terça-feira, 31 de outubro de 2017





Documentário sobre mulheres pescadoras começa a ser filmado no Recife

'Entremarés' é o primeiro curta-metragem de Anna Andrade e conta com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura.


As mulheres da Ilha de Deus, comunidade no bairro da Imbiribeira (Recife), são as protagonistas do documentário Entremarés, que começou a ser filmado nesta segunda-feira (30). Primeiro documentário da produtora e realizadora pernambucana Anna Andrade, o filme vai evidenciar o cotidiano e o trabalho de mulheres que sobrevivem da atividade de pesca de camarão na capital pernambucana.
Adalberto Oliveira
Divulgação
Filmagens do documentário seguem até 4 de novembro
O projeto audiovisual é um dos selecionados no último edital Funcultura Audiovisual, da Secult-PE e Fundarpe, e tem a proposta de apresentar as relações dessas mulheres com sua comunidade, suas memórias e discutir o impacto do desenvolvimento de Recife em suas atividades. Para a diretora, “vivemos em uma cidade cortada por rios e pontes conhecidas por todos e muitas vezes ilustradas em cartões postais, mas poucas pessoas conhecem a Ponte Vitória das Mulheres (que liga a Ilha de Deus à cidade) e a sua história”. Anna pretende apresentar um olhar além dos estereótipos sobre a Ilha de Deus, destacando a força e a importância das mulheres na história e na evolução da comunidade.
A Ilha de Deus fica situada numa grande reserva de estuário inserida no perímetro urbano da cidade do Recife. Está num dos maiores manguezais urbanos do mundo, entre os bairros da Imbiribeira e Pina, com cerca de 2 mil habitantes que vivem cercados por águas, palafitas, construções urbanas. Sobrevivem da pesca de camarão, sururu, pesca artesanal e extração de insumos desse ecossistema.
A iniciativa da diretora nasceu de sua relação com o local. Desde a adolescência, Anna sentia o desejo de fazer com que a população percebesse as mudanças em um ambiente que já foi considerado um dos mais violentos da cidade. Uma realidade que, pela motivação dos moradores, principalmente das mulheres, tem se modificado.
Adalberto Oliveira
Divulgação
Primeiro curta-metragem de Anna Andrade surgiu do envolvimento pessoal da diretora com a Ilha de Deus
A equipe do filme é formada por Anna Andrade (direção e roteiro), Caio Sales (assistente de direção e direção de produção), Laura Martinez (Direção de Produção), Josuel Moriarty (assistente de produção), Adalberto Oliveira (fotografia), Catharine Pimentel (assistente de fotografia), Lucas Caminha (som direto), Daniela Azevedo (produção executiva), Aline Sales, Bruna Belo e Mariana Medeiros (fotógrafas still). As filmagens acontecem até o dia 4 de novembro e a previsão é de que o filme seja finalizado no início de 2018.
Sobre Anna Andrade
Produtora cultural e realizadora audiovisual, é graduada em produção cultural e pós-graduada em gestão de projetos. Atua nas áreas de música e literatura desde 2009 e desde 2014 trabalha no audiovisual, na produção de curtas e longas-metragens, além de atividades de formação e participação em coletivos e entidades locais que lutam por melhorias no audiovisual, como o MAPE – Mulheres no Audiovisual PE, e ABD-PE/Apeci – Associação Brasileira de Documentaristas de Pernambuco / Associação Pernambucana de Cineastas. Entremarés é seu primeiro roteiro, realizado através do incentivo do 9ª Edital Funcultura Audiovisual, promovido pelo Governo do Estado de Pernambuco, através da Secult-PE e Fundarpe.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017





MESTRE ZÉ NEGÃO E O COCO DE SENZALA, A VOZ DA ÁFRICA EM PERNAMBUCO

Há um sambinha composto por Gilberto Gil cuja letra vaticina: “Aparece a cada cem anos um/ E a cada 25 um aprendiz/ Aparece a cada cem anos um mestre da canção no país”. Licenças poéticas à parte, não há como precisar com tanta certeza de quanto em quanto tempo surgem figuras como Mestre Zé Negão, percussionista, educador, ativista e uma referência para muita gente quando o assunto são manifestações da cultura popular, sobretudo aquelas de origem negra e relacionadas à musicalidade. É certo, por outro lado, a humildade com a qual carrega o título no nome artístico. Aos 67 anos, prefere ser identificado como brincante ou “admirador da brincadeira”.


Reconhecido pelo Ministério da Cultura como Griô de Tradição Oral, o homem de vida simples à frente do Laboratório de Intervenção Artística (Laia), na comunidade João Paulo II, em Camaragibe, há muito tem se dedicado aos cantos do período escravagista. O “coco de senzala”, como ele chama, resgata canções entoadas pelos escravos quando, diante de uma boa safra, recebiam a anuência dos senhores para festejar. “Nas músicas, conto a história de quando os negros chegaram no Brasil e uma parte foi trabalhar nos engenhos e outra nas fazendas, onde tinha plantação de frutas”, explica.



As letras das canções - curtas e diretas - fazem referência ao cotidiano de sofrimento diante das longas jornadas e dos castigos físicos. Os mais atormentados, frisa Zé Negão, eram os negros designados para trabalhar com cana-de-açúcar: “Só dava trabalho e não dava alimentação, porque o camarada não vai se alimentar de caldo de cana, não é? Esses tinham que comer os restos da casa-grande”, fala com propriedade o neto de escravos e ex-cortador de cana. “O negro se sentia obrigado a cantar. Trabalhava cantando para diminuir o sofrimento. Naquela época, a moenda do engenho era toda no braço, com quatro negros puxando”.

Nascido em 1950 em Goiana, na Zona da Mata Norte, José Manoel dos Santos se aproximou da música popular por muitas frentes. Criado somente pelo pai, rodeado por dificuldades financeiras, batia ponto na porta dos terreiros em busca de alimento para o corpo e para a alma. Antes das cerimônias religiosas, pegava carona no mungunzá e arroz doce distribuído para os visitantes. Por ser proibido de entrar devido à pouca idade, espiava pela janela, encantado com os batuques potentes.



Outra influência musical foram as chamadas bandas de música de Goiana: Curica (a mais antiga do Brasil, fundada em 1848 pelos conservadores) e Saboeira (a rival, ligada aos liberais). Sem tomar partido, ele assistia às duas com o mesmo gosto, assim como visitava os cocos e os cavalos marinhos. A formação incluiu, ainda, performances da escola de samba Bafo de Onça (pela qual já desfilou vestido de Saci Pererê) e as rodas de capoeiras realizadas “no meio do mato”. Todas as experiências foram levadas na bagagem quando se mudou para Camaragibe depois de uma enchente. Desde então, está envolvido com transmissão de conhecimento sobre cultura popular. 



Hoje, Mestre Zé Negão alimenta dois sonhos. O primeiro é conhecer o continente africano, origem das manifestações culturais pesquisadas por ele. O segundo é gravar CD com as canções do coco de senzala com as quais se apresenta há tantos anos. O disco já tem nome: Tumbeiro, em referência aos navios encarregados por trazer escravos ao país. "Cada um trazia 600 negros. No meio do caminho morria a metade. Mas ainda assim valia a pena. Então meu desejo é divulgar essa história, junto com a musicalidade que veio da África. A diferença é que agora o Tumbeiro não vai trazer escravo e, sim, esperança". 

CAMPANHA 
Amigos e admiradores de Mestre Zé Negão têm se mobilizado para viabilizar a gravação do primeiro disco do coquista (clique aqui para informações sobre a campanha). Diante da falta de incentivos para o registro fonográfico, ele demonstra um misto de resignação e tristeza.

"A cultura maltrata o artista. Quem faz arte não consegue sobreviver através dela. A importância desse projeto é divulgar a cultura brasileira. A cultura que foi e é esquecida, que a população não conhece e as escolas não trabalham em sala de aula".

sábado, 28 de outubro de 2017

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Museu do Trem recebe Orquestra de Flautas da Escola de Criatividade Musical

Por Clara Albuquerque
Nesta sexta-feira (27), às 16h, o Museu do Trem receberá a Orquestra de Flautas da Escola Técnica Estadual de Criatividade Musical (ETECM) para uma apresentação inédita. Formado em 2017, é a primeira apresentação do grupo que conta com 18 flautistas, entre estudantes e professores. A atividade, aberta ao público, faz parte da programação de aniversário de 35 anos da ETECM.
Jan Ribeiro
Jan Ribeiro
Ensaio da Orquestra de Flautas
O repertório da orquestra apresentará uma variedade de estilos musicais, a exemplo de peças eruditas, choros e valsas brasileiras. “O projeto é novo, um dos únicos do país e o único do nosso estado. A Orquestra, também, contará, em algumas músicas, com a participação de instrumentos como pandeiro, violão e teclado. Nessa primeira apresentação, estaremos comemorando os 35 anos da ETECM mas nossa pretensão é ter uma rotina cada vez mais atuante no cenário musical, iniciando aqui na capital pernambucana mas sempre buscando explorar novos horizontes, participando de projetos e buscando o apoio de instituições públicas e privadas”, diz Wendell Bento, professor da ETECM e regente da Orquestra.
Bráulia Vital e Eneyda Rodrigues, também professoras da casa, estão na coordenação das atividades da Orquestra. “A ideia de montar uma orquestra de flautas, sugestão do nosso coordenador de eventos, foi muito bem vinda por nós professores que já trabalhávamos com grupos menores como quartetos e quintetos de flautas. Foi uma excelente oportunidade de integrar alunos de diferentes professores, o que tem sido uma movimentação muito interessante. As expectativas para esta apresentação são muito boas. Só vejo vantagens e continuarmos com os ensaios e apresentações, especialmente, pelo interesse e motivação dos alunos”, explica a professora Eneyda Rodrigues.
Jan Ribeiro
Jan Ribeiro
Programação celebra os 35 anos da Escola
Estudantes de diversos níveis têm trocado experiências durante os ensaios da orquestra, é o exemplo de Heitor Albuquerque dos Santos, de 28 anos, estudante do segundo ano do curso técnico. “Tocar nessa orquestra tem sido uma experiência muito gratificante e desafiadora como músico por se tratar de um repertório muito bonito mas que exige uma grande sinergia entre os flautistas. Tem sido um grande aprendizado pois é um momento onde conversamos com colegas que porventura estudam em um horário diferente. Eu espero que a primeira apresentação toque as pessoas, pois o repertório é muito bonito”, diz ele. Já Sharlyni Kercia da Silva, 24, é estudante concluinte do mesmo curso. “Pra mim é uma grande satisfação participar, tendo em vista que não existem muitas orquestras com esse tipo de formação formação em Recife. O nosso repertório tem músicas bastantes conhecidas. Tenho expectativas de que o público vai se sentir bem envolvido com a nossa apresentação”, diz ela.
A ETECM conta com mais uma apresentação especial de comemoração aos seus 35 anos que ocorrerá no dia 14 de dezembro, às 19h, no Teatro Arraial Ariano Suassuna com a presença do grupo Chorões da Aurora. Outros eventos que fazem parte do calendário da Escola, também, comemorarão o seu aniversário a exemplo do Festival Aurora Musical (FAM), que ocorrerá de 7 a 10 de novembro, e o Flashmob, agendado para 5 de dezembro.
ORQUESTRA DE FLAUTAS ETECM – A Orquestra de Flautas da Escola Técnica Estadual de Criatividade Musical nasceu de um sonho entusiasmado nos corredores da escola. Abraçado abruptamente pela professora Eneyda Rodrigues, a ideia logo ganhou corpo graças à adesão imediata dos professores Wendell Bento e Bráulia Vital (também flautistas). A adesão dos professores, alunos, ex-alunos, amigos, colegas que compartilham da mesma paixão pela música, pela flauta e pelo trabalho em conjunto/coletivo rapidamente ganhou forma.
Entusiasmados pelas comemorações de 35 anos da escola e pelo ineditismo do projeto, a OF busca conferir delicadeza em suas experimentações musicais. Tudo na OF é leveza: a escolha do repertório, a performance, a estruturação dos arranjos, a atuação em palco, a alegria de tocar em conjunto. Esse sentimento é o que motiva e envolve todos nessa empreitada.
REPERTÓRIO DA APRESENTAÇÃO
Rosa – Pixinguinha | arranjo: Ismael Barbosa
Pela Luz dos Olhos Teus – Tom Jobim | arranjo: Ismael Barbosa
Bourrée(dança de origem francesa – extrait de Walter Music)| G. F. Haendel 1685-1759
Concerto em Lá menor para 5 flautas transversas Op.15- Allegro- J. B. Boismortier -1689-1755
Vou Vivendo – Pixinguinha | arranjo: Murilo Barquete
Carinhoso – Pixinguinha | arranjo: Alberto Arantes
SERVIÇO
Orquestra de Flautas ETECM no Museu do Trem
Quando: 27 de outubro (sexta-feira), às 16h
Onde: Museu do Trem (R. Floriano Peixoto, s/n – São José, Recife – PE)
Acesso gratuito

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Nova exposição do MEPE resgata métodos construtivos tradicionais no Nordeste

A mostra será inaugurada nesta quarta-feira (25), às 19h.

Palha, taipa, madeira, tijolo, alvenaria. As construções do Nordeste têm uma estética e uma técnica próprias, que conferem não apenas soluções aos problemas cotidianos, mas também uma identidade única das cidades da região. Para resgatar essa expressão urbana, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) realiza a exposição fotográfica “Cidades do Nordeste: do Pote à Rua – Métodos Construtivos Tradicionais”, no Museu do Estado de Pernambuco (MEPE). A mostra entra em cartaz nesta quinta-feira (26) e segue em cartaz até o dia 29 de novembro no equipamento cultural. A vernissage só para convidados está marcada para esta quarta-feira (25), às 19h.
Divulgação
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A tradição do barro nordestino é um dos eixos da exposição
A mostra é uma prévia de publicação homônima que será lançada pelo Conselho, junto com a Companhia Editora de Pernambuco, no mês de novembro, trazendo a público pesquisa inédita finalizada em 1978 por equipe liderada pelas arquitetas e urbanistas Liana Mesquita e Neide Mota. O trabalho, que inaugura o projeto Memória Urbana do CAU/PE, se volta ao problema da habitação, resgatando sistemas construtivos tradicionais de baixo custo e baixo impacto, que correm o risco de desaparecer.
Os detalhes dessas cenas urbanas nordestinas, que vão dos utensílios domésticos fabricados artesanalmente até paisagens típicas, serão apresentados ao público por meio de 50 fotografias de autoria de Ivone da Silva Salsa, integrante da equipe da pesquisa. Em preto e branco, as imagens apresentam texturas, recortes e panoramas responsáveis por retratar a chamada arquitetura vernacular – em que se emprega material e recursos do próprio ambiente – nos estados de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas.
“Com a exposição e com a publicação do livro, buscamos inspirar os profissionais contemporâneos para atender uma população que permanece até hoje habitando em condições desfavoráveis”, explica a coordenadora da Comissão de Ensino, Formação e Exercício Profissional, Cláudia Torres, destacando a função social estratégica da arquitetura e do urbanismo. “O projeto Memórias Urbanas deve integrar experiências significativas para estruturar políticas públicas urbanas transformadoras da cidade que todos nós precisamos”, conclui.
Serviço
Abertura da Exposição Cidades do Nordeste: do Pote à Rua – Métodos Construtivos Tradicionais
Quando: 25 (quarta-feira), às 19h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco – MEPE (Av. Rui Barbosa, 960 – Graças, Recife, Pernambuco)
Visitação: Até o dia 29 de novembro, de terça a sexta-feira: das 10h às 17h; sábado e domingo: das 14h às 17h
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada)

segunda-feira, 23 de outubro de 2017







                                         


                 DITINHO JOANA


Benedito Silva Santos, o Ditinho Joana, nasceu em 12 de março de 1945 em São Bento do Sapucaí, São Paulo. Ex-lavrador, trocou a enxada pelas ferramentas de esculpir e se tornou um dos maiores artistas populares do Brasil. Ditinho começou a trabalhar com a madeira a partir de 1974. Autodidata e utilizando apenas canivete, machadinha e formão improvisados por ele mesmo, passou a criar personagens que fizeram ou que fazem parte da história do seu povo. Ditinho Joana vive no bairro do Quilombo, comunidade rural do município de São Bento do Sapucaí.



As obras de Ditinho impressionam pela sensibilidade e pelos detalhes. Ainda hoje, usando as mesmas ferramentas de antes, esculpe suas peças em único bloco de madeira, sem encaixes ou emendas. Em seus trabalhos o artista utiliza madeira de lei como o Jacarandá e a Pereira que ele próprio adquire e seleciona junto aos fazendeiros da região. Ditinho só utiliza madeira de árvores já caídas. Sua peça mais representativa é a botina caipira que se tornou sua marca registrada. Segundo o artista ela representa o trabalho, o homem do campo. Mas a primeira produzida por ele foi a escultura o padre e o índio (1974), a qual se encontra exposta em seu ateliê, mas não está à venda.

 Ditinho Joana, botina, madeira. FOTO: Aman Morbeck.

Ditinho Joana, o padre e o índio, madeira. FOTO: Aman Morbeck.

Ditinho Joana, vinícola, madeira. FOTO: Aman Morbeck.

Ditinho Joana, o padre e o índio, madeira. FOTO: Álvaro Guerra.

Ditinho Joana. Reprodução fotográfica Governo do Estado de São Paulo.

As obras de Ditinho estão espalhadas em galerias de arte e em coleções particulares pelo Brasil e por outros países, como Itália, Alemanha e Suíça.

Contato:
Tel: (12) 3971-2579

Fonte:
- Blog do pau Veio (http://blogdapauveio.wordpress.com/). Acesso em 01 de março de 2011.
 Algumas peças de Ditinho Joana. FOTO: Aman Morbeck

 Ditinho Joana, pai carregando filho nas costas, madeira. FOTO: Aman Morbeck.

Ditinho Joana, botina, madeira. Reprodução fotográfica do blog Artesão Profissional (http://artesaoprofissional.elo7.com.br/).

 Ditinho Joana, titulo desconhecido, madeira. Reprodução fotográfica do blog Artesão Profissional (http://artesaoprofissional.elo7.com.br/).

Ditinho Joana, titulo desconhecido, madeira. Reprodução fotográfica do blog Artesão Profissional (http://artesaoprofissional.elo7.com.br/).

Ditinho Joana, lavrador, madeira. Reprodução fotográfica do blog Artesão Profissional (http://artesaoprofissional.elo7.com.br/).

Ditinho Joana, lenhador, madeira. FOTO: Eduardo Lopes.

 Ditinho Joana, sapateiro, madeira. FOTO: Álvaro Guerra.

Fonte: Arte Popular do Brasil

domingo, 22 de outubro de 2017

Rubinho do Vale - ABC do Amor (CD completo)


                     RUBINHO DO VALE


“Sou um cantador do Jequitinhonha a viajar no trem da história, levando viola, sanfona, tambores e dando vivas ao povo brasileiro.”

Cantor e compositor mineiro do vale do Jequitinhonha, passou a infância na roça. Filho de seu Caçula e dona Zinha, menino levado, batizado Manoel, enfrentava léguas em lombo de burro para aprender a leituraem Bom Jardim, Jacinto, Vale do Jequitinhonha.

O ABC cantado pela mestra era repetido por ele naquelas viagens em busca do saber. Mais tarde em Rubim, terra onde residem seus familiares, continuou os estudos e concluiu o curso Ginasial.

Adorava fazer apresentações teatrais na escola e gostava muito do palco.

Seu primeiro instrumento foi o acordeão de seu pai, Caçula Jardim, ainda na roça.


Quando concluiu a oitava série em 1972 ganhou o primeiro violão que D. Zinha autorizou comprar e debitar na conta (fiado) na loja Casa Mineira. O menino abraçava, beijava o violão, não sabia uma nota, muito menos afinar o instrumento.

A sanfona e a caixinha de repique das folias tocadas em volta dos presépios, as violas e as serestas ouvidas na Praça Quinto Ruas foram os registros musicais dos tempos de menino, permanecem até hoje e se manifestam nas suas composições.

Um pulo até Teófilo Otoni, amigos, farras e estudos.

Um sonho: Ser engenheiro, sonho que o levou a Belo Horizonte.

Cursinho, viola, vida dura, a solidão da cidade grande, depois Ouro Preto, universidade, geologia, República Sinagoga, festivais de música, farras, noitadas com grandes violeiros e um novo nome: RUBIM.


Quando veio para Belo Horizonte tentar a sorte e continuar os estudos, teve que deixar o violão em Rubim, foi morar nas pensões, onde morava nunca tinha violão e o jovem que sonhava ser músico só podia tocar nas férias.

No início de 76 foi aprovado no vestibular da Escola de Minas de Ouro Preto para o curso de Geologia -Engenharia Geológica.
Morou em Ouro Preto cinco anos, fez boas amizades, aprendeu bastante, participou de festivais universitários, viu pelas ruas de Ouro Preto grandes artistas brasileiros durante o Festival de Inverno, assistiu bons espetáculos musicais e teve acesso a discos de MPB, especialmente de cantadores como Elomar Figueira, Geraldo Vandré, Luiz Gonzaga, de quem já gostava, e de violeiros como Renato Andrade e Almir Sater.


Ter contato com a música do Grupo Raízes foi fundamental para esse trovador voltar os olhos para sua terra, sua origem e sua cultura.

Morando na República Sinagoga, uma das mais lindas e aconchegantes de Ouro Preto, Rubinho pode então desenvolver sua forma de tocar e seu desejo de compor. Nunca estudou música, é um autodidata, com muito esforço desenvolveu sua técnica de tocar violão e com o tempo seu jeito de compor.

Em l980 veio novamente para Belo Horizonte sem conhecer ninguém, mas com um grande sonho: ser um compositor brasileiro, cantar sua terra – o Vale do Jequitinhonha – falar da sua cultura, denunciar as injustiças sociais, a exploração do povo do Vale pelos que chegavam de fora pedindo votos, tirando fotos, mas sem deixar nada para o povo.
Assim esse cantador foi transformando sua voz e sua música em bandeiras de luta e de esperança.


Encontros definitivos

Itaobim, novembro de 1979, I Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha – Procurados – organizado pelo Jornal Geraes, ali fica definida a nova proposta de vida: tocar e espalhar seu canto pelos quatro cantos do Vale, fazendo da voz e da viola, Maria das Dores do Brasil, armas poderosas em defesa da sua terra, do seu povo e da sua cultura.

Nessa caminhada, muitos amigos: Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Gonzaga Medeiros, Tadeu Martins, jornalistas, poetas e amigos do Geraes, Titane, Dércio e Doroty Marques entre outros.


Festivais, FESTIVALE, shows e cantorias em escolas, sindicatos, associações, teatros, igrejas e praças, assim percorreu centenas de cidades levando seu canto, suas trovas e divulgando a cultura do Vale do Jequitinhonha.

Um produtor de televisão chamado Rogério Brandão acrescenta-lhe ao nome a região de origem, assim Rubim e o Vale dão a Manoel o seu novo nome: Rubinho Do Vale.

Com vários LPs e CDs independentes gravados, esse cantador segue cumprindo a missão de levar ao povo  seu canto comprometido com a transformação social, resgatando os valores da sua terra, espinha dorsal do seu trabalho.


Pé na estrada

Ao começar sua caminhada profissional com a música Rubinho optou por mostrar seu canto na sua terra, para o povo do vale, esse era o público que primeiro queria conquistar, ou seja, ser reconhecido na sua região lhe daria autorização para cantar em outros Vales.

Junto com o parceiro e amigo Tadeu Martins fundou o grupo musical TERRASSOL, do qual também fizeram parte João Lefú, Tânia Grace, Ciro e Charles. Com esse grupo Rubinho apresentou em várias cidades de Minas e iniciou sua turnê pelo vale do Jequitinhonha que continua até hoje.


E assim foram muitas cidades, Minas Novas, Salinas, Almenara, Itaobim, Toiobeiras, Diamantina, Itamarandiba, Turmalina, Capelinha, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Virgem da Lapa, Salto da Divisa, Jacinto, Santo Antonio do Jacinto, Felisburgo, Joaima, Jequitinhonha, Ladainha, Serro, Araçuaí, Itinga, Berilo e muitas outras cidades do imenso Jequitinhonha.

E o trovador continuou sua caminhada por outros cantos mais distantes, transitando por universidades, sindicatos, associações de bairros, feiras, cantando nos grandes teatros e também nas pequenas comunidades do interior de Minas.


Literalmente, o cantador pôs o pé na estrada. Já se apresentou nas melhores casas de espetáculos de BH tais como: Teatro Francisco Nunes, Imprensa Oficial, Grande Teatro do Palácio das Artes, Minas Centro, espaços culturais de Universidades, vários Centros Culturais de Belo Horizonte. E segue o cantador, cantando em parques clubes e igrejas, em muitos bairros e outros locais da capital mineira e do interior do estado.

Com sua música para as crianças e adultos Rubinho vai onde o povo está, canta nas creches, nas escolas de periferia, canta para movimentos sociais e religiosos.

Já se apresentou no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Vitória, Goiânia, Sobral CE, Campina Grande PB e muitas outras cidades do Brasil.

Fez alguns shows nos Estados Unidos e tem um disco lançado na Alemanha, feito em parceria com Frei Chico, Lira Marques e Coral Trovadores do Vale.


Rubinho foi presença marcante nos programas de TV do Rolando Boldrim desde o Som Brasil na TV Globo até o Sr. Brasil na TV Cultura de SP e no Arrumação do Saulo Laranjeira.

Já se apresentou em muitas festas da cultura popular de Minas e do Brasil com destaque para as Festas da Cultura Popular do SESC MG e representou Minas no Festival Nacional de Folclore em Olímpia SP. Na Festa do Folclore de 2008, quando Olímpia, a Capital Nacional do Folclore, homenageou Minas Gerais, Rubinho fez o grande show da noite e viu centenas de crianças, adolescentes e adultos dançarem suas músicas na abertura do evento.


Festivais

Rubinho começou sua carreira cantando em festivais e venceu vários:
1º e 2º lugares no Festival da canção de Minas Novas – 1980
1º Lugar no FESTIVALE, Pedra Azul – 1981
1º lugar no Festival da Canção de Almenara – 1881
1º lugar no FESTIVALE, Itaobim – 1982
1º lugar e melhor letra no Festival de Avaré, SP – 1986

Homenagens

Homenagens recebidas por Rubinho do Vale:

“Medalha do Aleijadinho” – Prefeitura Municipal de Ouro Preto – 1979

Cidadão Honorário de Belo Horizonte – Câmara Municipal de BH – 1990

Medalha do Mérito da Educação – Governo do Estado de Minas Gerais – Secretaria de Estado da Educação – 2002

Ordem do Mérito Cultural – Ministério da Cultura

Em dezembro de 2003 Rubinho recebeu do Ministro Gilberto Gil e do Presidente Lula a Medalha da Ordem do Mérito Cultural. Esta é a maior condecoração do Governo Brasileiro aos artistas e intelectuais do Brasil pelo reconhecimento da sua obra. Por todo seu trabalho com a música e a cultura popular do Jequitinhonha, desenvolvido com tanta seriedade, o menestrel recebeu esta comenda das mãos do Presidente Lula e do Ministro da cultura. Rubinho recebeu a medalha junto com muitos outros compositores entre eles Antônio Nóbrega, Chico Buarque, Zezé de Camargo e Luciano, Marília Pêra, Ataulfo Alves, Ari Barroso e Portinari em memória, e muitas personalidades do mundo cultural.



O Vale do Jequitinhonha deu asas a um menestrel, que está pronto para voar mais alto por novos horizontes, de peito aberto para respirar os ares do mundo.

No caminho com as gravações


Gravou vários LPs:
Tropeiro de cantigas – 1982
Violas e tambores – 1984
Viva o povo brasileiro – 1986
Trem bonito – 1988
Encantado – 1989
Ser Criança – 1980
Verde vale vida – 1980

Em 1990 lançou o primeiro disco dedicado às crianças, LP duplo: Ser criança/Verde vale vida.
Cavaleiro da paz – 1995 (Primeiro CD. Está fora de catálogo)

Justiça e paz se abraçarão – 1996 (Inspirado no tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. Está fora de catálogo)
Jequitinhonha Vale Brasil – 1995 (Lançado na Alemanha. Uma parceria com Frei Chico, Lira Marques e o Coral Trovadores do Vale. Está fora de catálogo)

Em 1998 lançou o CD Alma Do Povo – Folclore E Cultura Popular

Esse disco reafirmou a proposta musical do cantador Rubinho do Vale, cantar a cultura popular e contar a história do povo do Vale do Jequitinhonha e de outros vales do Brasil.

Discos disponíveis no mercado:

Alma do povo – Folclore e cultura popular – 1998
Viva o povo brasileiro – 2000
ABC do amor – 2000
Cantos de paz – 2001
Vida verso e viola – 2007
Forró – 2007


Discos dedicados às crianças:

Ser Criança – 1990
Enrola Bola – Brinquedos, brincadeiras e canções – 1997
Passarim – O Palhaço Cantor – 2000
Verde Maravilha – 2002
Trem da História – 2006
Natureza em canto – 2008
Arraia do Rubinho – 2010