terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

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Crédito das Fotos: Prefeitura de Arcoverde | O domingo em Arcoverde é dia de folia dos bois. A cidade recebe o desfile dos principais grupos na competição bem-humorada. O dia de festa acabou em show de Sandra de Sá, que levou muito suingue e não deixou o público parado. Também fizeram shows Nono Germano, Banda de Pau e Corda e Patusco.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Foto: Carnaval PE 2013 | Shows e Papangus em Bezerros

A brincadeira carnavalesca mais tradicional de Bezerros toma conta da cidade neste domingo. Arrancando risos ou sustos de moradores e turistas, os Papangus vão alegrar novamente um dos carnavais mais bonitos de Pernambuco.
A concentração na Praça São Sebastião, logo mais às 10h, será animada por Claudionor Germano. No Palco em frente à Prefeitura, a partir de meio dia, o público também confere o show da Banda Patusco! E à noite, às 21h, é Antúlio Madureira que encerra o domingo de carnaval na cidade.

Programação completa: www.carnavalpe2013.com.br

Carnaval PE 2013 | Shows e Papangus em Bezerros

A brincadeira carnavalesca mais tradicional de Bezerros toma conta da cidade neste domingo. Arrancando risos ou sustos de moradores e turistas, os Papangus vão alegrar novamente um dos carnavais mais bonitos de Pernambuco.
A concentração na Praça São Sebastião, logo mais às 10h, será animada por Claudionor Germano. No Palco em frente à Prefeitura, a partir de meio dia, o público também confere o show da Banda Patusco! E à noite, às 21h, é Antúlio Madureira que encerra o domingo de carnaval na cidade.

Foto: Carnaval PE 2013 | Shows e Cultura Popular em Bezerros

A folia em Bezerros não para e nesta segunda-feira é a vez dos Papangus Gigantes espalharem alegria pelo centro da cidade. O cortejo sai às 16h da Praça São Sebastião e vai contar também com a participação do Caboclinho Canindé de Camaragibe.

Moradores e visitantes conferem ainda grandes shows. Entre as atrações: Alceu Valença às 15h, no Palco em frente à Prefeitura. E Silvério Pessoa, ao meio-dia, no Palco Cultural.  

Confira programação completa em www.carnavalpe2013.com.br
Carnaval PE 2013 | Shows e Cultura Popular em Bezerros

A folia em Bezerros não para e nesta segunda-feira é a vez dos Papangus Gigantes espalharem alegria pelo centro da cidade. O cortejo sai às 16h da Praça São Sebastião e vai contar também com a participação do Caboclinho Canindé de Camaragibe.

Moradores e visitantes conferem ainda grandes shows. Entre as atrações: Alceu Valença às 15h, no Palco em frente à Prefeitura. E Silvério Pessoa, ao meio-dia, no Palco Cultural.
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Carnaval PE 2013 - Cortejos em Jaboatão dos Guararapes


Carnaval 2013 | Segunda de Carnaval no Sertão do Pajéu é em Triunfo! A partir das 18h, no Pátio de Eventos, os grupos A Trombonada, Los Cubanos e a Banda Patusco garantem a diversão de moradores e turistas.
Chico Ludermir


MARACATU, PALAVRA FEMININACHICO LUDERMIR (TEXTO E FOTO)

Mulheres mudam história da brincadeira mais famosa da Zona da Mata
Há oito anos Givanilda Maria da Silva mudou uma tradição e, num universo onde era vedada a participação de mulheres, virou mestra. Desde 2004, por acasos da vida, Mestra Gil está à frente do Coração Nazareno, único maracatu rural feminino de que se tem notícia até hoje.
Por acasos da vida, porque tudo aconteceu muito tarde, quando nem mais ela mesma acreditava que seria possível. Aos 35 anos, depois de cinco filhos criados, ouviu falar de um maracatu, em criação, com caboclas de lança mulheres, o que pro imaginário da brincadeira, chegava a ser revolucionário.
“Então eu vou lá e vou brincar de cabocla, que era meu sonho”, disse ela. Mas, quando chegou lá não tinha mais vaga pra carregar o surrão (sinos) nas costas. Só tinha vaga para bandeirista. “Mas rapaz, que sina. Eu doida pra brincar de cabocla, vou brincar de bandeirista. Mas eu vou querer mesmo assim”, persistiu.
Certo dia, a bandeirista chegou cansada na sede do maracatu e correu pro banho. Sem saber que estava sendo escutada, começou a cantar uma toada do mestre João Paulo, do Leão Misterioso, que dizia:
“Em Nazaré, na cultura
ninguém quebra seu tabu
porque já é batizada
terra do maracatu”

Mas acabou emendando uma versão:
“E Amunam, na cultura
ninguém quebra seu tabu
que Eliane Rodrigues
fez um lindo maracatu”
Aí todo mundo gostou! E foi um rebuliço. “Próximo ano é ela que vai ser a mestra. Ela sabe cantar”, diziam. Aí juntou o pessoal. Xoxa, Mariinha, Marinalva..., “agitando” para Gil ser a mestra.
“Eu disse 'eu não vou', porque eu não sei cantar”, lembra de sua insegurança. Aí as meninas diziam: “Dá pra você cantar”. “Dá, não dou, dá não dou. Foi aquela cachorrada”, brinca, soltando uma gargalhada, repetida diversas vezes durante a narração.
A Amunam que Mestra Gil cantou é a Associação de Mulheres de Nazaré da Mata, criada em 1988, por Eliane Rodrigues, para tratar de questões do gênero, como violência e educação sexual. Foi de lá que surgiu, há oito anos, a ideia de quebrar o tabu da participação da mulher no maracatu rural.
O espaço destinado às mulheres no baque solto, tradicionalmente, era a cozinha. Mesmo as baianas, no começo, eram homens fantasiados. “Até a criação do Coração Nazareno, só sabemos de uma cabocla de lança. O maracatu de baque solto era um ambiente muito masculino e por isso é uma quebra de paradigma poder tirar a mulher deste lugar”, conta Rosângela Lima, 26 anos, educadora da Amunan. “As mulheres crescem ouvindo que mulher não pode isso, não pode aquilo, mas elas vieram para mostrar que podem, sim”, se orgulha.
Marinalva Freitas, com 49 anos, é a cabocla mais velha do grupo. Com dois tios caboclos, nunca tinha tido oportunidade de brincar e conta que morreu de medo que o maracatu feminino fosse rejeitado. “Disse pro meu marido e ele nem acreditou”, lembra. “Tu vai aguentar?”, perguntou ele. Faz sete anos que ela dá a mesma resposta.
No caso da Mestra Gil, o maracatu trouxe ainda outra novidade. Enquanto aprendia a fazer marcha, samba e galope (toques), com outros mestres, conheceu mestre Zé Duda, do Estrela de Ouro, com quem é casada há cinco anos. Além de companheiro, foi ele, um dos poucos que deixou de lado o preconceito e aceitou passar o que sabia para as mulheres.
Hoje em dia, a mestra tem reconhecimento Brasil afora. Já ganhou prêmio no Rio de Janeiro, foi aplaudida de pé em Brasília e, em Goiana, integrantes de outro maracatu se declaram seus fãs.
“Não vou dizer que me orgulho, não, mas eu me sinto muito feliz. Estou representando todas as mulheres do Brasil. Represento minha mãe e outras mães”, conta com humildade. “Estou honrada em poder cantar maracatu e mostrar que mulher também é capaz. Só me faltava um empurrãozinho para provar que mulher pode ser tudo, inclusive mestra de maracatu”, se alegra Gil.
Carnaval PE 2013 l Hoje, mais de 2000 caboclos de lança saem pelas ruas de Nazaré da Mata animando a cidade e preservando a tradição. A concentração começou no Parque dos Lanceiros, desde às 8h, e reúne 31 agremiações, entre elas os maracatus Cambinda Brasileira, Águia Dourada e o Coração Nazareno - o último formado exclusivamente por mulheres.

A cidade está lotada para o encontro de maracatus, um dos mais tradicionais e belos do Carnaval de Pernambuco! O próximo desfile é do Maracatu Estrela Brilhante de Nazaré da Mata.

O encontro acaba por volta das 18h e logo em seguida começam os shows desta noite, no Palco dos Maracatus (Praça da Catedral).

Foto: Carnaval PE 2013 l Hoje, mais de 2000 caboclos de lança saem pelas ruas de Nazaré da Mata animando a cidade e preservando a tradição. A concentração começou no Parque dos Lanceiros, desde às 8h, e reúne 31 agremiações, entre elas os maracatus Cambinda Brasileira, Águia Dourada e o Coração Nazareno - o último formado exclusivamente por mulheres. 

A cidade está lotada para o encontro de maracatus, um dos mais tradicionais e belos do Carnaval de Pernambuco! O próximo desfile é do Maracatu Estrela Brilhante de Nazaré da Mata.

O encontro acaba por volta das 18h e logo em seguida começam os shows desta noite, no Palco dos Maracatus (Praça da Catedral). Confira programação completa em
www.carnavalpe2013.com.br

(Foto: Ricardo Moura)
Carnaval 2013 l Conhecida como A Terra do Maracatu, Nazaré da
Mata atrai grande número de admiradores e foliões durante o Carnaval devido à forte tradição dos caboclos de lança. Os grandes dias do Carnaval nazareno são a segunda e terça, quando acontecem os encontros dos grupos de baque solto. Além dos maracatus, o Carnaval de Nazaré também apresenta outros folguedos, como bois carnavalescos, blocos de ciranda e troças.

O município de Nazaré da Mata fica a 63 km da capital pernambucana e o acesso é feito pela BR-408.

Foto: Carnaval 2013 l Conhecida como A Terra do Maracatu, Nazaré da
Mata atrai grande número de admiradores e foliões durante o Carnaval devido à forte tradição dos caboclos de lança. Os grandes dias do Carnaval nazareno são a segunda e terça, quando acontecem os encontros dos grupos de baque solto. Além dos maracatus, o Carnaval de Nazaré também apresenta outros folguedos, como bois carnavalescos, blocos de ciranda e troças. 

O município de Nazaré da Mata fica a 63 km da capital pernambucana e o acesso é feito pela BR-408.

Confira a programação completa de PE no site: www.carnavalpe2013.com.br

Foto: Beto FigueiroaFoto: Carnaval PE 2013 | Encontro de Maracatus em Nazaré da Mata

Sede de 23 agremiações de maracatu rural, entre elas 
o Cambinda Brasileira, o Águia Dourada e o Coração Nazareno (único maracatu composto só por mulheres), Nazaré da Mata conta os minutos que ainda faltam para o Encontro de Maracatus 2013, marcado para esta segunda-feira de Carnaval. A concentração tem início às 8h, no Parques dos Lanceiros. 

Dois mil caboclos de lança e outros personagens de 31 agremiações desfilarão pelas ruas da cidade, mostrando a força desta tradição popular tão característica da nossa cultura. 

A programação imperdível em Nazaré da Mata nesta segunda-feira conta ainda com homenagens ao Maestro Zé Menezes, Mestre João Paulo e show de Quinteto Violado e Jorge Aragão. 

Programação completa de shows: www.carnavalpe2013.com.br 
Mais informações sobre o Encontro de Maracatus 2013: afonso.oliveira@yahoo.com.br



Carnaval PE 2013 - Encontro de Maracatu em Aliança


Foto: Maracatu Gavião da Mata/ Foto: Ricardo MouraFoto: Maracatu Gavião da Mata/ Foto: Ricardo MouraFoto: Carnaval PE 2013 l O 23º Encontro Estadual de Maracatu de Baque Solto de Pernambuco anima a cidade de Aliança, nesta segunda-feira de Carnaval.

Agora, o desfile fica por conta do Maracatu Gavião da Mata de Glória do Goitá

(Foto: Giselly Andrade)
Carnaval PE 2013 l O 23º Encontro Estadual de Maracatu de Baque Solto de Pernambuco anima a cidade de Aliança, nesta segunda-feira de Carnaval.

Agora, o desfile fica por conta do Maracatu Gavião da Mata de Glória do Goitá.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Foto: Carnaval PE 2013 | Águas Belas

Tradição do frevo com toda força em Águas Belas. A cidade de Águas Belas tem se firmado a cada ano como um polo de valorização do frevo pernambucano. Nos últimos anos, 12 blocos de rua foram recuperados e o ritmo se tornou o principal do festejo na cidade. Com a recente inscrição do frevo na “Lista Representativa de Bens Culturais Imateriais da Humanidade”, da Unesco, o ritmo que domina o Carnaval pernambucano ganha cada vez mais força.

Veja a programação completa aqui: http://www.carnavalpe2013.com.br/

Carnaval PE 2013 | Águas Belas

Tradição do frevo com toda força em Águas Belas. A cidade de Águas Belas tem se firmado a cada ano como um polo de valorização do frevo pernambucano. Nos últimos anos, 12 blocos de rua foram recuperados e o ritmo se tornou o principal do festejo na cidade. Com a recente inscrição do frevo na “Lista Representativa de Bens Culturais Imateriais da Humanidade”, da Unesco, o ritmo que domina o Carnaval pernambucano ganha cada vez mais força.
Foto: Carnaval PE 2013 | Por conta da seca, todos os blocos de Águas Belas estão com a concentração transferida para o horário da tarde. Todos os blocos da cidade concentram-se, do Sábado de Zé Pereira à Terça-feira Gorda, a partir das 13h. Os desfiles estão marcados para as 16h.
 Por conta da seca, todos os blocos de Águas Belas estão com a concentração transferida para o horário da tarde. Todos os blocos da cidade concentram-se, do Sábado de Zé Pereira à Terça-feira Gorda, a partir das 13h. Os desfiles estão marcados para as 16h.
Foto: Carnaval PE 2013 l Em Águas Belas, a folia de Momo é conhecida como “Carnaval das Etnias” e hoje, um dos principais grupos indígenas da cidade, o Fethxá, sai pelas ruas no Bloco Beija-Flor.

À noite, tem shows de Adelmo Apolonio, Nádia Maia e Ramos Silva, a partir das 20h.

Foto: Jaqueline Maia.


Carnaval PE 2013 l Águas Belas 

Mergulhe...(por Chico Ludermir)

DA MISTURA DE POVOS E BRINCANTES

Como Águas Belas celebra, no Carnaval, a origem do Brasil
Já faz mais de 500 anos que, no Brasil, se encontraram negros, brancos e índios. Se é no Carnaval que se revelam as manifestações de uma tradição misturada – e se relevam todo o sofrimento que esteve por trás deste encontro – é em Águas Belas, no Agreste pernambucano, onde essa mistura se torna emblema.

Cidade com mais de 6 mil índios da etnia Fulni-ô e duas comunidades quilombolas, Pião e Tanquinhos, o Domingo de Carnaval de Águas Belas é deles. De um lado, concentrando-se no sindicato dos trabalhadores rurais do município, o Bloco Zumbi, que homenageia o mártir negro. Do outro, saindo do Ponto de Cultura Fulni-ô, o Bloco Beija-flor, composto por índios na cadência de suas maracas. Os dois se encontram no começo da noite, na praça principal da cidade. Numa metáfora forte das raízes fundantes do País.

Mas é pouco tangível falar de encontro de etnias, ou de cores. Os ritmos que se misturam são de ancestralidades distintas, é verdade. Os sangues carregam tradições de diferentes origens, fato. Mas os olhares que se cruzam e as mãos que se tocam e se abraçam são as das pessoas. Vivas. Hoje.

Na frente da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, fundada na primeira metade do século 20, trocam e dividem o mesmo terreno Josias do Coco e Matinho Fulniô; Dona Estelita e Towé.

Na década de 1950, João Rosaldo da Silva ganhou ainda novo, de Zezinho da Prestação, o apelido de Josias do Coco. Nascido e criado em Tanquinhas, Josias sai ao lado de outros 1 mil brincantes dos dois quilombos e dos 18 assentamentos e três acampamentos da região, e é dos poucos representantes vivos da pisada do samba de coco.

Como é comum escutar dos mais velhos, Josias partilha a lembrança de quando se pisava o chão das casas de taipa. Levantavam os esteios, cruzavam as varas, traçavam o barro. “Quando aguava a terra, começava o samba, umas 7h da noite. Só parava no às 7h da manhã do dia seguinte”, relembra a tradição, que se foi junto com esses tipos de moradia. “Era com pandeiro e ganzá e o pé. Ficava tão liso quanto cimento”, conta ele, que tem mais de 50 anos de cantoria. E até pouco tempo não passava um mês sem cantar.

Do Pião, quilombo vizinho, Dona Estelita Maria de Lira, 73 anos, também é presença no Bloco do Zumbi. Trabalhava na roça ao lado das oito irmãs e apenas um irmão. E plantava milho, feijão, algodão, mamona. Até hoje, quando chove, fica aperreada querendo plantar. Mas não pode, porque fica cansada.

“Quando ia fazer uma ‘taipagem’ de casa, chamavam a gente pra carregar água. Matava o porco de véspera. No outro sábado, já sabia que era pra terminar. Ainda ajudei a pisar duas casas minhas, além das de muitos outros que dividem o mesmo chão. Nos quilombos, era sempre assim. As casas todas ‘pisunhadas’”.

No Carnaval, a festa relembra os tempos de escravidão. “Minha mãe, mesmo, sofreu muito. A polícia foi até buscar ela um dia de pés. Eu conheci também a minha avó, uma velhinha magrinha. Me lembro da cantiguinha de samba que ele tinha.” E, então, ela canta, com a voz baixinha, parte pela vergonha, parte pela emoção.

“Cajueiro abalou, menina se querer vamos,
não te ponha a imaginar,
quem imagina cria medo.
quem tem medo não vai lá.

Ô menina, lá em casa tem um pé de cajueiro,
tem um toco de baraúna, que faz sombra no terreiro.
De madrugada, quando os passarinhos cantam,
tem um ranço na garganta,
cajueiro, cajueiro”.

Do outro lado da pequena Águas Belas, encontramos os misteriosos Fulni-ôs. Os índios se preservam em segredos e receios. Lembram muito bem uma história de opressão branca que, por pouco, não acabou completamente com a cultura das aldeias.

No Ouricuri, terra sagrada, não entram brancos. Lá eles passam cerca de três meses em rituais, todos na luz de candeeiro, sem energia elétrica. São eles também que ainda têm como língua primeira o yatheé.

Mas no Carnaval todo mundo pode ser um pouco índio e sair com eles no Bloco Beija-Flor. Todos pintados, com flechas e outros artesanatos indígenas. Hoje são mais de 3 mil seguidores da agremiação iniciada em 2010.

São maracás, pífanos tocando samba de coco e cafurna, além de alguns tipos de toré de festa. Os dos rituais ficam guardados. “Balançou a maraca todo mundo sabe dançar”, afirma Aderlindo, ou Lylyssaká, que significa o pássaro periquito em yatheé. Lylyssaká é o presidente do bloco que sai pela quarta vez em 2013.

“Este ano a gente tá com alguns problemas. A estiagem de dois anos tá fazendo todo mundo ficar menos animado. Até mesmo para tirar as pinturas do corpo é complicado. Não temos água”, relata, enquanto puxa um cachimbo de fumo de corda misturado à semente de imburana.

Passando do outro lado da rua, um homem com cabelo muito preto e franja cortada muito curta chama a atenção do demais. Matinho, ou Setiká, folha de mato, em Yatheé é chamado com alegria pelos demais. “Matinho! Matinho!”, gritaram. E ele veio.

Matinho é do grupo Fetxá (Sol) que se apresenta no Carnaval e rapidamente nos demonstra a força de seu canto e dança. Matinho canta, pisa e toca pífano, incrivelmente ao mesmo tempo. Como se fosse possível. “Pezinho pra frente, pezinho pra trás”, brinca, enquanto ensina, simplificando.

“A cultura da tribo Fulni-ô nunca se acaba, porque somos uma tribo guerreira”, conta Towé (fogo), que tem um grupo de cafurna, ritmo indígena. No Carnaval cada índio quer ficar mais bonito que o outro e se pintam de festa com carvão, genipapo e urucum. É tempo de festejar o índio, o negro, o branco. O encontro histórico e cotidiano
GuimarãesCosta Neto

BOIS, A SURPRESA E A ALEGRIA DA MATA NORTEJULYA VASCONCELOS (TEXTO) | COSTA NETO (FOTO)

O que faz Timbaúba um lugar tão especial no Carnaval
“O senhor pode cantar uma loa pra gente ver como é?”, pergunto ao Seu Cruá, no canto de uma saleta no Alto do Cruzeiro, na cidade de Timbaúba, na Zona da Mata Norte pernambucana. O boi está na nossa frente, nos últimos preparativos, sendo remexido por um grupo de adolescentes. “Essa é do pai de santo, sente aí”, me diz apontando para uma cadeira branca de ferro, num gesto meio gentil, meio afobado. Sentei. Pouco tempo depois soube que o pai de santo era ele próprio, Pai Cruá, e que aquele espaço era a sede do Boi do Trigo e, ao mesmo tempo, nada mais, nada menos que o “Palácio de Xangô”.
Ele faz uma pausa como que preparando a garganta, engole seco, respira fundo e começa, em uma cadência bonita, arrastada, cheia de sotaque:
“Vaqueiro pra ser vaqueiro
Vaqueiro do meu Sertão
Derruba gado no chão
A cultura de Timbaúba
É uma cultura especial
E saindo dos três morros
o boi de Carnaval”
A loa é a toada, o improviso em versos, o canto que o mestre cria no meio da apresentação do boi. “Minha língua às vezes dobra, mas dá pra sair som”, diz, arrancando uma risada geral, ciente da sua língua presa, que lhe dá uma dicção por vezes incompreensível. Cruá é o apelido de Rosenildo José da Silva, de 43 anos, presidente do boi mais antigo em atividade na cidade de Timbaúba: o lendário Boi do Trigo, que existe desde 1968.
O grupo foi fundado por Seu Elias, já falecido. Ele era padeiro da antiga Panificadora Paris. Juntou-se a mais dois companheiros, Cumpade Fulô (que era cirandeiro) e Biu Macena (tocador de caixa), e então eles começaram a sair no Carnaval. Levaram um boi vestido com aqueles sacos industriais de farinha de trigo que eram largados pelos cantos da padaria. Em 1989, Cruá conta que já fazia três anos que o boi do Trigo estava parado. “Eu perguntei pra Seu Elias, que já tava muito velho, se ele não queria me vender o boi. Ele disse que sim, aí eu comprei”. Comprar o boi significa, de certa maneira, comprar a sua tradição, seu nome e, claro, a batucada (os instrumentos). E foi assim, de um jeito tão simples, que Cruá se tornou o presidente do boi mais tradicional de Timbaúba.
A cidade estava calma. As crianças, comportadas em uma varanda, em meio a máscaras carnavalescas. Havia lá mais um grupo de meninos de uns 15 anos, que pintavam os cabelos com água oxigenada na frente da casa de Seu Cruá, fazendo um (quase) Carnaval particular. Mas por detrás de várias daquelas portas trancadas, eles me garantem que há um boi sendo enfeitado em segredo pro domingo de Carnaval, dia do tradicional Concurso Municipal de Bois, que já entra no seu 14º ano em 2013. Há mais de 50 bois em Timbaúba, cada um com cerca de 70 integrantes.
Pergunto se os meninos participam, se dão valor à tradição. “Oxe, e então! Com quatro ou cinco anos já começam a brincar, mas não é tudinho, não”, conta Seu Cruá, revelando que também muitos deles quando crescem mais um pouco, só querem saber “de namoro e axé”. Ednaldo, de 18 anos, carrega o boi e diz que é “uma alegria poder brincar”. Emerson, Riquelme, César e Rosângela também participam da festa, e usam a mesma palavra pra descrever a emoção: “alegria”, que às vezes varia um pouco para “felicidade”. Não sei se ficam tímidos e repetem sempre a frase do amigo, mas a verdade é que falam com um sorriso sincero.
A maior parte dos meninos é de toureiro, o personagem que “fica toreando na frente do boi, com um pano vermelho”. Cruá conta que cada personagem do boi tem importância essencial para a beleza da apresentação. “É a batucada, com zabumbeiro, caixeiro, mineiro, gonguê e a buzina. Aí tem o Boi, a Burrica, o Vaqueiro, a Rainha e a Contra-Rainha, a Caterina e a Caixeira, a Porta-Estandarte, o Mestre e o Contra-Mestre”, ensina.
Em Timbaúba, os bois desfilam na Passarela de Eventos, que fica no centro da cidade. São avaliados por um corpo de jurados que analisa evolução, toada, fantasia, e outros quesitos. Apresentam-se disputando um troféu, um prêmio em dinheiro e a glória de ser o boi mais bonito do Carnaval. Além de mover a cidade, isso faz com que exista muita rivalidade entre os bois e os morros dos seus integrantes: os altos de Santa Teresinha, do Cruzeiro e da Independência. “Existe muita provocação entre os bois, muita competição e rivalidade”, afirma Seu Cruá.
O BOI VENCEDOR Costa Neto
Na pacata Rua da Cruz, que fica no bairro de Timbaubinha, às margens do Alto do Cruzeiro, dá pra ver uma ponte pintada de verde, sob a qual passa o Rio Capibaribe-Mirim. Há poucos metros daí é a casa de Seu Dedé, presidente do Boi Surpresa, que venceu o Concurso de Bois de Timbaúba no ano de 2011. Quando chegamos, quem nos atende é uma senhora alta e forte, Dona Maria José, esposa de Seu Dedé e caixeira do Boi (ou Mulher da Caixa, que arrecada as doações da população durante o cortejo e depois divide entre todos). Ela explica que ele teve que sair, mas que volta logo. “Vocês querem ir vendo o boi?” e, antes de qualquer resposta, já vai abrindo a portinha do muro azul reluzente ao lado da sua casa para revelar o segredo: o Boi Surpresa brilha quando o sol entra na sala escura de Dona Maria.
Cheio de espelhinhos, brocal e lantejoulas, o boi parece luxuoso, lembrando aquelas alegorias de escola de samba. Enquanto admiramos o boi, Seu Dedé entra como um raio e senta perto da mulher. No começo fala pouco, uma palavra ou outra. Mas quando perguntado sobre seu sentimento, ele enche os olhos de lágrimas e dispara um demorado “oooxe!”. “A alegria é grande demais, eu tenho prazer, e só gosto de botar na avenida um boi bonito”.
Seu Dedé e Dona Maria José fundaram o Surpresa há sete anos. Mas ele conta que brinca nos bois desde os 12 anos de idade. Ela diz que se apaixonou pela história por causa do marido. A paixão de Seu Dedé é tanta que além do incentivo financeiro da prefeitura, ela tira dinheiro das suas economias para comprar os materiais de melhor qualidade. “Tá vendo isso aqui? Isso é muito caro!”, exclama mostrando o tecido da roupa do Mestre: “Eu fico agoniado, agoniado. Nem durmo direito”.
De dentro de caixas espalhadas por dentro de casa, eles foram mostrando, uma a uma, as fantasias feitas para cada um dos quase 60 integrantes do boi. Botas, vestidos cor-de-rosa, camisas que tinham uma aplicação de brilho trazido diretamente do Rio de Janeiro, chapéus de palha coloridos. Depois de abrirem todas as caixas, satisfeitos, Seu Dedé questiona: “O bicho pega ou não?”, e ri de sua própria frase.
A BUZINAFoto: Carnaval PE 2013 l O tradicional Encontro de Bois da cidade de Timbaúba está acontecendo neste domingo. Os grupos desfilam para uma comissão julgadora que irá eleger o vencedor do Carnaval da cidade. A festa timbaubense conta ainda com blocos de frevo, caboclinhos, maracatus e escolas de samba. São cerca de 100 blocos e troças desfilando pelas ruas.
No meio de qualquer conversa sobre bois de Carnaval em Timbaúba, alguém menciona, sempre em tom de orgulho, a existência da buzina. Seu Cruá tocou o instrumento retorcido de metal, que mais parece um chifre que uma buzina, e espalha um som partido, insistente, meio grave.
“No começo, os bois usavam chifres”, diz Aurineide Ferreira, sua filha. “Mas eram menores que aqueles de boiadeiro e nem sempre eram fáceis de achar, nem sempre dava pra ter o som que queriam”. Essa história chegou no ouvido de Seu Amaro, que resolveu criar um instrumento de lata de óleo, e começou a trabalhar nas suas “dobraduras”, como diz Aurineide. Esse senhor, que tinha uma oficina de lanternagem e prazer por inventar objetos – além de um talento especial para afinar instrumentos – sabia achar o som perfeito que os mestres de boi buscavam. Aurineide diz que “ele sabia ler e escrever sem nunca ter estudado; afinava instrumentos sem saber tocar uma nota”. Parte integrante da batucada do boi, a buzina só existe na cidade pernambucana e era fabricada apenas pelo lanterneiro, falecido há dois anos. Dizem que Nildo, seu filho, é o único que domina a arte do pai. Este ano, o concurso homenageou Seu Amaro ao som das buzinas e das toadas bonitas dos bois de Timbaúba.
Foto: Carnaval PE 2013 | A cidade de Tamandaré, na Mata Sul de Pernambuco, possui uma das praias mais procuradas no litoral do estado. Com atrativos naturais paradisíacos, o município recebe, durante o Carnaval, uma programação extensa. A tradição dos blocos de rua e troças é mantida no período carnavalesco, juntando-se aos shows de atrações pernambucanas e nacionais, que garantem a alegria desta grande festa. 

Tamandaré fica a cerca de 100 km do Recife e o acesso para a praia é realizado pela BR-101 e, em seguida, pela PE-060 (litorânea).

Saiba mais sobre o carnaval de outras cidades de Pernambuco: www.carnavalpe2013.com.br

Carnaval PE 2013 | A cidade de Tamandaré, na Mata Sul de Pernambuco, possui uma das praias mais procuradas no litoral do estado. Com atrativos naturais paradisíacos, o município recebe, durante o Carnaval, uma programação extensa. A tradição dos blocos de rua e troças é mantida no período carnavalesco, juntando-se aos shows de atrações pernambucanas e nacionais, que garantem a alegria desta grande festa.

Tamandaré fica a cerca de 100 km do Recife e o acesso para a praia é realizado pela BR-101 e, em seguida, pela PE-060 (litorânea).
Foto: Carnaval 2013 l Arcoverde

A riqueza e a diversidade artística da cidade de Arcoverde, porta de entrada do sertão pernambucano, ganham corpo através de diversas manifestações culturais, que em períodos como o de Momo, tomam conta das ruas da cidade. Conhecida como “Carnaval Folia dos Bois”, a tradicional festa de Arcoverde ganha um colorido especial, através da participação de grupos como Boi Maracatu, Boi Furioso, Bola de Fogo, Estrelinha, Boi Mangangá, Boi Arcoverde, Chifre de Ouro, Boi Estrela Cadente, entre outros, que desfilam durante os quatro dias de folia. 

Confira a programação completa de PE no site: www.carnavalpe2013.com.br

Carnaval 2013 l Arcoverde

A riqueza e a diversidade artística da cidade de Arcoverde, porta de entrada do sertão pernambucano, ganham corpo através de diversas manifestações culturais, que em períodos como o de Momo, tomam conta das ruas da cidade. Conhecida como “Carnaval Folia dos Bois”, a tradicional festa de Arcoverde ganha um colorido especial, através da participação de grupos como Boi Maracatu, Boi Furioso, Bola de Fogo, Estrelinha, Boi Mangangá, Boi Arcoverde, Chifre de Ouro, Boi Estrela Cadente, entre outros, que desfilam durante os quatro dias de folia.
Foto: Carnaval PE 2013 | Arcoverde

Começa agora o Carnaval em Arcoverde!
O bloco “Abram alas que os bois vão passar”, das troças de bois da cidade faz sua apresentação pré-carnaval. Grupo especial, grupo dois e grupo de acesso dos bois desfilam juntos para inaugurar o primeiro dia da folia momesca. Paralelamente aconte o Sesc Folia, que sai do Sesc até a Praça da Estação Ferroviária.

Programação completa aqui: http://www.carnavalpe2013.com.br/


Carnaval PE 2013 | Arcoverde

Começa agora o Carnaval em Arcoverde!
O bloco “Abram alas que os bois vão passar”, das troças de bois da cidade faz sua apresentação pré-carnaval. Grupo especial, grupo dois e grupo de acesso dos bois desfilam juntos para inaugurar o primeiro dia da folia momesca. Paralelamente acontece o Sesc Folia, que sai do Sesc até a Praça da Estação Ferroviária.
Foto: Carnaval PE 2013 l Timbaúba, na Zona da Mata Norte, possui cerca de 60 grupos de bois, daí a fama de ser a Terra dos Bois. As agremiações típicas do município são formadas por estandarte, porta bandeira, a “Mulher da Mala”, os “Toureiros” e os brincantes, em uma grande festa popular. A festa timbaubense conta ainda com blocos de frevo, caboclinhos, maracatus e escolas de samba. São cerca de 100 blocos e troças desfilando pelas ruas. 

A cidade fica a 98 km do Recife e é conhecida pela produção de redes e calçados.

Confira a programação completa de PE no site: www.carnavalpe2013.com.br


Carnaval PE 2013 l Timbaúba, na Zona da Mata Norte, possui cerca de 60 grupos de bois, daí a fama de ser a Terra dos Bois. As agremiações típicas do município são formadas por estandarte, porta bandeira, a “Mulher da Mala”, os “Toureiros” eos brincantes, em uma grande festa popular. A festa timbaubense conta ainda com blocos de frevo, caboclinhos, maracatus e escolas de samba. São cerca de 100 blocos e troças desfilando pelas ruas.

A cidade fica a 98 km do Recife e é conhecida pela produção de redes e calçados.