sábado, 29 de junho de 2019



Em Pernambuco, as comemorações dos santos juninos se iniciam no mês de março. A partir de então, timidamente, começa o período de preparação dos festejos. No mês de junho, ocorrem as Trezenas de Santo Antônio e no dia 13 tem lugar a Procissão dos Lírios. Nesse mesmo período do ano, estende-se o olhar para as casas de culto afro-brasileiro e percebe-se que as festas juninas foram transfiguradas por uma releitura dentro da especificidade do processo histórico e do contexto sociocultural brasileiro em que a população afrodescendente encontra-se inserida. Essa releitura, que tinha com referência o ano litúrgico católico, produziu um novo modelo festivo. No dia de São Pedro, o guardião das chaves, o estado se (re)veste de devoção e festa. Dia esse regado à muita bebida e forró, afinal, o ciclo junino só termina em 26 de julho, Dia de SantaAna. É possível encontrar um programação extensa de atrações culturais nos municípios pernambucanos. Ainda resta fôlego? Então vamos cair no forró.

sexta-feira, 28 de junho de 2019




Cheiros,sabores,saberes. Partindo do pressuposto de que culinária e ser humano mantém íntima relação desde os primórdios, acredita-se que os alimentos estão visceralmente ligados a cultos religiosos, a festividades, implicações mágicas, a simbologia e a superstições. A finalidade não é só a alimentação, é, sobretudo, a recorrência a tradições e rituais. O ciclo junino apresenta uma culinária com características bem típicas, e se espalhou por todo o país com intensidades diferentes. No nordeste, coincide a culminância da colheita do milho, plantado três meses antes, nos festejos de São José. Portanto, o cardápio da festa junina não pode passar sem o cereal, consumido em múltiplas apresentações: assado, cozido na água e sal, sobre a forma de bolo, de canjica, de pamonha. Em Pernambuco, por exemplo, se come milho em qualquer época do ano. Neste momento, certamente, tem um um milho quentinho saindo para viagem.

quinta-feira, 27 de junho de 2019




Tu pensa que acabou, foi? Acabou não, tem forró que só a gota. Já imaginou caminhar ao som do forró pelas ruas do Recife Antigo? ACaminhada do Forró vai encher de música as ruas do bairro, amanhã (27/6). Este ano o evento homenageia a figura do sanfoneiro, ícone da música nordestina. A concentração começa às 17h, na Rua da Moeda, e, às 19h, o grupo de sanfoneiros inicia o cortejo até a Praça do Arsenal. No palco, haverá um sexteto sanfônico formado por Cezzinha, Terezinha do Acordeon, Luizinho de Serra, Nenén Oliveira, Zé Bicudo e Derico Alves, às 20h. Se ainda tem forró? Tem muito!

sexta-feira, 21 de junho de 2019



São João: Senhor do Bonfim homenageia cantor Flávio José


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Imagem: Divulgação
Conhecida como “A capital baiana do Forró”, a cidade de Senhor do Bonfim, distante 380km de Salvador, programou cinco dias de muito arrasta-pé no parque que leva o nome de Gonzagão. Por lá, entre 20 e 24 de junho, passarão atrações como Flávio José, Dorgival Dantas, Cicinho de Assis, Caninana, Fulô de Mandacaru, Flávio Leandro, Geraldo Azevedo, Arreio de Ouro, Renan Mendes, além de outros forrozeiros e atrações regionais.
Mas não é só no Espaço Gonzagão que terá festa. Outros três circuitos animarão os moradores e turistas de Bonfim. São eles: Forró da Feira, que homenageia Thomaz do Acordeon, a Praça Nova do Congresso, que abrigou o palco principal até o início dos anos 2000 e hoje se chama espaço Assis do Acordeon e o Trem do Forró, que percorre os trilhos da cidade com muito arrasta-pé a bordo.
Quem já passou o São João em Bonfim sabe que a cidade respira forró. Durante o dia é fácil ver grupos de pífanos pela cidade e também estabelecimentos comerciais com o som nas alturas, tocando músicas de  forrozeiros como Adelmário Coelho, Alcymar Monteiro e Flávio José.
E por falar em Flávio José, o paraibano será o homenageado deste São João na “Capital Baiana do Forró”. Intérprete de canções que mararam época nos festejos juninos da cidade, Flávio José já coleciona mais de 20 participações no São João bonfinense, ele disse estar emocionado com a homenagem promovida pelo prefeito Carlos Brasileiro.(São João na Bahia)

quinta-feira, 20 de junho de 2019



                         Bacamarteiros
Lúcia Gaspar






Bacamarte é uma arma de fogo, de cano curto e largo, também conhecida comogranadeira, reiuna, reuna ou riuna, principalmente, no Nordeste brasileiro. As granadeiras ou bacamartes que serviram na Guerra do Paraguai, em 1865, foram modificadas para que as armas se adaptassem ao uso dos bacamarteiros nas festas do interior de Pernambuco. Desde os fins do século XIX, grupos de bacamarteiros se exibem em Caruaru durante as festas juninas.

De um modo geral, o folguedo se constitui de homens portando bacamarte, que são disparados com cargas de pólvora seca, em homenagem aos santos padroeiros ou em cerimônias cívicas e políticas.

Em Caruaru, os bacamarteiros reúnem-se em grupos, troças ou batalhões, sob a chefia de um sargento e o controle geral de um comandante, que responde, perante às autoridades, pelos atiradores durante as apresentações.

A forma como os bacamarteiros se agrupam é bastante primitiva. Não há formalidades ou regulamentos. Só é necessário possuir um bacamarte, obedecer ao sargento e saber manejar a arma. A sanfona de 8 baixos, o triângulo, o zabumba de couro curtido e a banda de pífanos, acompanham os bacamarteiros de Caruaru, ao som de uma melodia de xaxado, que é acelerada nos desfiles ou lenta nas evoluções, na apresentação das armas, na frente das Igrejas e antes do início das salvas. O vestuário compõe-se de roupa de zuarte (algodão azul), lenço no pescoço, chapéu de couro, alpargatas e cartucheiras de flandre. Os bacamarteiros oriundos dos brejos, usam chapéus de abas largas, quebrado na frente, enfeitados com flores silvestres. Eles também colocam flores nos canos das armas.

Os comandantes exibem estrelas nos ombros e nos chapéus e usam bengalas ou guarda-chuvas como símbolo de comando. Apesar de Caruaru ser o maior pólo de bacamarteiros no Estado, existem também grupos em outros municípios pernambucanos como Cabo, Limoeiro, Belo Jardim.


TRIO NORDESTINO - Grande Sucessos




                TRIO NORDESTINO



O Trio Nordestino original foi formado no início de 1958,em Salvador ,Bahia,o trio surgiu após a separação do grupo que acompanhava Luiz Gonzaga,formado  por Lindú (voz e sanfona), Coroné (zabumba) e Cobrinha (triângulo).[1] Na época, tiveram a ajuda do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O nome Trio Nordestino foi dado por Helena, esposa de Luiz. Este foi o Trio Nordestino original, seguido depois por todas as variações do trio comentadas neste artigo até a formação atual.
Fazendo o circuito de casas noturnas de Salvador, quando estavam trabalhando para a boate Clock, conheceram o recém-contratado Gordurinha, músico e compositor que iria abrir as portas do Rio de Janeiro. Com a promessa de gravar um disco, Gordurinha levou-os a Odeon Records e a RCA, onde não tiveram oportunidade. Numa nova tentativa, desta vez na Copacabana Discos, passaram no teste dirigido por Nazareno de Brito. Contratados, gravariam dali a dez dias um álbum completo com 12 músicas.
Em busca do sucesso, o Trio resolveu tentar uma participação no famoso programa O Trabalhador Se Diverte, da Rádio Mayrink Veiga, comandado por Raimundo Nobre. Ao chegarem no auditório do programa, encontram Luiz Gonzaga e imediatamente lhe pedem para que mostre o caminho das pedras no Rio de Janeiro. Gonzagão se recusa a dar ajuda e continua a ensaiar. Frustrados com o ídolo, apelam para Raimundo que, depois da insistência de Gordurinha, concordou com a apresentação de apenas uma música, "Carta a Maceió", sucesso instantâneo entre o público do auditório, que aplaudia com fervor pedindo bis. A partir daí tudo mudou; Raimundo pediu à Ângela Maria, a atração seguinte, que cedesse para o Trio Nordestino cinco dos seus dez minutos de apresentação. Ela, que tinha adorado "Carta a Maceió", aceitou o pedido e transformou-se na madrinha do Trio, que pôde apresentar mais dois números. Isso garantiu um contrato com a rádio para se apresentarem em programas ao lado da própria Ângela e de artistas como Luiz Gonzaga e Nelson Gonçalves.
Com o sucesso da canção e de "Chupando gelo", presentes no primeiro disco, o Trio passou a gravar um LP por ano, lançando vários sucessos. Famosos, partiram para o Nordeste junto com Luiz Gonzaga por 75 dias, para fazer a propaganda de uma marca de cachaça. Foi nessa ocasião que, jantando no Recife, Gonzagão relembrou o pedido de ajuda feito pelo Trio no auditório da Rádio Mayrink e disse: Se eu tivesse ajudado, vocês teriam se acomodado e hoje não teriam alcançado a marca de vendas que ultrapassa a minha. Desde então Gonzagão passou a ajudá-los e uma longa amizade foi selada. Depois de 11 obras na Copacabana Discos, migraram para a CBS em 1967. Em 1969, Lindú sofreu um acidente de carro que requeria mais de um ano de tratamento. Mesmo assim, a nova gravadora resolveu dar continuidade ao trabalho, levando o sanfoneiro de ambulância para os estúdios de gravação. Em 1970 saiu o disco com a música "Procurando tu", de Antônio Barros, que se transformou no maior sucesso do Trio Nordestino, alavancando mais de 1 milhão de cópias vendidas e levando-os das paradas sertanejas para as rádios dos mais diversos segmentos em todo o país. O sucesso nacional levou o Trio a permanecer no primeiro lugar do programaSílvio Santos, na TV, durante 90 dias e a receber da CBS o troféu Chico Viola pelo segundo lugar na vendagem de discos de 1970. O primeiro lugar foi de Roberto Carlos.
O sucesso continuou durante toda a década e trouxe Luiz Gonzaga e o forró de volta às principais rádios. Ainda foram responsáveis pelo enriquecimento do ritmo, introduzindo no forró de raiz (zabumba, triângulo, sanfona) uma segunda sanfona e a bateria. Em 1982, já de volta à Copacabana Discos, Lindú morre devido a uma insuficiência renal. Decididos a continuar com o forró, em nome de um pacto feito quando tinham acabado de formar o Trio Nordestino, Coroné e Cobrinha encontram em Genaro o substituto para o sanfoneiro. Assim atravessaram a década de 80, até a saída de Genaro, no início dos anos 90, sendo substituído por Beto Souza, afilhado de Lindú. Em 1994, o Trio Nordestino sofreu outra baixa. Dessa vez, um câncer de intestino levou Cobrinha e seu triângulo. Deprimido, Coroné quase abandona a zabumba. Porém, um sonho e a lembrança do pacto feito há mais de 30 anos em nome do forró, o manteve na estrada. O substituto de Cobrinha foi encontrado em Luís Mário, que outrora era adepto do rock, mas que herdou a voz e o talento do pai, Lindú, e se bandeou de vez para o forró.
Pouco tempo depois, em 2000, confirmando a profecia de Gonzagão quando estava perto da morte, o forró voltou a ser sucesso nacional, alavancado por Gilberto Gil e os hits da trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles e com o surgimento de grupos novos como o Falamansa e o Forróçacana. Isso permitiu que o Trio Nordestino voltasse às paradas com sua nova formação, prestigiada por um público renovado e jovem. Levados pela nova onda, foram quatro vezes à Europa, onde fizeram concorridos shows em Paris, no famoso restaurante Favela Chic, e em Londres, por intermédio do Bar do Luiz, frequentado pela colônia brasileira.
Em 2017, o álbum Trio Nordestino Canta o Nordeste foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum de Raizes Brasileiras.

Integrantes

Formação Original

  • Lindú - voz e sanfona
  • Coroné - zabumba
  • Cobrinha - triângulo

Formação atual

  • Luís Mário - triângulo e voz
  • Beto Souza - sanfona
  • Coroneto - zabumba

Discografia

  • 1963 - Trio Nordestino (Chupando Gelo)
  • 1964 - Pau-de-Arara é a Vovózinha
  • 1965 - Aqui Mora o Xaxado
  • 1966 - O Troféu é Nosso
  • 1966 - Prece ao meu Sertão
  • 1967 - Vamos Xamegá
  • 1968 - É Forró que Vamos Ter
  • 1969 - Nós Estamos na Praça
  • 1970 - No Meio das Meninas
  • 1971 - Ninguém Pode com Você
  • 1972 - Renovação
  • 1973 - Primeiro e Único
  • 1974 - Trio Nordestino (Chililique)
  • 1975 - Forró Pesado
  • 1976 - O Alegríssimo Trio Nordestino
  • 1977 - Estamos Aí para Balançar
  • 1978 - Os Rouxinhos da Bahia
  • 1979 - Trio Nordestino e o Homem de Saia
  • 1980 - Corte o Bolo
  • 1981 - Ô Bicho
  • 1982 - Dia de Festejo
  • 1983 - Amor para Dar
  • 1984 - Com Amor e Carinho
  • 1985 - Forró de Cima a Baixo
  • 1986 - Forró Temperado
  • 1987 - Forró de Categoria
  • 1988 - Na Intimidade do Trio Nordestino
  • 1989 - Festa do Povão
  • 1990 - Trio Nordestino Somos Nós
  • 1991 - Vale a Pena Ouvir de Novo, vol. 1
  • 1994 - Vale a Pena Ouvir de Novo, vol. 2
  • 1997 - Xodó do Brasil
  • 1999 - Nós Tudo Junto
  • 2001 - Balanço Bom
  • 2003 - Baú do Trio Nordestino
  • 2004 - Baú do Trio Nordestino, vol. 2
  • 2006 - Meu Eterno Xodó
  • 2007 - Nova Geração
  • 2008 - 50 Anos
  • 2009 - O Povo Quer Forró
  • 2011 - Tá Ligado Doido
  • 2012 - A Bahia do Trio
  • 2017 - Canta o Nordeste

Trio Nordestino 1° disco 1963 completo

terça-feira, 18 de junho de 2019

As festas juninas no Brasil são, em sua essência, multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha se originado nas festas dos santos populares em Portugal: a Festa de Santo Antônio, aFesta de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo principalmente. A música e os instrumentos usados (cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos ao Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão. As roupas caipiras ousaloias são uma clara referência ao povo campestre que povoou principalmente o nordeste do Brasil e pode-se encontrar muitíssimas semelhanças no modo de vestir caipira no Brasil e em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais iniciaram-se em Portugal, junto com as novidades que, na época dos descobrimentos, os portugueses trouxeram da Ásia, tais como enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite. A dança de fitas típica das festas juninas no Brasil origina-se provavelmente da Península Ibérica.
No Brasil, recebeu o nome de "junina" (chamada inicialmente de "joanina", de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegadas a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já havia sido trazida ao Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populaçõesindígenas e afro-brasileiras.
As grandes mudanças no conceito artístico contemporâneo acarretaram na "adequação e atualização" dessas festas, em que ritmos e bandas não tradicionais aos tipicamente vivenciados são acrescentadas às grades e programações de festas regionais, incentivando o maior interesse de novos públicos. Essa tem sido a aposta de vários festejos para agradar a todos, não deixando de lado os costumes juninos. Têm-se, como exemplo, as festas no interior da Bahia, tais como a de IbicuíAmargosa e a de Santo Antônio de Jesus, que, apesar da inclusão de novas programações, não deixa de lado a cultura nordestina do forró, conhecido como "pé de serra" nos dias de comemoração junina.
A festa brasileira de São João é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João Batista, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, integram a tradição as comidas feitas dele, tais como a canjica, a pamonha, o munguzá, o milho cozido, a pipoca e o bolo de milho. Também pratos típicos das festas são oarroz-doce, a broa de milho, a cocada, o bom-bocado, o quentão, o vinho quente, o pé-de-moleque, a batata-doce, o bolo de amendoim, o bolo de pinhão etc.[2]
O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não, onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou então um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.

Festa junina brasileira, com bandeirinhas coloridas e dançarinos de quadrilha, fotografados emSalvador.
Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos da festa de São João; são parte da tradição popular em geral. Nessas festas, encontram-se imensas semelhanças entre o Brasil e Portugal, mas não só. Na África e na Ásia, Macau,ÍndiaMalásia, na Comunidade Cristang, os portugueses deixaram bem marcada essa tradição dos santos populares.
Atualmente, os festejos realizados em cidades do Norte e Nordeste do Brasil dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo, Senhor do BonfimSanto Antônio de Jesus e Cruz das Almas na Bahia; Aracaju em SergipeCaruaruPetrolina eArcoverde em PernambucoCampina Grande na ParaíbaMossoró no Rio Grande do NorteJuazeiro do Norte no Ceará;São Luís no Maranhão; e Cametá no Pará; dentre outros. Caruaru e Campina Grande realizam as maiores festas juninas do Brasil, cada uma delas durando 30 dias. O São João de Caruaru está consolidado no Guinness Book como a maior festa regional ao ar livre do mundo, e Campina Grande realiza a festa intitulada "O Maior São João do Mundo".[1]
Outra região conhecida pelas festividades no mês de junho é o interior de São Paulo, onde ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. A culinária local apresenta pratos característicos da época, tais como a paçoca, o pé-de-moleque, o bolinho caipira, os pastéis, a canjica e outros. As quermesses atraem também músicos sertanejos e brincadeiras para os mais novos.[carece de fontes]

Tradições e costumes

Origem da fogueira

De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa árvore de natal, a fogueira a volta do 25 de junho tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França).
Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes num acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e, assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

Os balões

O uso de balões e fogos de artifício durante a festa de São João no Brasil está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Esse costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil e se mantém em ambos os lados do Oceano Atlântico, sendo que é na cidade do Porto, em Portugal, onde mais se evidencia. Fogos de artifício manuseados por indivíduos e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa na Região Nordeste do Brasil, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis com desejos e pedidos são atados ao balão.
Os balões serviam para avisar que a festa iria começar. Eram soltos de cinco a sete balões para indicar o início da festança. Os balões, no entanto, estão atualmente proibidos por lei em muitos locais, como no Brasil, devido ao risco de incêndio e mortes.
Durante todo o mês de junho, é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como "traque", "chilene", "cordão", "cabeção-de-nego", "cartucho", "treme-terra", "rojão", "buscapé", "cobrinha", "espadas-de-fogo", "chuvinha", "pimentinha", "bufa-de-vei" , "biribinha" e "bombinha".

O mastro de São João


Festa junina no Engenho VelhoRio de Janeiro
O mastro de São João − conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos Populares − é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas, em geral, três bandeirinhas simbolizando os santos. Apesar de, hoje em dia, ter uma significação cristã bastante enraizada e ser, entre os costumes nas festas juninas, um dos mais marcadamente católicos, o levantamento do mastro se originou no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.
Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho ao se celebrarem as festas desse mês. O mesmo costume ocorre também na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, Midsommarafton. O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. A tradição do Cambeiro é celebrada em Janeiro. Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e seus enfeites.

Quadrilha

Ver artigo principal: Quadrilha (dança)

Dança de crianças de uma classe do ensino fundamental 1 na festa junina de uma escola no município deCoronel Fabriciano, em Minas Gerais.
A quadrilha brasileira originou seu nome numa dança de salão francesa para quatro pares, a quadrille, em voga na Françaentre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A quadrille francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento dacontredanse, popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A contredanse se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
quadrille veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris −dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias deVictor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque.
Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras preexistentes, tendo subsequentes evoluções (entre elas, o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta dança teve seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu influências do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.

Uma quadrilha de Sergipe
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil e na Europa entre os começos do romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha − assim como outras danças brasileiras, como o pastoril −, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica, de certa maneira, o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de algum ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX, e seu grande apelo popular atual, aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito por estabelecimentos de ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.
Desde do século XIX, em contato com diferentes danças mais antigas do país, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
  • "Quadrilha Caipira" (São Paulo)
  • "Saruê", corruptela do termo francês "soirée", "noite"[3] (Brasil Central)
  • "Baile Sifilítico" (Bahia)
  • "Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
  • "Quadrilha" (Sergipe)
  • "Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente acompanham a quadrilha, encontram-se o acordeão, o pandeiro, o zabumba, o violão, o triângulo e ocavaquinho. Não há uma peça musical específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou demarchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.

"Quadrilha Caipira" (São Paulo)
Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é ele quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.
Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do Nordeste do Brasil (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral, o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial e a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.
No nordeste brasileiro, é utilizado o forró, assim como ritmos aparentados tais como o baião, o xote, o reisado, o samba de coco e as cantigas típicas das festas juninas.

Costumes populares


Menina com roupas típicas de festa junina

Festa junina caipira

Bandeirinhas de festa junina emRio BrancoAcre
As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas do Brasil caipira, ou seja, dos estados de São PauloParaná (norte), Minas Gerais (sobretudo na parte sul) e da Região Centro-Oeste.[4][5]
No Nordeste brasileiro, pequenas ou grandes festas reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e forró. É comum os participantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha. No interior de São Paulo, ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras.

Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio

O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse carácter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos dedicados a esses santos:
Confessei-me a Santo Antônio, confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:
Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. Para conseguir namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido; rezar um pai-nosso e uma salve-rainha, pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama; ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.
No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.