quinta-feira, 5 de maio de 2011

                                                    

  ANTONIO TEODORO DOS SANTOS,O POETA GARIMPEIRO

Todos sabem - ou deveriam saber - que Antônio Teodoro dos Santos, o Poeta Garimpeiro, foi o grande desbravador da Literatura de Cordel em São Paulo. Portanto, se hoje conseguimos falar com mais propriedade sobre cordel em espaços diversos, em parte devemos a ele essa abertura. Dito isso, é preciso reconsiderar algumas coisas: Teodoro, nascido em 1916, em Jaguarari,cidade encravada na micro-região de Senhor do Bonfim,no sertão baiano.Bateu às portas da recém fundada Editora Prelúdio no início dos anos 1950. Lá, se instalou e produziu centenas de folhetos, alguns ainda republicados e com público cativo, casos de JOÃO SOLDADO e LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO. É autor, também, de VIDA E TRAGÉDIA DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, que vendeu, num mês, a impressionante marca de 280 mil exemplares e chamou a atenção de pesquisadores como Raymond Cantel e Orígenes Lessa.  Teodoro teve um poema musicado pela maior dupla caipira de todos os tempos, TONICO E TINOCO, o que foi possível pela aproximação que havia entre a música do interior de são Paulo e a poesia popular do Nordeste, na editora Prelúdio. Era, segundo os que o conheceram, um tipo engraçado de um bom humor a toda prova.   O tempo passou e veio a parte mais triste da história: a bebida. Apesar de inúmeros sucessos e do dinheiro ganho nos tempos áureos do cordel em São Paulo, foi, pouco a pouco, se afastando e sendo afastado da Prelúdio. Mesmo assim, emplacou sucessos, como o circunstancial A CONQUISTA DA LUA, de 1969.       Em 1972, ensaiou a volta: de paletó, gravata e com um caderno embaixo do braço, procurou o diretor da prelúdio, Arlindo Pinto de Souza. O caderno continha aquela que ele considerava sua obra definitiva: OS GAFANHOTOS DO FIM DO MUNDO, um poema apocalíptico tão ao gosto dos bons poetas e do público. Na editora, no bairro do Brás, foi recebido friamente. Arlindo, que devia tanto a Teodoro, sequer se dignou a olhar o conteúdo do caderninho.    De volta à casa humilde onde morava com a esposa e seis filhos, Teodoro trancou-se no quarto e chorou. Chorou e chorou. A partir daquele dia, não foi mais o mesmo. Vivia em estado depressivo e bebia cada vez mais. Acreditava ouvir vozes. Numa ocasião, foi internado à força, num hospital em Santo André, onde ficou dois meses.  Viveu os últimos dias de sua vida em Senhor do Bonfim, na Bahia. Faleceu em 23/10/1981, perto da sua cidade natal (Jaguarari-BA), onde estava residindo desde 1979, segundo informação de sua filha, Maria Lúcia dos Santos, que vive em Poá, Grande São Paulo. Teodoro morreu sem encontrar a pedra preciosa que buscara durante toda a existência, para aliviar a penúria em que viveu boa parte da vida.
Mal sabia ele que havia encontrado uma jóia ainda mais rara, a POESIA, que lhe conferiu o que foi negado a muitos autores de vida abastada: a imortalidade literária.

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