todas as outras. A 30ª edição também é um desafio.

V: Já pensou na aposentadoria ou é algo que não passa por sua cabeça? Quais trabalhos você imagina se dedicar nos próximos anos?

W: Nunca pensei em me aposentar. Óbvio, penso em relação à Casa Amarela é à Universidade. Parar enquanto cineasta, não. Meu espelho e objetivo é Luiz Carlos Barreto, um dos grandes nomes do cinema brasileiro e nordestino. Barretão é de Sobral e no auge dos seus 91 aninhos estava numa audiência pública no Supremo. Enquanto eu tiver forças, vou continuar filmando. A projeção é que em quatro anos, eu me aposente da UFC e da Casa. Daí vou fazer meus filmes que é o maior prazer da minha sina cinematográfica.

Além do "Lampião, o Governador do Sertão", estamos finalizando "Vozão, Coração do meu Povão", sobre o time do Ceará. Dirijo com o Joe Pimentel e deve sair em 2020. Estou filmando "Memórias da Chuva", longa documentário sobre Jaguaribara, que foi coberta pela água do Castanhão, maior açude da América Latina. Tem a cidade de Guassussê que foi coberta pelas águas do Orós. Outro filme sobre futebol é "Clássico Rei", que além do Joe inclui o Valdo Siqueira. Vai contar os 100 anos do confronto entre os rivais.

V: Se não fosse o cinema, o que existiria para você?

W: Quando eu tinha por volta de 20 anos, minha avó, por parte de mãe, colocou na minha cabeça que eu tinha que ser bancário. Até embarquei na onda dela, mas vi que não tinha nada a ver. Minha paixão era cinema. Nessa época eu era fotógrafo de still. Comecei fotografando casamento, batizado, aniversário e depois mais na área do fotojornalismo e vídeo. Não me imagino em nenhuma outra ocupação que não seja o cinema. Acho que minha vida não seria essa aventura que é fazer cinema.

*O repórter viajou a convite da produção do filme "Lampião, o Governador do Sertão"

Fonte: Diário do NE



domingo, 17 de novembro de 2019





Cine Teatro Guarany participa do lançamento nacional de “Azougue Nazaré”

O filme do diretor pernambucano Tiago Melo será exibido às 18h e volta às telas no domingo (17) e na quarta-feira (20). "Garoto Fantasma" e "Bacurau" completam a programação.

Divulgação

Cine Teatro Guarany vai exibir “Azougue Nazaré” pela primeira vez na estreia nacional, quinta-feira (14)
O Cine Teatro Guarany, equipamento cultural gerenciado pela Secult-PE/Fundarpe, participa do lançamento nacional de “Azougue Nazaré”, nesta quinta-feira (14). O filme do diretor pernambucano Tiago Melo será exibido às 18h e volta às telas no domingo (17) e na quarta-feira (20). Completam a programação “Garoto Fantasma”, animação francesa que entrou em cartaz na semana passada, e “Bacurau”, que continua dominando a agenda do período por meio do Programa Cine de Rua. Os ingressos custam R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia). Às quintas-feiras, nas sessões CineSesc, a entrada é gratuita.
Premiado no Festival de Rotterdam e Festival do Rio, Azougue Nazaré retrata a realidade de Nazaré da Mata (PE) sobo ponto de vista de um suposto embate: a ancestralidade do Maracatu de Baque Solto e a invasão neopentecostal que associa essa manifestação cultural a forças demoníacas. O roteiro se desenvolve a partir desse cenário, com personagens que reforçam esse pano de fundo.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA – SEMANA DE 14 a 20 DE NOVEMBRO

AZOUGUE NAZARÉ
(Brasil, 2018, 82minutos)
Gênero: Drama | Direção: Tiago Melo | Elenco: Valmir do Côco, Mestre Barachinha, Ananias de Caldas, Joana Gatis
Classificação Etária: 14 anos
Sinopse: Num imenso canavial que parece não ter fim, o vento forma ondas na cana-de-açúcar, como se fosse o mar. Um Pai de Santo pratica um ritual religioso com cinco caboclos de lança. Os caboclos ganham poderes, incorporam entidades e desaparecem. A cidade de Nazaré da Mata testemunha acontecimentos misteriosos. Fenômenos sobrenaturais assombram a cidade, deixando a população em sobressalto. Numa casa isolada, no meio do canavial, moram o casal Catita e Irmã Darlene. Catita esconde de sua esposa que participa do Maracatu. Darlene é fiel da igreja do Pastor Barachinha, um antigo mestre de maracatu convertido à religião evangélica, que se vê na missão de expulsar o demônio do Maracatu, evangelizando toda a cidade. Irmã Darlene descobre que Catita está envolvido com o Maracatu e o obriga a seguir os passos do Pastor Barachinha e se converter ao evangelismo.
Dias e horários: quinta-feira (14), 18h | domingo (17), 18h | quarta-feira (20), 19h

O GAROTO FANTASMA
(França, 2017, 84 minutos)
Gênero: Animação | Direção: Alain GagnoleJean-Loup Felicioli
Classificação Etária: 10 anos
Sinopse: Internado em um hospital, o jovem Leo tem uma infância diferente. Apesar de não poder brincar com outras crianças, ele tem um poder especial: levitar no ar sem ser visto enquanto seu corpo permanece imóvel. Com suas habilidades, Leo poderá ajudar um policial paraplégico em uma importante missão. Esta animação traz um encontro de opostos: de um lado, um garotinho sonhador, vivendo as dores de uma grave doença ao lado da família amorosa.
Dias e horários: quinta-feira (14), 13h30

BACURAU
(Brasil, 2019, 131 minutos)
Gênero: Drama/Ficção Científica/Mistério | Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles | Elenco: Sonia Braga, Barbara Colen, Silvério Pereira, Udo Kier
Classificação Etária: 16 anos
Sinopse: Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
Dias e horários: quinta-feira (14), 19h45 | domingo (17), 19h45 | terça-feira (19), 19h
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sábado, 16 de novembro de 2019

1º Congresso Nacional de Maracatu acontece no Teatro Arraial

Manifestação registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil encerra evento nacional no Recife, neste domingo  (17).

Eduardo Queiroga/Secult-PE
Eduardo Queiroga/Secult-PE
O Maracatu Nação, conhecido também como Maracatu de Baque Virado, é considerado Patrimônio Imaterial do Brasil, segundo o Iphan
O Teatro Arraial Ariano Suassuna, equipamento cultural gerenciado pela Secult-PE/Fundarpe, receberá parte da programação do 1º Congresso Nacional de Maracatus Nação – Desafios e Perspectivas da Salvaguarda dos Maracatus. O encontro teve início na segunda-feira (11) e encerra neste domingo (17). Na pauta, o esforço para congregar maracatuzeiros, brincantes, pesquisadores e representantes de órgão gestores da cultura nos âmbitos municipal, estadual e federal. O objetivo é discutir o cenário atual e as perspectivas futuras dessa manifestação cultural. A participação será gratuita e as inscrições para o evento serão realizadas no local antes do início das atividades, sujeitas à lotação do teatro.
O Maracatu Nação, ou Maracatu de Baque Virado, é patrimônio cultural imaterial do Brasil. Está inscrito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Livro de Registro das Formas de Expressão desde 2014. Desde que foi registrado, ainda não teve o Plano de Salvaguarda elaborado, no entanto o documento está sendo construído numa parceria entre os grupos de Maracatu Nação, a Secult-PE/Fundarpe e o Iphan, com previsão de conclusão durante o congresso – o que contribuirá para monitoramento e ações de preservação desse bem cultural.
Além das rodas de diálogo nesse sentido, também estão previstas celebrações a partir da sexta-feira (15), para lembrar o aniversário do Maracatu Elefante. No sábado (16), mestres de Nações de Maracatu ministram oficinas gratuitas e abertas ao público, como preparação para o encerramento das festividades no domingo (17). É possível se inscrever online aqui.
No último dia do encontro haverá um grande encontro de batuqueiros no Bairro do Recife, onde é esperado a reunião de amantes da cultura do maracatu, integrantes de Nações de Pernambuco, maracatus parafolclóricos e grupos percussivos de todo país.
A pesquisa do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) dos Maracatus Nação de Pernambuco faz parte do programa de identificação, reconhecimento e salvaguarda da diversidade cultural de Pernambuco, mantido pela Secult e Fundarpe, iniciado em 2011, e que já inventariou mais cinco bens culturais: Maracatu de Baque Solto, Cavalo Marinho, Caboclinhos, Ciranda e Reisado. Ente os desdobramentos, os respectivos INRC compuseram os pedidos, ao Iphan, da candidatura desses bens culturais para o título de Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro.
O 1º Congresso Nacional de Maracatus Nação é uma realização da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco – Amanpe, Secult-PE/Fundarpe, da Prefeitura do Recife, através de sua Secretária de Cultura – Secult, Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural – DPPC e Fundação de Cultura da Cidade do Recife – FCCR e do Iphan.
Confira abaixo a programação completa:
Segunda-Feira – Dia 11/11 
Teatro Arraial
15:30h – Exibição do vídeo documentário do Inventário Nacional de Referências Culturais do Maracatu Nação (mediação Charles Martins)
16:30h – Cerimônia de abertura do Congresso.
Terça-feira – dia 12/11
Teatro Arraial
14h às 17h – Roda de Diálogo “Maracatu não é só Carnaval”
Wanessa Paula do Santos (Maracatu Nação Cambinda Estrela)
Mestra Joana D’arc Cavalcanti (Nação Encanto do Pina)
Jorge Carneiro (Nação Raízes de Pai Adão)
Giorge Bessoni (Representação do IPHAN-PE)
Albemar Araújo (Representação da SECULT/Recife)
Mediação: Marcelo Renan (Fundarpe)
18h às 21h – Roda de Diálogo “Maracatu, que baque é esse?”
Ilma (Nação Erê)
Chacon Viana (Nação Porto Rico)
Jorge Marins (Grupo Corpus Percussivo)
- Representação da Associação de Maracatus de Olinda
Mediação: Wanessa Paula dos Santos (Maracatu Nação Cambinda Estrela)
Quarta-Feira – dia 13/11
Teatro Arraial
14h às 18h – Oficina de Construção do Plano de Salvaguarda para os Maracatus Nação
- Juliana Cunha, Lívia Moraes e Giorge Bessoni (Representação do IPHAN)
- Coordenação de Patrimônio Imaterial da FUNDARPE
Quinta Feira – dia 14/11
Museu da Abolição
14h às 18h – Fórum “Maracatu: religiosidade e coroação das rainhas”
- Rainha Marivalda Maria dos Santos (Nação Estrela Brilhante do Recife)
- Rainha Nadja Cristina de Castro – Mameto Nadja de Angola (Nação Leão da Campina)
- Prof. Isabel Guillen (UFPE)
Mediação: Willams Santana (Prefeitura do Recife)
Sexta-Feira – dia 15/11
Sítio de Pai Adão
17h – Baile Comemorativo: Comenda Dona Santa – Celebração.
Homenagem ao Maracatu Nação Elefante e às rainhas de todas as Nações de Maracatu
Sábado – dia 16/11
14h às 18h – Educação Patrimonial/ Oficinas de Baque Virado.
- Visita a Sede do Grupo Yalu (Rua da Moeda) – Convidados: Nação Almirante do Forte e Nação Aurora Africana
- Visita a Sede do Grupo Ogun Onilê (Recife Antigo) - Convidados: Nação Sol Brilhante e Nação Leão da Campina
- Visita ao Grupo Brincante Popular na Casa da Cultura -  Convidados: Nação Estrela Brilhante de Igarassu e Nação Cambinda Estrela
- Visita ao Grupo Congobloco no Casarão do Nação Pernambuco Carmo – Olinda -  Convidados: Nação Encanto da Alegria e Nação Estrela Dalva
Gratuitas e abertas ao público: link para inscrição <https://forms.gle/YiyYkZotAvjXxu8s8>.
Domingo – dia 17/11
Bairro do Recife
16h – Encerramento do congresso com encontro de batuqueiros.
Endereços: 
Teatro Arraial Ariano Suassuna – Rua da Aurora, 457 – Boa Vista, Recife
Museu da Abolição – R. Benfica, 1150 – Madalena, Recife
Sítio de Pai Adão – Estr. Velha de Água Fria, 1644 – Água Fria, Recife
Avenida Barão de Rio Branco – bairro do Recife (Encontro de batuqueiros)

terça-feira, 5 de novembro de 2019



“A Energia dos Doidos, Motor da Imaginação” é mostra sobre Alceu Valença no Museu do Estado

A mostra será aberta ao público no próximo dia 14 (quinta-feira) e segue até 5 de janeiro contando a história do ícone musical pernambucano com muita interatividade e tecnologia.


Bruna Andrade/Divulgação

Trajetória de Alceu Valença será contada com interatividade e tecnologia.
O Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), equipamento gerenciado pela Secult-PE/Fundarpe, recebe exposição biográfica de Alceu Valença. “A Energia dos Doidos, Motor da Imaginação” será aberta ao público no próximo dia 14/11 (quinta-feira) e seguirá até 5 de janeiro contando a história do ícone musical pernambucano com interatividade e tecnologia. Com formato divertido, a mostra traz cerca de 20 obras inéditas, que remontam de forma imersiva a carreira e trajetória de vida do artista. A curadoria é da designer Rose Pepe. A visitação acontecerá de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 14h às 17h.
“O universo de Alceu Valença é cheio do simples em sua complexidade. A exposição foi pensada para representar a inquietude e versatilidade desse grande artista”, revela Rose Pepe.
Entre as obras, destaca-se a instalação “Linha do Tempo”, na qual é possível ouvir, por meio de audiodescrição em um headphone, histórias contadas pelo próprio Alceu. Outro ponto alto da mostra é a “Luneta do Tempo”, equipamento interativo audiovisual que brinca com o primeiro filme produzido pelo artista.
Preocupada com todas as dimensões artísticas de Alceu, seja nas canções, na literatura ou no cinema, a exposição transforma cada vertente do pernambucano em um espetáculo, que permite inúmeras interpretações ao espectador.
A vernissage para convidados está marcada para a terça-feira (5), quando será lançado o catálogo da mostra, com biografia do artista. Tributo à pluralidade de Alceu, que é considerando um dos mais importantes nomes da música popular brasileira, a exposição narra a vida do músico a partir de pinturas, cinema, instalações interativas e objetos eletrônicos.
Divulgação

Material de pesquisa para a exposição se transformou em livro, que será lançado durante a
vernissage, na terça-feira (5)
“Construímos o livro, a partir de entrevistas que fizemos com o Alceu, durante a construção da mostra. Alceu é um ótimo contador de histórias, então o material ficou tão rico, que achamos um pecado não usá-lo. Por isso, transformamos em literatura e um áudio livro. E ninguém melhor do que o próprio Alceu para contar sua história. A obra é envolvente do início ao fim”, revela a curadora da exposição.
TRAJETÓRIA
Com quase 50 anos de carreira, Alceu Valença é um dos mais celebrados artistas do país. Dono de canções emblemáticas que marcam diferentes gerações, à exemplo de “Anunciação”, “Tropicana”, “Pelas ruas que andei”, “La belle de Jour” e diversas outras, o artista de 73 anos arrasta multidões e corações com frevos, cocos e cirandas, que misturadas ao rock, guitarras, baixo e sintetizadores eletrônicos, formam um estilo único que representa o Brasil e a essência e regionalidade do Nordeste.
Serviço
“A Energia dos Doidos, Motor da Imaginação”: exposição sobre Alceu Valença
Local: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960 – Graças, Recife)
Visitação: De 14/11/19 a 05/01/20, de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 17h, e sábados e domingos das 14h às 17h
Entrada Visitação: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia-entra) e entrada gratuita nas quartas-feiras.
Informações: (81) 3184-3170