quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

TRIO TAPAJÓS,UM CAMINHÃO DE ALEGRIA

Esse registro fotográfico,me transporta para um passado agora distante,um janeiro perdido no tempo,um dia qualquer do inicio da década de 70, quando eu, menino, deixava o meu Sertão Pernambucano,a bordo dos monoblocos da viação Brasilia,que nos levava a, então progressista cidade do Senhor do Bonfim. De lá, mais trinta minutos,pelas curvas da sinuosa estrada e de verdejantes paisagens,pelos caminhos que iam dar nas férias de janeiro na fria Campo Formoso,todo ano eu estava por lá para visitar o mano Zito e rever o clã dos Veras. Sobre o Céu de chumbo,tinha som de vanguarda no ar, era Beatles,Raul Seixas,Mutantes,Novos Baianos , no alto falante de um poste encardido pela ação dos prolongados invernos,na esquina da ladeira do beco que se declina para o cais da rua do Tio Josa. E lá estava o distante menino,curtindo aquele verde e novo mundo,de serras e cachoeiras. num certo dia, através daquele mesmo alto falante, fiquei sabendo de uma grande atração da capital da provincia na cidade,"num oferecimento especial da aguardente Saborosa" e fui lá prá ver de perto.Para meu alumbramento,lá estava na praça Dr.José Gonçalves,no centro da cidade, aquela nave de luzes coloridas, cobertas por potentes altos falantes(difusoras). Foi amor a primeira vista,e assim me deparei com o grande trio Elétrico Tapajós,sucesso absoluto no carnaval da Bahia. entrei em estado de graça, olhando aquele caminhão gigantesco emitindo uma porrada de som para aquele mar de gente que acotovelava-se para ver o Tapajós. a carroceria do caminhão tinha dois andares,onde na parte inferior de cada lado ficava a bateria ou orquestra de pau, composta por músicos que executavam surdos,zabumbas, caixas e pratos. Na parte superior estava o trio elétrico,composto por uma guitarrinha Elétrica solo. um baixo elétrico e uma guitarra base. esse era o verdadeiro trio elétrico da Bahia, o grupo só executava frevo elétrico,levava a massa a loucura. Um show de instrumental,pois não era comum os trios usarem arranjos vocais. Isso só veio acontecer no final dos anos 70 com Moraes Moreira no Trio Dodo & Osmar, no Tapajós, destacava-se entre eles um rapaz de uns vinte e poucos anos, que era deficiente visual e que era um show a parte na guitarrinha baiana.Mais tarde soube que o ceguinho do Tapajós fora eletrocutado em cima do caminhão por um fio de iluminação da rede pública de energia, numa festa de rua em uma cidade do interior baiano. o Trio elétrico Tapajós foi minha paixão primeira dos verdadeiros trios elétricos baianos,até hoje carrego comigo memórias daqueles dias e continuo amante da arte e do som dos irmãos Macêdo e do trio elétrico Dodô e Osmar.

William Veras de Queiroz 2010 D.C - Santo Antonio do Salgueiro-Pernambuco.

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