quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BULE BULE, O CANTADOR DO SAMBA RURAL BAIANO

Nasceu neguinho de roça, num distantante 23 de outubro na pequenina Ipacaetá(Próximo a Feira de santana), uma região que fica na porta do sertão e próximo do Recôncavo Baiano,seu nome de pia(Batismal), é Antonio Ribeiro da Conçeição,Bule Bule. Cresceu ouvindo o samba rural do sertão e do recôncavo,além dos repentes de violas sertanejo. Refletindo a estrutura psico-social do patriarcalismo tipíco do nordeste,Bule Bule não esconde a paixão pela figura do pai, o tiraneiro Manoel Muniz,que faleceu em 1996, aos 81 anos de idade. Poe ele , que era sambador,lhe ensinou as artes e traquejos da essência sertaneja que ele somou à vivencia com os repentistas e seus versos de cordel. É considerado um legitimo defensor de gêneros musicais nordestino,como as chulas do sertão,cocos,martelos, agalopados,xotes ,marcha de pé-de-serra e repentes. Consegue unir o lado negro e mouro da cultura do sertão com alguns elementos da cultura do recôncavo. Escritor de cordéis,Bule Bule é sinônimo de celebração Nordestina em alta voltagem,mas desplugado da tomada. Muitos dos camponeses da região de Bule Bule,vão cortar cana-de-açucar,quando voltam com a influência da chula típica do Recôncavo,mas sincopada e menos "gritada" do que a chula rural sertaneja. Desagregado da indústria cultural,Bule bule fez sua carreira de cantador e sambista longe da lógica e do ritmo alucinado da indústria cultural. Rodou o interior da Bahia e diversos estados do nordeste e do Brasil como artista popular regional. Bule Bule escreveu diversos cordéis de tom contemplativo existencial e, também de cunho politico. Durante o regime militar fez diversos cordéis clamando por liberdade de justiça social. Até cordel de fundo ecológico ele confeccionou . Em, 1982, ele fez " peço para não acabar com o raso da Catarina", no sertão da Bahia que iria servir de depósito de lixo atômico nos anos 70. o cordel se utiliza do imaginário sertanejo para defender a natureza. Depois de atravessar a década de 70 viajando pelos sertões,Bulu BUle só consegue fazer o registro de sua arte em 1979, através do álbum coletivo com o cantador baiano Zé Pedreira. Em 1993, recebe das mãos da Prefeita Lidice da Mata, o titulo de cidadão honorário de Salvador,um reconhecimento ao seu valor cultural. No mesmo ano lança o livro de cordel " Cacimba Nova", em 1995, grava um CD " fome e vontade de comer" ,com o parceiro,cantador e violeiro Antonio Queiroz ". Sentido a vontade de atuar em outras frentes como aglutinador,funda em 1997, o Intituto de Pesquisa, Estudos e ensino da Cultura Popular do Nordeste(IPECPON), o objetico é que o centro venha a servir em diversas cidades da Bahia como local de pesquisa e formação de grupos ligados e a cultura de raiz Nordestina. Em 1999, lançou o show "Só não deixei de Sambar". Bule Bule tem fé que a arte genuína é derivada da vivencia e essência de cada ser humano,sem ter nenhuma relação aos modismos da vida moderna. Seguindo sua sina artistica, vai levar seu canto, suas chulas rurais e repentes para tentar suas inserção dentro do segmento da MPB uma vez que sua arte, é nordestina genuína e traz o dom universal do homem cantador da vida.


William Veras de Queiroz 2009 D.C - Santo Antonio do Salgueiro-PE.

Um comentário:

  1. Lembrei de minha avó materna Maria, que segundo minha tia, era uma grande admiradora destes ritmos, até mesmo por ter sido uma sertaneja do RN, nasceu numa cidade chamada Fontes. Conta minha tia que ela se reunia na casa de um familiar, lembra até o nome de um cantador: Paulo Velozo, formava dupla com outro do qual não lembra o nome e por isso também o chamava pelo mesmo nome, dizia assim: “mãe hoje veio dois Paulo Velozo pra cantar”. Ficavam por lá a noite toda, ao final da cantoria passavam uma cuia, para recolher algum tostão.
    Penso que herdei este gosto dela, muito embora tenha convivido pouco, partiu cedo, portanto não tive a oportunidade de conhecer melhor esta história musical, dos interiores dos sertões.
    Tive uma professora do curso de engenharia florestal que intencionava confeccionar cordel, também, mas o sonho não prosseguiu, pois nem eu nem ela temos este dom, e na época não encontramos alguém que o fizesse.
    O cantador do samba rural baiano Bule Bule, participou da temporada sesc de artes - 60 anos do sesc São Paulo – música em 25 e 26 de novembro, 2006-projeto música do brasil que celebrou 60 anos do baião e homenageou Luiz Gonzaga.
    Com direção artística de Assis Ângelo e direção musical do músico Gereba, o evento reúniu Carmélia Alves, Anastácia, Bule-Bule, Oliveira de Panelas, César do Acordeon, Gereba, Socorro Lira e Dominguinhos. Acompanhados pela Camerata de Sopros e Cordas, todos interpretaram canções de Gonzaga como Véspera de São João (sua primeira composição a ser gravada), Baião, Asa Branca, Cintura Fina, Viva o Rei e Lua do Sertão, entre outras. No dia 25, participaram como convidados especiais Caju e Castanha.

    Acessei o site: WWW.revistaraiz.uol.com.br
    Onde encontrei mais material para leitura. Os Mestres do samba de roda do
    Recôncavo e Agreste baiano, A Chula no Samba do Recôncavo, Um projeto-processo, Imagem e som no percurso da chula, A comunidade do Samba de Roda.

    ResponderExcluir