quinta-feira, 31 de agosto de 2017


Fotógrafo Léo Lima inaugura a exposição “Avessos” na Torre Malakoff

A inauguração da mostra será nesta quarta-feira (30), às 19h


Léo Lima/Divulgação
Léo Lima/Divulgação
A exposição retrata a realidade dos trabalhadores dos lixões e aterros sanitários
A Torre Malakoff inaugura nesta quarta-feira (30), às 19h, sua mais nova exposição fotográfica Avesso. Registradas pelo fotógrafo e produtor cultural Léo Lima, as imagens retratam de forma poética a vida e o trabalho dos catadores em lixões e aterros sanitários localizados no Agreste Setentrional de Pernambuco, região conhecida como Polo de Confecção do Estado.
A mostra, que conta com incentivo do Funcultura, contém 56 fotografias de diversos tamanhos, divididas em quatro salas no primeiro andar do prédio. Além das imagens, a exposição contará com intervenção sonora. De acordo com Lima, a ideia é sensibilizar os visitantes da exposição. “Esses trabalhadores têm uma dupla face. De um lado, eles vivem num ambiente muitas vezes de violência e pobreza e devem encarar um trabalho árduo todo dia. De outro, exibem uma amizade, solidariedade e uma porção imensa de beleza enquanto estão trabalhando. É essa outra face que quis revelar com as minhas fotografias”, explica o idealizador.
Durante três anos, o fotógrafo que reside no distrito de Pão de açúcar em Taquaritinga do Norte, captou imagens das paisagens e do cotidiano de pessoas que trabalham diariamente nos lixões e aterros das cidades de Toritama e Taquaritinga. “Em uma região considerada a segunda maior produtora de confecção do país com um faturamento anual em torno de R$ 1 bilhão, é difícil deparar-se com quase 60 famílias que tiram seus sustentos dos lixões. Com a exposição, decidi apresentar e dar voz a esses trabalhadores”, declarou o fotógrafo.
Léo Lima/Divulgação
Léo Lima/Divulgação
O fotógrafo levou três anos para finalizar a exposição
Avessos segue em cartaz até o dia 8/10 (domingo) e as visitações poderão ser feitas de terça a sexta-feira, das 10h às 17h; sábados, das 15h às 18h, domingos, das 15h às 19h. A entrada é gratuita.
Serviço
Exposição fotográfica Avesso, do fotógrafo Léo Lima
Abertura: quarta-feira (30), às 19h
Onde: Torre Malakoff (Praça do Arsenal, S/N, Bairro do Recife – Recife)
Visitação: até o dia 8/10, de terça a sexta-feira, das 10h às 17h; sábado, das 10h às 17h; domingo, das 16h às 19h30.
Acesso gratuito

quarta-feira, 30 de agosto de 2017




Quartas da Dança lança convocatória para o segundo semestre

Realizado pela Prefeitura do Recife, em parceria com o Governo de Pernambuco, o projeto vai disponibilizar as pautas dos teatros Barreto Júnior e Arraial para espetáculos de dança, com condições facilitadas, para os próximos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.


Como incentivo à dança e reconhecimento da linguagem de arte que mobiliza grandes plateias no mundo inteiro, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife, lançou a convocatória do projeto Quartas da Dança – Verão 2017, para o segundo semestre. Grupos e artistas interessados têm até o próximo dia 29 de agosto (terça-feira) para apresentar suas propostas de espetáculo. Oregulamento e formulário de inscrição já estão disponíveis.
Realizado em parceria com o Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE/Fundarpe, o projeto irá disponibilizar pautas nos teatros Barreto Júnior e Arraial, com repasse de somente 10% da bilheteria para os equipamentos.
A convocatória é destinada apenas para espetáculos de dança. Estão disponíveis quatro temporadas: de 20 a 27 de setembro, 4 a 11 de outubro, 1º a 8 de novembro e 6 a 13 de dezembro.
As propostas devem conter, entre outros documentos, CD com fotos, DVD do espetáculo na íntegra e material gráfico comprobatório (cartazes ou matérias de jornal). O material pode ser entregue presencialmente, na Divisão de Artes Cênicas, no Pátio de São Pedro, casa 10, 1º andar, Bairro de São José, ou na Fundarpe, localizada na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, em horário comercial. Também pode ser encaminhado para o e-mail servicosdedancafccr@gmail.com. Os habilitados serão divulgados no dia 4 de setembro.

terça-feira, 29 de agosto de 2017



                Dia Nacional do Vaqueiro!
O Dia Nacional do Vaqueiro em 29 de agosto de cada ano, é uma comemoração de brasileiros, que foi instituída pela Lei Nº 11.797 de 29 de outubro de 2008, e que teve sua origem no "Dia do Vaqueiro" do Estado brasileiro do Piauí em caráter de manifestação estadual.
PROJETO DE LEI Nº , DE 2004
(Do Sr. Nazareno Fonteles)
Institui o Dia Nacional do Vaqueiro
e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º - Fica instituído o Dia Nacional do Vaqueiro, a ser comemorado
no dia 29 de agosto, anualmente.
Art. 2º - O Poder Executivo regulamentará as comemorações desse Dia
em todo o território nacional.
Art. 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A razão da apresentação desta proposição não é outra senão
homenagear o vaqueiro, figura representativa da cultura brasileira,
especialmente do sertão nordestino.
Formado pela fusão de diversas raças, tem no gado, no cavalo e na
música seus grandes companheiros, razões que o tornam um legítimo
representante da cultura popular brasileira.

sábado, 26 de agosto de 2017

UMA PROSA COM O PESQUISADOR/HISTORIADOR ALCINO ALVES COSTA O CAIPIRA POETA E VAQUEIRO DA HISTÓRIA DO CANGACEIRO DE POÇO REDONDO – SE

Por Sálvio Siqueira


“(...) Alcino Alves Costa – sobrinho do cangaceiro poeta Manoel Marques da Silva, o Zabelê -, nasceu em Poço Redondo – SE, e aí viveu intensamente como ativo protagonista e guardião de sua história contada numa dezena de livros. 

Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino foi um politico que amava sua terra e costumes. Foi prefeito por três vezes do município de Poço Redondo – SE, deixou a política para se dedicar ao estudo do cangaço e das ricas tradições culturais de sua terra natal amada.

Grande contador de causos, um caipira como gostava de ser chamado, é referência obrigatória em se tratando de cangaço. Mesmo sendo um profundo conhecedor da saga lampiônica, não tinha a presunção daqueles que se consideram dono da verdade. Gostava de dizer, essa é a minha versão. 

O seu primeiro livro sobre o cangaço, já em terceira edição, teve o prefácio da professora antropóloga Luitgarde Barros, que escreve: “este livro não é de ficção”, pelo contrário, o livro tem como objetivo a desmistificação de alguns detalhes envolvendo um dos fenômenos social mais estudado do Brasil, o cangaço. Alcino é um grande contador de estórias ou histórias. Seus livros são muito bem escritos e referenciados com outros escritores da mesma saga. 

Muitas vezes Alcino corrige informações contidas em outros livros referência da saga do cangaço. É um escritor que escreve com paixão a dura realidade de um nordeste exsicado pelas longas secas onde sobrevivem as plantas cactáceas: xiquexique, macambira, quipá, mandacaru, cabeça – de – frade e facheiro. E por que não falar da árvores sagrada do sertão, o umbuzeiro. Árvore que mata a sede, serve de sombra e de refúgio para beatos e cangaceiros. A crueldade do bando de Lampião não é maior que a dos volantes. 

Muitas vezes existe uma migração de um lado para outro. Zé Rufino, por parte dos Volantes e, Lampião, por parte dos bandidos, foram os marechais do sertão e vinha do mesmo tronco familiar. Tanto volantes quanto os bandidos assustavam e espoliavam os homens que habitavam aquele estranho e perverso mundo(...).” (www.substantivoplural.com)
Mais uma produção do pesquisador cearense Aderbal Nogueira, o ‘Benjamin da atualidade’.

Aderbalvídeo

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=690154484526832&notif_t=like&notif_id=1502611010742073

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

sexta-feira, 25 de agosto de 2017



Geraldo Dantas

Geraldo Dantas de Melo é um dos mais conhecidos escultores alagoanos. Ele nasceu em 1967 no município de Arapiraca. Filho de agricultores começou a trabalhar cedo na cultura do fumo (Uma das principais atividades econômicas de Arapiraca é o cultivo do fumo, razão pela qual a cidade é conhecida como a capital do fumo). Na infância uma de suas brincadeiras prediletas era criar pequenas figuras de madeira esculpidas com lamina de barbear; eram os primeiros indícios do artista que viria a se tornar. Ele conta que foi incentivado e orientado pelo artista arapiraquense Zezito Guedes (José Gomes Pereira), mas que não precisou copiar nada dele porque encontrou seu estilo próprio. A mãe de Geraldo, dona Zumira Dantas, estimulada pelo ofício do filho, também se tornou artista e, como o filho, também esculpe a madeira. A família continua morando na zona rural do município de Arapiraca.
As obras de Geraldo Dantas são marcadas pela originalidade e beleza estética; seu traço é forte e as cores que usa em algumas das peças também o são. Mesmo tendo enfrentado problemas psiquiátricos, Geraldo nunca parou de trabalhar, embora tenham perdido um pouco da qualidade técnica expressada anteriormente no contorno de suas peças. Algumas delas revelam um forte aspecto do barroco, como o rebuscamento das figuras e os dilemas existenciais: paraíso e inferno, terra e céu, razão e loucura. Seus anjos e santos têm expressões enigmáticas, algumas vezes sombrias, o que causa, além de admiração, uma certa estranheza em que os vê. Do imaginário de santos, o artista se voltou também para os temas da natureza, representando em suas esculturas animais, árvores e flores.

 Geraldo DantasS. Sebastiao, madeira. Reproduçao Fotográfica Galeria Karandash, Maceió-Al.

Geraldo DantasAnjo, madeira. Reproduçao Fotográfica autoria desconhecida.

Geraldo Dantasmenino nu, madeira. Coleçao particular Tânia de Maya Pedrosa. FOTO: Pablo de Luca.

 Geraldo Dantastotem, madeira. Coleçao particular Tânia de Maya Pedrosa. FOTO: Pablo de Luca.

Geraldo Dantas é figura carimbada em publicações especializadas de arte popular brasileira. O artista ganhou ao longo dos anos grande notoriedade no cenário artístico do país. Expôs seu trabalho em várias cidades brasileiras, como Maceió, Rio de Janeiro e São Paulo, e também no exterior (Paris, França). Seus trabalhos podem ser encontrados em galerias e museus de Maceió, São Paulo, Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.

 Geraldo Dantascasal, madeira. Coleçao particular Tânia de Maya Pedrosa. FOTO: Pablo de Luca.

Contato com Geraldo Dantas (contato: Zezito Guedes):
Rua Vigário Rodrigues Silva, 58, Bairro Planalto,
57308-080 Arapiraca-AL
Tel: (82) 3521-5692.

Fonte:
- Frota, LC. Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro – Século XX. Aeroplano Editora, Rio de Janeiro, 2005.
- Lima, Beth & Lima, Valfrido. Em Nome do Autor. Proposta Edital, São Paulo-SP, 2008.

 Geraldo Dantasparaíso, madeira. Coleçao particular Tânia de Maya Pedrosa. FOTO: Pablo de Luca.

 Geraldo Dantasanjo, madeira. Reproduçao fotográfica autoria desconhecida.

 Geraldo Dantashomem segurando mulher, madeira. Reproduçao Fotográfica Galeria Karandash, Maceió-Al.

 Geraldo Dantastítulo desconhecido, madeira. Reproduçao Fotográfica Galeria Karandash, Maceió

Educação Financeira foi tema de palestra na Casa da Cultura

Atividade do programa Pernambuco Criativo ajudou a esclarecer dúvidas de artistas e empreendedores culturais sobre a importância do planejamento de suas finanças.

Jan Ribeiro
Jan Ribeiro
O Programa Pernambuco Criativo tem realizado oficinas, atendimentos, palestras e debates para o estímulo à Economia Criativa do estado.
Por Anizio Silva
A Casa da Cultura recebeu, na manhã da última quarta (23), mais uma atividade do Programa Pernambuco Criativo que promove formação cultural com foco na Economia Criativa para os produtores, artistas e fazedores da cultura. Durante a palestra sobre Educação Financeira, o público presente na Cela Jota Borges pôde assimilar alguns conceitos de planejamento, controle e gestão do seu dinheiro.
A atividade foi ministrada por Murilo Nóbrega, coordenador da Agência de Empreendedorismo da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação de Pernambuco (SEMPETQ/PE). “(Nestas palestras) dou algumas dicas e conceitos sobre Educação Financeira e passo algumas mensagens sobre como cuidar bem do dinheiro e a elaboração de um orçamento. Também, falo sobre o endividamento, o uso do cartão de crédito e o consumo consciente”, explicou Murilo.
Para a empresária artística Laura Proto, esse tipo de palestra ajuda os empreendedores culturais a terem uma noção de como equilibrar os desejos, os sonhos e a realidade. “Para quem trabalha com cultura, muitas vezes, há uma certa dificuldade de encarar a realidade da forma pragmática como ela merece ser. Claro que faz parte do nosso trabalho também alcançar isso, e buscar a formação é, sempre, interessante. Estou, sempre, escutando pessoas que têm experiências diferentes, e trocando informações com outros produtores culturais”, declarou Laura.
No final do evento, os participantes participaram de uma dinâmica de grupo e responderam um questionário que ajudou a identificar o perfil financeiro de cada um (endividado, equilibrado ou investidor). Há um teste similar no site InfoMoney; uma das diferenças é que o perfil Investidor é classificado na palestra do Expresso Empreendedor como, muitas vezes, “escravo do dinheiro”. O texto da apresentação enfatiza: ”(é preciso) ter cuidado para não viver só pensando no dinheiro. Devemos lembrar que o dinheiro é para nos servir, satisfatoriamente, e não para nos escravizar”. Já o perfil equilibrado é avaliado como “realizador dos seus sonhos e tem uma vida financeira saudável e tranquila”.
Jan Ribeiro
Jan Ribeiro
Uma das questões mais discutidas na atividade foi o uso consciente do cartão de crédito, que pode ser um aliado ou vilão caso não seja feito um planejamento financeiro.
Atendimento ao Microempreendedor – Quem já se formalizou como MEI (Microempreendedor Individual) pode agendar sua participação em uma palestra similar. É só procurar o Expresso Empreendedor na Avenida Imperial, 1600, onde fica a Jucepe (Junta Comercial do Estado de Pernambuco), no bairro de São José. “Estamos disponíveis para atender individualmente e presencialmente as pessoas das 8h às 13h, de segunda a sexta-feira. Além da palestra sobre Educação Financeira, temos a formação sobre a Lei Geral do MEI, e também sobre empreendedorismo”, informa Murilo Nóbrega. Mais informações pelo fone (81) 3182.2802.
Pernambuco Criativo – Criado com o objetivo de estimular a Economia Criativa do Estado, o Programa Pernambuco Criativo tem realizado oficinas, atendimentos, palestras e debates, dentre outras atividades, num convênio entre a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“Outras palestras e atividades de formação sobre gestão de negócios culturais estão sendo planejadas, sempre com o objetivo de fortalecer a Economia Criativa, em nosso Estado”, prevê o gerente de Projetos Especiais e coordenador de Economia Criativa da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Marcus Sanchez. Mais informações sobre o Programa Pernambuco Criativo e suas próximas atividades podem ser obtidas através do e-mail pecriativofundarpe@gmail.com, pelo fone (81) 3184.3020 ou na páginafacebook.com/pernambucocriativo.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Outras Palavras fortalece a relação entre escolas e patrimônios do estado

Na 10² Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, projeto foi realizado no EREM Antonio Correia de Oliveira Andrade, no município de Condado.

Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
José Costa Leite, Patrimônio Vivo de Pernambuco e morador do município de Condado, esteve presente nesta edição
 Marcus Iglesias
Uma das melhores formas de contar e preservar a história de um povo, sem dúvidas, é através dos seus patrimônios. É por essa razão que o projeto Outras Palavras tem a preocupação de construir com as escolas públicas de Pernambuco uma relação com Patrimônios Vivos do estado, proporcionando que os jovens alunos tenham um contato direto com sua identidade e com mestres da cultura popular. Na última sexta-feira (18), dentro da programação da 10ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, o projeto da Secult-PE e Fundarpe realizou uma edição especial voltada para o tema na EREM Antonio Correia de Oliveira Andrade, no município de Condado, Mata Norte de Pernambuco. A ocasião contou com a presença da jornalista e pesquisadora Maria Alice Amorim, especialista no assunto, além do cordelista José Costa Leite, e da Banda Musical Curica – os dois últimos detentores do título de Patrimônios pernambucanos.
“O Outras Palavras não existe apenas porque a Secretaria de Cultura e Fundarpe têm como objetivo promover a integração entre a cultura e a educação. O que de fato move este projeto é nosso desejo de garantir à juventude o acesso aos bens culturais que, regra geral, não existe nas escolas públicas. A iniciativa vem sendo tocada por uma equipe que acredita que é possível intervir na realidade para transformá-la e contribuir para que os estudantes possam aguçar seu senso crítico. Ontem, por exemplo, nós diplomamos mais seis Patrimônios Vivos, eleitos pelo Conselho de Preservação Cultural do estado, e é um orgulho saber que em Pernambuco temos tanta gente que faz a sua cultura ser difundida e fortalecida há décadas. Isso precisa ser trazido para dentro do ambiente escolar”, explicou Antonieta Trindade, gestora da ação e vice-presidente da Fundarpe.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
“O Outras Palavras vem sendo tocado por uma equipe que acredita que é possível intervir na realidade para transformá-la e contribuir para que os estudantes possam aguçar seu senso crítico”, explica Antonieta Trindade, gestora do projeto
De 2015 pra cá, o Outras Palavras já promoveu 42 edições, que atingiram mais de 300 escolas e 7 mil estudantes pelo estado, e dais quais mais de 30 tiveram a presença de Patrimônios Vivos do estado. Participaram mestres, mestras e grupos como Lia de Itamaracá, Mestre Galo Preto, Maracatu Leão Coroado, Maestro Duda, Troça Cariri Olindense, Dedé Monteiro, Orquestra Capa Bode, José Costa Leite, Lula Vassoureiro, Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu, Caboclinho Sete Flechas, Banda Musical Curica, Mestre Zé Lopes e Clube de Boneco Seu Malaquias – alguns já marcaram presença mais de uma vez.
O debate desta vez começou com depoimentos da jornalista e pesquisadora Maria Alice Amorim, responsável pela criação do catálogo dos Patrimônios Vivos de Pernambuco, que conversou detalhadamente com os jovens sobre como foi o processo de apuração para a realização de suas obras, boa parte delas voltadas para a pesquisa na área cultural. Ela contou que nos anos 80 frequentava bastante a Mata Norte para realizar pesquisas sobre os Maracatus de Baque Virado e Baque Solto – considerados atualmente Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil. Nesse período, esteve muito próxima de grupos e mestres da cultura popular local, e imersa naquele universo teve a ideia de escrever sobre o assunto.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
Conversa com Maria Alice Amorim e José Costa Leite teve a mediação do jornalista Marcos Lopes e contou com a participação dos estudantes da escola
Durante sua fala, o aluno Bruno Roberto, do 3º ano, aproveitou para perguntar como surgiu a primeira obra da autora. “Foi sobre a poesia improvisada dos mestres de maracatu rural. Eu gosto muito de ir a campo, fazer as entrevistas e manter uma relação próxima para que o trabalho possa ficar mais rico. No final das contas são pessoas, e a gente estabelece relações interpessoais, e isso é o mais importante. Esse livro teve uma ótima aceitação e eu fiquei muito feliz porque não havia até então algo tão aprofundado sobre o assunto”, disse a pesquisadora.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
Estudantes fizeram perguntas a Maria Alice Amorim sobre, por exemplo, como foi construir sua primeira obra literária no campo da pesquisa cultural
O professor Paulo Henrique, da EREM Antonio Correia de Oliveira Andrade, quis saber de Maria Alice Amorim qual o sentimento que ela tem em colaborar na difusão das riquezas da cultura pernambucana. “A formação da opinião neste sentido é um papel importante, e eu modestamente considero que contribuo de alguma maneira, mas só isso. Nossa cultura tem uma dinâmica própria e sempre em processo de readaptação e permanência no nosso meio, mas considero importante sim este trabalho de divulgar e semear. Porém, é bom destacar que o mais importante são os mestres e grupos que são os protagonistas dessa história”.
Levar ate o município de Condado o poeta da região José Costa Leite é simbólico por proporcionar aos estudantes a oportunidade de conhecerem um mestre que mora tão perto deles – praticamente a alguns quarteirões de distância, na Rua Júlio Correia, 223, onde também funciona o atelier do mestre. Com mais de 90 anos, Costa Leite mantém a mente afiada e o ofício de cordelista. Segundo ele, ainda escreve um por dia pra não perder o costume nem enferrujar.
Jan Ribeiro/Secult-PE
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José Costa Leite contou aos alunos que aprendeu a ler graças à literatura de cordel e deu detalhes sobre como é sua rotina como cordelista
Quando criança, numa época que a educação era de ainda mais difícil acesso, não teve condições de frequentar a escola e aprendeu a ler graças à literatura de cordel. “Eu ia até a Feira de Itabaiana e ficava ouvindo os cantadores cantando versos sobre Lampião. Depois eu lia os cordeis que eles usavam para cantar, e assim fui aprendendo a ler também. Foi quando comprei meu primeiro livrinho, e passei a prestar mais atenção nas palavras cantadas e escritas. Não demorou pra eu escrever meus primeiros versos”.Era então amor à primeira vista. Desde 1947, de acordo com as contas do próprio José Costa Leite, que ele vende cordéis mundo afora – alguns considerados clássicos como A carta misteriosa do Padre Cícero Romão e O dicionário do amor e os dez mandamentos.
“O que mais vende, não tem jeito, é o hilariante. E eu tenho o dom de fazer as pessoas rirem. Para a criançada, a gente procura um enredo diferente, com fábulas”, revela José Costa Leita, que reclama da queda na venda dos livros nos últimos anos e diz que só tem conseguido levar o trabalho adiante graças ao incentivo que ganha como Patrimônio Vivo do estado. Apesar da falta de recursos, não mede elogios aos ofício que defende. “O cordel educa, ensina, diverte. Tem gente que pensa que ele não é arte e trata como uma coisa inferior. Algo como esse verso que diz: ‘Conheci um fazendeiro / que vivia endinheirado / tinha cem léguas de terra / dez mil cabeça de gado / findou com duas sacolas / na feira pedindo esmola / de tanto vender fiado’. Pode ver que tendo métrica, não falha”, comentou ele, que tem a vantagem, como cordelista, de saber fazer o cordel, a xilogravura e ainda cantar. “Eu faço tudo, só não tenho a quem vender”, brinca aos risos, pra diversão da garotada.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Fundada em 1848 com o nome Sociedade Musical Curica é um dos grandes patrimônios de Goiana
Após a conversa, foi a vez da Banda Musical Curica ocupar o salão da escola e realizar sua apresentação, e antes de começarem era visível a cara de curiosidade no rosto dos estudantes, empolgados com o que aconteceria na sua escola. Fundada em 1848 com o nome Sociedade Musical Curica é um dos grandes patrimônios de Goiana. Sempre marca presença em solenidades cívicas e religiosas e conta com 60 a 70 músicos jovens com idades que variam entre nove e 18 anos. Por lá, passaram músicos como o Maestro Duda e Maestro Guedes Peixoto.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
O corpo musical da Banda Musical Curica é bastante jovem, formado por integrantes com idades que variam entre nove e 18 anos
Segundo Edson Júnior, presidente da Sociedade Musical Curica e trompetista da banda, o título de Patrimônio Vivo é de fundamental importância porque é através deste incentivo, que não é apenas financeiro, mas também de ações, que a banda se mantém reconhecida e atuante no estado. “Aproveito para também fazer um convite e chamar a todos a visitarem nossa sede na cidade de Goiana, na Rua 5 de Maio, onde acontecem atividades de formação musical de segunda a sábado”.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Jan Ribeiro/Secult-PE
Grupo atualmente conta com a regência do Maestro Everton, que se formou em música na própria escola da Sociedade Musical Curica
O grupo atualmente conta com a regência do Maestro Everton, oriundo da escola de música da Curica. A apresentação foi marcada pelas músicas tradicionais da banda, que de acordo com registro históricos chegou a tocar para o Imperador Dom Pedro II, em 6 de dezembro de 1859. Além desrtas canções, a apresentação animadíssima contou no seu repertório com vários clássicos da música pernambucana e nacional, como Como Dois Animais (Alceu Valença) e Do seu lado (Jota Quest), que fizeram a garotada entrar no clima e se divertir bastante. No clima da valorização dos bens culturais pernambucanos, a Curica finalizou com os frevos Cabelo de Fogo e Voltei Recife – Desde 2011, o Frevo tem o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, dado pela Unesco.