segunda-feira, 28 de junho de 2010


CÁTIA DE FRANÇA

As letras das canções desta Paraíbana,me transporta a Rua da Aurora,mais precisamente ao laboratório de literatura do velho Ginásio Pernambucano(onde o bonde passava rumo ao farol de Olinda). Foi lá que um dia estudei na capital da provincia Pernambucana e descobri autores nordestinos fantásticos:João Cabral de Melo Neto,José Lins do Rêgo,Guimarães Rosa e Manoel de Barros.Ouvir as canções do LP Vinte Palavras ao Redor do Sol(1979),é ter a trilogia do ciclo da cana(Menino de Engenho/Moleque Ricardo / Banguê) ,do Também Paraíbano José Lins do Rêgo,em áudio. Estão nas canções deste discos personagens como o Coronel Zé Paulino,o Moleque Ricardo,Mané de Tião,João de Joana, Paisagens verdejantes dos canaviais da zona da mata paraíbana,O bonde da rua da Aurora(Recife), Poço da Pedra,o trem,a feira de Itabaiana e tantas outras do imaginário de Zé Lins. Maria Catarina de França Carneiro((seu nome de pia),desde menina aprendeu a dominar instrumentos como piano,sanfona e o violão.Mais tarde se interessou pelos acordes da flauta e pela percussão.Foi professora de música por algum tempo,até começar a compor em parceria com o Poeta Diógenes Brayner. Participou de festivais de música popular na década de 60,época em que viajou  por "Oropa,França e Bahia" com um grupo folclórico.De volta a pátira amada,foi para São Sebastião do Rio de Janeiro,onde deixou o seu talento e registro instrumental em discos de Sivuca,Zé Ramalho,Amelinha e Elba Ramalho.Teve canções suas gravadas por Elba Ramalho e Xangai,destaque para Kukukaia e tantas outras e outros que gravaram suas composições. O primeiro LP solo,Vinte Palavras ao Redor do Sol, Foi lançado em 1979,Uma música da cantora foi trilha sonora do filme Cristais de Sangue,de 1975. Foi parceira de Jackson do Pandeiro durante a primeira versão do Projeto Pixinguinha,em 1980. Em cerca de 40 anos de carreira,Cátia gravou três LPs: Vinte Palavras ao Redor do Sol,Estlhaços e feliz demais, e dois CDs:Avatar(que teve a participação de Chico César e Xangai) e Cátia de França Canta Pedro Osmar,no qual ela demostra a força criativa da música Paraíbana. A multiartisca que é,Cátia de França Também adentrou pelo mundo da literatura e das pláticas,com destaque para os livros Zumbi em Cordel, Falando de Natureza Naturalmente(infatil) e Manual da sobrevivência,um resgate de sua tragetória pessoal e profissional. A cantora,celebrada em todo o país,residia até pouco tempo em sua terra natal João Pessoa desde meados dos anos 1990,recentemente Cátia voltou ao RJ e é frequentadora assidua dos barzinhos da Lapa,local frequentado pelos boêmios,artistas e loucos da cidade maravilhosa, Lá, também expõe o seu belo trabalho músical.

 William Veras de Queiroz 2010 D.C (Durante as festividades de São Pedro) - São José do Rio Piranhas -PB

domingo, 27 de junho de 2010


 BANDA DE PIFANOS  ESQUENTA MUIÉ

" Êi,lá vem o esquenta muié, é som,é gente,é vida e pó...  Carapeba bandinha quente,abrindo frente,alegrando vai,pife,pratos,tarol,zabumba,é tumba,tumba ,e a folia sai... Carapeba por onde passa,faz som de graça prá se brincar..." Na sensibilidade tão peculiar a Luiz Gonzaga do Nascimento(Gonzagão),com os elementos da natureza, as tradições, e tudo que Deus deixou no semí-árido  nordestino,ele um dia também homenageou através da música,as bandas de pifanos,hoje tão escassa nos nossos dias no sertão,com a música Carapeba de Luiz bandeira e Julinho.A banda de pifano,é um conjunto instrumental de percussão e sopro,dos mais antigos,e importantes da música folclorica brasileira.Historicamente o pifano remonta à  época dos primeiros cristões,que tinham no pifano,pifes ou pifora,uma maneira de saudar a Virgem Maria nas festas natalinas.Na feição nordestina a banda de pifano é uma criação do mestiço brasileiro,que com sua criatividade e intuição adaptou o instrumento,dando-lhe  a forma tipica pela qual é conhecida no folclore brasileiro. No estado de Alagoas,além dos instrumentos básicos acrescenta-se um par de pratos e em certos grupos um triângulo e até um maracá para maior sonoridade.É na cidade de Marechal Deodoro, naquele estado,que  há mais de trinta anos os Irmãos Zé Cicero e Franklin,comanda  o grupo Esquenta Muié. Essa paixão pela música da banda de pifano virou oficio para os dois irmãos,que conseguiram criar os filhos com as atividades artistica do grupo,daí do seu rigor e determinação em manter a banda pronta para qualquer apresentação.  O grupo percorreu o país representando Alagoas na década de 70 e 80. Foi a Brasilia,São Paulo,Rio de Janeiro,Belo Horizonte,Salvador,Goiânia,Aracajú e João Pessoa. As viagens eram viabilizadas pela antiga  Ematur,hoje Secretária Executiva do Turismo,que divulgava o estado  país afora.Nas idas e vindas a São Paulo,o grupo participou do programa Som Brasil,que era apresentado aos domingos por Rolando Boldrin,pela Rede Globo de Televisão no final dos anos 70. A esquenta muié chegou a gravar  em meados dos anos 70,um LP duplo,em São Paulo.Porém, um exemplar se quer restou,para contar a história do grupo.
Nas comemorações dos 25 anos do grupo,e para ajudar a preservar e difundir  essa manifestação da cultura popular,o grupo gravou um CD " Sonho de Criança",um trabalho autoral,onde foram gravadas 20  músicas, todas de autoria de Zé Cicero. E dessa forma os ventos que sopram nos verdes canaviais de Marechal Deodoro,terão prenúncio de bons tempos,e voltarão a soprar nos pifanos de Alagoas. Em 2008 foi gravado um video em homenagem aos 30 anos de existência do "Esquenta Muié" pela Tudomais Produções, a direção e produção desse video é do Jornalista e produtor cultural Keyler Simões,que também produziu o CD " Sonho de Criança." 

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José do Rio Piranhas-PB

sexta-feira, 25 de junho de 2010


Entrevista a TV Atalaia e site Pais do Forró.Aracajú-SE

POR ONDE ANDA ZENILTON ?

 Ês a pergunta que não quer calar,por onde anda o caçula do baião? No ano passado durante os festejos juninos,na Estação do Forró,em Salgueiro,a pergunta foi feita por Domingos de Moraes(Dominguinhos). Este ano durante o Festival da Sanfona,a interrogativa veio através de Osvaldinho do Acordeon,por onde anda O Bom Zé ?Nas comunidades das páginas do site de relacionamento(Orkut),onde o mesmo possui várias comunidades criadas pelos fãs,muito se perguntou pelo paradeiro de José Nilton Veras de Moraes,Pernambucano,de Salgueiro,porém,poucos sabem.Esse que vos escrevem, bem que poderia mostrar o caminho das pedras e desvendar o silêncio e o anonimato do primo Zé. Cresci ouvindo e vendo a cada ano a chegada daquele cabeludo de roupas coloridas e extravagantes,que trazia das terras do sudeste,a bordo dos impalas americanos,rabo de peixe ,ou, o que havia de moderno no segmento automobilistico daqueles tempos de outrora, boas novas e boas conversas no centro da sala da casa da minha Mãe.Ainda guardo comigo,as histórias de travessuras do moleque Zenilton,na ilha da Assunção,contadas por Dona Davina Veras.Meu tio Cazuzinha,pai de Zenilton,passou pelo mesmo drama nos idos anos de 60,quando viu sucumbir  o seu tormento de preocupações, porém, com o sumiço do inquieto e irreverente rebento, .  O distinto só deu o ar da graça,anos depois, quando do lançamento do seu primeiro LP "Namoro no Escuro",pela finada gravadora Chantecler.Em São Paulo,Zenilton,não parou mais,e todo ano,lançava um albúm pela gravadora Copacabana,onde ao lado de Trio Nordestino e Genival Lacerda,eram campeões de vendagens de discos,por seguidos anos.Zenilton,trouxe o humor e as letras de duplo-sentido para o baião,e assim foi o precussor desse segmento na música regional,onde fez escola e teve seguidores por décadas.Tinha na figura do nosso tio Juviniano Veras(Tio Jovem),que foi errante violeiro pelos sertões e que deu uma reviravolta na sua vida compondo letras de duplo sentido para o sobrinho Zenilton.O caçula do baião, (como  o batizou o velho Gonzagão),conquistou a terra da garôa, naqueles distantes anos de 70.Zenilton,tinha um contrato com uma das grandes gravadora   da época,onde era campeão de vendas e tinha um palco,a casa de show Forró da Móoca,de sua propriedade,em Sampa,empreendimento que foi local de encontro dos nordestinos por longos anos, e que depois,vendeu ao baiano de Serrinha,Pedro Sertanejo(Pai de Osvaldinho). após a bonança na sua carreira,Zenilton,consolidou sua carreira no estado de Sergipe,e tinha ,em Aracajú o seu palco predileto.Porém,veio a Fulerage-music(forró eletronico das bandas),e como tantos outros artista do forró tradicional,Zenilton,não encontrou espaço para seu trabalho.Mas,nos idos de 90, o grupo de hardcore candango,Raimundos.Que tinha na sua formação filhos de nordestinos,fez uma fusão de forró de duplo sentido com punk-rock.E nesse projeto da banda candanga(de Brasilia) Zenilton era Régua e compasso,e, o compositor predileto dos Raimundos,e assim fizeram shows juntos brasil afora e não deixaram pedra sobre pedra por onde passaram . Dessa forma aconteceu a volta inesperada desse sertanejo brabo,aos palcos e na midia nacional a reboque de Raimundos.o Grupo acabou com a saída de Rodolfo.e mais uma vez Zenilton,saiu de cena.O último registro que se tem através da midia de aparição de Zenilton nos palcos,foi durante o ROOTSTOCK 2008,festival,que tem artistas e grupos tradicinais do forró e que aconteceu em São Paulo,onde apresentou um memoravel show,que contou com um grande número de fãs que foram matar a saudade do sanfoneiro.Em 2005, a RV Produções,lançou uma coletanea com 22 sucessos de Zenilton,na prévia de comemoração dos 50 anos de carreira  do artista.

William Veras de Queiroz  2010 D.C - São José de Piranhas-PB


      

sábado, 19 de junho de 2010


DE ONDE VEM O BAIÃO ?

Em tempos de fulerage-music,dança da bicicletinhas,Aviões do "forró," Saia rodada e outras perolas,não custa parafrasear o poeta:de onde vem o baião?Vem de baixo, do barro, do chão? José Ramos Tinhorão,estudioso da música popular brasileira,diz que o baião teve a sua origem em um tipo de batida de viola dos repentistas chamado exatamente de baião. O dito cujo diz que,provavelmente o baião nasceu de uma forma especial dos violeiros da zona rural do Nordeste tocarem lundus,que por lá chegaram com o nome de baiano.De baiano à baião foi um pulo de vários acordes e notas. A opinião do pesquisador é reforçada ao lembrar de um depoimento prestado por Luiz Gonzaga,O Rei do Baião,à revista Veja,em 15 de março de 1972:"Quando toquei o baião para ele(Humberto Teixeira),saiu a idéia de um novo gênero.Mas o baião já existia como coisa do folclore.Eu tirei do bojo da viola do cantador,quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida,aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. uns dizem que vem do baiano,outros que vem de baia grande.Daí o baiano que saiu cantando pelo sertão deixou lá a batida e os cantadores do nordeste ficaram com a cadência.O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que se falava: "Dá um baião aí..." tinha só o tempero,que o prelúdio da cantoria.É aquilo que o cantador faz,quando começa a pontilhar a viola,esperando a inspiração."
Para reforçar a sua opinião,o pesquisador cita ainda a folclorista Marisa Lira,em um artigo intitulado Maião I,da série Brasil sonoro,publicado no jornal Diário de Noticias do RJ,em 1° de março de 1958,onde afirma:"O baião é de um modo geral o ritmo da viola sertaneja.Tanto que no Ceará,Pernambuco e Paraíba,tocar baião significa marar na viola o ritmo alegre  com que se acompanha os cantadores nos desafios, improvisos e pelejas."Ou seja,Tinhorão confronta opiniões de duas fontes distintas,ambas abalizadas,e confirma a coincidência de informações.
Seguindo essa linha de raciocínio e procurando chegar às condições que propriciaram a aceitação do baião no meio urbano brasileiro,Tinhorão destaca ainda a contribuição dada a esse processo evolutivo pelo maestro Cearense Luro Maia.Precocemente falecido em 1950,aos 37 anos de idade,ele percebeu a opulencia melódica dessa fonte da música regional,criando um ritmo chamado de balaceio,que já não era mais o ponteio das violas,embora  dela aproveitasse o ritmo chamado de balanceio,que já não era mais o ponteio das violas,embora dela aproveitasse o ritmo,e nem era ainda o baião estilizado da forma como o organizaram Gonzagão e Humberto Teixeira. A música Baião,lançada em 1946,por Gonzagão e Humberto Teixeira,onde,segundo Tinhorão," o novo gênero se apresentava ,de maneira muito feliz,com uma letra em que,além de acentuar essa novidade,ainda revelava claramente o seu propósito de servir com ritmo de dança." E assim o baião ganhou popularidade rapidamente,pela vitalidade do seu ritmo,e conquistava o Brasil e o exterior em meados  da década de 1940.

William Veras de Queiroz  2010 D.C -São José do Rio Piranhas-Paraíba.

quinta-feira, 17 de junho de 2010


       O MASSACRE DA PEDRA DO REINO

                                   ( FINAL  )

    
          Dia  14 de Maio de 1838, a loucura toma conta dos moradores do reino.Parecia que de repente todos teriam perdidos a razão... como se fosse um sinal combinado,os guardas do "rei" puxaram seus facões e deram inicio a uma grande matança,executando mulheres,crianças ,velhos e animais,o que foi prontamente seguido pela maioria dos presentes,que assassinaram suas companheiras,filhos e pais,e lambuzavam as pedras com o sangue das vitimas. Começava então o periodo sangrento do Reino Encantado da Pedra Bonita. O vaqueiro apavorado fugiu a procura da fazenda do Major,gastando três dias,escondendo-se no mato para não ser pego pelos guardas do Reino Encantado. Ao final do terceiro dia de matança,o "rei" João ferreira tinha lavado com o sangue a base das duas pedras da serra do catolé e terrenos subjacentes. Além das dezenas de corpos de homens,crianças e mulheres(entre os quais,seu pai,sua mãe e uma cunhada),foram sacrificados 14 cães,cujos corpos foram colocados aos pés das pedras em grupos simétricos,conforme sexo,idade e qualidade dos mesmos. Estava disposto a continuar a carnificina,quando no dia 17,pela manhã,Pedro Antonio(seu cunhado),indignado com a morte de suas irmãs e julgando-se com mais direito ao reino por ser irmão do 1° rei da Pedra do Reino,disse ao povo que Dom Sebastião cercado de sua corte lhe aparecera na noite antecedente e reclamara a presença do "rei" João Ferreira,única vitima que faltava para operar-se o seu completo desencanto. E assim foi feito.
Nascia então o terceiro e mais curto reinado,sob o dominio do novo " rei " Pedro Antonio. Antes disso,o povo foi forçado a quebrar a cabeça do rei anterior,a extrair-lhe as entranhas e atar os pés e as mãos do seu cadáver naquelas árvores,por causa dos berros,das roncarias e dos sinistros movimentos que ele depois de morto executava com a boca.  A primeira medida do novo "rei" foi transferir-se,juntamente com os seus para outro local um pouco mais adiante das duas torres,no qual deviam desencantar D.Sebastião,visto que a fedentina era imensa,devido aos corpos alastrados pelo chão e já em estado de putrefação.
    Distante dali devia encontrar-se,no dia 18,com Simplicio Pereira,o Major Manoel Pereira da Silva,para juntos marcharem sobre a Pedra do Reino.Contudo,ao chegarem lá surpreendem-se com a mudança dos fanáticos e inicia-se grande combate entre as duas forças,não dando condições dos homens de Manoel Pereira utilizarem nem se quer suas espingardas. A luta foi de corpo a corpo com o grupo de loucos,cuja idéia era o martírio e a morte para ressurreição e vida eterna feliz no reino de D.Sebastião. Terminada a luta após duas horas do seu inicio,com fuga dos fanáticos e exterminio do Reino Encantado,restavam sobre o campo 22 cadáveres: o do "rei" com 12 dos seus seguidores,inclusive 3 mulheres e os de Cipriano e Alexandre Pereira da Silva-irmão do major-fato este que abalou profundamente.Ainda após a luta o Major e seu grupo,chega ao local,como havia combinado, o Capitão Simplicio Pereira,que travou novo combate com os fugitivos,desta vez,perdendo os adeptos do "Reino Encantado",mas oito companheiros. Em villa Bela,realizou-se o sepultamento dos irmãos do Major Manoel Pereira. Embora o primeiro "rei" da Pedra Bonita,tivesse abandonado a região,todos,principalmente a familia do major,atribuiram-lhe a responsabilidade pelas mortes acontecidas na região. Então,o Major enviou homens de sua confiança para trazerem o farsante,porém,na viagem de volta os emissários adoeceram gravemente de malária,e temendo que João antonio fugisse,matam-no,havendo quem diga que trouxeram as orelhas do "cabra" para a Fazenda Belém. Outras fontes contam que a viagem de volta,ao passarem perto das "Pedras do Reino", o fanático começou a entoar cânticos estranhos que atordoaram os guardas,que temendo morrerem ou permitirem a fuga do distinto,acabaram com a vida dele,livrando definitivamente toda a região da influencia do farsante,pontificando a trágica história do movimento Sebastianista no sertão central de Pernambuco. O sentido mistico-religioso do sebastianismo também contribuiu para o aparecimento de manifestações folclóricas no Brasil. Há registros de lendas sobre o retorno de Dom sebastião,como as do Touro Encantado e a do Rei Sebastião.

William veras de Queiroz  2010 D.C - São José do rio Piranhas- PB   

terça-feira, 15 de junho de 2010

    O MASSACRE DA PEDRA DO REINO 


                                                      PARTE  2



                  A prolongada estiagem  castigava o Sertão Central de Pernambuco. O Reino de Dom João Antonio,estava com os dias marcados.O sofrido sertanejo mais uma vez foi buscar no campo mistico respostas e soluções para os  problemas do cotidiano,o tal  dia da redenção daquela gente parecia distante e a impaciencia tomava conta daquele reinado,Dom João,que circulava entre seus súditos com uma corôa feita de cipó,encontrou na beberagem, um chá a base de manacá com jurema,um é raiz; e a outra erva,ambos,fortes alucinógenos,servidas durante as cerimônias por João Ferreira,o herdeiro do trono, a paz que a inquietude daquela gente reclamava. O Rei continuava prometendo o chão sagrado do semi-árido sem pobreza,a comunidade vivia nos moldes socialista,onde todos produziam para coletividade.Nos domingos, realizavam-se casamentos,oficializados pelo bispo frei Simão,investido pelo próprio "rei" e depois todos eram obrigados a ouvirem as pregações do "soberano, que dizia que em sonho  Dom Sebastião" tinha dito que somente regando as pedras com sangue humano é que ele desencantaría junto com seu reinado e sua catedral. Só assim todos ficariam ricos e todos pretos se tornaríam brancos e velhos tornaríam jovens novamente. E todos que tivessem morridos no sacrificio pelo reino,retornariam ricos,belos e imortais.Com a pressão externa da igreja Católica,fazendeiros  e da sociedade, e mais uma vez Dom João Antonio foi convencido pelo Padre Francisco José Correia de Albuquerque a deixar aquela loucura e assim o "rei " atendeu o apelo do Padre e partiu,  passando a coroa de rei para seu cunhado João Ferreira, que se torna o mais fanático e cruel rei da pedra bonita. E assim, em 14 de maio de 1838, João Ferreira informou que a noite tivera com Dom Sebastião e este estava muito triste com todos por não realizarem sacrificios para a restauração do seu reino(com muito sangue de humanos e animais tingidos sobre as pedras,caso contrário jamais ressucitaría).O clima de desconfiança era geral entre aqueles miseraveis,que tinham deixado tudo para traz na esperança de uma vida melhor e que agora teriam que pagar com a própria vida o custo de ter uma prosperidade futura e desconhecida,dias de tensão e silêncio habitaram por aquelas terras da velha comarca de vila bela.

William Veras de Queiroz  2010 D.C -São José do Rio Piranhas-Paraíba.

                             

quarta-feira, 2 de junho de 2010


                      O MASSACRE DA PEDRA DO REINO
                                             PARTE 1

          Em luta contra os mouros em alcácer-Quibi, na África,em 1578,tomba morto o Rei de Portugal ,Dom Sebastião. O corpo do rei no entanto não foi reconhecido entre os que morreram no combate,fazendo circular em Portugal a noticia que o rei não estava morto,e sim tornara prisioneiro dos Mouros,sendo enfeitiçado,e logo que o feitiço fosse quebrado o Rei retornaría a Portugal para restabelecer a grandeza do reino português. as lendas criadas em torno do rei morto chegara ao Brasil através dos imigrantes,fazendo nascer no brasil,principalmente no Nordeste, vários focos do movimento Sebastianista,destacando o da Pedra Bonita,na serra do catolé,em São José do Belmonte,outrora comarca de Vila bela(Serra Talhada)Pernambuco. E assim durante tres anos de 1835 a 1838,em Pernambuco,uma comunidade com cerca de mil pessoas morou  próximo as pedras de 30 e 33 metros de altura. as crenças eram baseadas no Sebastianismo,pregada pelo jovem mameluco,João Antonio e por seu possivel sucessor João Ferreira. João Antonio apareceu nas ruas de vila bela com duas pedras brilhantes na mão,que afirmava trata-se de diamante que tinha encontado na lagoa azul,perto do sitio onde morava. Segundo João Antonio o local da mina foi revelado a ele por Dom Sebastião, e ficava perto de duas pedras em formas de torres,que na verdade era uma catedral encantada,que juntamente com o rei desencantaría para se fazer o tão desejado reino. Dizia  para que desse inicio o processo de desencantamento do reino,tería que ser cumpridas algumas profencias,entre elas casar com Maria,que era a moça mais bonita da redondeza e dessa forma aconteceu atraindo um grande número de seguidores da região. Junto com Maria,ele se muda para a pedra bonita,que já estava sendo procurada por moradores daqueles sertões,fazendo nascer em volta um grande acampamento nos moldes de um reino. Devido ao êxodo das cidades em busca do reino de Dom João Antonio e da Rainha Maria,as autoridades locais se preocuparam e comunicaram ao Padre Francisco Correia de Albuquerque, que convocou  João Antonio a comparecer a comarca local para prestar alguns esclarecimentos e assim conseguiu apreender os supostos diamantes,sem que houvesse qualquer resistência. E assim as autoridades acreditaram que tudo foi resolvido. Em 1838,em Vila Bela, um vaqueiro sumido da região de Floresta, e que dizia que seu sumiço era atribuido a  o encanto da pedra do reino e de João Antonio. A lenda do reino de dom sebastião e da pedra bonita percorria os sertões,para desespero das incredulas autoridades sertaneja.

William Veras de queiroz 2010 D.C -São José do Rio Piranhas - Paraíba.