terça-feira, 18 de junho de 2019
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Antonio Alcymar Monteiro dos Santos, nasceu em Aurora, cidade situada no Vale do Cariri,estado do Ceará,em 13 de fevereiro de 1950, é um cantor e compositor brasileiro de forró e frevo.
É considerado um dos grandes intérpretes da música nordestina, mais especificamente do Forró tradicional, sendo conhecido como o Rei do Forró.
O cantor e compositor Alcymar Monteiro nasceu no distrito de Ingazeiras, em Aurora, no Ceará, e se mudou para Juazeiro do Norte, onde passou sua infância. Filho de Artur Monteiro dos Santos e Maria Fernandes dos Santos. Estudou música no Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza. Porém foi em Recife, onde reside atualmente, que Alcymar Monteiro conseguiu se destacar no cenário musical.
Pesquisador dos ritmos nordestinos, Alcymar faz um trabalho versátil sem perder o foco na autêntica música nordestina. Em mais de três décadas de carreira já teve suas músicas gravadas por grandes nomes da MPB comoZé Ramalho e Alceu Valença. Já fez duetos com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Marinês entre outros.
Assim como os seus contemporâneos Oswaldinho, Flávio José, Assisão, Jorge de Altinho e outros, Alcymar Monteiro é um artista que agregou novos elementos ao forró. As mudanças ocorreram na instrumentação (acrescentou percussões, metais, novos vocais, etc.), na forma musical (adição de vocalizações, coro com vozes do próprio cantor), nos arranjos (ampla diversificação instrumental em vários discos e shows), no figurino (estabelece a cor branca como base do seu figurino, em contraponto às tonalidades do couro estabelecida por Luiz Gonzaga), na interpretação, nos ritmos, na performance e nas temáticas das letras (busca uma leitura mais abrangente do Nordeste, não se reportando apenas ao Sertão, mas estendendo-se às manifestações culturais de diversos estados nordestinos).
No entanto, Alcymar Monteiro não se restringe à música; ele tem sido também um corajoso ativista político no mercado nordestino. Tudo começou nos anos 1990, quando Alcymar tornara-se o que podemos chamar de porta-voz das vaquejadas que despontavam como uma das mais populares manifestações em todo o Nordeste e em outras regiões do Brasil.
Após ter fornecido músicas para o primeiro disco da banda Mastruz com Leite, Alcymar Monteiro afirma ter percebido que caiu numa cilada. A SomZoom, empresa do cearense Emanuel Gurgel, proprietário da Mastruz com Leite e de várias outras bandas, passou a dominar, monopolizar e até a cartelizar o mercado da música nordestina, inclusive os circuitos de vaquejada, eventos nos quais Alcymar Monteiro figurava como principal atração. A banda Mastruz com Leite e, logo em seguida, a SomZoom surgiram no início da década de 1990, num momento em que o forró estava órfão de Luiz Gonzaga (falecido em 1989).royalties e aqueles que recebiam inadequadamente. Em 2 de abril de 1992, Jornal O Povo (Fortaleza - CE) publicou uma matéria intitulada "Artistas cearenses denunciam pirataria", na qual mais de dez artistas daquela cidade se manifestaram e acusaram Emanuel Gurgel de ter cometido vários atos ilícitos. Mas até então, os reclamos não repercutiam muito.
O forró passava por um difícil momento no mercado brasileiro, mas mantinha uma multiplicidade sonora construída em décadas anteriores. Aproveitando a oportunidade, a SomZoom de Emanuel Gurgel acumulou um aparato industrial que, além das bandas de baile voltadas para o forró, reuniu: estúdio de gravação, cadeia de rádio com produção centralizada de conteúdo e transmissão via satélite, selo (gravadora), fábrica de amplificadores, casas de shows e – segundo muitos artistas lesados – a ilicitude que, infelizmente, já é “endêmica” no meio empresarial brasileiro. Com esse arsenal, Emanuel Gurgel estabeleceu uma enorme reserva de mercado, de modo que os diversos artistas nordestinos se sentiram lesados e espoliados, incluindo os compositores que não recebiam os devidos
O forró passava por um difícil momento no mercado brasileiro, mas mantinha uma multiplicidade sonora construída em décadas anteriores. Aproveitando a oportunidade, a SomZoom de Emanuel Gurgel acumulou um aparato industrial que, além das bandas de baile voltadas para o forró, reuniu: estúdio de gravação, cadeia de rádio com produção centralizada de conteúdo e transmissão via satélite, selo (gravadora), fábrica de amplificadores, casas de shows e – segundo muitos artistas lesados – a ilicitude que, infelizmente, já é “endêmica” no meio empresarial brasileiro. Com esse arsenal, Emanuel Gurgel estabeleceu uma enorme reserva de mercado, de modo que os diversos artistas nordestinos se sentiram lesados e espoliados, incluindo os compositores que não recebiam os devidos
A homogeneização musical colocada em curso pela SomZoom e por outras empresas que surgiram no seu encalço prejudicou incisivamente a diversidade musical que o forró vinha configurando. Foi nessa conjuntura que Alcymar Monteiro lançou a sua primeira carta aberta contra as chamada bandas de forró eletrônico, então lideradas pela Mastruz com Leite, as quais produzem o que Alcymar considera "um forró lambadeado, mal tocado, mal cantado, que não vale um tostão furado" [1]. Indo além da desmensurada exploração do mercado de música e a espoliação dos artistas e músicos em geral, as bandas de forró também foram acusadas de produzirem letras de “baixo calão” e de terem "desfigurado" o forró cultural e musicalmente. Os discos e shows das bandas seguiam fórmulas cada vez mais homogêneas, em detrimento da heterogeneidade sonora de artistas que primam por uma peculiaridade autoral, a exemplo de Alcymar Monteiro.
A reação contundente de Alcymar Monteiro ecoou fortemente na mídia, no mercado e na cadeia significativa da música nordestina, alcançando também as páginas de revistas de circulação nacional. Vários jornalistas, intelectuais, e artistas, como Dominguinhos (reconhecido como principal seguidor de Luiz Gonzaga), passaram a questionar as bandas de forró e a instalar uma discussão no contexto forrozeiro. Mais tarde, surgiriam várias associações em defesa do forró tradicional e de espaços para essa música.
Desse modo, Alcymar Monteiro é um dos pioneiros que envidaram um questionamento às bandas de forró e que fizeram emergir posteriormente a bipolarização ‘forró tradicional (ou forró pé-de-serra) versus forró eletrônico’[2]. Sua voz contra as bandas e em defesa da música tradicional nordestina costuma ser corajosamente impetrada nos palcos de muitos eventos dos quais ele participa. E a sua coragem não se esgota na luta contra as bandas de forró. Em fins de 2015, Alcymar Monteiro publicou uma carta aberta “À comunidade artística de Pernambuco”, dirigindo-se diretamente ao Governador de Pernambuco[3], a quem responsabiliza pelos “descasos” com os artistas pernambucanos. A carta[4] foi motivada pelo fato de que o Governo do Estado tem atrasado em mais de 6 meses o pagamento dos cachês do próprio Alcymar e de muitos dos artistas locais (alguns artistas não recebem há anos). Por outro lado, como Alcymar assevera, os artistas de outros estados (principalmente os da região Sudeste, que são considerados “nacionais”) recebem um tratamento diferenciado por parte do Governo de Pernambuco, ou seja, recebem os seus cachês antecipadamente ou logo após as suas apresentações. Essa última carta aberta repercutiu em jornais pernambucanos, nas rádios e nas redes sociais[5]. Alcymar tornou-se um porta-voz de muitos artistas que são subjugados pelo "descaso" dos governantes pernambucanos mas não se sentem encorajados a denunciar por receio de retaliação. Alcymar Monteiro é um artista cuja performance extrapola a transformação política provocada pela arte e alcança a transformação artística levada a cabo pela agência política.
Discografia[editar | editar código-fonte]
- 1980 - Nossas Vidas, Nossa Flores (MPB) - Continental
- 1985 - Música Popular Nordestina
- 1986 - Forroteria
- 1987 - Rosa dos Ventos
- 1987 - Portas e Janelas
- 1989 - Pirilampos
- 1990 - Forró Brasileiro
- 1991 - O Rei do Forró
- 1992 - Cantigas e Cantorias
- 1993 - Forró Nosso de Cada Dia
- 1994 - Nordestinidade
- 1995 - Vaquejadas Brasileiras - 1º Circuito
- 1996 - Cultura Popular
- 1996 - Vaquejadas Brasileiras - 2º Circuito
- 1997 - Nordestino
- 1997 - Vaquejadas Brasileiras - 3º Circuito
- 1998 - Forró e Vaquejada, vol. 1
- 1998 - Eterno Moleque
- 1998 - Ao Vivo, vol. 1
- 1999 - Festa Brasileira
- 2000 - Toques e Batuques
- 2000 - Os Grandes Sucessos da Vaquejada
- 2000 - Imaginário Popular
- 2001 - O Maior Forró do Mundo
- 2002 - Levanta Poeira
- 2003 - Ao Vivo, vol. 2
- 2003 - Forró de Todos Nós
- 2003 - Carnaval Multicultural
- 2004 - Aboios e Vaqueiros
- 2005 - Frevação, vol. 1
- 2005 - Meu Forró é Meu Canto
- 2006 - Frevação, vol. 2
- 2006 - O Verdadeiro Forró
- 2007 - Frevação, vol. 3
- 2007 - Cultura Brasileira (Ao Vivo) [CD/DVD]
- 2007 - Forró Brasileño
- 2007 - Festrilhas, vol. 1
- 2008 - Frevação, vol. 4
- 2008 - Como Antigamente, vol. 1
- 2009 - Cantorias Brasileiras
- 2010 - Tradição e Tradução (Ao Vivo) [CD/DVD]
- 2010 - Vaquejadas e Cavalgadas Inesquecíveis
- 2013 - Vozes do Frevo (Ao Vivo) [CD/DVD]
- 2014 - A Bandeira do forró
O desejo inevitável de descobrir, de transfigurar a realidade, de desconstruí-la e reelaborá-la e de desejar não somente o que é oferecido levou os homens, na Roma Antiga, no período correspondente ao mês de junho, a promoverem muitas festas para comemorar as boas colheitas e homenagear Juno – a deusa da fertilidade. Havia comida e diversão em abundância, às ruas eram enfeitadas e as fogueiras acesas para espantar os maus espíritos da esterilidade, das pestes e das secas. Desde os tempos antigos, o fogo esteve presente nessas festas. Segundo Câmara Cascudo, não há culto mais amplo, nem mais antigo que o culto ao fogo. Afugenta fantasmas noturnos em qualquer parte do mundo. Acendiam-se fogueiras desde as ilhas da Inglaterra até a Europa Central e da Escandinávia até o Norte da África.
Dorgival Dantas de Paiva, nasceu na cidade de Olho-d'Água do Borges,no estado do Rio Grande do Norte,em 5 de janeiro de 1971 é um cantor, compositor, instrumentista e produtor musical brasileiro.
Conhecido como "O Poeta" por manter uma linha de composições majoritariamente falando de amor, ele aprendeu a tocar acordeão com seu pai, começando a fazer apresentações aos 14 anos. Juntou-se ao Grupo Show Terríveis de Natal como tecladista e oito anos depois, passou a integrar a banda da dupla Sirano & Sirino.
Nos anos 90, produziu álbuns de diversas bandas de forró. Em 1999, passou a fazer parte da Banda Pirata, grupo que no ano seguinte fez uma turnê em homenagem aos quinhentos anos do Brasil.
Em 2006, lança “O Homem do Coração”, com destaque para os sucessos “Eu não vou mais chorar” e “Por quê?”. Em 2007, veio “Primeiro Passo”, com direito a turnê por todo o país. Em 2011 o álbum duplo “Quanto Custa”, que traz os sucessos “Declaração” e “Coração Teimoso”. Em 2012, mais um álbum, “Sanfona e Voz”, emplacando as faixas “KKK” e “Acabou na Lama”.
Suas canções também estiveram em trilhas sonoras de telenovelas da Rede Globo, tais como “Barriguinha” (emMalhação, cantada por Aviões do Forró), “Você Não Vale Nada" (em Caminho das Índias, cantada por Calcinha Preta), “Pode Chorar" (em Araguaia, cantada por Jorge e Mateus) e “Amor Covarde” (em Fina Estampa, cantada por Jorge e Mateus).
Já teve canções gravadas por artistas e bandas como Cristiano Araújo, Michel Teló, Calcinha Preta, Aviões do Forró,Alexandre Pires, César Menotti e Fabiano, Maria Cecília & Rodolfo, Jorge e Mateus, Gabriel Gava, Marcos & Belutti,Flávio José, Waldonys, Rastapé, Felipe Araújo, Frank Aguiar, além de diversas bandas de forró.
Em 24 de julho 2013, ele gravou seu primeiro DVD oficial em Fortaleza com seus maiores sucessos. Contou com a participação de outros artistas, tais como Chambinho do Acordeon, Solange Almeida, Xand Avião, seu filho Cícero Dantas, Bell Marques, Flávio José, Jorge e Mateus e a dupla César Menotti e Fabiano.
Atualmente, Dorgival Dantas está gravando o longa-metragem chamado "Shaolin do Sertão" no estado do Ceará, com as filmagens iniciadas em novembro de 2015 e com término para fevereiro do próximo ano. A previsão do filme estrear no cinema é para o segundo semestre de 2016.
Discografia
- O Homem do Coração (Universal Music - 2006)
- Primeiro Passo (2007)
- Turnê 2008 (2008)
- Sanfona e Voz (2012)
- Simplesmente Dorgival - Ao Vivo - (2013)
Cinema
- Shaolin do Sertão (2016)
sexta-feira, 14 de junho de 2019
Mestre Zé de Obakossou (In Memorian)

mais alto e eu estiver
bem distante, espero
que cada um cumpra
com o seu dever e os
meus ensinamentos”.
Foto: Danielle Pereira
O nome de registro é José Augusto dos Santos, mas por todos é conhecido por Zé de Obakossou. Por orientação espiritual, o mestre Zé de Obakossou viajou a Salvador e Rio de Janeiro em busca do aprendizado da Nação Ketu. No retorno a Sergipe, abriu casa em Aracaju, em 1951, e desde então começou um trabalho de difusão e iniciação junto à comunidade dos orixás (Xangô e Oxóssi) e seus respectivos festejos. Ele inaugurou o Axé no Rio de Janeiro, Jardim Leal, Duque de Caxias, em 1963; no conjunto Eduardo Gomes, São Cristóvão, também o Axé Ilé Obá Abassá Odé Bamirê (1986).
Na posição de candomblecista ciente do cuidado ecosófico (cuidado com o espírito, com os outros e com o meio ambiente), promoveu mudanças em alguns ritos. Uma delas foi evitar uso de plásticos, garrafas e até cerâmica (aguidás) nas oferendas sempre colocada nas margens de rios, nas matas e estradas. Por esta razão é que foi convidado como palestrante para compartilhar suas ideias de preservação da natureza na ECO-92, realizado no Rio de Janeiro, Aterro do Flamengo, em 1992.
O mestre Zé de Obakossou morreu no dia 24 de outubro de 2006 no aeroporto Galeão (Tom Jobim), Rio de Janeiro, em meio a este que foi o grande esforço da sua vida: difundir a cultura Ketu. Ele jogou búzios, lançou cd de canções africanas, publicou o livro “A vida de um babalorixá” e iniciou cerca de 5 mil filhos na Nação Ketu.
Flávio José Marcelino Remígio, nasceu em Monteiro,cidade situada na microrregião do Cariri Ocidental Paraibano,em 30 de novembro de 1951,Flavio José é um cantor, compositor e sanfoneiro brasileiro.
Intérprete de músicas tradicionais do forró pé-de-serra nordestino, seus principais sucessos são "Caboclo Sonhador", "Tareco e Mariola" e "Caia Por Cima de Mim".
Iniciou-se como cantor desde os 5 anos de idade e tem como principais influências Luiz Gonzaga e Dominguinhos.
Discografia
- 1977 - Só Confio em Tu (Vinil)
- 1978 - Forró Quentura (Vinil)
- 1990 - Recado (Vinil)
- 1991 - Cheiro de Forró (Vinil)
- 1992 - Caboclo Sonhador
- 1993 - Terra Prometida
- 1994 - Nordestino Lutador
- 1995 - Tareco e Mariola
- 1996 - O Melhor de Flávio José
- 1996 - Filho do Dono
- 1997 - Sem Ferrolho e Sem Tramela
- 1998 - A Poeira e a Estrada
- 1999 - Sempre ao vivo
- 1999 - Pra Todo Mundo
- 2000 - Seu Olhar Não Mente
- 2001 - Me Diz Amor
- 2002 - Palavras ao Vento
- 2003 - Cidadão Comum
- 2003 - Acústico
- 2004 - Pra Amar e Ser Feliz
- 2005 - O Poeta Cantador
- 2006 - Tá Bom que Tá Danado
- 2007 - Brasil Popular (Luiz Gonzaga & Flávio José)
- 2008 - Dom Cristalino
- 2011 - Tá do jeito que eu queria
- 2013 - Canta Luiz Gonzaga
- 2014 - Turnê ao Vivo 2013
- 2015 - Toque o Pé
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Cinco santos são homenageados nas festas juninas: São José, São João, São Pedro, Santa Ana e Santo Antônio. Este último é uma das figuras religiosas mais populares no Brasil, por conta de uma característica interessante. Na tradição, ele é o “santo casamenteiro”, que, segundo a crença, dá uma forcinha na união de pessoas a partir de simpatias e de uma devoção muito presente. Ao redor do mundo,ele é considerado padroeiro de muitas profissões e coisas: pescadores, grávidas, marinheiros, viajantes, agricultores, idosos… Só que aqui no Brasil, sua fama mesmo é relacionada aos casamentos. .
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Muita gente não sabe mas Santo Antônio é Padroeiro de Pernambuco, do Recife, Cabo de Santo Agostinho, da Arquidiocese de Olinda e Recife,Salgueiro e de muitas cidades do estado. Viva Santo Antônio!!!
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Muita gente não sabe mas Santo Antônio é Padroeiro de Pernambuco, do Recife, Cabo de Santo Agostinho, da Arquidiocese de Olinda e Recife,Salgueiro e de muitas cidades do estado. Viva Santo Antônio!!!
Lampião na Serra Vermelha
O trágico e covarde assassinato de JoséNogueira
Por: Luiz Ferraz Filho
Os livros sobre a história brasileira sempre trouxeram no capitulo sobre a Coluna Prestes o simbolismo da liberdade. Porém, nada foi mais aterrorizante para a população do Sertão do Pajeú, no mês de fevereiro de 1926, do que esses revoltosos sulistas. Vinda da Paraíba em direção ao Pajeú sob o comando do general Isidoro Dias Lopes, a Coluna Prestes contou com o "reforço" da boataria que estava alinhada ao bando de Lampião, para assim aterrorizar ainda mais o sertanejo.
General Isidoro Dias Lopes
E foi esse boato que fez muitos fazendeiros da região abandonarem suas casas para se embrenhar na caatinga como esconderijo. Somada a isso, tinha também um batalhão patriótico para combater os revoltosos e que confundia ainda mais a população. Ao passarem por Betânia (PE), onde esfomeados saquearam o comercio local, os revoltosos marcharam em direção ao povoado de São João do Barro Vermelho (Tauapiranga), distrito de Serra Talhada. De lá, desceram pelas margens do Riacho São Domingos em direção a lendária vila de São Francisco, também distrito de Serra Talhada.
Serra Vermelha vista da Fazenda de Zé Nogueira
Entre essas duas localidades, os revoltosos encontraram a Fazenda Serra Vermelha, na época fonte rica para o abastecimento da tropa composta de seiscentos ou oitocentos soldados. Com a barriga cheia, precisavam eles de uma pessoa da região para servir como "guia dos revoltosos" e nada melhor que um homem conhecido e respeitado por todos para usarem como "escudo". E foi assim que o influente dono da fazenda, José Alves Nogueira, acabou "sequestrado" pelos revoltosos. Três dias sem nenhuma regalia, andando a pé sob olhares dos soldados até ser libertado próximo ao povoado de São João do Barro Vermelho (Tauapiranga).
Cruz no terreiro da casa demarcando o local
onde foi covardemente assassinado
Zé Nogueira pelo cangaceiro Antônio Ferreira.
Aliviado, mal podia imaginar José Nogueira que voltando para sua Fazenda Serra Vermelha passaria por situação ainda pior. Ao chegar, José Nogueira pediu para um dos moradores ir avisar aos parentes e familiares que estava tudo bem com ele e quejá estava em casa. E nisso, aproveitou para ir na vazante (plantação no baixio) olhar uma cacimba que abastecia o lugar. Depois de algum tempo lá, José Nogueira recebeu um recado de Antônia Isabel da Conceição (Isabel de Luis Preto) que inocentemente disse que a força volante de Nazaré (comandada por Manoel Neto) estava no terreiro da casa esperando ele. Desconfiado, José Nogueira ainda perguntou: - Tem certeza que é a força ?. Tenho sim, respondeu Isabel.
O fazendeiro João Nogueira (neto de Zé Nogueira
e bisneto do major João Alves Nogueira),
na calçada onde foi assassinado o avô em fevereiro de 1926.
Domingos Alves Nogueira
(neto de José Nogueira)
Ao subir da cacimba em direção ao terreiro da casa, José Nogueira avistou o bando de Lampião com 45 cangaceiros enfurecidos após saírem derrotados na tentativa de invasão ao povoado de Nazaré do Pico. Homem de firmeza, continuou José Nogueira o trajeto mesmo sabendo que dificilmente escaparia da morte. Nisso, o cangaceiro Antônio Ferreira, aproximou-se dele e falou: - É hoje José Nogueira. Ele ele respondeu: - Seja o que Deus quiser.
Lampião mandou todos baixarem as armas e começou a conversar com o velho fazendeiro. Após a palestra, Lampião observou ele muito cansado, doente e asmático, liberando o fazendeiro. Deu voz de reunir e começou a seguir no destino da caatinga quando escutou um tiro. Tinha sido o cangaceiro Antônio Ferreira que havia covardemente atirado nas costas de José Nogueira. Vendo o ocorrido, Lampião reclamou dizendo que o velho estava doente e quase "morto". Então, Antônio Ferreira (que era irmão mais velho de Lampião) falou:
- Matei , tá morto e pronto.
Era 26 de fevereiro de 1926. Calçou Antônio Ferreira as alpercatas (sandálias de couro) do falecido e seguiu junto ao bando caatinga a dentro. Segundo o fazendeiro João Nogueira Neto (neto de José Nogueira), durante anos o local onde o avô paterno foi assassinado ficou manchado com o sangue nas pedras. No local, os filhos do fazendeiro depois fincaram uma cruz para demarcar a tragédia. O corpo de José Nogueira foi enterrado no dia seguinte, do outro lado do riacho, no cemitério da Serra Vermelha.
Deixou ele a viúva Francisca Nogueira de Barros (Dona Dozinha, tia dele) e sete filhos.
Luiz Ferraz Filho, é pesquisador, Serra Talhada - Pernambuco
FONTE: (LIRA, João Gomes de - Memórias de Um Soldado de Volante)
- (AMAURY, Antônio e FERREIRA, Vera - O Espinho de Quipá) - (FERRAZ, Marilourdes - O Canto do Acauã) - (SOBRINHO, José Alves - Zé Saturnino - Nas Pegadas de Um Sertanejo).
FOTOS/ENTREVISTADOS:
João Nogueira Neto e Domingos Alves Nogueira (netos de José Alves Nogueira).
fONTE: lAMPIÃO aCESO.
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