domingo, 14 de dezembro de 2014

Pingo de Fortaleza - Uma chuva de musicalidade comprometida



Compositor, músico, brincante, pesquisador  e produtor cultural Pingo de Fortaleza é um artista  que nasceu um ano antes do Golpe Militar e que se envolveu com a música  e com outras linguagens artísticas na adolescência. Recebe esse pseudônimo por ter nascido prematuro. Com uma grandeza de olhar ele destaca que definir o que é  popular e  contemporâneo  está cada fez mais é difícil e perigoso usar estas compartimentações no campo da cultura e da arte. 


Alexandre Lucas – Quem é Pingo de Fortaleza?

Pingo de Fortaleza - João Wanderley Roberto Militão, nascido prematuro em Fortaleza no dia 08 de fevereiro de 1963, músico desde a adolescência e um eterno apaixonado pela arte da vida e pelas artes.

Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória?

Pingo de Fortaleza - Comecei ainda menino tocando violão no bairro José Walter e em seguida junto aos amigos da ETFCE onde cursei meu segundo grau, depois fui cursar música na UECE e neste tempo já havia me envolvido com parceiros do teatro e da poesia. Ali no universo do movimento estudantil do inicio da década de 1980 fiz minhas primeiras apresentações e meus primeiros espetáculos individuais. Depois gravei meu primeiro LP em 1986 e nunca mais parei de produzir e seguir nesta viagem musical.

Alexandre Lucas – Como se deu sua relação com a música?

Pingo de Fortaleza - De forma natural, recebendo informações de todas as formas e linguagens e se fortaleceu na adolescência com a audição das músicas do Pessoal do Ceará.




Alexandre Lucas – você é autor do livro Maracatu Az de Ouro – 70 anos de memórias, loas e batuques. O que representa a publicação deste livro para o Maracatu Cearense?

Pingo de Fortaleza - Tenho mantido um envolvimento com o universo da cultura do maracatu do Ceará desde 1990 quando criei a canção Maculelê, acho que o livro traduz um pouco todo o meu aprendizado neste segmento e revela através da história do Maracatu Az de Ouro que ainda precisamos de muitos registros para reconhecer profundamente à rica e significativa presença do maracatu na cidade de Fortaleza.

Alexandre Lucas – Além de pesquisador, você é brincante de Maracatu. Isso possibilitou um olhar diferenciado para produção do seu livro?

Pingo de Fortaleza - Ser brincante me deu mais felicidade em conseguir produzir este trabalho, pois vivo este universo e procuro recriá-lo sempre.

Alexandre Lucas – você é um dos fundadores do Maracatu Solar. Como vem sendo desenvolvido esse trabalho?

Pingo de Fortaleza - O Maracatu SOLAR é um Programa de Formação Cultural Continuada da ONG SOLAR (ONG criada por mim e alguns parceiros em 2005) e de certa forma essa atividade deu mais visibilidade e articulação a SOLAR e também nos possibilitou uma prática mais livre desta manifestação.

Alexandre Lucas – Você agrega na sua musicalidade o popular e o contemporâneo?

Pingo de Fortaleza - Em minha arte agrego sempre aquilo que me vem de inspiração e atualmente tenho usado pouco essas nomeclaturas, por compreender que todas os gêneros estão de certa forma conjugados e que está cada fez mais é difícil e perigoso usar estas compartimentações no campo da cultura e da arte.

Alexandre Lucas – Como você ver a relação em entre arte e política?

Pingo de Fortaleza - Acho que no campo filosófico a arte é parte integrante das relações humanas na sociedade, portanto qualquer fazer artístico é uma ação política, contudo não me refiro à política de estado ou governo.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos.

Pingo de Fortaleza - Depois dos cds Prata 950 (2009), Ressonância Instrumental (2010) e Axé de Luz(2011), pretendo lançar um novo livro sobre os universo rítmico do maracatu do Ceará e estou trabalhando num projeto intitulado "Pérolas do Centauro - 40 Anos da Música Cearense e 30 Anos da Musicalidade de Pingo de Fortaleza (1972-2012, Compositores e Intérpretes)

sábado, 13 de dezembro de 2014


AREA DA ANTIGA ESTACAO FERROVIARIA DE SALGUEIRO-PE.

Plano Piloto,Luiz Gonzaga (Alceu / Carlos Fernando)



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Um dia, Luiz Gonzaga, o Rei do Forró, me pediu para compor uma música. Carlos Fernando, meu amigo e parceiro, sugeriu um refrão que fazia referência a Brasília "é Asa Norte, é Asa Sul, é avião". Juntos, compusemos um forró aceleradinho. Quando mostramos ao Mestre, ele me convida para participar da gravação e diz: "Está linda! Eita, música da gota!!!! Você vai dividindo ligeirinho como Jackson e deixa o xote manhoso para mim". Parabéns, meu mestre, pelos 102 anos!!! Você permanece vivo nos ouvidos e corações do seu povo!

Alceu Valenca






CD reúne 10 canções de um dos maiores ícones vivos da cantoria nordestina: Oliveira de Panelas. O propósito é enaltecer a trajetória de 50 anos de dedicação do artista a esse gênero fundamental da cultura popular brasileira.
Realização: Eliro Produções

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


Na sexta-feira, dia 12 de dezembro, tem mais um Café Cultural da Aliança Francesa! Desta vez, com o tema “Ariano Suassuna , vida e obra”. Será na unidade Derby (Rua Amaro Bezerra, 466),Recife-PE, a partir das 19h30, com as presenças do palestrante Prof. Carlos Newton Júnior e dos debatedores Nelly Carvalho e Lourival Holanda. Na ocasião, o público poderá conferir também uma exposição de telas de Romero de Andrade Lima, especialmente montada para o evento.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014



                           Traços do Sertão


O universo do cangaço, o cotidiano do homem sertanejo e as catadeiras de umbu. Essas são algumas cenas retratadas pelo artista Gidermar Sena na exposição “Traços do Sertão”, que está aberta à visitação até o dia 20 de janeiro, no Hall da reitoria da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), campus Petrolina, no Sertão pernambucano.
Mais de 15 desenhos expostos foram feitos utilizando a técnica de 'bico de pena'. “Eu uso uma caneta com bico bem fino e que assemelha aos traços do bico da pena, é uma coisa moderna. Há 15 anos, trabalho com essa técnica e outras também”, explica.
Exposição reúne desenhos com técnica de bico de pena (Foto: Amanda Lima / GloboEsporte.com)
Para produzir os desenhos da exposição, Gildermar utilizou como inspiração o Sertão. “Eu tenho algumas gravuras e desenhos que retratam o universo do cangaço, o cotidiano do homem do campo. Mostro as catadeiras de umbu em Uauá, inclusive essas gravuras eu levei para Itália em 2010 que mostram o processo de colheita do umbu”, conta.
A última exposição que fez foi realizada na Feira Internacional de Artesanato (Feicartes) no mês de maio deste ano. "A expectativa é boa, quero divulgar mais o meu trabalho no Vale do São Francisco. Eu iniciei com gravuras, com desenhos em grafite e fazia mais em papel ofício, mas era uma linguagem que não é valorizada pelo mercado. Depois comecei a trabalhar com bico de pena”, conta.
Gildemar Sena tem 57 anos. Ele é natural de Juazeiro-BA. Mas, mora e trabalha com arte há mais de 40 anos em Uauá, na Bahia.

Creditos G1

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Dulce

A Última Guerreira do Cangaço 
Por: João de Sousa Lima

Dulce ao centro

Em 2003 imprimi a 1ª edição do livro Lampião em Paulo Afonso e fui convidado pelo escritor Antônio Amaury para lança-lo em São Paulo, em um evento que sempre acontecia na estação do Braz, com o título: O AUTOR NA PRAÇA.  Amaury aproveitou minha ida a Sampa e me apresentou aos irmãos “ManoVéio e Mano Novo”. Dois irmãos que têm um famoso programa de rádio destinado aos nordestinos. Lançamos com sucesso os livros na companhia de mais alguns escritores da região. No dia seguinte pedi pra Amaury me levar em uma feira de antiguidades e no domingo nos dirigimos ao MASP- Museu de Artes de São Paulo, onde acontece uma famosa feira de Antiguidades. Ao nos aproximarmos da feira, a primeira pessoa que Amaury avistou foi o senhor “Acir” e me disse:

 - João, esse rapaz, o Acir, é filho da cangaceira Dulce! Vamos lá falar com ele!

Amaury me apresentou o rapaz e conversamos por alguns minutos, depois o presenteei com um exemplar do meu livro e ele disse que só não me levaria pra conhecer a mãe dele porque ela residia em Campinas e estava doente no momento, deixando claro que a única coisa que eu conseguiria era apenas ser fotografado ao lado dela, pois ela não dava entrevistas e lembrou ainda que Amaury a conhecia há vários anos e mesmo tendo essa amizade e mantendo contatos com a cangaceira ela nunca cedeu entrevista a Amaury. Eu falei que entendia a postura e o direito dela manter o silêncio sobre seu passado.

 Ex-cangaceira Dulce

Passei mais alguns dias com Amaury e retornei a Paulo Afonso, pois as férias estavam acabando e precisava retornar ao trabalho. Na época eu trabalhava como gerente de abastecimentos de aeronaves no aeroporto local. Um dos vigilantes do aeroporto chamado Eraldo, sempre me dizia que sua avó tinha sido cangaceira e como ele era muito brincalhão eu fui levando a conversa sem dar muito crédito. Certo dia passando em uma rua tive a atenção despertada por Eraldo que acenou pra que eu parasse minha moto. Eraldo foi logo dizendo:

 - Venha conhecer minha avó que foi do cangaço!

Estacionei e fui ouvir essa história. Uma simpática senhora, já passando dos 90 anos de idade, saiu do seu quarto e veio falar comigo. Eu perguntei se era verdade que ela tinha sido cangaceira e ela respondeu:
 - Não meu filho, isso é conversa do Eraldo, minha irmã é que foi cangaceira mas ela morreu no cangaço!
 - E qual o nome de sua irmã?
 - Dulce!
 - Dulce? Dulce de Criança?
 - Essa mesmo!
 - Mais a Dulce tá viva!
- É mentira! Dulce morreu em Angico!
- Não! Quem morreu em Angico foi Maria Bonita e Enedina!

Nesse momento lembrei-me do Acir e contei a história que tinha conhecido o filho da Dulce e por mais que eu afirmasse as histórias sobre a cangaceira, dona Maria “Cícera” dizia não acreditar. Vasculhei em minha carteira o telefone do Acir e quando encontrei pedi pra utilizar o telefone dela pra comprovar o que estava dizendo. Liguei e fui atendido de imediato pelo Acir. Quando falei quer era o escritor de João de Sousa Lima, o Acir foi muito receptivo e alegremente comentou dizendo que tinha lido meu livro e que tinha gostado muito das histórias. Eu o ouvi atentamente esperando a oportunidade de falar sobre o real motivo de minha ligação. Quando enfim ele perguntou por que eu estava ligando eu disse que estava na casa de uma senhora que afirmava ser irmã de sua mãe Dulce. Houve um breve silêncio e depois Acir comentou:

- Pelo amor de Deus João, minha mãe procura uma irmã a mais de 60 anos, me deixa falar com ela pra ver se é ela mesma!

Passei o telefone pra Maria Cícera e fiquei na expectativa sobre a conclusão da conversa. De repente Cícera chorou, desligou o telefone, sentou e com um grande sorriso de contentamento falou:

- Minha irmã tá viva!

João de Sousa Lima e a família de Dulce

Ficamos alguns minutos observando a felicidade daquela senhora, participando de sua alegria. Dias depois recebo uma ligação. Dulce estava em Paulo Afonso e queria me conhecer. Ela e o filho Acir vieram no vôo da BRA, que fazia São Paulo/ Paulo Afonso duas vezes por semana. Dia seguinte, dentro do horário marcado, segui até a casa de Cícera, que morava com sua filha Dil. Quando cheguei vi várias pessoas na sala e me aproximei. Apresentei-me à Dulce, conversamos muitos minutos e pude observar sua capacidade intelectual, mulher inteligente, com um misto de dureza na face e ao mesmo tempo de doçura na alma. Tempos depois ela  falou:

- Eu tenho uma grande dívida com você. Você me proporcionou o momento mais feliz de minha vida, tendo encontrado essa minha irmã. Meu filho aqui presente sabe que não dou entrevista pra homem nenhum, mas vou abrir uma exceção pra você, pois fiquei sabendo que você escreve livros sobre o cangaço e precisa saber um pouco de minha passagem por esse momento que não gosto de falar!
Você quer fazer como?
- Quero filmar!
- Quanto tempo?
- Três horas!
- Três horas não, serão duas horas!
- Certo!
- Venha amanhã dez horas da manhã e conversaremos. Só que você não poderá me fazer duas perguntas que eu sei que você sabe sobre minha vida, pois se fizer eu encerro a entrevista.
- uma das coisas eu sei e não te perguntarei. O outro assunto eu não sei do que se trata e se por acaso eu te fizer alguma pergunta sobre isso a senhora não responde!
- Combinado! Aguardo você amanhã!

Edson, Dulce, João de Sousa Lima e Dona Cícera

Dia seguinte, eu e o pesquisador e cinegrafista Petrúcio nos dirigimos ao encontro marcado. Dulce nos recebeu sorridente, conversamos um pouco e fomos até o muro, lugar onde uma frondosa árvore dava sombra e reinava um silêncio propício para não atrapalhar a filmagem.

Petrúcio colocou a filmadora em um tripé, eu me acomodei entre as duas irmãs, Cícera e Dulce, a entrevista começou. Durante duas horas as mulheres foram falando do sofrimento. Da dor de Dulce ter deixado a casa de seus pais, a força, levada por seu cunhado, pra ser trocada por ouro. O tempo passou rápido. Finalizamos a entrevista e antes de sairmos, Dulce me agradeceu por aquele momento e disse:

- Você só poderá lançar essa entrevista depois que eu morrer! Posso confiar?
- Pode!

Dia seguinte, eu com minha família e o amigo-irmão Edson Barreto fomos visitar Dulce. De lá fomos todos almoçar em um restaurante no centro da cidade. Conversamos por muito tempo e ali eu pude entender o porquê do silêncio daquela misteriosa e ao mesmo tempo tão doce mulher. Suas dores  tão profundas de ter enfrentado um mundo tão hostil, sendo ainda tão criança. Pude compreender sua fé inabalável no Cristo que rege seus passos. Conheci os caminhos que a fizeram sábia. Entendi que suas feridas cicatrizaram na compreensão do silêncio que outros não entenderam. Dulce é tão pura, bela e sábia que é difícil não se emocionar mesmo ela permanecendo em seu silêncio.

Quando hoje só resta Dulce nos registros dos ex-cangaceiros, sendo a última pessoa a vergar sobre seu corpo as vestimentas do cangaço, eu afirmo que dentre muitas histórias que vivi nesse vasto mundo cangaceirístico, essa foi uma das histórias que mais marcas deixaram no íntimo de minha inquieta alma.

Fico feliz de tê-la conhecido e de em certo momento ter feito parte de sua alegria, mesmo ouvindo e compreendendo suas dores e tristezas de um passado ainda tão latente, tão presente nos sonhos de uma criança que correu caatinga à dentro, trocando seus mais puros desejos infantis pela dura concepção da realidade dura do aço e do ferro em brasa de armas que embalaram lutas ferrenhas no mais inóspito terreno do nordeste do meu Brasil.

João de Sousa Lima  é: 
Historiador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
Membro da ALPA; Membro do GECC ; Membro da IGH
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de estudos do cangaço

terça-feira, 9 de dezembro de 2014




O Dia de Iemanjá em Pernambuco foi celebrado nesta segunda-feira (8). Entre as manifestações alusivas a data, foi realizada a partir das 9h, a 1ª edição do projeto Orixamar, na praia de Barra de Jangada, em Jaboatão Dos Guararapes.
Marcando um grande encontro composto por integrantes de 14 terreiros de Candomblé no Estado, o evento homenageia o multi-instrumentista Naná Vasconcelos (foto) e a ialorixá Elza de Iemanjá. Estarão se apresentando: Afoxé Oxum Pandá, Banda Sonduos Quilombos, Maracatu de Baque Virado Nação Xangô Alafim, Maracatu Estrela da Sedução, Maracatu Mirim Luar Percussão e Nação do Maracatu Aurora Africana, terminando com show da cantora Andreia Luiza.